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terça-feira, 4 de novembro de 2014

A população de um reino



"Na multidão do povo, está a glória do rei,
mas, na falta do povo, a ruína do príncipe."
(Pv 14:28; ARA)

Ao ler sobre o verso bíblico acima citado, indaguei se a sua aplicação teria se restringido à época do escritor sagrado ou se valeria também para o nosso tempo. Lembrei-me do quanto o número populacional de um país era algo estratégico para fins militares e laborais visto que os antigos governantes (os reis) precisavam de gente para formar seus exércitos, executar obras, trabalhar na lavoura, educar as crianças, etc. Se uma guerra estourasse, rapidamente os monarcas podiam recrutar novos soldados entre os jovens e homens de meia idade, sendo que bastava ter um número maior de habitantes que o país vizinho para um reino estabelecer sua influência política na região onde se situava.

Hoje em dia as guerras não são mais ganhas dessa maneira pois o que vale é a tecnologia bélica. Com um simples apertar de botões, os alvos militares são destruídos em segundos através de aviões não tripulados como temos visto no combate ao Estado Islâmico no Oriente Médio. E, igualmente, coisas semelhantes ocorrem nas atividades econômicas, inclusive na produção agrícola hoje quase totalmente mecanizada. E, se antes era necessário ter muitos operários numa fábrica, hoje o computador faz o serviço de dezenas, centenas e até de milhares de funcionários.

Há quem entenda que, atualmente, o mundo teria uma super população e não tenho dúvidas de que muitos governantes olham para uma parcela de seu povo como um excesso indesejável de modo que, caso os direitos humanos permitissem, eles até eliminariam as pessoas improdutivas ou problemáticas. E, se pensarmos bem, o sistema já faz isso quando presta um mal atendimento aos grupos sociais menos favorecidos.

Entretanto, é preciso olhar para o ser humano com uma outra visão! Deve-se reconhecer em cada homem ou mulher um enorme potencial independentemente de sua condição tal como fazia Jesus quando decidiu acolher os irrecuperáveis da sociedade e fazer de simples pescadores do Mar da Galileia seus discípulos. Para o Mestre, cegos poderiam ver, surdos ouvir, paralíticos andarem e leprosos serem reintegrados ao convívio comunitário. Em seu modo de pensar, não havia exclusão social.

Acredito que muita coisa pode ser mudada através da educação pois deveria a escola desenvolver melhor as potencialidades de cada aluno atentando com carinho para as vocações do estudante, estimulando o conhecimento e a pesquisa. E, além das instituições de ensino, precisamos criar um ambiente favorável na família, nas empresas e nas ruas para a criança desde cedo tomar gosto pelo aprendizado e seguir adiante sendo devidamente valorizada.

Quantos cientistas o Brasil não poderia dispor hoje em dia, se muitos homens e mulheres de minha geração, quando novos, tivessem tido melhores oportunidades?! E qual seria o nosso grau de adiantamento com mais pessoas incluídas na verdadeira modernidade do século XXI?

Modernidade, meus amigos, não é o povo comprar um celular com câmera e que acessa a internet! Pois o que realmente faz um povo evoluir é a produção de tecnologia de ponta junto com o cultivo dos bons valores éticos, coisas que o nosso país até hoje ignora.

Concluo esse artigo chamando a atenção para a importância da nossa população que, com seus mais de 200 milhões de pessoas, pode tornar-se altamente produtiva. O provérbio citado no começo da postagem não se aplica necessariamente ao número de habitantes de um reino pois se encontra implícito no verso a potencialidade do povo. E aí quando um presidente, um governador, um prefeito ou um gestor empresarial despreza o capital humano que dispõe, ele também está cavando a própria ruína ao passo que o aproveitamento das pessoas conduz a nação a um futuro glorioso.


OBS: A imagem acima trata-se de uma foto pública, com atribuição de autoria a Paulo Pinto, conforme extraído de http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2014/10/especialista-diz-que-populacao-tem-que-participar-mais-do-combate-a

2 comentários:

  1. Pois é Rodrigo, o Rei ou Príncipe depende muito dos súditos. E quando os súditos começam a adquirir conhecimento, o Rei não pode impor a sua vontade a ferro e fogo. Ou negocia ou se arruina. (rsrs)

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    1. Bom dia, Levi!

      Certamente que para os príncipes autoritários e dominadores torna-se preocupante quando uma população começa a adquirir conhecimento e senso crítico. Na atualidade tecnológica, como o ensino é condição necessária para o sistema escravizar os novos súditos, os governantes preferem oferecer uma educação pela metade. Só que tudo isso é muito burro! Pois quando se limita o acesso ao conhecimento, a humanidade não utiliza todo o seu potencial. Por isso acredito que o melhor desenvolvimento tem melhores condições de ocorrer dentro de um socialismo verdadeiramente democrático, algo ainda em gestação no mundo das ideias.

      Um abraço.

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