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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Como era o Jesus que nunca conhecemos?

"Pelo mar foi teu caminho, e tuas veredas pelas grandes águas; e as tuas pegadas não se conheceram" (Salmo 77.19; ARC)

Um dos livros que eu mais gosto é o "The Jesus I Never Knew" ("O Jesus que eu nunca conheci"), do autor estadunidense Philip Yancey, publicado no Brasil pela Editora Vida.

Usando o espírito investigativo de um escritor jornalista, Yancey percorre os passos de Jesus descritos nos Evangelhos, desde o seu nascimento até a cruz, e comenta sobre a imagem passada a respeito deste intrigante personagem bíblico a partir dos quadros e filmes.

O Jesus que cheguei a conhecer ao escrever este livro é muito diferente do Jesus sobre o qual aprendi na escola dominical. Em alguns aspectos, é mais confortante; em outros, mais aterrador”, afirma o autor. Assim, Yancey vem nos apresentar uma perspectiva nova e diferenciada da vida e da obra de Cristo, enfrentando esta forte indagação: Quem ele era e a que veio?

O texto do livro nem sempre é fácil de ser compreendido por qualquer leitor. Yancey não me parece um autor tão conclusivo, mas suas questões, às vezes paradoxais e que refletem as dúvidas de muita gente, desafia-nos a pensar e também repensar a moldura religiosa ainda congelada em nossas mentes a respeito de quem foi esse Jesus que não pudemos conhecer fisicamente aqui neste planeta.

Sem dúvida que a vida de Jesus é bem desconhecida. Há pessoas que chegam a duvidar de sua existência histórica, argumentando que as únicas fontes que falam a seu respeito seriam de origem cristã. Contudo, mesmo ateus, judeus, budistas, islâmicos e gente de outras religiões fora do cristianismo interessam-se por este polêmico personagem dos Evangelhos. Autores escrevem as mais surpreendentes teses relacionadas a Jesus, inclusive de que ele tivesse andado pela Índia antes de iniciar o seu ministério como pregador itinerante por volta dos 30 anos de idade.

Neste ano, comecei a ler um outro livro, "Onde a Religião Termina?", do ex-frei católico Marcelo da Luz. Um dos motivos que me levou a adquirir a obra foi pelo meu interesse de pesquisa pessoal sobre o Jesus histórico. E acabei lendo-o desde o começo e, quando cheguei no capítulo 5, que fala especificamente sobre o que eu esperava encontrar, decepcionei-me com as afirmações do autor e acusações feitas por ele à obra de Jesus. Então resolvi entrar em contato por e-mail reclamando das coisas que constava num "'Tolicionário' cristológico", escrevendo-lhe estas palavras:


"Prezado Marcelo (...) penso que primeiramente não podemos tomar como autênticas rodas as citações atribuídas a Jesus nos evangelhos, principalmente no de João. Eu entendo que os evangelhos são verdadeiros quebra-cabeças onde realidade mistura-se com ficção e onde doutrinas da Igreja sobrepõem-se à história real de Yeshua, o judeu que viveu nas três primeiras décadas do século I. Pra mim não foram os apóstolos ou discípulos da primeira [geração] quem escreveram os evangelhos, os quais, provavelmente, surgiram no século II, sendo que até as informações acerca dos "pais da Igreja" podem ter sido inventadas por Eusébio no século VI. Sendo assim, eu considero precipitadas as conclusões tiradas sobre Jesus em seu livro, não sendo possível afirmar que ele aceitasse receber adoração das pessoas, coisa que seria blasfematório na cultura judaica. Além do mais, o sentido e as características das palavras atribuídas a Jesus nos sinóticos não levam necessariamente às conclusões que colocou como "imaturidade". De qualquer modo, penso que, por não conhecermos suficientemente a vida e o ensino de Yeshua, prefiro restringir minhas críticas apenas à idealização de Cristo feita pela Igreja que até hoje encobre o lado humano deste personagem (...)"


