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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nestas eleições, eu quero Marinar...

Conforme já preveni os leitores do meu blogue, aqui também se fala em política. E, nesta manhã de segunda-feira, acordei com uma forte vontade de escrever sobre dois assuntos: eleições presidenciais e leitura bíblica. Não sei se vou conseguir redigir os dois na mesma data, mas preferi começar pelas eleições antes de ir para o curso de língua inglesa.

Faz pouco mais de um ano que saí do PSDB. Desde então, estou sem partido, o que tem me deixado bastante livre para opinar a respeito dos candidatos que disputarão estas eleições de 2010. Tornei-me tucano por volta de 2003, através do Sr. César Iório, o qual foi vice-prefeito de minha cidade na gestão anterior e, na época, ocupava uma secretaria do governo municipal da ex-prefeita Saudade Braga (PSB). Ainda aluno de faculdade, eu pensava em ser candidato a vereador em 2004, mas acabei tomando a acertada decisão de me dedicar mais aos estudos, o que realizei com êxito nos três últimos períodos letivos. Já no ano de 2008, exercendo minha profissão há três anos, não pude por em prática meu projeto devido às mudanças de planos do então vereador do partido que antes afirmava suas pretensões pela disputa da Prefeitura, mas acabou tendo que buscar o caminho da re-eleição. Não somente eu, como muitos outros candidatos a candidato, fomos “pegos pelo pé” com aquela decisão de modo que a sonhada vaga na Câmara Municipal precisou ficar novamente postergada. Se bem que eu já conhecia as manobras da política e, ao contrário dos demais colegas, não me surpreendi com a esperada jogada.

Encontrando-me agora livre da filiação partidária, estou me sentindo mais a vontade para adequar o voto à minha consciência, servindo os meus envolvimentos passados de experiência para tomar uma decisão mais fundamentada quanto à escolha de um candidato este ano. Lógico que a corrida presidencial não se compara às medíocres disputas que ocorrem numa cidade do interior, mas quero dizer que, quando não temos mais obrigações partidárias, ficamos também livres de assumir compromissos eleitorais com quem não concordamos, o que é muito bom, porque, em tese, voltamos a ser nada mais do que simples cidadãos brasileiros.

Dentre os três principais nomes que têm apontado nas pesquisas eleitorais, Marina Silva parece ser a melhor opção. E não digo isto apenas pela sua pessoa, mas sim pelas forças que apoiam sua candidatura e pelo propósito ambientalista próprio do Partido Verde.

Há duas coisas que muito me preocupam neste país: (i) a preservação da nossa liberdade democrática e (ii) a necessidade de se desenvolver uma economia próspera que cresça respeitando o meio ambiente promovendo a inclusão social. Manter a moeda estável, atualmente, é um medo já superado e o que precisamos hoje é de um desenvolvimento que não repita os velhos paradigmas do passado, lixos ideológicos que continuamos a importar dos países ricos.

Fico perplexo em saber que, numa época em que o mundo se esforça para diminuir sua dependência energética dos combustíveis fósseis, o Brasil esteja inaugurando um novo ciclo econômico – a exportação do petróleo. Estamos dando uma menor importância ao desenvolvimento dos biocombustíveis e das fontes alternativas de energia para poluir mais ainda atmosfera do planeta através da exploração do pré-sal, utilizando de um recurso irrenovável e que, dentro de algumas décadas, obviamente irá acabar (se é que antes não seremos nós quem acabaremos primeiro).

Sempre que assisto na TV notícias sobre o derramamento de petróleo na costa leste dos Estados Unidos, fico imaginando que o mesmo pode vir a ocorrer por aqui pois não podemos nos considerar nem melhores e nem piores do que os norte-americanos em termos de poluição do meio ambiente. Depois do que já ocorreu com a nossa Baía de Guanabara, constantemente castigada por pequenos vazamentos de óleo, meu medo é que uma tragédia dessas venha a se repetir na Bacia de Campos, sujando as belíssimas praias de Búzios e de Arraial do Cabo.

Por outro lado, os recursos do petróleo acabam minando as mais genuínas iniciativas de desenvolvimento, incentivando a nociva guerra dos royalties entre estados e municípios. Olho para cidades como Macaé, que recebe vultuosas somas de dinheiro da Petrobrás, mas vejo umas das piores aplicações de recursos, pois a maioria dos prefeitos da Região dos Lagos fazem obras caras enquanto novas favelas proliferam atraindo cada vez mais violência. O estado do Rio de Janeiro que até hoje auferiu tanta receita em royalties, deveria ter os melhores hospitais, com os mais modernos equipamentos para cirurgia e médicos muito bem pagos. Porém, o que se encontra por aí são pacientes alojados pelos corredores instituições hospitalares porque as enfermarias estão lotadas, conforme já presenciei no Azevedo Lima de Niterói.

Além da acomodação dos entes federativos e da corrupção generalizada que impede o dinheiro do petróleo de chegar até o cidadão menos favorecido, temo ainda pelo declínio da produção industrial. Um país que vive da venda do petróleo costuma sobrevalorizar o câmbio, o que, por sua vez, dificulta a exportação de outros produtos arrebentando também o mercado interno com a entrada massacrante de importações. Com isto, a indústria perde competitividade e muitos empresários poderão fechar suas portas. O agricultor, desanimando com a produção rural, pode transferir suas terras para grandes latifundiários ou partir para a especulação imobiliária.

