O brasileiro que nunca visitou a Estátua da Liberdade (
The Statue of Liberty) geralmente imagina algo tão imponente como o "Cristo Redentor" no Morro do Corcovado, na cidade do Rio de Janeiro. Porém, se observar de perto, o turista que visita Nova York pode verificar que o monumento erguido em 1886 pelo centenário da Declaração de Independência dos Estados Unidos vive mais é de aparência mesmo.
O mesmo também podemos dizer dos sistemas econômicos norte-americano e global em que a prosperidade dos países tornou-se ficcional, baseado numa ilusória ideia vendida a bilhões de pessoas no mundo. Aliás, quem conhece um pouquinho melhor os USA sabe muito bem que lá não é sempre como nos filmes, mas também existe pobreza, violência, serviços de saúde pública insatisfatórios, exploração do trabalho humano, pessoas drogadas, fundamentalismo religioso e discriminação ao estrangeiro. E aí o sonho de tentar a sorte na América pode virar um terrível pesadelo (e perpetuar o pesadelo de tantos outros povos explorados pelo sistema econômico dos norte-americanos).
Atualmente, vendo os Estados Unidos em crise, fico a meditar nesta passagem bíblica, extraída do livro do Apocalipse, em que o seu autor fala da queda da Babilônia, referindo-se evidentemente a Roma de seus dias:
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Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória. Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável, pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria. Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos; porque os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou. Dai-lhe em retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas obras e, no cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado para ela. O quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e pranto, porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver! Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou." (Apocalipse 18.1-8; ARA)
De modo algum quero demonizar os Estados Unidos e menos ainda os cidadãos norte-americanos. Porém, não me incomodo em satanizar todo e qualquer sistema opressivo que promove a desigualdade social, a exploração dos mais pobres, o desrespeito à soberania dos demais povos, o belicismo e a destruição do meio ambiente. E, neste sentido, pode-se dizer que os USA deram continuidade às políticas imperialistas da velha Roma e de seus patrícios ingleses após as duas guerras mundiais no século XX. Poder meio do poderio econômico e até mesmo de intervenções militares nos governos de outras nações, a Casa Branca tem sido na verdade a sede de um neocolonialismo onde hipocritamente a liberdade individual e coletiva é considerada como um ícone de uma perversa ideologia mercadológica.
Semelhantemente o nosso Brasil também tem um sistema tão opressivo quanto o dos Estados Unidos, motivo pelo qual não é de surpreender que sejamos o quinto maior investidor da imensurável dívida norte-americana. Pois, ao invés do nosso governo investir na saúde e na educação, bem como melhorar as condições das estradas, construir uma infra-estrutura em transportes de massa, modernizar os precários portos e aeroportos, terminar logo os estádios de futebol para a Copa de 2014 (se bem que não deveríamos estar preocupados com isto agora) e combater a violência, lamentavelmente o nosso país está se prestando para tirar da crise um dos algozes da humanidade, aumentando em 30,9%, desde maio de 2010, a nossa aplicação em papéis que, futuramente, poderão nem mais ser pagos.
Certamente que muitos economistas vão questionar argumentos como o meu e eles têm lá seus discursos técnicos que tentam justificar investimentos deste tipo em meio às incertezas do mercado internacional. Contudo, prefiro tomar o ponto de vista de um cidadão brasileiro que sua a camisa o ano inteiro pra ganhar um miserável salário mínimo por mês, tem dificuldades de colocar seu filho numa boa escola, o seu dinheiro evapora quando vai ao supermercado fazer compras e precisa ficar horas na fila do SUS quando ele ou alguém de sua família fica doente, sendo ainda muito mal atendido pelos profissionais de saúde. E, só neste ano, o governo Dilma teve ainda a coragem de efetuar cortes financeiros no programa habitacional "Minha casa, minha vida", enquanto que um bom volume do nosso dinheiro permanece investido no exterior.
