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terça-feira, 9 de julho de 2013

A fé ensinada por um pequeno salmo da Bíblia



"Os que confiam no SENHOR
são como o monte Sião,
que não se abala, firme para sempre"
(Salmo 125:1; ARA)

Num texto de apenas cinco versos, o poeta sagrado fala-nos sobre a fé e a confiança no Deus Eterno, comparando os crentes ao monte de Sião, onde ficava o edifício do antigo Templo judaico. Era para lá que os peregrinos se dirigiam para celebrarem as festividades religiosas de Israel nas épocas antigas.

Ao comparar os crentes a Sião, o autor estaria de certo modo falando sobre o comportamento inabalável e firme que a fé gera nos corações diante dos problemas enfrentados na vida de cada um. Pois, ao observarmos as montanhas, o cenário serrano transmite o sentimento de perenidade, fortaleza e proteção. Uma elevação que permanece de geração em geração estando bem presente na memória coletiva de Israel como o lugar de manifestação da Divina Presença desde quando o rei Salomão havia edificado o santuário ao Eterno (2Cr 7:1-3).

Curiosamente, os montes que circundam Jerusalém também são comparados ao Soberano Rei do Universo no cuidado para com o seu povo por todas as eras (verso 2). Se as montanhas serviriam de proteção física à cidade sagrada, ajudando na sua defesa militar e se tornando um obstáculo ao invasor, também Deus não abandona os que Nele confiam. Pois, ainda que os olhos não vejam, anjos celestiais estão ao nosso lado, livrando-nos dos perigos espirituais (Hb 1:14), fazendo com que o socorro chegue na ocasião apropriada. E, quando necessário, pode ainda a Divina Providência manifestar-se por meio de diversas situações como outras pessoas posicionando-se no nosso caminho para prestarem auxílios, encontros e/ou desencontros inesperados, uma ajuda financeira com a qual nem contávamos mais, etc.

"Desde agora e para sempre"! Aleluia!

Dando continuidade, o salmista vem nos falar, no versículo 3, que "o cetro dos ímpios não permanecerá". Ou seja, a maldade que governa o mundo um dia passará e chegará o momento quando prevalecerá a justiça pondo fim à iniquidade. Políticos perversos que hoje estão no poder já têm os seus últimos dias contados pois, no tempo de Deus, serão desarraigados da Terra. Passarão como a erva que seca ou como a palha que o vento dispersa. Por mais que sejam bajulados hoje pelos seus aduladores, a História não os honrará de modo que os seus nomes constarão no rol dos malfeitores até caírem no completo esquecimento.

Quantos hoje ainda reverenciam Golias, Herodes, Jezebel, Nero, Hitler, Mussolini, Stálin, ou até mesmo os generais do regime militar brasileiro? Não seriam eles todos figuras execradas pela maioria dos habitantes do nosso planeta? Porém, a memória dos justos permanece viva. Homens e mulheres como Noé, Abraão, Sara, Moisés, Josué, Gideão, o rei Davi, o profeta Elias, dentre heróis bíblicos, são mundialmente lembrados junto com o nosso Senhor Jesus Cristo cuja manifestação existencial dividiu a História do Ocidente em duas partes. Segundo o teólogo africano Zamani Kafang , o "cetro dos ímpios" representaria a dominação das nações estrangeiras que atacavam Israel, pelo que ele faz um interessante paralelo com o povo de seu sofrido continente:

"Essas nações talvez dominem Israel por algum tempo, mas, ao contrário do monte Sião, não permanecerão. Os justos não precisam preocupar-se (37:5-7; 112:6-8). Deus não permitirá que os ímpios fiquem no poder indefinidamente, pois do contrário, até os justos podem corromper-se e começar a seguir o exemplo dos seus opressores (125:3b). Tiranos como Tombalbaye no Chade, Idi Amim na Uganda e Abacha na Nigéria, que governaram por meio de violência e matanças e destruíram a economia de suas nações, foram removidos do poder. A preocupação de Deus nos lembra a promessa de que nosso Senhor fiel pode permitir que passemos por tribulações intensas, mas jamais deixará que sejamos tentados além das nossas forças (1Co 10:13)" (Comentário bíblico africano, 2010, pág. 752)

Vale ressaltar que a opressão sobre o povo de Deus tem uma duração finita "para que o justo não estenda a mão à iniquidade". Ou seja, o salmista expressou a sua compreensão acerca da estrutura que todos nós temos para suportar os momentos de adversidade. Pois seria o mesmo que alguém crer de que não será tentado acima de suas forças como bem lembrado pelo ilustre teólogo.

