Na manhã desta data de 11/11/2016, ocasião em que a cidade onde escolhi morar comemora os seus 185 anos de emancipação político-administrativa, recebi do vereador tucano Alan Campos da Costa (Alan Bombeiro) o título honorífico de "cidadão mangaratibense". Isto foi durante uma sessão solene da Câmara Municipal a qual ocorreu excepcionalmente na Reserva do Sahy, situada numa área de interesse histórico, com antigas ruínas da época da escravidão. E a escolha do local do evento foi uma inovação porque a cerimônia anual vinha sendo realizada no Centro Cultural Cary Cavalcanti, no Centro.
Confesso não ser muito fã dessas honrarias e formalidades, mas estaria mentindo se afirmasse que nada daquilo me importava. Pois, sem dúvida, tratou-se de um reconhecimento pelo mencionado edil quanto aos trabalhos em benefício do Município que venho realizando ao seu lado, colaborando com o seu mandato para vivermos numa Mangaratiba melhor.
Esse título de cidadão mangaratibense que a Câmara outorgou é direcionado às pessoas que, embora não tenham nascido no Município, prestaram serviços relevantes para a coletividade local. No final do ano, os vereadores indicam os nomes de sua preferência que, se forem aprovados pelo colegiado, podem ser agraciados com a mais alta honraria da cidade.
Admito que me senti surpreso com a iniciativa do Alan. Apesar de ter vínculos com Mangaratiba desde a infância, a qual frequentava a fim de descansar por alguns dias na casa da avó Darcília, em Muriqui, só passei a residir no Município a partir de agosto de 2012. Foi quando, após partir de Nova Friburgo no finalzinho de 2011 e ficado alguns meses na Cidade Maravilhosa, resolvi experimentar a vida na bela região da Costa Verde, litoral sul-fluminense (ler o artigo Sete meses depois, estou novamente deixando o Rio, publicado em 14/07/12).
Dizer que a mudança pra cá foi coisa fácil seria mentir para quem me lê. Cheguei ao Município com a esposa doente e internada numa clínica conveniada com a Unimed na Zona Norte do Rio, com minhas finanças destruídas, sofrendo incompreensões familiares, sem trabalho e nenhum reconhecimento profissional num lugar onde me faltavam referências. Apesar de ser formado em Direito e ter a cobiçada carteirinha da OAB desde 2005, não consegui exercer a minha profissão nos primeiros anos e, necessitando de dinheiro imediato, acabei vendendo picolé na praia como ambulante informal, fugindo dos fiscais, até conseguir autorização em 2013 (ver artigo Um ano morando em Muriqui, de 31/08/13).
Entretanto, fui aos poucos me envolvendo mais e mais com as questões de interesse coletivo. Não me meti nas eleições municipais de 2012, mas, em maio de 2013, resolvi criar o blogue Propostas para uma Mangaratiba melhor através do qual fui compartilhando minhas sugestões para a cidade. Ao invés de fazer ataques sistemáticos aos políticos, optei por uma atuação de caráter essencialmente propositivo, sem perder o espírito crítico. Só na época que antecedeu a prisão do prefeito anterior é que aderi a um movimento surgido pelo seu impeachment em 2015.
Também foi no ano passado que pessoas dentro da política começaram a me procurar. No mês em que o ex-prefeito caiu, o vereador José Maria de Pinho (Zé Maria), na época filiado ao PSB, veio me chamar para trabalhar com ele. Ele já acompanhava a minha atuação nas redes sociais e precisava de um apoio técnico-jurídico para agregar algum valor ao seu mandato. Fui então nomeado para trabalhar em seu gabinete onde permaneci cinco meses e não escondi tal vínculo para os meus leitores como se vê no texto Estou trabalhando na Câmara..., de 27/05/15.