Doze dias depois, o autor me respondeu admitindo a "diferença entre o Jesus histórico e o Cristo da fé" e que este aspecto encontra-se exposto no próprio capítulo 5 do seu livro e me escreveu o seguinte:


"Caro, Rodrigo (...) O "tolicionário" não supõe que as frases citadas sejam do Jesus histórico, o que seria ingenuidade. Tolicionário cristológico refere-se aos ensinamentos falaciosos atribuídos a Cristo, entendido aqui como o mito construído por gerações de seguidores e documentados nos evangelhos (e diferente, portanto do Jesus histórico). O mais provável é que Jesus não tenha atribuído a si mesmo a condição divina (isto também está claro no capítulo 5). Entretanto, tamanha idealização da sua imagem, feita pelas gerações posteriores devem ter encontrado alguma base na pregação original do Nazareno (demagogia, fanatismo apocalíptico, taumaturgia...). O fato é: o que temos documentado (Novo testamento) é a produção do mito. O homem por trás do mito (Jesus histórico) é desconhecido e 250 anos de pesquisas cristológicas não trouxeram informação histórica suficiente. Você pode depositar toda sua fé e esperança num desconhecido. Sou obrigado a respeitar isso. Meu único escopo no capítulo 5 foi dizer, respeitosamente, que tal escolha é irracional e injustificada (...)"


Este trecho do e-mail que recebi, levou-me ao enfrentamento desta indagação:

Você pode depositar toda sua fé e esperança num desconhecido?

Certamente que, se a fé estivesse fundamentada em provas históricas a respeito de Jesus, não haveria espaço para ela. Ou melhor, ela nem existiria porque "a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem" (Hebreus 11.1; ARC).

Ora, se os evangelistas tivessem se limitado a compor um relato histórico sobre Jesus, ao invés de romancearem a sua obra com a finalidade de propagandear uma mensagem, que fé eles teriam despertado nos leitores? Como posso transmitir fé a alguém se o meu relato não estiver carregado de subjetividade e de sentimentos pessoais?

É neste sentido que hoje eu encaro numa boa a tão comentada "mitologização" de Jesus feita nos Evangelhos da Bíblia e o ponto de vista de quem escreveu esses livros antigos e anônimos, mesmo décadas depois dos fatos neles narrados.

Meus olhos podem não ter visto Jesus e nem as minhas mãos apalpado-o, mas o meu coração sentiu o Verbo da vida, a qual para mim se manifesta e dela testifico, de modo que posso anunciar a vida eterna que estava com o Pai.

Certamente que, mesmo aqueles que viram e tocaram em Jesus jamais teriam conhecido a revelação da vida eterna se os seus corações não tivessem sido abertos para a maravilhosa essência do seu ser.

Assim também ocorre nos dias de hoje em que Jesus continua sendo pregado nas igrejas, nas células, nas ruas, na TV, na internet e nos demais meios de comunicação. Só iremos conhecer o Messias, salvador do mundo, quando sinceramente nos envolvermos com ele, estivermos dispostos a praticar o amor e procurar Cristo na pessoa do nosso próximo necessitado. Pois, como nos ensina a parábola de Mateus 25.31-46, quando concedemos algo de bom a um pequenino nesta terra é a Jesus que estamos fazendo.

Posso dizer que a cada dia tenho uma nova oportunidade de conhecer melhor a Jesus. E estas oportunidades ocorrem com a prática devocional e do amor, quando de espírito aberto meditamos sobre ele e experimentamos o relacionamento com o próximo, sendo que é isto que realmente importa porque as investigações sobre o Jesus histórico e as doutrinas eclesiásticas mentalmente construídas apenas nos afastam deste propósito.

Que Jesus seja real na sua vida!

Tenha um excelente final de semana!


OBS: Imagem extraída do site http://lifeondoverbeach.wordpress.com/2011/06/10/philip-yancey-on-what-american-churches-have-become/

25 comentários:

  1. E aí Rodrigão, texto e comentário abrasivo o que escreveste heim...

    Gosto do Yancei pela linhagem devocional com que ele escreve.

    O Verbo Encarnado só pode ser discernido e aceito mesmo pelas vias da fé, caso contrário se torna objeto de espelução.

    E aí está o barato, pois fé é fé independente de conjecturas, especulações e dissecações.

    Como disse alguém, ainda que ELE não fosse um personagem histórico, continuaria sendo meu Deus pelas prerrogativas Divinamente atraentes e paradoxais em relação aos demais líderes religiosos.

    Quanto a sua pergunta:Você pode depositar toda sua fé e esperança num desconhecido? Graças a ELE não perdi essa capacidade!

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  2. Olá Rodrigo

    Estou de volta a Internet e deixei sua resposta no Irreligiosos. Aliás tá um silêncio... Bem, vi este seu comentário no Facebook e estou aqui. Nossas posições não se alteraram quanto ao assunto Jesus. Você pela fé e eu pela história. Se os gregos não tivessem trazido Jesus para história, todos estariam mais confortáveis. Mas a vida é o que é e não o que agente quer.

    Grande abraço do Ivani

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  3. Gosto sempre de fazer as minhas releituras do evangelho, sempre ressaltando o “humano paradoxal” existente em Jesus.

