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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O amor que se manifesta pela unidade do povo de Deus!

A célebre "Oração Sacerdotal" de Jesus, encontrada no capítulo 17 do Evangelho de João, fala várias vezes sobre um ponto importante e que a Igreja tanto necessita nos dias atuais - recuperar a unidade.

O texto é bem mais longo do que o conhecido "Pai Nosso", o que dificulta a sua memorização, mas é tão profundo quanto. Além do mais, trata-se de uma oração feita por Jesus em favor de todos nós, incluindo os que, depois de seus discípulos daquela época, viriam a crer:

"Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste." (Evangelho segundo João 17.20-21; versão de Almeida Revista Atualizada - ARA)

O que significa "sermos um"? Penso que esta unidade não pode ser outra senão vivermos todos como uma grande família. Uma família que se ama, onde os seus entes são capazes de sair da esfera do egoísmo e do individualismo para se sacrificarem em favor dos demais.

O mundo espera é que nós, discípulos de Jesus, sejamos capazes de revelar o Messias pela prática do amor. Jesus fez conhecer o Pai pelo amor com que amou os seus discípulos e a humanidade. Foi o que o Senhor pediu:

"Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja." (João 17.25-26; ARA)

Quando amamos os irmãos, estamos em comunhão uns com os outros e também em comunhão com Jesus. E, mesmo tendo o Senhor ascendido aos céus e assentado à direita da Majestade, o Espírito do Messias permanece em nós apesar de não o vermos com os olhos naturais e nem o apalparmos como puderam fazer os primeiros discípulos.

Infelizmente, olho para a Igreja de hoje e sinto o quanto estamos vivendo distantes desse maravilhoso projeto sonhado por Jesus e que foi experimentado pelos seus seguidores no século I. Com muitas palavras cansativas pregamos doutrinas capazes de atingir as mentes dos ouvintes, mas nos falta mostrar o Evangelho de uma maneira visível para que o mundo conheça o Messias, sabendo que a obra de Jesus não é apenas uma história que as pessoas da nossa cultura escutam em ocasiões como o Natal ou a Páscoa.

A mensagem que o pastor de congregação onde atualmente me reúno preparou para pregar neste domingo (não estive pessoalmente na minha congregação, mas recebi via e-mail), teve como título "Alcançando os Guetos" e trás uma parte que me chamou bastante atenção:

"O REINO NÃO É UM GUETO (...) E ele não está circunscrito a denominação A, B ou C, mas a todos quantos estão ligados na Verdadeira Videira que é Cristo e a partir de Sua Palavra examinada, compreendida, devidamente experimentada e vivida sinalizarmos o Reino neste mundo." - Pr. Robson Rodrigues

Ora, não me agrada olhar para a Igreja de Cristo e vê-la dividida em diversas denominações de modo que isto impeça a realização de projetos comuns e de praticarmos o amor!

Não dá para aceitar que aqui na cidade onde moro existam irmãos e outras igrejas passando necessidades!

Não me conformo quando ouço alguém dizer que um missionário enviado para uma terra distante teve que retornar porque deixou de receber ajuda financeira das pessoas e congregações que um dia se comprometeram a ajudar no seu sustento!

Sinceramente, acho que dá para combinarmos pluralidades de pensamentos e de concepção doutrinária com uma unidade de propósito, sem deixarmos de ser a grande família de Deus, tendo o Evangelho de Cristo como nosso alvo. Contudo, não são as diferenças de pensamento que tanto nos dividem e sim as nefastas disputas pelo poder dentro da Igreja e o fato das pessoas estarem se afastando da essência da mensagem evangélica.

Voltemos ao Evangelho!

Algumas semanas atrás, assisti um jovem seminarista pregando que, apesar de Paulo e Barnabé terem discutido e se separado, antes de começarem a primeira viagem missionária, eles não perderam o foco. Ambos continuaram pregando a Cristo e fazendo a obra de Deus. Barnabé foi para o Chipre com o seu sobrinho Marcos enquanto que Paulo partiu com Silas para outras regiões:

Tiveram um desentendimento tão sério que se separaram. Barnabé, levando consigo Marcos, navegou para Chipre, mas Paulo escolheu Silas e partiu, encomendado pelos irmãos à graça do Senhor. Passou, então, pela Sìria e pela Cilícia, fortalecendo as igrejas. (Atos dos Apóstolos 15.39-41; Nova Versão Internacional - NVI)

Penso que se estamos indignados com o estado de divisão em que se encontra hoje a Igreja de Cristo, não basta expressarmos esta crítica. Penso que precisamos praticar de fato o amor entre as pessoas das nossas congregações, o que é capaz de expandir esse mover tal como foi com os primeiros discípulos quando congregavam em Jerusalém no primeiro século. E, segundo o texto de Atos, a quantidade de discípulos só aumentava:

Assim a palavra de Deus se espalhava. Crescia rapidamente o número de discípulos em Jerusalém; também um grande número de sacerdotes obedecia à fé. (At 6.7; NVI)

Que intrigante! O texto acima fala de sacerdotes. Mas, afinal, quem eram eles?

Sem dúvida que o autor refere-se aos sacerdotes do judaísmo, os quais eram da tribo de Levi e da descendência de Arão. Provavelmente fossem do partido dos saduceus e, tempos atrás, alguns deles tivessem concordado com o assassinato de Jesus.

Além do mais, é bom esclarecer que, no século I, ainda mais nos primeiros anos após a paixão de ressurreição de Cristo, não poderíamos falar na existência de uma religião cristã separada do judaísmo. Os discípulos de Jesus em Jerusalém eram judeus e permaneceram fazendo parte daquela cultura, indo ao Templo, comemorando as festas tradicionais, seguindo preceitos da Torá, circuncidando seus filhos e cumprindo votos. Inclusive, o livro de Atos deixa bem claro em diversas passagens que eles eram considerados uma facção dentro do judaísmo como os seguidores do Caminho ou, numa visão mais pejorativa, a seita dos nazarenos.

Curioso, mas não foram eles quem se separaram de seus irmãos judeus que se recusavam a aceitar Jesus como o Messias e, pelo comportamento amoroso que tinham, despertaram a fé nos corações até mesmo de alguns saduceus e fariseus.

Igualmente acredito que podemos despertar o amor e uma fé autêntica nos demais irmãos cristãos, sejam eles católicos ou evangélicos, bem como nas pessoas que não têm vida religiosa ou seguem uma concepção diferente. Não vejo outro jeito. Precisamos primeiro aprender a viver em família para que então outros compreendam a mensagem do Evangelho e queiram se juntar a nós.

2 comentários:

  1. Meu mano Rodrigo, é sobre este propósito de aprender a ser família que eu estou perseverante neste caminho aqui na IBSerra e sinto-me feliz por viver esta realidade em minha vida.
    Sou parte da constituição Igreja e Sacerdócio neste mundo para realmente fazer a diferença.
    Obrigado por você contribuir para que esta visão aconteça nos dias atuais...abração mano.
    Só quero corrigir o "Pr. Robson" por apenas Robson, já que "Pr." não é título...assim como você eu também sou.

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  2. Meu AMIGO Robson. Como vai? Creio que é por causa dessa identidade de propósito que estamos juntos. Ainda estou buscando entender como é viver numa grande família comunitária, apesar de muito pensar e escrever sobre isto. Considero-o pastor no sentido bíblico do termo, pois o que faz o pastor é cuidar das ovelhas e isto vc tem procurado fazer aí no Cascatinha e até fora do bairro. Um forte abraço!

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