Ora, quando Deus permite os seus fieis passarem por uma tribulação ou luta é porque Ele, certamente, conhece a nossa capacidade/condição para resistir e buscar um fortalecimento espiritual na superação. Por mais desagradável que possa ser, o momento de prova vem justamente formar o nosso caráter e fazer com que venhamos a depender da Divina Providência. Pois é nessas horas de tempestades que demonstramos fé através da obediência aos mandamentos pondo em prática o que a Palavra diz para fazermos ou deixarmos de fazer.

Amados, vale lembrar aqui a inquebrável relação entre fé e obediência. Pois só cumpre as ordens de Deus aquele que Nele crê e confia. Dizer apenas com a boca que acredita e tomar uma atitude totalmente oposta na hora de assumir a responsabilidade equivale a negar a fé pela falta de atitude. É o que muitas das vezes fazemos, mas somos sustentados pela misericórdia de nosso bendito Pai Celestial para levantarmos e acertarmos o alvo. Assim, pouco importa como temos nos chegado até aqui. Importa é a decisão de não roubarmos tendo pouco, de não desistirmos dos familiares e das pessoas que hoje nos maltratam, de não abandonarmos o casamento quando as coisas não vão bem, de orarmos continuamente apesar dos sentimentos de desânimo pela fata de resultados imediatos, e de enfrentarmos o gigante com as armas ao nosso alcance, sabendo que a luta será travada em nome do SENHOR dos Exércitos.

É nas horas difíceis que os nossos lábios entoam um dos mais belos cânticos. É quando buscamos Deus tendo nas circunstâncias um ambiente aparentemente contrário. Então, ao que tudo indica, foi num momento assim que o salmista possa ter clamado como se lê no verso 4:

"Faze o bem, Senhor,
aos bons e aos retos de coração."

É a bondade e a sinceridade de coração que Deus quer encontrar em cada um de nós. Jesus certa vez disse que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai "em espírito e em verdade" (Jo 4:23). E esse culto interior não depende de templos, de santuários erguidos com mãos humanas, de locais sagrados, prática de rituais, vestimentos, liturgias, orações demoradas, palavras bonitinhas, ofertas de alto valor, demonstrações púbicas de caridade, adequação aos costumes morais ou de qualquer outro fato externo. Nem mesmo a prática de mandamentos quando feita somente diante dos homens.

Certamente que Deus conhece aqueles que O amam com sinceridade e O obedecem de coração. Por isso, Ele não tem prazer na alma que se desvia (verso 5). Os resultados colhidos por aquele que diz crer mas decide caminhar pelas "sendas tortuosas" são os mesmos obtidos pelos que são declaradamente malfeitores e vivem na maldade. Não são bem-aventurados e deixam de experimentar aqui a vida do Reino, a qual podemos usufruir no exato momento em que vivemos.

Todavia, haverá "paz" para o povo de Israel. Para o Israel espiritual, diga-se de passagem, que é símbolo dos crentes fieis ao Deus único que vive para todo o sempre. Para essa nação dos seguidores de Cristo que hoje não dependem de um território físico, nem de templos ou de cidades sagradas, é reservada a benção do shalom, termo hebraico que inclui não apenas a ausência de guerras militares mas também a saúde, a prosperidade e o nosso bem-estar completo na mais perfeita harmonia com o Criador e com a comunidade de irmãos.

Paz sobre Israel! E paz sobre a Igreja de Cristo!


OBS: A foto acima não é o Monte Sião (rsrsrs). Trata-se da paisagem vista em Guapiaçu, localidade do terceiro distrito de Cachoeiras de Macacu (RJ). A imagem pertence a três CDs cedidos por meu amigo cachoeirense Jorge Elpídio Medina, apelidado de Passarinho. Ele é autor de um projeto de inventário geográfico e hidrográfico do município de Cachoeiras de Macacu, feito em colaboração com os fotógrafos Denílson Siqueira, André Confort, Yuri Blacheire e Damião Arthur.

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