Faltam algumas horas para as seções eleitorais abrirem muito embora, em outros lugares do planeta, eleitores brasileiros residentes no estrangeiro já estão votando para presidente.
Esta, sem dúvida, foi umas das mais empolgantes campanhas que acompanhei, praticamente tão animada quanto a de 2002, quando foi a contagiante eleição do Lula. Ambas, talvez, só percam para a disputa de 1989 em que milhões de compatriotas votaram pela primeira vez para presidente. E a apuração demorou vários dias porque a nossa democracia ainda não contava com o auxílio da informática. Na época, eu tinha ainda os meus 13 anos e cursava a 6ª série do então primeiro grau no
Colégio da Companhia de Maria, situado na Zona Norte do Rio de Janeiro, bairro Grajaú. Logicamente seria impossível comparecer às urnas, mas participei de brincadeirinhas na escola em que os alunos puderam se manifestar por meio de simulações organizadas pelos professores.
Bons tempos aqueles, não? Recordo-me da grande pluralidade de candidatos no primeiro turno juntamente com figuras históricas como Ulysses Guimarães e Leonel Brizola. Este, então, era um dos que melhor se saía nos debates enquanto Fernando Collor preferiu fugir de diversos enfrentamentos com seus adversários. Tinha também o saudoso Mário Covas representando um PSDB ainda menos distante dos anseios populares.
Também aquela eleição foi recordista de baixarias, coisa que, lamentavelmente, assistimos no corrente ano. Pois, ao buscarem a adesão do eleitor, os candidatos até hoje apelam para os argumentos mais rampeiros e desprovidos de lógica. Fazem tudo conforme o nível de consciência dos destinatários de seus discursos de modo que determinados temas de caráter mais elevado, entre os quais a política externa do nosso país, ficaram de fora dos principais debates.
Como se trata de um segundo turno, nenhum dos meus candidatos já definidos (para governador e presidente) significam escolhas de coração. Antes representam a opção pelo que estou considerando como a menos pior. Desejo ver transformações acontecerem, mas não encontrei em nenhum dos respectivos opositores aos meus candidatos aquelas mudanças que a nação tanto necessita. Muito pelo contrário! Por isso, voto hoje para tornar a ser oposição no dia seguinte, desejando que, nos próximos quatro anos, a nossa sociedade possa de fato construir o novo.
Triste foi saber que uma importante revista que circula nas bancas fez da sua liberdade de imprensa uma libertinagem. Parece até coisa de jornal de cidade do interior! Contudo, lamento também pelos atos de vandalismo cometidos por uma associação de jovens ditos "socialistas" contra a sede da editora a ponto de sujarem o local do prédio despejando lixo e fazendo pichações, um ato contra o qual até a presidenta Dilma condenou. Pois, afinal de contas, existe o constitucional direito de resposta e os meios jurídicos próprios de exercê-lo. As vias públicas e o patrimônio privado não podem virar alvos do sentimento de indignação que se apodera do ser humano diante de certas leviandades escritas por aí.
Concluo esse artigo desejando que haja em nós discernimento quando estivermos de frente para a maquininha. Votar num candidato não se trata de escolher alguém pela sua pessoa (se é simpático ou bonitinho). Trata-se de definir qual será o governo que iremos ter pelos próximos quatro anos, o que inclui o grupo político-econômico que dele participará junto com as suas propostas, muitas das quais não chegam a ser claramente apresentadas na TV. Logo, é importante ter senso crítico e não se deixar levar por falácias, analisando criteriosamente o que cada qual representa. E aí, no caso dos que estão disputando a Presidência, essa verificação fica, a meu sentir, ainda mais fácil porque sabemos nada haver de novo debaixo do sol. Ou seja, os fatos já falam por si só.
Desejo a todos os que me acompanham um excelente domingo e boas eleições!
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