    Esse seu texto mexeu com o meu imaginário.

    Eu vejo em minha imaginação Jesus pedindo desculpas ao centurião romano por tê-lo julgado incapaz de ter fé maior do que os de Israel. O centurião disse: “diz uma palavra, e o meu filho que está à léguas de distância ficará curado.

    Parece que eu estou vendo Jesus com um riso maroto dizer: “Desculpe-me meu caro centurião por ter subestimado você!”

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  4. rodrigo, eu li esse livro do yancey há alguns anos e o achei bem simples em comparação com outras obras mais acadêmicas sobre o jesus histórico.

    o jesus histórico também é um tema que ocupa bastante minhas leituras bíblicas. concordo que o jesus dos evangelhos é uma construção de fé.

    mas evidentemente, essa fé foi o resultado do impacto histórico que esse jesus teve nos seus primeiros discípulos que deixaram uma tradição oral e talvez, algum evangelho escrito em aramaico ou hebraico e que hoje já não existem.

    existe uma tese de que o evangelho de mateus(o mais hebraico de todos)teria sido escrito por uma testemunha ocular de jesus mas o tema é controverso e não é a opinião de todos os pesquisadores.

    posso aceitar quase todas as doutrinas cristã sobre jesus mas apenas existencialmente. parece evidente que o jesus da fé e o jesus histórico são personagens bem diversos, mas também é aceito que nos evangelhos podemos encontrar passagens autenticas de jesus debaixo de camadas e camadas de tradição.

    você deve conhecer bem todas essas teses pois também é um estudante do tema.

    dizer que se aceita pela fé fatos não comprovados pela história ou arqueologia pode mesmo ser temerário.

    se alguém aparecesse dizendo crer que napoleão era deus encarnado independente de fontes históricas seria taxado no mínimo de burro.

    já com jesus...

    eu concordo que jesus jamais disse ser javé encarnado e nunca aceitou adoração como se fosse deus, logo, podemos concluir que ele mesmo não se achava divino; se nos evangelhos alguma passagem sugere isso, com certeza tem a mão da filosofia grega que foi usada para dar suporte a nova fé que nascia.

    então, diante disso, acho temerário dizer que crê que jesus era deus mesmo sabendo que muito provavelmente, o próprio jesus não se considerava assim.

    mas ainda assim, vejo com válida a fé em sentido existencial na divindade de jesus.

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  5. Eduardo e Rodrigo

    Sou mais o Jesus que pede desculpa, que o mitologizado.

    Como dizia Bultmann: Compreender a existência humana de Cristo em sua relação com Deus não pode significar outra coisa que compreender a minha existência pessoal"

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  6. Caramba! Quanta polêmica provoquei com este texto! (rsrsrs)

    Estudar o Jesus histórico é para mim uma das maiores "cachaças" nas horas vagas, apesar de bem compreender que este assunto é incapaz de gerar fé. Só um acúmulo de conhecimento. Útil mesmo pra quem gosta de História, de Teologia ou Ciência da Religião.

    Agora vou aos comentários de vocês:


    "Como disse alguém, ainda que ELE não fosse um personagem histórico, continuaria sendo meu Deus pelas prerrogativas Divinamente atraentes e paradoxais em relação aos demais líderes religiosos." (Franklin)

    Não muito diferente de você, amigo, eu também continuaria crendo em você. E cientificamente falando, muitos já não consideram mais Jesus como um personagem histórico, como é o caso do Ivani que participou dos comentários acima e cujo trabalho de pesquisa eu conheço. Porém, eu ainda iria mais longe. Pois, por mera hipótese, só a título de argumentação, se Jesus nem ao menos tivesse existido fisicamente neste mundo, ele continuaria sendo o Messias e que nos mostra o Caminho para Deus.

    Contudo, com esta hipótese (de que Jesus não existiu) eu não concordo, ainda que aceite os argumentos de que a cultura do cristianismo (não Cristo) foi uma invenção dos gregos. E a participação do Ivani aqui é uma boa prova de que a divulgação pelo Facebook é bem eficiente, ainda que muita gente leia só os textos do blogue e prefira deixar seus comentários lá na rede social.

    Assim como o Franklin, hoje em dia acho o estilo do Philip Yancey também "devocional" e hoje também o considero "bem simples em comparação com outras obras mais acadêmicas sobre o jesus histórico", conforme colocou o Eduardo. Só que, quando li o Philip Yancey pela primeira vez, diria que a minha mente ainda bem fundamentalista não gostou de sua visão e nem de seu estilo que deixa várias questões em aberto sem concluí-las.


