"Fruta quanto mais preta, mais gostosa fica. Eu estava casado com uma mulher branca que só me 'roubava' (talvez o fizesse gastar). Separei-me dela, casei-me com uma 'preta' trabalhadeira e agora estou só progredindo financeiramente"
Tirando de lado o aspecto étnico-racial e o excesso de machismo, será que existiria pelo menos um pingo de razão em suas palavras?
Penso que, se levarmos em conta o poema alfabético que consta entre os versos 10 a 31 do último capítulo do livro bíblico de Provérbios, o qual fala da mulher de valor (eficiente e virtuosa), talvez seja importante a escolha de uma boa esposa para que o casamento dê certo.
A mulher virtuosa da época da Bíblia, no sentido literal, seria a perfeita dona-de-casa. Porém, se fizermos uma interpretação mais profunda do texto, veremos que a mensagem aplica-se a todos os cônjuges responsáveis que cooperam diligentemente na administração do lar. E isto sem dúvida que inclui tanto as esposas que trabalham fora de casa como os maridos também.
De acordo com Provérbios, podemos afirmar que estas seriam algumas das características da “mulher virtuosa”: torna-se digna de confiança do cônjuge; é trabalhadeira; otimiza o tempo; não age de maneira perdulária com os recursos; pratica a caridade com os pobres; previne-se quanto às dificuldades; consegue desfrutar das melhores coisas pelo seu talento em utilizar os bens; não envergonha o cônjuge pela sua conduta; enfrenta a vida com fé; cultiva sabedoria e bondade; e cria relacionamentos amáveis com a família.
Certamente que o autor estabeleceu um padrão a ser seguido ou alcançado pelas esposas porque não existe mulheres (e nem homens) perfeitas. Todos somos pessoas com falhas e cometemos os mais reincidentes erros, assim como ninguém é totalmente reprovável em sua conduta e possui qualidades a serem reconhecidas. Só que o fato de sermos todos gente fora de um padrão ideal jamais pode servir como desculpa para acomodações.
Por outro lado, o texto de Provérbios serve como um alerta para os homens ainda solteiros que ainda estão em busca de um relacionamento afetivo (a beleza não é tudo), mas que muitas das vezes desconhecem o cotidiano da vida de casado. Pois quando termina a lua de mel e marido e esposa vão travar juntos a batalha da vida, inúmeros são os desentendimentos que surgem por causa da gestão de uma coisa chamada dinheiro. E aí penso que todas as colocações feitas pelo escritor bíblico precisam também ser observadas pelo marido quanto à sua conduta já que a esposa não tem como suportar sozinha todas as dificuldades e encargos da família.
Verdade seja dita que muitos homens deixam de assumir os próprios erros e preferem colocar toda a culpa na esposa pelo seu insucesso. Assim fez o nosso ancestral mítico Adão, desde que o mundo é mundo, quando resolveu atribuir a Eva a responsabilidade por suas escolhas quando confrontado por Deus estando ainda no jardim. Entretanto, o Criador da mulher não aceitou aquela resposta como válida e deixou bem claro que as consequências negativas a serem enfrentadas daí por diante seriam por causa da decisão tomada pelo varão (Gn 3.17a):
"E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa"
Creio que o homem pode habilidosamente atuar para que a sua mulher desenvolva-se eticamente tornando-se mais próxima do ideal bíblico descrito em Provérbios. Porém a resposta seria que ele deve antes mudar a si mesmo e reconsiderar o seu comportamento. Pois cada um deve buscar a própria transformação de caráter e o divórcio não pode se tornar algo tão banalizado a ponto de qualquer dificuldade tornar-se motivo para duas pessoas se separarem. Antes é preciso ter persistência e refletir o tempo inteiro, praticando o amor.
Neste sentido, vale a pena citar um importante trecho da carta do apóstolo Paulo à igreja em Éfeso:
“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, sem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.” (Efésios 5.25-27; ARA)
Ao invés do marido só exigir que sua esposa seja uma mulher perfeita, deve ele se tornar um doador assim como faz Cristo dentro da teologia do cristianismo. Nós homens precisamos deixar de ser meros receptores, sairmos da acomodação cotidiana e nos tornarmos pessoas amorosas para com a esposa e toda a família. Pois só com uma atitude proativa que eficientemente contribuiremos para melhorar os relacionamentos com os quais nos achamos envolvidos.
Que Deus nos dê força e luz!
OBS: A primeira imagem acima, Good Housekeeping refere-se á capa de um dos vários periódicos que circularam nos Estados Unidos do início do século XX exaltando a economia doméstica. Tal periódico seria da edição de agosto de 1908. A revista foi fundada em maio de 1885 por Clark W. Bryan. Quanto à segunda ilustração, trata-se de uma retratação encontrada no mural de uma igreja na Etiópia de autor desconhecido.
Pois é, Rodrigo, é preciso menos idealizações e mais pé no chão. Essa mulher virtuosa de provérbios não existe, é idealizada e perfeita demais. Talvez por isso o autor pergunte: "Quem a achará"? rss
ResponderExcluirPois é, Edu.