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Dois terços das reservas internacionais do Brasil são compostas por títulos da dívida dos Estados Unidos. Atualmente colocado como quinto maior investidor nesse tipo de papel, o país teve a segunda maior expansão de aplicação na dívida dos EUA em 2010 entre os dez maiores credores, segundo o Tesouro americano. No ano passado, o aumento brasileiro ficou atrás apenas da China. A informação foi divulgada na segunda-feira (18), em meio a negociações entre a Casa Branca e o Congresso dos EUA para ampliar o teto da dívida pública do país para além dos atuais US$ 14,3 trilhões. Embora enfrente resistência da oposição republicana, o presidente Barack Obama insiste em sensibilizar deputados para permitir a rolagem da dívida – emissão de novos títulos para honrar compromissos assumidos anteriormente. A aprovação precisa ser feita até 2 de agosto." (Fonte Agência Brasil - extraído de
http://www.redebrasilatual.com.br/temas/economia/2011/07/brasil-teve-segunda-maior-expansao-na-compra-de-divida-dos-eua )
Realmente não é este o tipo de economia que queremos, sendo também repugnante a solidariedade existente entre os países que participam do babilônico sistema mundial e o empenho que fazem para mantê-lo.
Sai dessa Babilônia, povo brasileiro!
Temos que recriar um mundo com valores onde a vida e a existência humana estejam acima de um sistema econômico que nada mais é do que um covil de políticos imundos e detestáveis. Algo que é podre, ilusório e opressor e nocivo para todos os povos. Inclusive para os próprios norte-americanos das classes média e pobre.
Rodrigo, confesso que alguns dados abordados por vc eu desconhecia, mas achei ótima e contundente sua abordagem.
ResponderExcluirComo vc mesmo disse não adianta demonizar, já que estaríamos dando tiro no nosso próprio pé.
Creio que o parágrafo final resolveria a questão se a humanidade não estivesse tão mergulhada na inversão de valores, priorizando o sistema/coisas ao invés do ser vivente.
Para que tem consciência, resta assumir seu papel independente de confissões religiosas ou não, e tentar fazer do seu presente e futuro imediato, uma opotunidade de promover o bem no contexto em que vive colocando o ser humano como o centro e canalização de todos os esforços.
É isso meu irmão, um abraço!
Olá, Franklin!
ResponderExcluirObrigado por seus comentários!
Mesmo que os nossos olhos não contemplem uma mudança significativa no mundo, penso que sempre valerá a pena plantar as sementes do bem com fez Jesus e tantos mártires do passado agindo com fé.
Como disse o Renato Russo numa de sus canções, "o sistema é mau, mas minha turma é legal". E aí mais do que nunca precisamos estar organizados em grupos pensando em soluções, bem como buscando um diálogo construtivo entre esses grupos.
Neste sentido, recordo aqui um trecho do Pai-Nosso o qual diz: "Que venha a nós o Vosso Reino".
Sim! Não só devemos esperar pelo "Reino" como também promovê-lo a cada dia pela prática incansável do bem.
Abração.
Em tempo!
ResponderExcluirO nome da música composta pelo Renato Russo do Legião Urbana que citei na réplica acima chama-se "Vamos Fazer um Filme". E sua letra tem muito a ver com a nossa luita por um mundo melhor:
"Achei um 3x4 teu e não quis acreditar
Que tinha sido há tanto tempo atrás
Um bom exemplo de bondade e respeito
Do que o verdadeiro amor é capaz
A minha escola não tem personagem
A minha escola tem gente de verdade
Alguém falou do fim-do-mundo,
O fim-do-mundo já passou
Vamos começar de novo:
Um por todos, todos por um
O sistema é mau, mas minha turma é legal
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme
O sistema é mau, mas minha turma é legal
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
Sem essa de que: "Estou sozinho."
Somos muito mais que isso
Somos pingüim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor
Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão:
Quero viver a minha vida em paz
Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta
E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia.
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, vamos Fazer um filme
Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo"