No ano de 1954, algumas semanas antes de morrer oficialmente, Getúlio Vargas estava conversando com um almirante sobre as futuras experiências científicas da humanidade.
Almirante: Tomara que algum dia a nossa PETROBRÁS consiga fazer explorações em águas profundas, Excelência. Acredito que a Bacia de Campos seja uma zona riquíssima e que transformará o Brasil num país exportador de petróleo.
Presidente: Tudo isso já está em meus planos, almirante. Se toda a sociedade brasileira trabalhasse unida e com patriotismo, seríamos uma nação tão desenvolvida quanto os Estados Unidos.
Almirante: Com certeza, meu presidente.
Presidente: Sabe, almirante, tenho pensado em coisas ainda mais ousadas do que extrair petróleo do subsolo ou do mar. Sonho com uma indústria brasileira de robôs, mandarmos um foguete à Lua, pesquisarmos sobre energia gravitacional, invisibilidade, biotecnologia, construirmos um submarino nuclear e até mesmo viajarmos no tempo.
Almirante: Viagem no tempo?! Mas isso não seria paradoxal? Pois mesmo se fosse possível retornarmos ao passado, a experiência representaria um risco à nossa existência.
Presidente: Já pensei a respeito disto, almirante. Se volto no tempo e impeço os meus pais Manuel e Francisca de se conhecerem, obviamente eu não nasceria em São Borja no ano de 1883, digo, em 1882. E, se deixo de existir, será que o nosso país não continuaria tão pobre e aristocrático como era até à Revolução de 1930? Digo a você que até os eventos ruins, se forem evitados, tipo se alguém tivesse matado Hitler ou Napoleão quando eram bebês, podem alterar profundamente a nossa realidade atual. Portanto, a minha ideia é viajarmos somente para o futuro.
Almirante: Então me diga, senhor presidente, como pretende fazer esse experimento e construir a tal da máquina do tempo sabendo que hoje não temos tecnologia para tanto? Falta-nos condições para montarmos a sua estrutura e menos ainda energia para colocá-la em funcionamento.
Presidente: Nós não a inventaremos, mas iremos testemunhar brevemente se será possível viajar no tempo.
Almirante: Fala sério! Como será isso?
Presidente: As futuras gerações de brasileiros irão criá-la para nós e viajarão até o nosso tempo. Por isso, pegue esses documentos e os coloque numa pasta secreta para serem guardados pelo alto comando das Forças Armadas num arquivo sigiloso da Escola Superior de Guerra. A própria Marinha ficará responsável por executar o empreendimento no seculo XXI sem que os futuros presidentes saibam. O projeto será colocado em prática junto com o do submarino nuclear.
Almirante: E quando testemunharemos a chegada desses viajantes do futuro?
Presidente: Amanhã mesmo quando estivermos na Marambaia, lugar onde as pessoas dizem que marco os encontros com uma de minhas amantes.
Almirante: Muito doida a sua ideia, presidente! Independente do resultado, estamos juntos nessa. Porém, diga-me como as pessoas do futuro irão saber que deverão nos encontrar justo amanhã, na Restinga da Marambaia, caso consigam construir a máquina do tempo?
Presidente: Está tudo explicado nesses documentos que o meu assessor de confiança datilografou. Inclusive o pacto de segredo sobre não alterarmos o curso da História.
Almirante: Bem bolado, Excelência. Essa será a chance de sabermos antecipadamente sobre a possibilidade do homem viajar no tempo ou não.
Presidente: Exato! Só que vamos ter que confiar nas gerações futuras, se de fato colocarão em prática o audacioso plano. E, caso ninguém resolva aparecer amanhã na Marambaia, não significará que a viagem no tempo será algo impossível. Tanto o documento secreto pode se extraviar como os nossos bisnetos e tataranetos poderão resolver pela não execução do plano.
No dia seguinte, Getúlio, o almirante e mais um seleto grupo de cientistas militares estavam numa praia da Marambaia esperando o submarino nuclear emergir das águas oceânicas. Quando deu dez horas, uma luz branca clareou o ambiente e todos desmaiaram. Instantes depois, um jovem oficial vindo do futuro acordou o presidente e os demais:
Viajante: Saudações de 2018, Excelência! É um prazer e uma grande honra poder conhecê-lo pessoalmente fora dos livros de História!