Quanto aos empregos, do jeito que as coisas vão, estes tendem ficar cada vez mais dependentes da atividade petrolífera e, consequentemente, do próprio Estado brasileiro, o que explica os excessivos gastos com o pagamento de funcionários. Acho lamentável que, nos dias de hoje, nossos jovens não tenham mais como ideal o exercício de uma profissão liberal, a abertura de um negócio ou a carreira de executivo dentro da iniciativa privada. A grande maioria, ao deixar suas faculdades, cai no objetivismo emburrecido das provas de concurso público, indo disputar cargos destinado para candidatos que tenham o 2º grau e ainda pagam melhor do que a iniciativa privada. E, infelizmente, tudo isto acontece não porque o governo valorize o profissional, mas sim porque boa parte da riqueza nacional se acha nas mãos do Estado.

Não me iludo pensando que Marina Silva, se eleita, desistirá do pré-sal, pois a maior burrada ambiental e econômica do governo Lula já foi tomada e não poderá ser revertida de imediato. Por sua vez, não sonho com uma Amazônia livre totalmente dos desmatamentos ou da mineração ainda nesta década. Contudo, acredito que, no governo de Marina Silva, haverá a possibilidade de se criar condições para o desenvolvimento de energias alternativas, a elaboração de melhores políticas de conservação da biodiversidade, serem destinados mais investimentos para reciclagem e quiçá estímulos maiores à revitalização das cidades.

Quanto à assistência, não temo retrocessos com a mudança de governo. Enquanto houver necessidade social, vejo que há uma tendência de ampliação dos benefícios assistenciais no Brasil, o que pode continuar a ser feito com sustentabilidade econômica e sem por em risco a nossa democracia. Aliás, esta é uma das minhas preocupações quanto à permanência do PT no poder, pois temo que a indispensável rotatividade dos cargos eletivos acabe sendo afetada como houve, por exemplo, na vizinha Venezuela.

Jamais podemos nos esquecer que o Partido dos Trabalhadores, após ter se estabilizado no poder, no segundo mantado de Lula, mostrou então suas unhas de gato. Para o PT interessa perpetuar-se no poder, o que pode levar a um fascismo de esquerda já que o “socialismo do século 21”, tão propagado por Chávez, nada mais é do que um pernicioso totalitarismo que condiciona a atividade empresarial ao controle estatal sobre a economia, retirando recursos do mercado pelo aumento da arrecadação sem uma justa distribuição da renda, bem como ampliando perigosamente a dívida pública. Com isto se vê a formação de uma nova elite de pessoas que se beneficiam do Estado. No lugar de empresas de alta tecnologia, ingrediente indispensável par ao desenvolvimento de um país, poderão restar somente aquelas sociedades que dependem das licitações do governo, obviamente que sujeitas a um repudiável direcionamento.

A princípio sou contra o voto útil no primeiro turno e acho que a oposição se iludiu com a vantagem inicial de José Serra, quando este aparecia destacado em primeiro lugar no começo do ano. Não diria que Serra seja uma má opção para o segundo turno, caso as eleições para Marina terminem no começo de outubro. Porém, sempre que converso nas ruas com as pessoas, percebo uma equivocada associação feita pelo eleitor com os traumas da primeira parte da era Fernando Henrique, quando foram feitas amargas reformas na previdência social, de modo que vejo grandes dificuldades para evitarmos uma vitória de Dilma logo no primeiro turno. Talvez se a oposição tivesse se dividido, com o DEM lançando César Maia e o PPS com Roberto Freire, mais votos seriam tirados da candidata governista. Isto porque um voto que poderia ser de César Maia, Freire ou Ciro Gomes tanto pode ir pra Serra quanto pra Dilma.

Independentemente de Marina ir ou não para o segundo turno, estou com ela. Nosso voto não pode estar condicionado apenas ao resultado de uma eleição e quero que, num posterior apoio a Serra, Marina tenha bastante “moeda de troca” para que os ambientalistas consigam influenciar o Ministério do Meio Ambiente através de integrantes do PV como foi no final do governo FHC quando gente talentosa, a exemplo de Aspásia Camargo daqui do estado do Rio de Janeiro, contribuiu para a magnífica apresentação do país na conferência Rio + 10, ocorrida em 2002 na África do Sul.

Para terminar, gostaria de dizer que voto em Marina Silva não pelo fato de ela ser cristã evangélica assim como eu. Acho um absurdo alguém escolher seu candidato por causa de identidade religiosa e hoje a bancada evangélica no Congresso é uma das grandes decepções neste país com deputados envolvidos em corrupção até o pescoço. Por mim, a Marina poderia ser católica, espírita, ateia ou até mesmo bebesse o chá do Santo Daime, pois nada disso tem a ver com a política. Já o caráter da pessoa influencia bastante, embora quase nunca podemos saber o que se passa por dentro de um político, exceto pelas suas atitudes manifestadas após a eleição. E, sendo assim, um dos poucos indícios a respeito de um candidato diz respeito às alianças políticas formadas e quanto à escolha das forças (ocultas ou não) que o apoiam durante a campanha.

E então? Vamos Marinar?

2 comentários:

  1. Acho que a oposição fez exatamente o que Lula pretendia, aceitou passivamente que a esta eleição virasse um plebiscito... Meu voto vai para Marina da Silva, não só pela sua história, seu preparo e seu caráter mas, principalmente, porque acredito que dos três candidatos, ela representa o futuro, o Brasil que realmente está por vir. Serra e Dilma representam, com seus aliados, uma política antiga, ultrapassada, que deveria ter ficado no século passado.

    Um abraço.

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  2. Exato! As eleições presidenciais deste ano tornaram-se plebiscitárias. Para o PT a vinculação de Serra a FHC ajuda mais ainda a candidatura de Dilma. Abraços.

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