    "Se os gregos não tivessem trazido Jesus para história, todos estariam mais confortáveis. Mas a vida é o que é e não o que agente quer." (Ivani)

    Bem, não sei se estaríamos bem confortáveis, caso os gregos não tivessem trazido Jesus para a história ou a Igreja não tê-lo anunciado às nações. Provavelmente o mundo teria bem menos esperança, a concepção universalista do Deus único talvez permaneceria restrita ao judaísmo. O islamismo nem existiria. E igualmente digo em relação aos direitos humanos que influenciaram as Constituições e legislações do mundo inteiro porque a base desses princípios foi inspirada por valores que decorreram dos ensinamentos de Jesus. Nos Evangelhos está implícita a valorização da pessoa humana, a alteridade sobre a qual o Levi escreveu um excelente texto no blogue da Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola. E aí, felizmente a vida não é como a humanidade quer e eu creio na soberania divina.

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  7. Continuando...


    "existe uma tese de que o evangelho de mateus(o mais hebraico de todos)teria sido escrito por uma testemunha ocular de jesus mas o tema é controverso e não é a opinião de todos os pesquisadores." (Eduardo)

    O que sei, é que se trataria de uma citação de Papias pelas penas do suspeito Eusébio de Cesareia. Segundo esta tradição, Mateus teria deixado um escrito em livro em língua semita, ("Os Oráculos do Senhor", salvo engano) e que teria inspirado o 1º Evangelho. Porém eu discordo porque os evangelhos sinóticos decorrem basicamente de duas tradições: o Evangelho de Marcos e a fonte "Q", conforme denominaram os teólogos alemães. Esta fonte "Q" seria o material de Mateus e de Lucas que não aparece em Marcos. E, além destas duas fontes, existiriam passagens exclusivas dos textos de Mateus e de Lucas. Assim, não acho provável que o Evangelho de Mateus tenha se originado diretamente de um escrito deixado por Mateus. Ele é em vários momentos uma cópia de Marcos mais esta fonte Q e um material específico dele.


    "posso aceitar quase todas as doutrinas cristã sobre jesus mas apenas existencialmente. parece evidente que o jesus da fé e o jesus histórico são personagens bem diversos, mas também é aceito que nos evangelhos podemos encontrar passagens autenticas de jesus debaixo de camadas e camadas de tradição." (Eduardo)

    Concordo plenamente com este comentário do Edu! E existem estudos profundos até agora não conclusivos sobre quais teriam sido os ditos autênticos de Jesus, de modo que prestigio muito as análises do judeu Geza Vermes assim como outros que fazem uma leitura judaica não tendenciosa dos Evangelhos.


    "dizer que se aceita pela fé fatos não comprovados pela história ou arqueologia pode mesmo ser temerário." (Eduardo)

    Aí que tá! Pode parecer mesmo uma "temeridade" a fé em Jesus aos olhos humanos, mas creio que aprouve a Deus salvar o mundo pela loucura da pregação. E acredito que as pessoas que o viram na Palestina podem não ter crido porque estavam apenas diante de um homem. E aí os Evangelhos nos mostram que, apesar dos milagres feitos por Jesus, muitos também não creram nele. Então, os que de fato puderam chegar à experiência da conversão por meio de Cristo foram aqueles que abriram o seu coração. Pois é nesta esfera que o homem realmente é alcançado pelo Evangelho ou do contrário o que temos é a aceitação de uma tradição que só vai promover uma nova cultura sem proporcionar uma mudança interior. Nada mais.

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  8. Continuando...


    "Eu vejo em minha imaginação Jesus pedindo desculpas ao centurião romano por tê-lo julgado incapaz de ter fé maior do que os de Israel" (Levi)

    Não descartaria este comentário do Levi, pois admito a hipótese de que Jesus possa ter se surpreendido com a fé de um gentio. Porém, tenho pra mim que o seu elogio possa ter tido uma finalidade pedagógica, no sentido de criticar a falta de fé dos seus compatriotas que, semelhantemente aos seus antepassados, na época dos profetas, não estavam compreendendo a obra que Deus estava fazendo no tempo presente (no tempo do ministério de Jesus).

    Contudo, acho sempre válido uma visão diferente da nossa. Pois, o que impediria o Messias de ter suas ambiguidades e um comportamento próprio de todo ser humano?

