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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Buscando compreender a química da vida

Quando estudamos Química, entendemos que a atração entre os elementos que compõem o Universo é capaz de gerar algo proveitoso. A molécula da água, por exemplo, é formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio (H2O), os quais se completam com equilíbrio dando origem a uma substância da qual os seres vivos do planeta, inclusive nós, dependemos para sobreviver.

No entanto, nem tudo que se atrai quimicamente forma coisas proveitosas ou construtivas. Exemplos neste sentido seriam os venenos e os gases tóxicos que são substâncias nocivas à vida. E, se olharmos para a diversidade de planetas em nossa galáxia, inclusive dentro deste sistema solar, veremos que as condições ambientais da maioria dos outros astros estudados já pela ciência não permitem o desenvolvimento dos seres vivos em sua atmosfera. Tanto é que, em Marte, na Lua, ou em Vênus, lugares que já foram bem pesquisados pela NASA, o homem seria incapaz de sobreviver caso desembarcasse de uma nave e resolvesse retirar o seu capacete de astronauta sem respirar oxigênio.

De acordo com a NASA, é possível que, na imensidão da Via Láctea, existam cerca de 100 milhões de planetas considerados habitáveis. Só que, apesar da grandeza do numeral, o quantitativo ainda significaria uma minoria dentre a totalidade dos astros que giram em volta de suas respectivas estrelas. E, se a maioria dos planetas e sistemas solares não oferecem oportunidades para o surgimento da vida, embora os átomos dos elementos químicos tenham contribuído para que estes corpos existam, podemos concluir que o fato das coisas darem certo é uma exceção já que a maioria das interações químicas não cria algo proveitoso.

Refletindo acerca destas questões, poderíamos desenvolver as mais interessantes teorias extraindo importantes aprendizados para a vida. E umas das lições que tenho percebido nas minhas observações é que nem todas as coisas que nos atraem são realmente construtivas. A maioria destas experiências pode vir a nos destruir, tornando-se um acontecimento dispersor. Já dizia o francês Antoine Lavoisier (1743 — 1794) que, "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Contudo, nem sempre as transformações serão necessariamente boas.

Neste sentido, penso que devemos atentar para a importância da orientação bíblica em relação ao nosso futuro. Segundo o livro de Gênesis, Deus criou o mundo ordenadamente a parti do caos e agrupando os elementos da natureza de maneira devida a cada “dia” da criação até formar o homem. Diz o texto que primeiro o Eterno criou a luz. Depois fez surgir a terra seca pondo limites às águas. E, tendo antes coberto a superfície terrestre de plantas que produzissem alimento, só então que Ele encheu este planetinha de animais, pondo também aqui o homem.

Semelhantemente ao que consta neste brilhante mito da Bíblia, deve o homem imitar os passos do seu Criador e atentar para a instrução ou orientação divina manifestada em seu coração. Fugindo das atrações destrutivas como as paixões mundana, o apego ao dinheiro, o uso predatório do meio ambiente ou a solução violenta de conflitos, conseguimos trilhar um caminho capaz de produzir harmonia em relação à vida.

Na área sexual e dos relacionamentos, muitos são os convites para alguém optar por uma vida errante. Neste campo, nem sempre quando “rola uma química” entre duas pessoas significa que elas serão felizes. Homens e mulheres que se deixam levar por uma atração imediata, a qual costuma ser passageira, não formam famílias fortes. Pois, ao quebrarem relacionamentos e cometendo atos de infidelidade conjugal, os pais afetam o desenvolvimento dos filhos através de maus exemplos, deficiências no processo educacional, causando conflitos, transtornos psicológicos, perdas patrimoniais, etc.

Ao proferir o discurso do Sermão da Montanha, Jesus advertiu os seus ouvintes para que procurassem passar pela “porta estreita”, alertando que o “caminho largo conduz à perdição” (ver Mateus 7.13-14). E, com isto, o Mestre ensinou-nos que a vida é encontrada (ou construída/usufruída/experimentada) quando praticamos uma conduta restritiva no tocante às coisas ruins, dizendo NÃO a tudo o que não presta.

Estamos bem perto do Carnaval. Sei que muitas igrejas ditas evangélicas gostam de demonizar a festa como sendo uma exaltação da “carne”, ignorando a manifestação cultural que é bem rica e apreciável. Contudo, sabemos que, durante o trídio carnavalesco, muita gente “perde a cabeça” aproveitando o momento para cometer exageros topo a ingestão de bebida alcoólica ao volante, provocações que resultam em violência, uso de drogas e a prática liberada do sexo. E a este respeito eu muito questiono:

Será que vale a pena envolver-se sexualmente com alguém sem nenhum tipo de compromisso?

