"
Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?" (Evangelho de Mateus 6.25-30; ARA)
No mais longo discurso de Jesus registrado na Bíblia, o
Sermão da Montanha, é abordado o tema da ansiedade, o que, até hoje, é um problema bem atual e tem sido diagnosticado cada vez mais na sociedade, onde muitas pessoas estão vivendo no limite da resistência emocional, cansadas e extremamente irritadas.
Neste final de semana, após ter participado de mais um encontro do grupo
Celebrando a Recuperação, na Igreja Batista da Serra, refleti sobre a relação muito próxima que existe entre o medo e o comportamento ansioso desenvolvido por nós. Ou melhor, sobre o
medo ser causa da ansiedade.
Na citação bíblica acima, Jesus orienta seus ouvintes a não viverem ansiosos quanto às coisas relacionadas ao sustento diário e às vestimentas, o que tinha a ver com as mais comuns preocupações do homem da Palestina em sua época.
No entanto, se analisarmos cuidadosamente este trecho do discurso de Cristo, compreenderemos que as preocupações com a comida e o vestuário são resultado mesmo do medo. Isto é, do medo de não ter amanhã nada para comer, beber e cobrir o corpo...
Ao que me parece, este tipo mais comum de ansiedade, que não chega a ser tão patológico quanto outros casos mais graves, faz parte do drama de muita gente dos nossos dias. Tanto aqueles humildades pescadores do Mar da Galiléia, quanto o homem moderno com seus automóveis e casas cheias de produtos tecnológicos, têm em comum o desperdício inútil de energia com as necessidades e os compromissos do dia seguinte, ao invés de depositarem sua confiança na Divina Providência. Indagar se vou conseguir passar num concurso, ou, se terei dinheiro para pagar a prestação da Caixa Econômica Federal que vencerá no próximo mês, no fundo é a mesma aflição quanto ao êxito da próxima pescaria nas águas do Tiberíades.
Interessante é que, no seu discurso, Jesus nos leva a duvidar do comportamento ansioso que desenvolvemos dentro da nossa mente problemática. Ali, o Mestre fala sobre o sustento das aves, a beleza dos lírios do campo, e nos faz pensar sobre a inutilidade de se cultivar preocupações: "
Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida?" (verso 27)
É inútil mesmo viver com ansiedade! Não ganhamos nenhum minuto a mais na nossa existência. Só perdemos tempo!
Certamente que há outros medos além da preocupação com o sustento pessoal ou o cumprimento de obrigações, os quais o Sermão da Montanha não chegou a tratar especificamente. Uns sentem medo de ficar só. Outros de serem desmascarados por uma falta cometida no passado. E ainda existem casos de pessoas que criam dentro de si as mais absurdas fobias a ponto de não saírem mais de casa temendo que possam ser assaltadas, sofrer acidentes, passar por um aborrecimento, etc.
Mas como superar isto? Existem soluções?
Penso que, nos casos mais graves, onde a ansiedade chega a nos paralisar, sempre é importante procurar a ajuda de um profissional como o psicólogo, afim de que possamos identificar as causas do transtorno. E a pessoa que busca um tipo de ajuda dessas é de fato bem corajosa porque está disposta a se descobrirem, encarem seus medos, aceitarem a si mesmas e assumir as responsabilidades pela própria vida. E estas coisas têm a ver com um tipo de descoberta que apenas o próprio paciente pode fazer para poder se posicionar, visto que as sessões de terapia só vão ajudar no processo de tomada de consciência.
Outrossim, entendo que é muito mais difícil enfrentarmos os nossos problemas sem Deus. No conhecidíssimo Salmo 23, o poeta assim manifesta a sua fé:
"
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte; não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam" (verso 4; ARA).
Em outra passagem, o autor bíblico escreve aos seus destinatários que eles devem lançar sobre Deus toda a ansiedade deles, "
porque ele tem cuidado de vós" (1Pe 5.7; ARA).