Presidente: Bom dia, tenente. Como está o Brasil da sua época?
Viajante: Anda muito mal depois da crise econômica iniciada pela nossa presidenta em 2015. A política continua cheia de bandidos roubando os cofres públicos, porém agora sendo pegos pela Polícia Federal juntos com as empresas corruptoras.
Presidente: E a minha PETROBRÁS querida?
Viajante: Falida, infelizmente. Os políticos de um partido que se diz representante dos trabalhadores roubaram quase tudo o que a estatal tinha de patrimônio, fazendo as suas ações despencarem nas bolsas de valores. Agora os empresários pretendem privatizá-la até 2020...
Presidente: Que decepção! Uma notícia dessas só me faz desgostar da vida.
Viajante: Pior é que teremos eleições presidenciais em 2018 e nos faltam opções para a cadeira número um do país. Só tem bandidos dominando os partidos políticos!
Presidente: Inclusive o meu PTB?
Viajante: O seu partido será extinto quando os generais tomarem o poder dentro de dez anos e só restarão dos partidos no Brasil. Com a redemocratização e a volta do pluripartidarismo, ainda no final do regime militar, Brizola entrará numa disputa com a sua sobrinha-neta Ivete quanto ao controle da legenda e fundará o PDT. Anos depois, o partido cairá em mãos erradas como Roberto Jefferson e Collor de Mello. Será umas das mais corruptas agremiações partidárias.
Presidente: Basta! Quero ser transportado para o futuro e acabar logo com essa maracutaia!
Viajante: Não podemos fazer isso. Vossa Excelência irá se suicidar no dia 24 de agosto deste ano no Palácio do Catete.
Presidente: Então ordeno que me levem no dia da minha morte.
Viajante: Mas como encontrarão o seu corpo? Milhares de brasileiros formarão fila para se despedirem do senhor antes de enterrarem seu cadáver em São Borja.
Presidente: No seu tempo já não terão inventado a técnica da clonagem?
Viajante: Sim, mas a legislação do futuro só permitirá fazer clones de animais. Nunca de seres humanos! Pois violaria a Constituição de 1988 em seus princípios mais básicos.
Presidente: Almirante, quero que guarde esse meu fio de cabelo junto com os documentos secretos e determine que, no futuro, façam um clone meu sem vida tão logo a nova tecnologia esteja disponível.
Viajante: E o que farei?
Presidente: No dia da minha morte, você e sua tripulação retornarão a este tempo trazendo o clone para morrer no meu lugar com um tiro no coração. Aí me levarão para 2018 e concorrerei às eleições daquele ano.
Viajante: Ótima ideia, senhor! O Brasil do século XXI precisa de um estadista de verdade e de alguém que seja uma alternativa ao PT. Conte comigo!
Presidente: PT? Que partido será esse?! Mais um racha do meu PTB?
Viajante: Não, mas o senhor ficará sabendo quando voltar conosco. Por enquanto, espere pelo nosso retorno em 24/08.
O navio submergiu nas águas ainda limpas da Baía de Sepetiba e reapareceu no mesmo local em janeiro de 2018. Os principais fatos da missão foram relatados ao comando da Marinha que comemorou o sucesso da expedição. Entretanto, as informações passadas pelo tenente viajante a Getúlio, revelando como será o futuro, causaram preocupações quanto à preservação da História que, a partir daquela época, já poderia ser mudada. Isto provocou um debate entre o viajante e o cientista criador do submarino do tempo:
Cientista: Cara, por que contou a Getúlio sobre os acontecimentos das épocas posteriores?
Viajante: É que ando muito descontente com a política e sempre fui um admirador do velho.
Cientista: Por causa de você corremos o risco de deixar de existir. Imagine se, por exemplo, Getúlio não se suicida, ocorre uma revolução militar dez anos antes, Juscelino não se elege, Brasília não é construída e eu não sou concebido numa pulada de cerca de meu pai e minha mãe num Ford fabricado no Brasil!? Sem JK, as montadoras não virão!
Viajante: Pensei nisso tudo antes e prometi a Getúlio criar um clone sem vida dele para simularmos a sua morte em agosto de 1954. Aí trazemos o velho pra cá e o elegemos presidente em outubro.