ExcluirQuem a achará? Como se vê o texto bíblico não engana ninguém.
E, se eu parto do princípio de que a mulher perfeita não existe, o mesmo deve ser dito acerca do homem.
Abraços.
Muito bom, amigo! É isso mesmo.
ResponderExcluirRodrigo, muito bom seu texto.
ResponderExcluirConcordo com o Edu: mais pé no chão é preciso! A vida a dois é uma caminhada de aprendizado, como vc mesmo disse, reincidimos em tantos erros quanto (não) podemos, mas seguimos em frente a cada dia aperfeiçoando o relacionamento a dois e a quatro (filhos rsrs) para desfrutarmos do melhor da vida.
Bjux
Anja
Prezadas Ariel Shem Tov e Anja_Arcanja,
ResponderExcluirObrigado pela visita e a participação de vocês.
Embora já seja mais de 22 horas, ainda há tempo para lhes desejar um excelente dia dos namorados.
Que flores mais belas que as do tempo namoro jamais faltem nos casamentos de vocês!
Em tempo!
ResponderExcluirAnja,
O importante é que sigamos em frente, amiga!
É preciso que a graça divina que nos perdoou (mesmo sendo nós todos pecadores reincidentes), também seja aplicada por nós nos relacionamentos que temos dentro da família.
Que quando um cônjuge errar, o outro também se lembre de suas incorrigíveis falhas e perdoe.
Pela graça os relacionamentos são salvos!
Abraços.
Li e curti demais seu texto, Rodrigo! Eu não procuro uma mulher com os predicados da esposa do Rei Lemuel, já a encontrei! rsrs
ResponderExcluirAbraços.
Pelo visto você encontrou um tesouro bem precioso, Doni! E importante é que sabe valorizar a esposa que tem.
ExcluirQuantos maridos não reconhecem as boas qualidades de suas esposas?! Mas o texto pode nos ensinar também a ver com bons olhos.
Abraços.
Aí,vou dar a receita do meu marido. Sou uma ótima esposa para ele por que ele é um ótimo marido para mim. Ele é tão magnífico que não poderia ser menos para ele.Mas vai a dica,namore bem antes pra saber se as pessoas estão mesmo dispostas a se casarem e assumirem responsabilidades que o matrimônio traz e verifique se a pessoa de fato corresponde as suas expectativas,depois é só ir vivendo e se aperfeiçoando um com o outro.
ResponderExcluirAbração, Rodrigo! Fica com Deus.
Oi, Mariani.
ExcluirSem dúvida que essa deve ser a ideia do namoro: as pessoas se conhecerem. Por isso, não acho que o namoro deva ser a ocasião propícia para um grande envolvimento emocional, sexual e afetivo. É o momento sim para que um analise o outro com o uso da razão. E por isso, o namoro também não deve durar tanto. Seis meses já seria tempo demais! Mais vale um namoro curto e esclarecido do que um prolongado envolvimento cego!
Na caminhada a dois, um pode ajudar o outro. Se um cair, o outro vai lá e lavanta o cônjuge. Por isso, a Bíblia diz que é melhor serem dois do que um e as Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento) desaconselha o celibato. E eu acredito que o casamento é grande oportunidade para o aperfeiçoamento das pessoas.
Abraços e fica na paz!
Em tempo!
ExcluirConhecer bem o outro e tomar a escolha de maneira equilibrada antes de casar é a melhor coisa. Uma prevenção excelente ao divórcio e não cobrir o altar de Deus com lágrimas como diz a Bíblia em Malaquias 2.13-14.
"Aquele que se divorcia de sua primeira mulher, mesmo o altar verte lágrimas por ela." (Talmud)
Lindo texto!!! Parabens!!
ResponderExcluirObrigado pelo elogio (incentivo).
ExcluirFica com Deus!
Edu!!! Meu maridão achou!!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirSempre achei Rodrigão, que o encargo para o homem é o pesado, "amar a mulher como Cristo amou a igreja..." quem achará este varão perfeito? Estou bem feliz com o meu e ele comigo, tenho certeza.
Realmente, a vida à dois é um aprendizado, o importante é sabermos que somos aprendizes, esta consciência, faz grande diferença na vida do casal.
Oi Gui,
ExcluirEu não vejo esta passagem bíblica como um encargo para os homens, mas sim como uma orientação acertada passada pelo autor para que os maridos possam mirar-se em Jesus, ter nele um exemplo.
Assim, ao invés do homem seguir exemplos errados que existem por aí (atualmente os principais arquétipos da nossa sociedade são os artistas de novela que vivem casando e se separando), o homem temente a Deus pode inspirar-se em Jesus ou na relação fiel de Deus com Israel que, como nos mostram os profetas, o Eterno não deixou de amar o seu povo mesmo sendo este infiel (ver Isaías 50.1).
Amiga, que Deus abençoe a você e seu esposo. A convivência a dois no casamento é sempre um aprendizado incomparável. Muita paz pra sua família.
Abração!