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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

No meio de um grande mar



Estava lendo hoje no portal de notícias do G1 sobre a incrível aventura de um rapaz indonésio de 19 anos que sobreviveu 49 dias à deriva no Oceano Pacífico, navegando em uma cabana de pesca flutuante, até ser resgatado por uma navio de bandeira panamenha. Segundo a matéria, o jovem "tinha apenas alguns dias de suprimentos e sobreviveu pegando peixes, queimando madeira de sua cabana para cozinhá-los, e sugando água do mar de suas roupas para tentar reduzir a ingestão de sal".

Não foi a primeira notícia sobre pessoas que tiveram a sorte de percorrer tantas milhas náuticas com tão pouca estrutura em suas embarcações. Por exemplo, já houve alguns casos de pescadores perdidos da costa africana que conseguiram chegar até o Nordeste brasileiro, cruzando o Atlântico.

Certo é que as travessias marítima sempre povoaram a nossa imaginação fértil e tem a ver com o surgimento do Brasil, quando as naus de Pedro Álvares Cabral chegaram na Bahia em abril de 1500. E olha que as caravelas eram embarcações bem simples se comparadas com as atuais.

Como se sabe, a Bíblia fala das façanhas do profeta Jonas e da viagem do apóstolo Paulo quando era prisioneiro dos romanos, a qual terminou num naufrágio na ilha de Malta. E quem é que não se lembra das histórias de Simbá, o marujo? Ou ainda da mítica viagem de Odisseus ao retornar à ilha de Ítaca, quando veio a sofrer a fúria e as paixões das terríveis criaturas marinhas?

No caso da Bíblia, como uma representação do caos e da morte, o mar tornou-se também figura comum para os homens maus e as poderosas nações pagãs inimigas de Israel - o "bramido dos grandes povos" (Isaías 17:12). E, sem dúvida, percepções comuns acabaram se tornando comuns a outras culturas, servindo, em última análise, de metáfora quanto ao enfrentamento das nossas dificuldades.

Penso que, de todos os "mares" do mundo, o mais difícil de navegar seja o próprio inconsciente humano onde residem os medos, as inquietações, os traumas, as carências e os sonhos. Temos nesse ambiente psíquico tanto a paz quanto a bonança e o desejo que, diante de uma tormenta, algo repentinamente ocorra para tranquilizar as ondas e os ventos.

Ótima tarde a todos!


OBS: A imagem acima trata-se de uma reprodução extraída do Facebook cujos créditos autorais são atribuídos ao Consulado da Indonésia em Osaka.

5 comentários:

  1. Realmente o mar sempre povoou o nosso imaginário popular. Mas você acerta em cheio quando diz: "que, de todos os "mares" do mundo, o mais difícil de navegar seja o próprio inconsciente humano onde residem os medos, as inquietações, os traumas, as carências e os sonhos". Achei excelente sua postagem. Parabéns!

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  2. Respostas
    1. Caro Prof. Adinalzir.

      Obrigado por sua leitura e comentários.

      Compreender o nosso inconsciente é, sem dúvida, um grande desafio. Mas como ensinava Sócrates, "homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses."

      Forte abraço e ótima quarta-feira!

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  3. Olá, Rodrigo!

    Curioso, k tb li. Incrível!

    Um feliz dia!

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    1. Bom dia, CÉU.

      Realmente foi incrível como o navegante sobreviveu e vejo que o conhecimento o ajudou nesse momento difícil que passou além do fator sorte. E, pelo que soube, o resgate poderia ter ocorrido antes como ele poderia estar ainda no mar ou já haver morrido.

      O que esse rapaz não contará para seus filhos e netos?

      Grande abraço e uma excelente tarde de quarta-feira!

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