Cientista: Não sei se iremos conseguir isso a tempo com a tecnologia de hoje. Ainda mais depois que sumiram com a verba para os experimentos na área. Talvez só daqui uns 50 anos...
Viajante: Doutor, tempo é o que temos de sobra! Pediremos ajuda aos caras do século XXII. Daqui uns cem anos ou mais, qualquer aluno do ensino fundamental vai saber inventar um robô biológico em dois minutos com a tecnologia do clone.
Cientista: Ainda não viajamos para o futuro a fim de termos alguma certeza, mas duvido que as escolas brasileiras estarão nesse nível daqui uns cem anos. É melhor escolher outro país ou uma época mais distante. Quem sabe daqui outros quinhentos anos?
Viajante: Aí já seria demais. Mande-me então para o século XXIII que, provavelmente, essas tecnologias já estarão superadas e nós estaremos importando-as dos países mais desenvolvidos.
Cientista: Então vá até o ano 2201 e volte logo. Tome aqui o fio do cabelo do Vargas guardado junto com os documentos secretos da ESG e leve essa maleta de um milhão de dólares porque, com a inflação voltando, o real já não estará mais valendo nada no futuro e você precisará de muito dinheiro para mandar fazer um clone.
Viajante: Não seria melhor deixarmos uma orientação para as futuras gerações nos receberem com o clone pronto em 2201?
Cientista: Tá! E você acha que o Brasil consegue durar até lá com esses políticos picaretas no poder? Acorda! Além do mais, os caras do futuro jamais poderão saber da sua presença no meio deles por causa dos riscos que podem ameaçar a existência de todos porque iremos alterar a História do nosso presente. A época para a qual você irá não passará de uma realidade paralela a outros futuros possíveis...
Novamente o submarino do tempo sumiu e reapareceu nas águas do Atlântico em 2201. Devido ao aquecimento global, as ondas chegavam a oitenta metros de altura e a geografia do Brasil tornou-se irreconhecível de modo que quase todo o Rio de Janeiro encontrava-se submerso, sobrando somente os morros mais altos como o Corcovado, o Pico da Tijuca e a Pedra da Gávea. Com dificuldades conseguiram chegar numa ilha onde ancoraram. Ao desembarcarem, foram recebidos por um rei com uma coroa na cabeça, o qual saudou o tenente viajante e toda a tripulação.
Rei: Bem vindos ao novo Império do Brasil. Sou Dom Pedro III e essa é a Praia do Quitandinha aqui na Ilha de Petrópolis.
Viajante: O quê?! O Brasil virou uma monarquia?
Rei: Há muito tempo, meu caro. E, lamentavelmente, não posso entrar em detalhes para que a História permaneça inalterada, caso retornem à época de vocês.
Viajante: Só viemos fabricar um clone. Temos conosco meio milhão de dólares.
Rei: O dólar já não vale mais nada nessa época e deixamos de usar dinheiro na segunda metade do século XXI. A moeda do futuro, isto é, do meu presente, chama-se mérito. Porém, sei do que se trata a missão dos senhores e já confeccionamos o clone do Getúlio. Se não repararem a burrada que fizeram, Vargas perderá a coragem de se suicidar.
Viajante: Muito obrigado, majestade.
Rei: Só tem um detalhe. Vocês não poderão voltar para 2018 e retornarão para cá em 2201 a fim de me reencontrarem amanhã no Porto de Juiz de Fora.
Viajante: Caramba! Minas agora tem mar?
Rei: Hoje os mineiros têm as mais belas praias do Brasil depois que os níveis dos oceanos subiram com o aquecimento global. A Amazônia virou deserto e está nascendo uma floresta na Patagônia. A maior parte da humanidade agora vive na Antártida onde as temperaturas são mais amenas. Mas voltem pra 1954 pois o sucesso da monarquia depende do fracasso da república brasileira.
Viajante: Não é esse o futuro que eu quero!
Rei: Não tente mudar a História, filho. Se desobedecer às minhas ordens, deixamos de existir, o clone desaparecerá, Getúlio não vai se matar mais e a vida de vocês estará também em risco. A partir de agora, o passado passa a ser o nosso futuro.
