Páginas

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Escolha a vida!

Pode-se dizer que abraçar a fé cristã é uma atitude bem simples, pois não exige grau de escolaridade, uma formação cultural específica ou elevado conhecimento bíblico. Porém, é algo que requer uma escolha bem radical – decidir deixar o pecado.

Na minha leitura matinal de hoje (estou estudando mais uma vez Atos dos Apóstolos), refleti sobre a infeliz escolha de Félix que, vencido pelo medo, recusou-se a aceitar Cristo:

Alguns dias depois, veio Félix com sua mulher Drusila, que era judia. Mandou chamar Paulo e ouviu-o falar sobre a fé no Cristo Jesus. Mas, como Paulo se pusesse a discorrer sobre a justiça, a continência e o julgamento futuro, Félix ficou amedrontado e interrompeu: “Por agora, retira-te. Quando tiver mais tempo, mandarei chamar-te”. (Atos 24.24-25; versão e tradução da Bíblia de Jerusalém).

Segundo o contexto da narrativa, Paulo estava preso em custódia no palácio de Herodes, na cidade de Cesareia, isto é, no Pretório, que, naqueles tempos, era utilizado como residência oficial do procurador romano. O apóstolo sofria a injusta acusação de ter profanado o templo, mas o governador recusava-se a julgar sua causa para colocá-lo em liberdade e o mantinha encarcerado com más intenções de obter ganhos financeiros (propinas) e vantagens políticas.

Marco Antonio Félix, nomeado pelo imperador Cláudio para ser procurador na província romana da Judeia, governou aquela complicada região por quase uma década, entre os anos de 52 e 59 no primeiro século. Foi casado ilegalmente com Drusila, a qual era uma linda mulher da influente família de Herodes, filha do rei Herodes Agripa I e ex-esposa do rei Aziz de Emesa, da Síria. A união com uma bela jovem da nobreza local certamente beneficiava a sua gestão, além de satisfazer seus desejos sexuais. Segundo o historiador romano Cornélio Tácito, Félix “ocupava a posição de um rei, enquanto tinha a mente de um escravo, saturada com crueldade e lascívia” (História 5.9)

Lendo atentamente o texto bíblico, parece-me que, por alguns instantes, Félix teve o desejo de ouvir Paulo pregar acerca de Jesus. Até então, o governador apenas conhecia o cristianismo como uma seita do judaísmo, mas faltava-lhe conhecer Cristo. Porém, quando o apóstolo expôs sobre “a justiça, a continência e o julgamento vindouro”, Félix deixou ser dominado pelo medo e a pregação foi por ele interrompida.

Ora, quantas pessoas um dia chegaram a assistir um culto numa igreja, ou escutaram pregações pelo rádio, mas, quando foram confrontadas com o pecado, resolveram logo se afastar para não se sentirem incomodadas!

Abraçar a fé cristã não significa mudar de religião como se estivéssemos trocando de time de futebol ou de um partido político. É preciso que também haja arrependimento, isto é, conversão das trevas para a luz.

Pode-se perceber que a atitude de Félix assemelhava-se com a de Herodes, o qual, vivendo uma relação adulterina com Herodias, esposa de seu irmão Felipe, após ter sido confrontado com as firmes pregações de João Batista, determinou a prisão do profeta e o seu posterior assassinato. Entretanto, os Evangelhos contam que Herodes teve um certo respeito temeroso por João e penso que ele até mesmo o admirasse:

Assim, Herodias o odiava e queria matá-lo. Mas não podia fazê-lo, porque Herodes temia João e o protegia, sabendo que ele era um homem justo e santo; e quando o ouvia, ficava perplexo. Mesmo assim gostava de ouvi-lo. (Marcos 6.19-20; Nova Versão Internacional - NVI)

Que infeliz escolha faz o homem quando recusa arrepender-se e aceitar a salvação de Cristo para continuar se alimentando das migalhas de prazeres oferecidos pelo pecado! Pessoas deixam de experimentar a vida no Reino de Deus porque preferem continuar com um relacionamento ilícito, um trabalho desonesto ou se apegando a posições sociais que de nada lhe adiantarão quando descerem às sepulturas e muito menos poderão acrescentar algum significado às nossas vidas.

Que fim levaram Félix e Drusila? E quais benefícios eles fizeram em favor da humanidade? Uma nota na “Bíblia da Mulher” que dei de presente para a minha esposa conta que o seu final foi trágico:

“A vida de Drusila foi vergonhosa e desperdiçada. Antes de completar 41 anos, teve uma morte horrível e violenta. Enquanto estava com o único filho, Agripa, em Pompéia, o Vesúvio entrou em erupção, sepultando debaixo de toneladas de lava incandescente as cidades de Pompéia e Herculano, assim como Drusila e seu filho.”

Contudo, ao lado dos equivocados exemplos de vida, encontro não só na Bíblia como na vida real pessoas que, corajosamente, resolveram deixar o pecado para andarem com Deus. Recordo-me de um homem que, após frequentar várias reuniões de um grupo de estudo bíblico, abriu o seu coração e compartilhou conosco que tinha um relacionamento duplo com duas mulheres. Uma era sua esposa e a outra a amante. Em seu coração, ele já não se sentia mais satisfeito em permanecer com aquela situação, mas temia que a verdade viesse à tona a ponto de destruir seu casamento. Então, após o ouvirmos, oramos por ele. Dias depois, ele abriu o jogo com a amante e decidiu ficar só com a esposa, desfrutando a cada dia a incomparável aventura de caminhar com Jesus.

A maior dificuldade de tomar a decisão certa está dentro de nós e creio ser este o único obstáculo que precisamos superar na nossa escolha diária de seguir a Cristo. No livro de Deuteronômio, Moisés transmite a orientação sobre optar por obedecer a Deus encorajando os israelitas com estas palavras:

“O que hoje lhes estou ordenando não é difícil fazer, nem está além do seu alcance. Não está lá em cima no céu, de modo que vocês tenham que perguntar: “Quem subirá ao céu para trazê-lo e proclamá-lo a nós a fim de que lhe obedeçamos?” Nem está além do mar, de modo que vocês tenham que perguntar: “Quem atravessará o mar para trazê-lo e, voltando, proclamá-lo a nós a fim de que lhe obedeçamos?” Nada disso! A palavra está bem próxima de vocês; está em sua boca e em seu coração; por isso poderão obedecê-la (…) “Hoje invoco os céus e a terra como testemunhas contra vocês, de que coloquei diante de vocês a vida e a morte, a bênção e a maldição. Agora escolham a vida, para que vocês e seus filhos vivam,” (Dt 30.11-14,19; NVI)

Será que vale a pena continuar vivendo sob o domínio do pecado e separado de uma vida com Deus? Certamente que não!

Em sua última noite na terra, após ter ceado, Jesus disse aos seus discípulos: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14.6; ARA). Também no mesmo Evangelho, o autor nos fala a respeito de Jesus: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens” (João 1.4).

Mesmo que o homem tenha feito as mais erradas escolhas, ele tem a grande chance de voltar-se para Deus através da fé em Jesus, o qual morreu em nosso lugar, levando os nossos pecados. Quando foi pregado na cruz, Jesus cumpriu a nossa pena e morreu e nossa morte afim de que todo aquele que o aceitar possa restaurar o relacionamento com o Criador.

Que possamos a cada dia escolher a Vida e nos convertermos a todo instante, exercendo nossa fé em Jesus!

Nenhum comentário:

Postar um comentário