Já o apóstolo Paulo, na carta dirigida à igreja de Filipos, recomenda a oração como uma prática saudável para lidarmos com a ansiedade, mediante a apresentação de pedidos, com gratidão:
"
Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus" (Fp 4.6-7; ARA)
Como se vê, a fé pode contribuir em muito para que possamos levar uma vida saudável. Entregar a Deus os nossos problemas e crer nos cuidados que o Pai Eterno tem para conosco certamente proporcionará uma excelente qualidade na sua existência.
Tenha uma ótima semana, colocando-a nas mãos de Deus.
OBS: A ilustração acima trata-se do célebre quadro "Sermão da Montanha" do pintor dinamarquês Carl Heinrich Bloch (1834-1890), o qual refere-se ao longo discurso de Jesus que se encontra nos capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de Mateus. Durante sua vida, Carl chegou a ser contratado para produzir vinte e três pinturas para a Capela do Palácio de Frederiksborg, em que várias cenas sobre a vida de Cristo tornaram-se populares ilustrações. Segundo informações encontradas na Wikipédia, os originais, pintados entre 1865 e 1879, ainda estão no Palácio de Frederiksborg. Os retábulos podem ser encontradas em Holbaek, Odense, Ugerloese e Copenhague, na Dinamarca, bem como Loederup, Hoerup e Landskrona, na Suécia.
Oi Rodrigão!
ResponderExcluirA ansiedade que nos impulsiona para uma vida em harmonia se faz necessária para que não caiamos na apatia. No entanto, a ansiedade que paralisa, é um transtorno de personalidade, onde a pessoa manifesta sentimentos de tensão e apreensão constantes.
Ela é incapaz de realizar algo produtivo porque não pode alterar o passado nem pode controlar o futuro , mas tem o poder de nos deixar depressivos.
Ela também é prejudicial, pois tem o poder de afetatr nossa comunhão com o Pai.
Alguns pontos precisam ser constantemente trabalhados como tolerância à frustração; egocentrismo; maturidade para enfrentar situações estressantes.
Vale lembrar o conselho do irmão Paulo: ( FP 4:6-9 ) - Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.
ABRAÇÃO meu mano!
Olá, Franklin!
ResponderExcluirBem lembrado sobre o fato de nem sempre a ansiedade ser algo patológico por nos impulsionar "para uma vida em harmonia", tirando-nos da apatia.
Adquirir maturidade para enfrentar situações estressantes é algo difícil, mas necessário para estar a frente de um trabalho coletivo. Isto me faz lembrar Jesus no episódio do apedrejamento da mulher adúltera de João 8.1-11, ocasião em que o Senhor não respondeu de imediato sobre o que fazer e foi escrever na areia, bem como Moisés quando ele foi posto à prova por várias vezes. Inclusive, esta semana, estava lendo sobre a revolta de Corá em Números 16 onde Moisés tomou a sábia decisão de se prostar tão logo ter sido afrontado.
Certamente que trabalhar a frustração e o egocentrismo tem tudo a ver. Pois, se tirarmos o nosso eu do foco, as coisas vão ficando mais fáceis. Principalmente se entendermos que estamos aqui para realizar a vontade do Pai, segundo o Seu elevado propósito.
Valeu aí pelos comentários!
Abraços.
Rodrigão querido, a cada leitura de seus comentários ou postagens, fico mais feliz de haver conhecido você.
ResponderExcluirUm dia eu estava nesta preocupação com o amanhã e fazendo nossas contas quando escutei bem suave: "Estás fazendo o censo?"
Me dei conta da minha falta de confiança em Deus, parei e nunca mais voltei esta prática e graças a Deus, tenho visto a mão de Deus agindo maravilhosamente.
Um beijo na tua esposa, nunca teclamos. Beijão amigo.
Olá, Guiomar!
ResponderExcluirFico muito feliz por sua visita em meu blogue e seus comentários!
Cada vez mais percebo o quanto é tão difícil alguém não ser crente ou viver neste mundo sem exercitar a fé.
Que nos momentos difíceis possamos erguer nossos olhos para os montes e confiar no Guarda de Israel, como no Salmo 121.
Grande abraço!