O tenente retornou aos anos 50 para pegar Vargas no Palácio do Catete e o convidou para embarcar no misterioso submarino.
Presidente: Que invenção maravilhosa é essa coisa do tempo de vocês. Não vejo a hora de entrar na embarcação.
Viajante: Só que, infelizmente, não poderemos ir para 2018 mais, a fim de não alterarmos o mundo de 2201, época em que o rei Dom Pedro III nos deu o clone de Vossa Excelência.
Presidente: Maldição! O Brasil vai voltar a ser uma monarquia?! Sumam daqui com esse meu clone agora. Já não basta o que os homens da época de vocês farão com a minha PETROBRÁS?!
A notícia de que o Brasil tornaria a ter reis e rainhas deixou o presidente tão desgostoso e fora de si que ele pegou o revólver disparando contra o próprio corpo.
Viajante: Por que o senhor fez isso, Excelência?
Presidente: Vão às favas todos os brasileiros! No futuro da política desse país não haverá mais espaço para homens patriotas como eu. Caso exista reencarnação, tomara que eu volte como alemão, canadense, inglês, sueco ou japonês. Se for para nascer no Hemisfério Sul, então que seja na Austrália ou Nova Zelândia.
Assim que Vargas expirou, o tenente, o clone, o resto da tripulação e o submarino do tempo desmaterializaram-se. Foram sugados para um enorme disco voador no espaço onde já se esperava por eles Dom Pedro III:
Rei: Esta é a máquina do tempo do século XXIII! Vocês escreveram certo com linhas tortas e corrigiram o erro histórico de terem reencontrado Vargas na Marambaia.
Viajante: Mas Vossa Alteza Real não poderia ter nos arrebatado um pouco antes trazendo o presidente ainda com vida e deixado o clone morto em seu lugar no Palácio do Catete?
Rei: Claro que não! Vai que ele resolve dar um golpe de Estado em minha época e perco a coroa? Pois nunca sabemos como será o amanhã e acho melhor nem tentarmos descobrir viajando no tempo. Vocês vieram para o futuro e agora ficarão presos nele para jamais retornarem ao passado.
Viajante: Então eu e minha tripulação passaremos a viver em 2201?
Rei: E vocês pensam que sou maluco de trazer para o meu tempo gente com ideias e costumes do passado? Em 2201, ninguém mais comerá churrasco, nem frequentará igrejas, menos ainda lerá livros ou fará sexo. Os bebês serão todos gerados por máquinas combinadoras de genes.
Viajante: Então para onde nos enviarão?
Rei: Sinceramente, cheguei a pensar em mandá-los para mais de 100 milhões de anos atrás quando o mundo era habitado por dinossauros até serem exterminados pelo meteoro que caiu na península mexicana. Só que aí lembrei de que vocês poderiam se instalar numa caverna e viverem como Fred e Barney de modo que, dentro de poucas gerações, dominariam as mesmas tecnologias do século XXI e sobreviveriam facilmente à destruição da Terra ganhando milhões de anos à nossa frente. Foi então que concluí ser melhor deportá-los para daqui 1 bilhão de anos quando a temperatura do planeta será elevadíssima e a vida se tornará impossível na superfície terrestre. Tudo ficará como é hoje o planeta Vênus.
Astuciosamente, o tenente deu um golpe em Dom Pedro III e ele desmaiou. Ameaçando matar Sua Majestade, mandou que o piloto do disco voador abduzisse Vargas alguns segundos antes de atirar contra si mesmo e fosse substituído pelo clone. Depois, assumiu o controle da nave passando a viajar para o futuro até surgir nos ares de Brasília em fevereiro de 2018. Quando Vargas acordou, pensou estar no céu, mas foi esclarecido pelo tenente sobre o que lhe acontecera:
Presidente: Por que salvou a minha vida?
Viajante: Temos que mudar a História, Excelência! Estamos chegando em 2018 e, caso o senhor dispute as próximas eleições presidenciais, evitaremos que o Brasil volte a ser uma monarquia.
Presidente: Pode contar comigo e juntos tiraremos a PETROBRÁS desse buraco!