Quais as chances de haver uma relação construtiva se um homem resolve levar para cama uma mulher embriagada que acabou de conhecer no bloco carnavalesco apenas com o objetivo de transar com ela?

Que resultado proveitoso alguém casado pode obter traindo o seu cônjuge com uma paixão passageira e jogando no lixo um amor familiar verdadeiro?

Não acho que para responder estas perguntas baste dizer que a proibição está lá na Bíblia ou em qualquer outro livro considerado sagrado para as religiões. Pra mim, os mandamentos das escrituras são registros da experimentação dos nossos velhos ancestrais, os quais, depois de muito meditar, chegaram à conclusão de que, em se vivendo a essência do bem, serão alcançados anos de vida e de paz. Tanto para uma pessoa individualmente quanto em termos coletivos. E assim, ao tentarem traduzir esta essência do bem para a nação de Israel, eles buscaram transmitir o conhecimento escrevendo os preceitos bíblicos que estão lá para serem refletidos, meditados, atualizados e até mesmo questionados com honestidade de pensamento, o que é parte de um bom processo pedagógico.

Que como seres conscientes possamos sabiamente tomar as melhores decisões, buscando a iluminação divina com disciplina e reverência pelo caminho espiritual proposto por Deus.

Desejo um bom descanso a todos e um feriadão muito abençoado na Presença de Deus!


OBS: A ilustração cima refere-se a um quadro sobre Lavoisier junto com sua esposa no ano de 1788. A autoria da obra é atribuída ao parisiense Jacques-Louis David (1748 - 1825). Lavoisier é considerado o pai da química moderna.

7 comentários:

  1. Gostei do teu texto, lúcido e ponderado. Há pontos que discordo, o que só enriquece ainda mais teu escrito. Eu não vinculo sexualidade à religião, embora reconheça o direito às religiões adotarem normas de conduta de seus membros, inclusive no aspecto sexual.
    De toda sorte, uma verdade: não se dá pérolas aos porcos. (FregaJr)
    Parabéns pelo texto.

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  2. Olá, amigo!

    Geralmente compreendo o ser humano como uma unidade só. Ele é ao mesmo tempo religioso, provido de sexualidade, político, criador da cultura. Logo, o sexo não pode ser algo separado do todo. Tudo simplesmente se relaciona.

    Sobre a moral das religiões, entendo-as como um engessamento. Pra mim, devemos cultuvar a ética e a espiritualidade. E, sendo assim, os ensinamentos das religiões, mesmo pra área sexual, não devem ser tidos como verdades absolutas, o que não impede que os mesmos sejam analisados com reverência, repensados, criticados e melhorados.

    Evidente que direito de adotar regras morais na questão sexual e em outros aspectos, as religiões sempre terão, por mais que venhamos a discordar. Eu, particularmente, prefiro estimular cada um a conhecer por si mesmo a essência dos mandamentos, experimentando o amor agape que é o resumo dos 40 dias em que Moisés passou no Monte Sinai, bem como descobrindo o sentido do logos, que é a Palavra de Deus, a Torá não escrita.

    Eu, por exemplo, considero errado o homem quebrar seu pacto de fidelidade com sua esposa e experimentar outra mulher, mas, se pensarmos bem, eis que, nos tempos da Bíblia, um homem tinha o dever legal de fazer sexo com a viúva do seu irmão para que ela e o falecido não ficassem sem filhos. E, neste caso, o descendente seria considerado filho daquele que tinha morrido. Era o costume do levirato.

    Bem, como sabemos a lei e a moral são coisas que podem mudar no tempo e no espaço. Elas, infelizmente, tornam rígida a compreensão humana, mas não deixam de ter alguma utilidade no sentido de conduzir o comportamento daqueles que não querem atentar para a essência.

    Abraços.

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  3. Rodrigo

    Acredito que quando o homem aproveita o carnaval para quebrar o pacto de fidelidade com sua esposa, alguma coisa de mal já havia na química entre eles. (rsrs)

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  4. Rodrigo, boas reflexões. Sou um pouco mais liberal do que você em matéria de sexualidade, pois não condeno que um casal solteiro façam sexo mesmo que não venham a ter depois uma relação estável. Porém, concordo com nosso mestre Levi de que quando somos casados, devemos fidelidade ao amor da nossa mulher e da nossa família e quando há o adultério, a química precisa ser reavaliada.

    enfim, como sempre, você nos trás profundas reflexões para a vida, baseada nos ricos ensinamentos da Bíblia.

    abraço

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  5. Meu Caro Doutor Relacional, no caso de "traição" sexual entre cônjuges penso que não seria sensato devido ao salário psicológico destrutivo que o ato agrega, porém no caso de solteiros se tomarem as devidas providências com responsabildade para não colherem resultados indesejados ainda que não tenham um vínculo de compromisso, TÁ VALENDO! DEIXA A JERIPOCA PIÁ!!!rsrsrs

    SEXO É ENTRETENIMENTO SUSTENTÁVEL!!! rsrsrs

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  6. Levi,

    Concordo totalmente com você neste ponto! Algo realmente não deve estar bem entre o casal em tal hipótese de um querer ser infiel ao outro. E talvez um dos motivos possa ser que o casamento foi firmado na "química" da atração e não na construção de um amor.