    E o Messias é humano! Pois, mesmo que se admita uma origem divina de Jesus, como o Verbo que se fez carne ou a 'kenosis' do cântico de Filipenses 2.5-11, o "esvaziamento" ocorrido quando Cristo "tomou a forma de servo" fez dele tão humano e dependente do Espírito de Deus quanto qualquer um de nós neste mundo. Daí Jesus ter orado muitas vezes ao Pai e buscado compreender sua vontade. Então, se Jesus estava vivendo a aventura de ser de carne e osso pelos 33 anos de peregrinação na Terra, logicamente que ele não tinha onisciência, nem onipotência e tão pouco a onipresença. E aí por que não ter dicado surpreendido com a fé do centurião e também daquela mulher cananeia?

    Abração!

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  9. Em tempo!


    IVANI,

    Que bom que já esteja de volta à internet!

    Valeu pela lembrança de suas postagens lá no site dos Irreligiosos. Confesso que estou a digerir as excelentes informações que compartilhou por lá e ansioso por respondê-lo.

    A frase de Bultmann citada pelo LEVI foi ótima e resume bastante um dos motivos de minha fé em Cristo:

    "Compreender a existência humana de Cristo em sua relação com Deus não pode significar outra coisa que compreender a minha existência pessoal"

    Será que ainda precisamos de comprovações históricas e arqueológicas para crer em Cristo Jesus e vermos nele o caminho que nos leva a Deus?

    Amanhã, se Deus quiser, estarei de volta à internet!

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  10. Rodrigão, "Sendo assim, eu considero precipitadas as conclusões tiradas sobre Jesus em seu livro, não sendo possível afirmar que ele aceitasse receber adoração das pessoas, coisa que seria blasfematório na cultura judaica."

    No caso, também não seria verdade que Ele se proclamava filho de Deus, porque igualmente era considerado blasfêmia para os judeus.

    Beijo.

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  11. Assim também ocorre nos dias de hoje em que Jesus continua sendo pregado nas igrejas, nas células, nas ruas, na TV, na internet e nos demais meios de comunicação. Só iremos conhecer o Messias, salvador do mundo, quando sinceramente nos envolvermos com ele, estivermos dispostos a praticar o amor e procurar Cristo na pessoa do nosso próximo necessitado. Pois, como nos ensina a parábola de Mateus 25.31-46, quando concedemos algo de bom a um pequenino nesta terra é a Jesus que estamos fazendo.

    "Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?"
    1 João 4:20

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  12. "No caso, também não seria verdade que Ele se proclamava filho de Deus, porque igualmente era considerado blasfêmia para os judeus"


    Olá, Guiomar!

    Obrigado por sua visita!

    Também creio que Jesus não se proclamava "Filho de Deus", mas que não seria algo blasfematório. E vou te explicar a seguir qual o motivo histórico.

    Quem primeiro se proclamou (ou foi proclamado "filho de Deus" ou "dos deuses"), teria sido o imperador Otávio Augusto. Ao trazer uma era de prosperidade e segurança às populações da parte oriental do império romano, a "Paz Romana", os povos da Ásia Menor resolveram divinizá-lo como costumavam fazer em muitos lugares do antigo oriente, na Pérsia e Mesopotâmia.

    Otávio autorizou o culto à sua pessoa e à deusa Roma e assim fizeram na cidade de Pérgamo (o lugar onde fica o "trono de Satanás" segundo Apocalipse 2.13). E, numa inscrição datada de 3 a.E.C., procedente de uma cidade da Ásia Menor, situada ao norte da região onde ficavam as sete igrejas do Apocalipse, constava algo que refletia o sentimento de gratidão das elites provinciais da Península Anatólia daqueles tempos:

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  13. Continuando...


    "No terceiro ano a partir do décimo consulado do Imperador César Augusto, filho de um deus (...) o seguinte juramento foi feito pelos habitantes de Paflagônia e pelos comerciantes romanos que moram entre eles: Juro por Júpiter, Terra, Sol, por todos os deuses e deusas, e pelo próprio Augusto, que serei leal a César Augusto e a seus filhos e descendentes durante toda a minha vida, em palavras, ações, e pensamentos, considerando amigos os que eles consideram amigos (...) que na defesa dos interesses deles não pouparei corpo, nem alma, nem vida, nem filhos (...)". (extraído do Manual Bíblico da SBB, pág. 767)

    Certamente que os judeus não iriam aceitar a figura de um imperador divinizado e jamais prestariam culto à sua pessoa ou à deusa Roma. Então, como uma antítese ao título "filho de um deus", surgiu entre os essênios a antítese de proclamarem ser o Messias o Filho de Deus. E isto aparecem nos Manuscritos do Mar Morto que foram encontrados na caverna de Qumran, em meados do século passado, onde o messias dos essênios é considerado um filho de Deus e chega a receber louvação.

