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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Finalmente escalei o Pão de Açúcar!


Quem acompanha o meu blogue possivelmente deve ter visto o relato sobre a frustrada tentativa de alcançar a pé o Pão de Açúcar em abril deste ano, quando pude apenas me contentar com um bonito passeio no Morro da Urca que corresponde ao nível intermediário do bondinho (teleférico). Naquela ocasião, fui parar na Praia do Forte por equívoco, entrando sem permissão numa área militar. Leiam depois o artigo Um passeio ecológico e cultural pelo Morro da Urca:

Desta última vez, porém, tomei a atitude certa. Fui fazer um passeio que exige um certo grau de dificuldade com gente que conhece a área e trabalha com profissionalismo. Afinal, pra quem não quer ir lá em cima no bondinho, é preciso escalar para chegar até o alto do Pão de Açúcar. Nem que sejam só dez metros de pedra por uma das vias mais fáceis dali.

Admito que nunca tinha escalado na minha vida. O máximo que eu havia feito antes foram umas “escalaminhadas” para alcançar o topo de alguns picos. Então, mesmo tendo já realizado várias travessias longas, posso dizer que o montanhismo está sendo para mim uma experiência completamente nova.

Após informar-me acerca do passeio, através do Facebook, encontrei-me com o grupo da Kmon Adventure na praça da Praia Vermelha às 13 horas. Núbia Mara, minha esposa, desta vez foi comigo mas não pôde aventurar-se por causa do seu problema nos dois joelhos. Então combinamos de nos encontrar lá no Pão de Açúcar. Ela iria de bondinho pegando um dos últimos dias da promoçao Carioquinha, onde os moradores do Rio pagam metade do preço, enquanto eu subiria o morro andando.


A galera que foi comigo no passeio é super gente boa e transmitiu um ótimo astral. Tinha tanto rapazes como moças. Todos neófitos em alpinismo, exceto uma menina que havia escalado antes um trecho do Morro da Babilônia instruída pelo nosso guia Fábio Magrão. Este já conhecia a trilha do Pão de Açúcar com a palma da mão, além de outros lugares do Rio e fora da cidade, sendo que sua especialidade é justamente o montanhismo.

Despedi-me de Núbia e deixamos a Praia Vermelha pra trás, inciando o passeio pelo agradável bosque da Pista Cláudio Coutinho que também é chamada de Caminho do Bem-te-vi. E seguimos por ali até o final. Sua extensão totaliza pouco mais de um quilômetro e duzentos metros.

Só a caminhada leve pelo Caminho do Bem-te-vi já é sensacional! Trata-se de um mergulho no verde tendo o azul intenso do mar ao seu lado. Não chega a ser uma trilha pois, como disse, é uma pista e bem espaçosa por sinal. O ar puro e o visual fascinante com a encantadora Ilha de Cotunduba já são suficientes para fazer o excursionista delirar. E vi muitas pessoas pescando ali naquela tarde maravilhosa de sábado.


Antes de pegarmos a trilha, uma placa bem no comecinho já adverte o turista sobre o risco de se aventurar imprudentemente. Ali fizemos um breve alongamento orientado pelo guia, o que proporciona um grande bem para a saúde e ajuda a prevenir algum mal jeito no corpo que possa tornar o passeio desagradável, coisa que jamais observei nas minhas caminhadas amadoras. Depois, com o corpo já preparado, prosseguimos costeando o Pão de Açúcar até começarmos a subir.

O pedaço inicial da trilha é totalmente virado para o mar aberto, situado entre a Praia Vermelha e a saída da Baía da Guanabara, Em alguns trechos, já dá para se ver Niterói com a imponente Fortaleza de Santa Cruz e várias praias do referido município. Observei muitos barquinhos a vela bailando pelo oceano como se estivessem fazendo um treinamento e vi também uns navios cargueiros transportando mercadoria. No céu, aviões partindo do aeroporto Santos Dumont buscavam ganhar altitude em seus voos. E para a perplexidade de todos encontramos ainda um homem vestido de terno, o qual passou por nós para gravar uma mensagem no meio do mato.