    Para alguém extravasar suas energias no Carnaval é porque antes havia algo contido dentro dele querendo "sair". Trata-se, pois de algo mal canalizado e até mesmo incompreendido. Pois verdade é que as pessoas não conhecem a si mesmas e nem buscam tratar adequadamente a sexualidade que têm. Mesmo para os que não são religiosos e acreditam viver dentro da liberação do sexo.

    Será que o sexo ainda não continua sendo tabu na nossa sociedade de cultura cristã adoecida?

    Este momento de falsa liberação que ocorre no Carnaval não teria a ver com a nossa cultura ainda repressiva e que mal sabe lidar com a sexualidade?

    O sexo é antes de mais nada um instinto e faz parte da natureza de nós todos. Só que a maneira repressora e também pornográfica como a sociedade lida com a sexualidade acaba deteriorando-a, substituindo as proibições de antigamente impostas pela moral católica pela satisfação através da pornografia e de encontros vazios sem compromisso. E aí fico a pensar que coisas deste tipo não são capazes de preencher o ser humano.

    Diga-se de passagem que ainda existem culturas em que tudo ocorre muito mais natural...

    Abraços.

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  7. Edu e Franklin,

    Permitam-me uma réplica quanto ao que colocaram, bem como fazer uns esclarecimentos da minha parte.


    "não condeno que um casal solteiro façam sexo mesmo que não venham a ter depois uma relação estável" (Eduardo Medeiros)

    Meu brother, eu não sou contra casais de namorados transarem. Em certos casos, acho até que deveriam estar fazendo sexo antes do casamento, inependentemente de estarem morando juntos! Porém, fico a indagar por que eles estariam juntos neste caso se lhes falta a vontade de viverem juntos até que a morte os separe? Faz bem alguém estar com uma pessoa com a qual não pretende construir um amor sólido? Contudo, assim como um casamento pode não dar certo, o mesmo sucede com os namoros e daí, se duas pessoas, sejam elas noivas ou namoradas, vêm a terminar a relação, será algo psicologicamente tão dramático quanto um divórcio. Só vai depender do envolvimento que tinham. Ainda assim, quem se divorcia tem o direito de tentar se feliz com outra pessoa, por mais que as marcas do passado fiquem doendo na memória.


    "porém no caso de solteiros se tomarem as devidas providências com responsabildade para não colherem resultados indesejados ainda que não tenham um vínculo de compromisso, TÁ VALENDO! DEIXA A JERIPOCA PIÁ!!!" (Franklin Rosa)

    Mano, mesmo concordando que o sexo seja um entretenimento saudável, não posso deixar de divergir do irmão sobre pessoas envolverem-se sem o vínculo de compromisso. Reiterando as colocações que expus acima, digo que a prática do sexo sem compromisso pode acabar resultando na fornicação.

    Pra mim, se dois noivos "avançam o sinal", entendo que não estão sendo fornicários. Mas se um homem solteiro hoje dorme com a Maria, amanhã com a Vanessa, depois com a Rita, novamente fica com a Vanessa, conhece a Júlia, faz uma "amizade colorida" com a Tereza e por aí vai, certamente que isto já configurou a fornicação que, por sua vez, compara-se à prostituição, apesar de ninguém estar aí transando por dinheiro e sim pelo prazer. Até porque todas estas mulheres não viverão como se fossem casadas com o amante delas a exemplo dos velhos tempos de Salomão e outros reis de Israel. E o que vai acontecer é que cada uma terá novas experiências depois com outros homens.

    Quando a Bíblia diz lá em 1Coríntios 6 que, quando um homem se une a uma meretriz "forma um só corpo com ela" (v. 16), é porque realmente o envolvimento sexual entre duas pessoas é capaz de prender a alma e o espírito de um ao outro. E aí, como resultado dessas uniões e rompimentos, ocorre danos para a própria pessoa que decide viver dessa maneira.

    Entendo que a pureza sexual seja algo que agrade a Deus. O Eterno não quer que agente tenha uma vida de repressão, mas Ele também não deseja que nós, o templo feito à sua imagem e semelhança para a habitação de Seu Espírito, venha a se tornar membro de prostituição. Portanto, "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas" (1Co 6.12; ARA)

    Paz!

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