    Bem, é dentro deste contexto que o cristianismo vai tomar de empréstimo o uso do termo "filho de Deus" feito pelos essênios à pessoa do Messias, passando a atribuí-lo a Jesus Cristo. E aí temos que admitir que muita coisa escrita nos Evangelhos, inclusive as supostas falas de Jesus, são expostas do ponto de vista dos autores que escreveram tais livros. Eles chamavam de Filho de Deus a Jesus, o Cristo esperado pelos judeus, e que se opõe a César Augusto, sendo este o anticristo implícito do Apocalipse, o substituto do Cristo.

    Deixado para trás esta época romana, as gerações posteriores de cristãos passaram a chamar Jesus de Filho de Deus esquecendo-se do sentido original. Logo, deve-se concluir que alguém dar este título a Jesus nos primeiros séculos do cristianismo era mesmo uma prova de conversão. Significava mudar de senhor, de César Augusto para o Cristo Jesus.

    Muito interessante, não acha?

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  14. "Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?"
    1 João 4:20


    Ótima citação, Guiomar!

    Sem dúvida que a fé tem uma forte relação com o lado experimental e prático. Daí Tiago ter dito que "a fé sem obras é morta". Pois é fundamental o envolvimento do homem com as coisas materialmente visíveis afim de que o seu amor espiritual por Deus seja considerado como existente. É como se este amor dependesse também de uma mesma postura em relação à criação também.

    Abraços.

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  15. Rodrigo:
    Atendendo ao convite que me fez lá no Irreligiosos, resolvi deixar minhas opiniões acerca desta sua interessante matéria. Dos dois livros citados, li apenas o do Marcelo da Luz, ao qual dei minha concordância em cerca de 80% do que lá está.
    Se você gosta mesmo de pesquisar o assunto, recomendo-lhe um outro livro, da mesma linha, best-seller nos EUA: trata-se do livro de Bart D. Ehrman " O que Jesus Disse? O que Jesus Não Disse? Quem Mudou a Bíblia e Por Quê?" Adquiri-o e não me arrependi. A edição portuguesa é da Editora Prestígio e você poderá adquiri o livro por cerca de R$ 37,00. Vale a pena.

    Sobre as suas reflexões, você já conhece a minha opinião. Portanto, vou destacar apenas a afirmação feita pelo Papa João Paulo II, quando questionado sobre a existência de Cristo (não me recordo das palavras exatas, mas foi dito algo parecido com isto): "Para os cristãos, o problema da existência ou inexistência de Cristo é irrelevante, pois isto concerne à fé e a fé é uma questão pessoal, que independe de explicações."
    Quando li tais declarações (volto a dizer: as palavras não foram exatamente estas, mas o sentido sim) quis me parecer que o Papa, mesmo sabendo que as afirmações sobre Cristo não procedem, resolve encorajá-las, por achar a crença necessária e importante para os cristãos (ou seria para a Igreja?).

    E para finalizar, reafirmo: A Bíblia só se sustenta até hoje, pela necessidade de fé dos cristãos, pelo apoio da Igreja e pelos 18% de coisas boas e verdadeiras que ainda contém. Não fosse isso, teria perdido todo o seu prestígio.

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  16. Correção do meu comentário anterior:

    Onde se lê João Paulo II, leia-se Pio XII. E a frase exata dita por ele foi: "Para os cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo concerne à fé, e não à história.", dita em um congresso.

    A frase que mencionei no primeiro comentário foi dita por outro Papa (infelizmente não lembro), referindo-se ao comentário original de Pio XII.

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  17. Prezado Ivo,

    Seja bem vindo ao meu blogue!

    O brilhante livro do professor Bart D. Ehrman (um respeitável especialista no Novo Testamento, na Igreja Primitiva e em crítica textual), sobre o qual mencionou, também já tive a oportunidade de ler. E pelo que sei, ele teria se tornado um agnóstico por ter descoberto que a Bíblia foi alterada. Ou então, não soube lidar muito bem com a questão do sofrimento humano e da existência do mal.

    Sua trajetória é interessante. Primeiro ele foi um evangélico religioso bem fundamentalista, tornou-se um teólogo liberal e, finalmente, um agnóstico, tendo atualmente cerca de 56 anos, o que me mostra o quanto pesquisas sobre historicidade é incapaz de gerar fé. E talvez tenha até um efeito contrário, de modo que muitos também quando entram pelas portas de um seminário teológico voltam descrentes e distanciados de um propósito de ministério religioso que antes desejavam desenvolver antes de iniciarem a graduação.

