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terça-feira, 4 de setembro de 2018

Uma tragédia para a cultura e para a história do Brasil



Ainda estamos todos perplexos com o incêndio de grandes proporções que devastou o prédio e o acervo do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista ocorrido no domingo (02/09). Eu estava ainda com minha família em Brasília quando recebi as primeiras mensagens acerca do fato pelo WhatsApp.

Conforme noticiado pela imprensa, o fogo começou por volta das 19h30 do domingo e só foi controlado no fim da madrugada da segunda-feira (03/09). Porém, pequenos focos de incêndio ainda seguiram queimando partes das instalações da instituição, a qual completou o seu bicentenário neste ano.


Como se sabe, o prédio do museu já foi residência de um rei (D. João VI) e de dois imperadores (D. Pedro I e D. Pedro II). A maior parte do acervo, de cerca de 20 milhões de itens, foi totalmente destruída, dos quais se incluem fósseis, múmias, registros históricos e obras de arte, os quais viraram cinzas.





Conheço esse museu desde os tempos de infância, em que meus pais e professores da escola me levaram algumas para visitar o local. Também continuei frequentando o espaço durante a adolescência e a última vez em que estive lá foi no primeiro semestre de 2012 na companhia da esposa Núbia e da minha tia Giseli.

De certo modo, o museu representa uma parte daquilo que vivemos e que se foi junto com a História brasileira. Já não teremos como apresentar o local aos nossos filhos, netos e bisnetos que não o conheceram. E, caso o governo venha a restaurar o prédio, com observância de todos os detalhes do estilo antigo da casa, o que teremos ali será somente um espaço cultural ou, quem sabe, um novo museu, mas nunca o antigo cujo acervo pereceu nas chamas. Aliás, foi o que bem escreveu uma prima minha, professora e ex-diretora da da Escola de Belas Artes da UFRJ, em seu perfil no Facebook:

"O museu acabou...ouço e vejo autoridades prometendo reconstruí-lo, mas um museu só é museu por seu acervo. O acervo é que dá a identidade do museu e as coleções deste acervo precioso de nosso Museu Nacional foram transformadas em cinzas.... Concordo com Paulo Herkenhoff quando nos diz que museu sem acervo é Espaço Cultural, logo, não adianta prometer restaurar, pois já está desaparecido." (Ângela Ancora da Luz)

Uma das perdas registradas foi o fóssil de nome "Luzia" e que durou cerca de 11.500 anos no ambiente natural até ser encontrado em solo mineiro. Porém, esse grandioso achado da arqueologia, que trouxe novas luzes quanto aos habitantes primitivos da América do Sul, não sobreviveu ao descaso dos nossos governantes tendo em vista a patente omissão da União Federal no destino de recursos para a adequada manutenção do museu.

4 comentários:

  1. Bom dia, Rodrigo!

    Perdeu-se, e sem hipótese de recuperar o acervo, muito da vossa História e um pouco da nossa, tb.
    Lamento, lamento imenso, não só como pessoa com formação académica superior em História, mas também como vossa "irmã" e cidadã do mundo.

    Desde ontem, k o governo português está tomando uma série de medidas obrigatórias em relação aos museus. É preciso "arrombarem a porta, para pormos trancas nas portas".

    Um dia feliz, apesar dos pesares.

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    1. Olá, CEU.

      Essa é uma semana de luto para todos nós.

      Morreu parte da História, parte do que sabemos da existência de muitos dos nossos antepassados, parte da memória de um povo e da humanidade.

      Que lição haverá depois da tragédia? Acho difícil que, com o passar dos meses e anos, haja a lembrança quanto à necessidade de haver mais vigilância. E aí faço meus paralelos em relação a outros episódios tipo quedas de pontes, incêndios em boates e coisas semelhantes que só no começo entram em evidência até haver uma psico-adaptação.

      Apesar dos pesares, que tenhamos um dia feliz.

      Abraço.

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  2. Oi, Rodrigo!

    Comentei alg. posts anteriores a esse.

    Tudo de bom pra vocês.

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