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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O que esperar das tropas federais no RJ?




Neste domingo (06/08), Michel Temer e Rodrigo Maia (DEM-RJ) divulgaram vídeos no Twitter para falar sobre as ações de segurança no Rio de Janeiro. Na gravação de pouco mais de 2 minutos, o presidente relembrou o anúncio do plano nacional de segurança, prometendo a presença das tropas do Exército até o final de 2018:

"Para o Rio de Janeiro, há uma programação extensa, que vai, inicialmente, até 31 de dezembro deste ano e, depois, será ampliada também para o ano que vem." 

Por sua vez, Maia afirmou ser "fundamental" o combate ao crime organizado no estado. Segundo ele, "muitas pessoas" foram presas nas recentes operações e os governos federal e estadual "vão continuar esse trabalho", tendo considerado que, com essas ações de segurança, os índices de violência cairão "brevemente" em todo o estado.

Inicialmente, considero que foi necessária a intervenção federal no RJ através de tropas do Exército nas ruas a fim de se devolver à população os espaços perdidos para a criminalidade que as polícias sozinhas já não conseguiam mais recuperar. Pessoas estavam morrendo nas comunidades carentes por causa da violência reinante sendo que os assaltos nas rodovias estavam já incontroláveis (aqui perto de onde eu moro já não era mais seguro trafegar pelo Arco Metropolitano).

Entretanto, há muito mais coisas a serem feitas além de colocarem os militares nas ruas para que de fato haja sucesso na execução desse plano de segurança do governo federal. Pois é necessário eliminar as causas da criminalidade no RJ. E para tanto, torna-se indispensável iniciar e manter um processo de pacificação de médio e longo prazo.

Fato é que, nos seis anos que antecederam o Mundial de 2014, tivemos no Rio de Janeiro um programa de implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A ideia era instituir polícias comunitárias em favelas, principalmente na capital do estado, como forma de desarticular quadrilhas que, antes, controlavam estes territórios como verdadeiros estados paralelos. Só que, infelizmente, o projeto deixou de avançar e, mesmo durante o ano da realização dos Jogos Olímpicos, aquela que já foi cantada como a Cidade Maravilhosa experimentava um retrocesso.

Não discordo que medidas assim podem, de imediato, proporcionar algum alívio como o fim dos tiroteios e da circulação de armas de fogo na mão de traficantes. Porém, o que na verdade ocorre é que as organizações se escondem durante a ocupação militar para depois ressurgirem com força. O crime torna-se discreto e tenta se rearticular posteriormente.

A meu ver, a presença das tropas deve ser oportunizada para o governo estadual implantar um programa sério de pacificação onde haja continuidade não só através da presença da polícia como também de benefícios à população capazes de promover a dignidade das pessoas, tais como serviços básicos de saúde, educação, transportes, geração de trabalho e renda, lazer ocupacional e cultura. E, por si só, tais ações não surtirão o efeito desejado se não houver uma coordenação estratégica e um respeito às vozes da comunidade (uma relação de proximidade entre o Estado e o cidadão).

Enfim, apesar de ter minhas críticas e desconfianças, torço para que tudo dê certo dessa vez e que não seja mais um plano imediatista que tenha por objetivo as eleições do próximo ano, ou simplesmente tranquilizar a opinião pública. Afinal, os cariocas têm direito a ser felizes no lugar onde vivem da mesma maneira como os habitantes de Medelim e Bogotá, os quais reconquistaram suas respectivas cidades na exemplar Colômbia.

Que haja paz no Rio!


OBS: Créditos autorais da imagem acima atribuídos a Fernando Frazão/Agência Brasil, conforme consta em http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-07/militares-ja-estao-operando-nas-ruas-e-avenidas-do-rio

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