    Sem querer dizer que a minha fé seja mais forte do que a de outras pessoas (sou tão humano e vulnerável quanto o prof. Ehrman), não me sinto incomodado com o fato da Bíblia e em especial o NT terem sido alterados, ou de existir divergências entre os manuscritos. E acho até que descobertas deste tipo vêm edificar-me e me mostrar que a minha confiança não deve estar nos escritos e sim na revelação que o Espírito de Deus dá a cada um.

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  18. Continuando...


    Quando vejo nos Evangelhos Jesus lendo um trecho do profeta Isaías na sinagoga de Nazareth (passagem que atualmente é atribuída ao pseudo-Isaías que viveu na época do exílio babilônico), admito com o fato de risto não ter se importado com a falta de unidade existente naquele livro. Porém, ele aplicou de maneira bem objetiva a citação bíblica quando fez a leitura do 'Haftará' (porção das Escrituras hebraicas lida a cada sábado nas sinagogas em complemento à leitura da 'Parashat').

    Mas será que para a fé pouco importa mesmo a existência histórica de Jesus?

    Pois aí eu digo que, se a comprovação científica da história não importa, pelo menos a crença na sua encarnação seria indispensável segundo o Novo Testamento. Mais precisamente a epístola de João. Senão vejamos:

    "Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo". (1Jo 4.1-3; ARC)

    Ou então:

    "Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo" (2João 7; ARC)

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  19. O que são estes trechos do NT senão uma visão apologética em relação à seita do gnosticismo que foi muito forte nos primeiros séculos da era comum?

    Contudo, se alguém desacredita na existência histórica e real de Jesus Cristo, tais passagens bíblicas acabam sendo um potinho de ouro em que os gnósticos se tornariam um indício favorável à tese destas pessoas.

    Mas, em relação á fé cristã, se estiver fundamentada na autenticidade de todo o Novo Testamento, ela vai ser posta em dúvida. Pois ou o fundamentalista crê/confessa/segue que Jesus Cristo existiu, ou então ele está fora do plano salvífico de Deus, condenado ao inferno enquanto permanecesse na sua teologia herética e seria um seguidor do "anticristo", ou melhor, de uma crença que tentaria substituir o Cristo anunciado pela tradição apostólica (ou pela tradição do autor de 1 e 2João).

    Pois bem. Aí eu volto à questão que ponderei na minha primeira réplica acima em atenção aos comentários do Franklin:

    "Pois, por mera hipótese, só a título de argumentação, se Jesus nem ao menos tivesse existido fisicamente neste mundo, ele continuaria sendo o Messias e que nos mostra o Caminho para Deus."

    Ora, imagine se alguém amanhã prova incontestavelmente que Jesus não tenha existido?!

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  20. Contudo, neste caso, seriam ao menos colocados em dúvida a canonicidade do Novo Testamento e a ortodoxia cristã pregada há séculos pelo catolicismo e respingando sobre o protestantismo. E mais, os cristãos teriam seguido até hoje uma ideia ou um conceito messiânico, muito bem elaborado por uma escola de sábios escritores ou contadores de história, não uma pessoa de carne e osso. E o cristianismo se tornaria mais exotérico e menos pretensioso, sem que o Cristo tivesse qualquer poder salvífico para alma, mas servindo tão somente de um referencial humano para a sociedade evoluir espiritualmente onde o messias passaria a ser o outro.

    Apesar de crer, confessar e seguir o Cristo encarnado e ressurreto, entendo também que tê-lo como um referencial de humanidade torna-o salvífico também para a sociedade, o que pode nos conduzi a um futuro melhor. E aí eu não descarto nenhuma teologia que possa ter surgido no passado acerca de Jesus e não me limito ao cânon do Novo Testamento que só foi estabelecido alguns séculos depois pelos gregos e pelo patriarca de Roma - o papa católico. E então, considero como material de pesquisa os apócrifos e o gnóstico Evangelho de Tomé, o qual tem suas semelhanças com os sinóticos do NT.

    Pra mim, a suspeita sobre o cânon do NT será sempre válida e jamais vista como algo herético. Até porque o cânon só foi estabelecido mesmo após Constantino e não antes. E, quanto mais retrocedemos no tempo, mais diversidade existia dentro do cristianismo, de modo que já não podemos bem dizer como era o comportamento dos primeiros discípulos de Jesus e pregadores do Evangelho.

