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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Como lidar com a esperança adiada?!



"A esperança que se adia faz adoecer o coração,
mas o desejo cumprido é arvore de vida."
(Provérbios 13:12; ARA)

A Bíblia é surpreendentemente um livro sábio! Uma obra que, se for cuidadosamente estudada, pode proporcionar ao homem um elevado conhecimento acerca de si mesmo e da realidade que o envolve.

Umas das maiores dificuldades que temos é aprender a lidar com as frustrações do cotidiano. A nossa natureza humana é dependente da obtenção de resultados pois, se as coisas não acontecem como desejamos, temos a tendência infantil de desanimar, perder o rumo, mudar de posição, trocarmos o bem pelo mal, negar a Deus, ficar desesperançados, etc.

Ora, o livro de Provérbios reconhece tudo isso e o autor sagrado considerou que as expectações, quando frustradas, fazem "adoecer o coração". E, se pensarmos bem, esta é uma constante na vida de quem se dispõe a servir ao Senhor porque nem tudo é alcançado nesta vida em sua plenitude. Trabalhamos pelo Reino do Eterno lutando contra toda sorte de males, mas os nossos corpos descem à sepultura sem que os olhos naturais tenham testemunhado a mudança já concretizada.

Em relação à política, meus amigos, posso dizer a mesma coisa. Mudar o mundo, o país e as nossas cidades faz parte desse processo de construção do Reino, o qual não se opera apenas nos limites do individual. A cada eleição, sofremos uma frustração. Eu mesmo, neste segundo turno, acabei tendo que escolher entre os menos piores candidatos para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Só que, como as verdadeiras mudanças não se fazem colocando A ou B no poder, sabia que mesmo com o melhor dos presidenciáveis no Palácio do Planalto, a sociedade civil precisa se organizar consistentemente e exercer o seu poder de pressão sobre as autoridades das três funções estatais (executiva, legislativa e judiciária) e dos três entes federativos (União, estado-membro e município).

Bem, eu votei na Marina no primeiro turno e, se fosse ela a candidata vitoriosa neste último domingo, duvido que conseguiria governar totalmente para o povo (considerando que fosse esta a sua intenção). Infelizmente, a maioria do nosso eleitorado não tem consciência sobre seus direitos e deveres, sendo que falta também às pessoas condições de acompanhar a vida política da nação, defender as melhores propostas e saber fiscalizar os governantes. A nossa defasagem educacional é grande assim como existem questões de ordem ética e cultural a serem sanadas aqui na base já que o próprio cidadão comum tenta em todo tempo obter vantagens exclusivas para si.

Diante desse quadro potencialmente desanimador, torna-se a fé o firme fundamento de quem é um construtor do Reino. Não alcançamos de maneira visível a sua plenitude nesta vida, mas a desfrutamos interiormente pela Divina Presença em nossos corações. Lembrando do brado vitorioso de Jesus na cruz, segundo o texto do 4º Evangelho, consideramos as lutas antecipadamente consumadas (conf. Jo 19:30).

Posso dizer, meus leitores, que ter fé não significa alienação e tão pouco iludir a mente com providências sobrenaturais. Muito pelo contrário! Diante de uma luta desigual entre pobres e ricos, ou entre pessoas desarmadas e governos que possuem poderosas mísseis capazes de causar uma destruição em massa, bem como entre o bem e o mal (tendo este sua forte influência sobre as nossas emoções carnais), é justamente a fé que nos sustenta e nos faz prosseguir adiante tal como agiram os homens do passado quando enfrentaram reis. Seriam os exemplos bíblicos de Moisés e do profeta Elias.

Termino este texto lembrando que o combate continua, sendo que Deus age restaurando os nossos corações feridos afim de que a esperança se renove. Como disse, podemos gozar no presente, dentro de nós, a essência do Reino, como um vislumbre no temporal daquilo que é eterno. E, se temos esta confiança, não vamos desanimar, mas permaneceremos firmes sabendo que hoje estamos mais perto do amanhecer do que quando antes cremos.

Uma boa terça-feira para todos!


OBS: A ilustração acima trata-se de uma pintura feita em 1886 pelo artista inglês George Frederic Watts (1817 – 1904) pertencente à era vitoriana. Extraí a imagem do acervo virtual da Wikipédia conforme consta em http://en.wikipedia.org/wiki/Hope#mediaviewer/File:Assistants_and_George_Frederic_Watts_-_Hope_-_Google_Art_Project.jpg

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