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sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Tentando compreender a felicidade




Na manhã desta sexta (25/08), eu estava lendo um pouco do livro bíblico de Provérbios com minha esposa e achei bem interessante este versículo que assim diz, segundo a tradução para o português de João Ferreira de Almeida:

"Até no riso tem dor o coração,
e o fim da alegria é tristeza." 
(Pv 14:13; ARA)

Em que pese este dito de sabedoria ter saído um pouco do padrão que norteia os aforismos predominantes dos capítulos de 10 a 15 de Provérbios, os quais consistem basicamente em conceitos opostos entre o "justo" e o "ímpio" ou do "sábio" versus o "insensato", considerei uma reflexão bem reveladora feita pelos antigos. E, por coincidência, o escritor sagrado falou de algo muito comentado nos debates atuais acerca do que vem a ser a felicidade.

Nesses tempos em que a depressão assola a vida de um número bem significativo de pessoas, sendo já 322 milhões de deprimidos no mundo, segundo dados da OMS referentes a 2015 (4,4% da população global e 5,8% dos brasileiros), pode-se afirmar que o estado de felicidade está se tornando algo cada vez mais raro. Pacientes gastam fortunas em tratamentos diversos a fim de saírem de crises que os tornam incapacitados para a vida laboral, para a convivência familiar-social e até mesmo os deixam próximos de um suicídio.

Por outro lado, sem me arrogar em dar uma especialista em saúde mental, tenho a impressão de que muita gente acaba desenvolvendo uma ideia fantasiosa da felicidade, supondo que poderão gozar de um estado eterno de alegria ou querendo abolir qualquer sentimento de tristeza das suas emoções. Porém, lendo uma nota teológica presente na Bíblia de Estudo de Genebra, de orientação calvinista, notei um comentário super pertinente sobre o versículo em questão:

"A alegria externa e uma tristeza oculta podem coexistir, mas a tristeza pode ser a realidade a ser enfrentada no fim" (1999, pág. 745)

Refletindo um pouco mais sobre o assunto, pondero que, sem a tristeza, jamais notaríamos a alegria porque simplesmente não a perceberíamos pela ausência de um estado oposto. Ou, usando de outras palavras, seria nos momentos tristes que tomamos a consciência do que significa estar alegre.

Com isso, penso que a tal coexistência com a tristeza faz com que valorizemos mais a alegria e a encontremos até nas pequenas coisas. E, pelo que vejo por aí, as pessoas sofridas são as que geralmente consideram precisar de muito pouco para se sentirem felizes.

Para terminar, reflito que o fato de nossos momentos alegres terem limites nesta vida, sendo obviamente sucedidos pela tristeza (ainda que esta também não venha a ser algo eterno), leva-nos a pensar que devemos curtir o momento feliz aqui e agora da maneira mais intensa que pudermos, mesmo sabendo ser impossível eliminarmos toda a dor existente no nosso coração. E aí cito uma frase atribuída ao Dalai Lama que, certamente, tem a ver de maneira geral com o tema aqui em debate:

"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."

Ótimo final de semana a todos e sejamos felizes!


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