    Ainda assim, para o religioso fundamentalista, é perturbador qualquer tese ou descoberta que coloque em questionamento a sua maneira de crer. E aí, se ele descobre ser falso ou duvidoso qualquer um de seus valores, é muito fácil que ele se torne ateu, agnóstico ou um cristão descrente, incapaz de seguir a fé com o mesmo entusiasmo de antes.

    Erro da igreja? Sim! Com certeza! Porque ao invés de terem buscado firmar a fé das pessoas numa experiência relacional com Deus, alimentaram as lendas da tradição católica. Basearam-se numa falsa historicidade, como na verdade os evangelistas não estavam lá tão preocupados em investigar a exatidão dos fatos, mas sim propagar a fé.

    "Jesus pois operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome." (João 20.30-31; ARC)

    É assim que vejo os Evangelhos hoje, Ivo. São obras que servem para gerar fé nos seus destinatários (na época os leitores/ouvintes eram gregos). E, tomando consciência disto, sinto-me que ganho mais liberdade literária para transmitir o Evangelho que foi escrito no meu coração, sem praticar a terrível bibliolatria e sem me submeter à ortodoxia cristã, aproveitando a visão de mundo do destinatário da minha mensagem.

    Abraços.

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  21. rodrigo e gui. o termo "filho de deus" não era ofensivo aos judeus. nos profetas, a ideia de israel como filho de deus é usada; isso sem falar com os reis de israel ao serem ungidos(tornarem-se "messias")eram tidos como "filhos de deus". o salmo 2, deus ao se referir ao rei diz: "hoje te gerei", texto que os cristãos posteriormente usaram para se referir a jesus como "eternamente gerado" e não criado por deus.

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  22. Exato, Edu! Como eu disse a ela, neste caso, ter sido Jesus chamado de Filho de Deus não era blasfematório. Porém, o que houve na sua época e no século anterior (quanto ao messias dos essênios) foi uma antítese em relação a César Augusto. É como se os judeus estivessem respondendo a Roma:

    "Não vamos prestar culto de lealdade ao imperador! Temos um rei que é o Messias! Ele é que é o Filho de Deus para nós!"

    Reparem que, no contexto da época, chamar Jesus de "Filho de Deus" ou de "Messias" tinha um significado fortíssimo e não havia como estes termos serem banalizados como nos dias de hoje onde as pessoas nem sabem que Cristo não tem nada a ver como o nome de Jesus, mas que é sinônimo de Messias e Ungido.

    Observem também que a salvação não pode ser confessional. Ela é resultado da compreensão íntima do ser humano em relação a Deus e à obra que o Eterno realiza nos nossos dias. Daí eu ser um crítico de alguém achar que basta confessar com a boca que crê em Jesus para ter a vida eterna. Aliás, diga-se de passagem que a Vida é algo que usufruimos a partir do momento em que busco uma harmonização com o meu Criador, com o cosmos, com meu próximo e comigo mesmo. E isto tem a ver com o tratamento de culpas e o descanso na graça. Logo, não se deve pensar "vou receber a vida", mas sim "vou experimentá-la".

    Abração!

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  23. Caro Rodrigo

    "Será que ainda precisamos de comprovações históricas e arqueológicas para crer em Cristo Jesus e vermos nele o caminho que nos leva a Deus?"

    Para você e muitos eu sei que não. Para mim, ele nunca existiu mesmo! Isso não tem a menor importância porque não estou em busca de deus algum. Jamais critiquei a filosofia religiosa cristã porque não me interesso pelo assunto, filosofia e nem religião. Como você bem sabe, mas os outros não, o meu interesse é pela história real do cristianismo e não pela sua versão literária e filosófica.
    Abraço

    Ivani

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  24. Prezado Ivani,

    Concordo que, em termos históricos, não se pode afirmar cientificamente a existência de Jesus pela insificiência de fotnes e por estas serem de origem cristã.

    Assim sendo, tal como no verso hebraico a respeito dos vestígios da travessia dos israelitas pelo Mar Vermelho, apagados pelas águas, o Jesus histórico se vai pelo oceano da história.

    "Pelo mar foi teu caminho, e tuas veredas pelas grandes águas; e as tuas pegadas não se conheceram" (Salmo 77.19; ARC)

    Assim, parece-me que mesmo a tentativa minuciosa do escritor do 3º Evangelho, em se informar acerca da vida de Jesus (Lucas 1.1-4), também não atingiu o objetivo por ele desejado. As águas da guerra judaica devem ter apagado.

    De qualquer modo, posso te garantir que a fé em Cristo até hoje permanece viva e creio que cada vez mais forte. Então, vale a pena interessar-se por algo que pode mudar o mundo.

    Abraços.

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