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terça-feira, 19 de abril de 2011

Um dia fomos todos bebês...


Uma das orientações que alguns religiosos, psicólogos e conscienciólogos propõem para que possamos aceitar o nosso próximo com os seus erros e defeitos, liberando o nosso perdão, seria o exercício de mentalizar cada pessoa em sua tenra infância.

Desta maneira, podemos compreender a nossa humanidade e estabelecermos alguma identificação com o outro.

Lembre-se que você já foi criança um dia!

Segue aí a letra de uma interessante música do Arnaldo Antunes que vem ao encontro deste tema:


Saiba
(Arnaldo Antunes - 2003)

Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé

Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você

4 comentários:

  1. rodrigo, bela reflexão. há um tempo, escrevi um texto exatamente sobre isso. eu perguntava no texto: se você voltasse no tempo e estivesse diante de hitler bebê e tivesse a possibilidade de matá-lo, evitando assim, todas as atrocidades que ele cometeu, o que você faria?

    o post rendeu boas reflexões. eu concluí que eu não mataria o hitler bebê...

    abraços

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  2. Tudo o que fomos desde os tempos das fraldas está arquivado num porão da mente denominado inconsciente.

    Então, como diz a poesia de Arnaldo Antunes:

    Lá dentro, mas lá dentro de nós mesmo, estão:

    O neném, a criança, o medo, algo da mãe e algo do pai

    É só procurar...

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  3. EDUARDO,

    A verdade é que, felizmente, não temos o poder de dizer o futuro e, ao olharmos para cada bebê, sabermos se este será um Hitler ou aquele será um Gandhi. Nem se fosse feito o estudo genético de ambos, pois nãoa credito que exista o gene da bondade ou da maldade.

    A princípio, se visse o Hitler bebê, não sentiria desejo de matá-lo. Mas, se refletisse nos milhões de vidas que poderia poupar, acho que poderia ficar tentado a lhe aplicar uma injeção letal.

    No entanto, Hitler não agiu sozinho e nem chegou ao poder deendendo apenas de sua habilidade maligna. Ele encontrou todo um ambiente favorável que lhe permitiu praticar tantas atrocidades contra a humanidade, tendo conseguido o que é pior - o apoio consentido do povo. E, pensando bem, qualquer um pode tornar-se um Hitler, um Stálim, um Mao Tsé Tung, um Nero ou um Pol Pot.

    Conforme havia debatido há uns meses num blogue sobre Cabala, e que compartilhei ontem numa réplica de comentários sobre o artigo "O Wellington que existe em cada um", publicado aqui (e também lá na Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola), eis que a Everburning Light, ao fazer a tradução dos ensinamentos dos antigos mestres cabalistas para o inglês, interpretou o 13º atributo de misericórdia de Cordovero (1522-1570), que fala sobre o perdão, como "recordar de todos os seres humanos na sua ingenuidade infantil".

    Ora, este é um bom exercício diário para cultivarmos o amor, não concorda?


    LEVI,

    O que escreveu é um bom convite para fazermos terapia (rsrs). Pois, independentemente de alguém estar doente ou não psicologicamente (a meu ver todos estão em maior ou menor grau), esta auto-conhecimento deveria despertar mais a nossa curiosidade. Afinal, quem não quer se ver livre de seus medos? Ou ao menos poder entendê-los?

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  4. Em tempo!

    Moisés ben Jacob Cordovero foi um místico do século XVI e que compôs vários trabalhos fundamentais para a Cabala, dentre os quais "A Tamareira de Débora" (Tomer Devorah - תומר דבורה), onde encontramos os 13 Atributos da Misericórdia que se tornou muito popular no movimento ético Musar (século XIX), sendo que muitos cabalistas recitam ao acordar e antes de dormir, os quais são:

    "Adonai — compaixão perante os pecados de uma pessoa;
    Adonai — compaixão depois que uma pessoa pecou;
    El — poderoso em compaixão ao prover todas as criaturas de acordo com suas necessidades;
    Rachum — misericordioso, de forma que a criação não caia em aflição;
    Chanun — indulgente se a criação já estiver em aflição;
    Erech appayim — lento a se irar;
    Rav chesed — pleno de misericórdia;
    Emet — verdade;
    Notzer chesed laalafim — extendendo misericórdia a milhares;
    Noseh avon — perdoando a iniquidade;
    Noseh peshah — perdoando a transgressão;
    Noseh chatah — perdoando pecados;
    Venakeh — e perdoando."
    (extraído de http://yedacabala.blogspot.com/2011/01/remedio-para-o-desamor.html )

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