Mais lá pra cima tivemos outra surpresa que foi bem mais agradável. Uma família de miquinhos surgiu das árvores vindo em nossa direção (provavelmente em busca de comida que os turistas costumam dar). Uma das pessoas do grupo teve vontade de alimentar os primatas com um gominho de mixirica mas o guia advertiu para que não fizéssemos aquilo e o pessoal respeitou.

Daquele ponto até o início da escalada, os micos nos acompanharam. Tínhamos chegado a um belo mirante natural com uma considerável altura. O guia então abriu a mochila que carregara com os equipamentos de proteção (cintos especiais, sapatilhas e capacetes) e subiu primeiro para prender a corda bem como sinalizar os pontos de apoio. Na nossa frente, tinham uns homens arriscando a vida bobamente por estarem escalando a rocha sem nada.

É de grande importância seguirmos corretamente as regras de um esporte radical. A vida é um presente precioso e que deve ser aproveitada com gratidão e respeito. Pois do que adianta alguém morrer tragicamente em seus momentos de lazer por falta de cuidados deixando os seus familiares todos tristes e cheios de traumas psicológicos? E se o excursionista imprudente sofre um terrível dano físico a ponto de ficar tetraplégico e depois ter que depender dos outros para o resto da vida? Ora, será que as pessoas que se arriscam sem motivo não têm a consciência de que a existência atuante delas na sociedade pode ainda proporcionar muito bem ao seu próximo?

Na escalada tivemos que subir um por um. O último foi o rapaz da equipe da Kmon Adventure (o Tiago) que esteve sempre presente conosco para qualquer eventualidade. Eu acabei sendo o penúltimo e as sapatilhas não couberam no meu pé de número 45. Precisei escalar de tênis, fato que tornou a minha vida um pouco mais difícil.


E se vocês acham que subi tranquilo até o final, estão completamente enganados. No início bem que eu fui direitinho até encarar um pedaço mais complicado. Sentindo uma sensação psicológica de cansaço, resolvi dar uma paradinha e fui contemplar o lindo cenário natural estando ainda agarrado na pedra.

Que loucura eu cometi em olhar para baixo justamente naquele momento! Mesmo amarrado com uma corda, tive medo. Meu calçado às vezes deslizava na pedra e deu vontade de desistir. Precisei ser forte, respirar fundo e ouvir as orientações pacientes do guia para não me bloquear. Num certo momento, acabei pedindo que me dessem uma segunda corda para me facilitar a escalada e, persistindo, consegui concluir aquele desafio.

O sol se pôs e não cheguei a me despedir do dia. O grupo gastou mais de uma hora para escalar e o céu já começava a escurecer quando voltamos a caminhar. Felizmente tinha lua e ela estava linda na imensidão celeste, bem cheia clareando os nossos passos. E quanto mais agente subia, mais bonito ficava aquela parte da saída da Guanabara que era vista dali com a cidade de Niterói toda iluminada do outro lado. Prosseguimos com cuidado até que, num mirante, salvo engano chamado de Pedra Filosofal, já conseguíamos identificar a charmosa Praia de Copacabana olhando em outra direção oposta à baía do Rio de Janeiro.

Pegamos um trechinho de mata no final. Quase exausto, conquistei o Pão de Açúcar doido para estar com Núbia. Fui o primeiro a sair da trilha. Passei pelos degraus de uma escadinha, entrei no banheiro e lavei as mãos sujas de terra. Dirigi-me para a lanchonete que tem logo após a estação do bondinho e, como não consegui achá-la, o guia ofereceu-me o seu celular para que eu telefonasse.


Lamentavelmente o sinal da Tim não pegou justamente num dos pontos turísticos mais importantes do Brasil. Uma vergonha! E eu só morri de preocupação porque fui justamente Núbia quem acabou me encontrando ao ouvir a minha voz. Ela tinha ficado horas lá em cima esperando-me enquanto eu caminhava e matou o tempo conversando com uns turistas estrangeiros. Divertiu-se comunicando-se com uns chineses que não entendiam nada do nosso idioma.

O grupo mais Núbia reuniu-se antes de descer no bondinho (para quem veio a pé a descida sai de graça). Tiramos algumas fotos juntos e dali voltamos para a Praia Vermelha onde resolvemos dividir uma pizza (uma metade de marguerita e a outra de quatro queijos). Tava uma delícia!