Por aquele tempo, fui fazendo amizade com o vereador da sala em frente, o Alan, que já havia anunciado sua pré-candidatura á Prefeitura ao invés de tentar reeleição. Interessei-me pelo seu projeto e, desejoso de contribuir desde então, executando uma minuta do futuro plano de governo, informei ao Zé Maria o que pretendia fazer. Como os dois edis não se encontravam alinhados, pois o Zé estava aproximando-se do atual alcaide, dr. Ruy Tavares Quintanilha, pedi que me exonerasse do cargo.
Só no segundo semestre deste ano é que retornei formalmente à Câmara, porém trabalhando com o Alan. Estivemos juntos na campanha e também o assessorei na elaboração de diversos projetos de lei. Destes, muitos foram vetados pelo prefeito, outros continuam em tramitação na Casa e alguns poucos viraram leis, dentre as quais destaco: a 1021/16 (estabelece tempo máximo de fila nos cartórios), a 1001/16 (cria programa de biodigestores no campo), a 998/16 (autoriza a colocação da câmeras de vídeo nos logradouros públicos) e a 997/16 (obriga as empresas de telefonia, internet e distribuição de energia a retirarem dos postes fios excedentes). Fora as normas jurídicas, pude contar com a sensibilidade do Alan para apresentar diversas indicações e um requerimento que, apesar de não terem sido satisfatoriamente atendidos, expressaram demandas reais da nossa sociedade.
Com o Zé Maria, também tive uma boa experiência no desenvolvimento de alguns trabalhos, tanto na apresentação de projetos legislativos quanto de indicações. Também a maioria das leis aprovadas na Câmara, cujos respectivos projetos contribuí, receberam veto do prefeito, mas algumas chegaram a ser sancionadas. Destas posso citar as seguintes: a 1004/16 (sobre a alimentação dos estudantes nas cantinas escolares), a 999/16 (disciplinando a circulação de veículos de carga na cidade), a 981/15 (autorizando o estabelecimento de estradas-parques), a 980/15 (a instituição do dia do casamento comunitário), a 975/15 (direito do deficiente visual a ingressar com cão-guia no transporte público), a 974/15 (sobre o transporte de animais domésticos no transporte público) e a 973/15 (autorização para o Município fazer o monitoramento e a sinalização náutica para proteger os banhistas da aproximação de jet-ski).
Ao receber do Alan o título, senti um certo peso moral junto com a força da gravidade incidente sobre a moldura de vidro. Por não me achar ainda merecedor de tão elevada honra, aquilo foi para mim uma espécie de chamado à responsabilidade para trabalhar diligentemente por este Município. Porém, não recusei e, tão logo cheguei em casa, pendurei o documento na parede.
Por não ter concorrido à eleição para vereador, mas, sim, tentado ganhar a Prefeitura, Alan não estará mais na Câmara durante a próxima legislatura. Pretendemos continuar participando da política e colabor com os novos vereadores eleitos pelo PSDB, Hélder Rangel e Prof. Renato Fifiu, mas é certo que a sua passagem pela Casa deixará saudades em muitos corações. E, até o seu último dia de mandato, estarei caminhando com ele lado a lado, lutando por uma Mangaratiba melhor.
Um ótimo final de semana a todos!
OBS: Créditos autorais da imagem intermediária atribuídos a Fábio Rodrigues.
Parabéns, Dr. Rodrigo!
ResponderExcluirMuito obrigado! E agradeço também sua visita ao blogue. Volte sempre!
ExcluirMangaratiba, linda de viver!
ResponderExcluirCom certeza, querida! Essa é uma cidade maravilhosa.
ExcluirParabéns Dr.Rodrigo você merece todo esse reconhecimento pode contar sempre cmg! Abraços Prof Renato Fifiu
ResponderExcluirValeu, Prof. Renato, pela força. Grande abraço, meu querido!
ExcluirÉ saudável e muito bonito quando a competência de uma pessoa é reconhecida e recompensada. Muitos parabéns meu amigo. Nota-se pela sua escrita que bem merece esse prémio.
ResponderExcluirAquele abraço desde Portugal.
Agradecido, Nuno, por suas palavras de apoio que muito incentivam. Forte abraço aqui do RJ, Brasil.
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