Entretanto, ninguém havia percebido de que o Universo havia se dividido em dois e que eles estavam dentro de uma realidade paralela. No lugar de Dilma Rousseff (a qual não passava de uma simples assessora de políticos do Rio Grande do Sul), o Brasil era governado desde 1990 por Fernando Collor. Este mandou a Aeronáutica interceptar o disco voador fazendo-o parar próximo à Casa da Dinda. Dali, todos foram conduzidos para a Papuda e trancafiados numa cela. Nesta já se encontrava um centenário político que não morrera porque fora preso antes de embarcar num helicóptero com o motor quebrado. Tratava-se do ex-deputado Ulysses Guimarães. Ao ver Getúlio, ele logo o reconheceu:
Velhinho: Excelência, é o você mesmo?
Presidente: Sim. Quem é o senhor? Está me lembrando um deputado da época do meu último governo. Você entrou em 1951, não?
Velhinho: Exato! Minha carreira política de onze mandatos estava só começando. E, se não fosse preso por Collor, poderia ter hoje dezessete.
Presidente: Diga-me o que aconteceu com o Brasil dessa vez?
Velhinho: Aquele seu clone sobreviveu ao tiro, criou vida e permaneceu no seu lugar até ser derrubado pelo Carlos Lacerda. Desde então, as oligarquias passaram a mandar no país. Magalhães Pinto roubou o plano de Juscelino e construiu Brasilia quando veio a ser presidente.
Presidente: E que fim levou o meu clone?
Velhinho: Morreu na Argentina em 1970, quando o Brasil perdeu a Copa do México.
Presidente: Então você é um dos políticos mais antigos do Brasil?
Velhinho: E o único que se lembra do nosso passado histórico porque o atual presidente fez uma lavagem cerebral na população e me impede de estar nas ruas contando a verdade. Por isso, fui colocado nesse presídio de segurança máxima junto com vocês. Estou aqui desde 1992 quando tramava o impeachment dele.
Viajante: Que cruel! E pensar que contribuí pra isso...
Presidente: O maior culpado fui eu porque dei a ideia para o meu almirante.
Velhinho: Agora não tem mais jeito. Vamos todos morrer nesta cela da Papuda. Ao menos vocês vieram pra cá me fazer companhia.
Rei: Não acredito que vim parar nessa republiqueta corrupta.
Presidente: Ulysses, e como anda a minha PETROBRÁS?
Velhinho: Já não existe mais há quinze anos. Depois de privatizar a USIMINAS e as siderúrgicas todas no seu primeiro mandato, Collor vendeu as demais estatais para os americanos.
Presidente: E a inflação? Como está?
Velhinho: Depois do confisco das poupanças pela Zélia em 1990 e do fracasso de todos os planos econômicos, o Brasil acabou adotando o dólar como moeda oficial. Aliás, amanhã será realizado um plebiscito se seremos ou não anexados aos Estados Unidos.
Viajante: Só por curiosidade, o Brasil de Collor construiu o submarino nuclear?
Velhinho: Jamais saiu do papel! Collor engavetou-o e ainda sucateou as Forças Armadas. Hoje quem faz a defesa da nossa costa são os fuzileiros navais americanos e devemos dois trilhões de dólares para o FMI. Dez por cento das concessões de exploração da biodiversidade da Amazônia foram parar nas contas do mandatário na Suíça...
Presidente: Tenente, você deveria ter deixado que eu seguisse o meu destino. Por favor, levem-me de volta para 1954!
Velhinho: Vai ser difícil, Excelência, pois o Collor comanda com mão de ferro o Brasil e controla a imprensa. Ele conseguiu criar uma emissora de TV mais poderosa do que a Globo que o elegera em 1989.
Presidente: Essa não! Acabamos exilados num país verdadeiramente sem futuro. Não quero mais viver! Como disse antes, espero nascer japonês ou alemão caso exista reencarnação, muito embora eu seja agnóstico. E, por favor, não venham me dizer que Deus seja brasileiro porque é uma mentira que só poderia servir para o futebol.
Assim, o que poderia ter sido o Brasil sonhado por Vargas ficou perdido num universo paralelo da existência e afogado nos mares de uma utopia patriótica que de nenhum modo foi adiante porque, de um jeito ou de outro, os políticos preferiram roubar.
F I M !
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