Enfim, retornei satisfeito para a casa e feliz com a mais nova conquista. Pois, além de ter finalmente subido a pé o Pão de Açúcar, realizei a minha primeira escalada com segurança e bem orientado. Mesmo com o vexame que dei no finalzinho, quando pedi para segurar numa segunda corda, a aventura valeu a pena pelo sabor da superação, tornando-se mais uma experiência que entrou para o rol.



OBS: A Kmon Adventure realizou este passeio pelo acessível preço de R$ 50,00 (cinquenta reais) por pessoa. Maiores informações podem ser obtidas com o guia Fábio Magrão, telefones daqui do Rio (21) 3593-6481 / 7960-3299 (Tim) e 8544-6481(Oi), ou pelo site http://magr37.wix.com/kmonadventure#!INÍCIO/mainPage. As fotos acima foram tiradas pelos participantes do grupo, os quais compartilharam as imagens no Facebook, nos seus respectivos álbuns, em especial dos amigos ‎Sonia Barreto Gertner, Michael Petine e Juliana Dias.

10 comentários:

  1. Que inveja Rodrigo! Tenho o projeto de descer a serra do mar em Santos, e creio que irei realizá-lo em breve. Pelas informações que obtive, são mais de 50 Km embrenhados na mata atlântica. Deve ser uma delícia.

    Já desci uma vez a serra de Santos, mas foi pela Emigrantes, compartilhando a poluição e o barulho dos carros e caminhões. Não deve proporcionar o mesmo prazer de ter um contato em maior grau com a natureza.

    Abraços.

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    1. Doni,

      Uma travessia dessas como ir de Sampa até Santos a pé deve ser um delírio. Claro que sem pegar a poluição dos veículos no caminho.

      Este pedacinho do Rio tem um ar puríssimo. Delicioso! Em alguns trechos, principalmente no comecinho da trilha, você se sente como se estivesse mergulhado num lugar selvagem de frente para o mar aberto. Muito legal!

      Estive uma vez só em Santos. Achei bem bonita a cidade.

      Boa sorte em sua caminhada aí no estado de São Paulo! Valeu!

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  2. Rodrigo,adorei e estou com inveja. Sempre vou a Urca mas nunca fiz a trilha, sempre fico ali embaixo curtindo a brisa e olhando o mar. Meu filho tem lindas fotos no bondinho e nas paradas é uma paisagem de tirar o fôlego.
    Uma amiga minha professora de educação física está organizando uma caminhada, quando estiver agendada te falo. Abração.

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    1. Oi, Mariani. Que bom que gostou do relato!

      A trilha do Morro da Urca (não a do Pão de Açúcar) é tranquila. Dá para fazer tranquila. Só é um pouco íngreme e cansativa no começo. Faz que vale a pena! Já o Pão de Açúcar, vocês vão mesmo precisar escalar. Coragem, mas se preparem!

      Abraços.

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    2. Que escalar o que!! Tá louco! rsrs...é a trilha mesmo, minha amiga sabe que não sou de nada! rsrs...

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    3. Amiga,

      Por que não escalar algum dia desses?

      Você e o Edu moram aqui no Rio. É fácil. Basta fazerem com um intrutor de montanhismo como é o Fábio Magrão lá da Kmon e tantos outros que são realmente profissionais.

      Na hora que fizer, vai ver que não é um bicho de sete cabeças. (rsrsrs)

      Coragem!

      Abraços.

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  3. Rodrigo, já fiz o trajeto apenas pela trilha, não iria escalando por que não sou assim tão corajoso...rsss

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    1. Edu,

      Quer dizer que você amarelou?!

      Mas não desista! Tente outra vez, mas vá com os equipamentos adequados e apoio de um guia.

      Depois dessa, se eu fizer outra escalada, provavelmente vou me sair melhor. E pude constatar que de fato preciso melhorar a minha condição física com exercícios de musculação.

      Valeu!

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  4. rodrigo eu ainda hei de conhecer o rio espetacular sua experiência. abçs

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    1. Gilberto,

      Esta é a melhor época para se conhecer o Rio. Justamente no outono/inverno, que é um período bem gostoso sem aquele calorão sufocante que faz nos meses de janeiro e fevereiro.

      Seja bem vindo à Cidade Maravilhosa!

      Abração.

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