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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ofertas e Avivamento

Muitos já pregaram ou escreveram sobre ofertas.

Tanto no Antigo Testamento bíblico quanto no Novo, as ofertas sempre receberam uma atenção especial, existindo inúmeras passagens relacionadas a este ato de generosidade nas Escrituras, desde Gênesis (4:3-7) até Apocalipse (4:10-11).

No entanto, foi lendo o capítulo 29 do livro de 1 Crônicas que certa vez me senti inspirado a empreender este estudo, o qual acredito que já estivesse sendo gerado por Deus em meu coração anteriormente.

Ao apresentar Salomão como o futuro monarca de Israel, perante os líderes de seu povo, Davi, voluntariamente, fez um gracioso ato em benefício da obra da Casa de Deus.

Embora fosse rico, Davi honrou a Deus com toda a sua força (1 Cr 29:2), dando um célebre exemplo a seu sucessor e a todo o seu povo durante os últimos dias de sua vida sobre a face da terra.

Seu ato generoso era fruto de um profundo amor que sentia pelo SENHOR (v. 3), o que o levou a fazer os preparativos para o Templo no decorrer de seus últimos anos, administrando, diligentemente, suas riquezas com um propósito pré-determinado, contagiando seus súditos a colaborarem (vs. 6-8) e fazendo tudo com muita alegria e grande júbilo (v. 9).

É certo que, assim como o rei Davi, inúmeros outros personagens bíblicos ofereceram suas ofertas em outros momentos da história. Tanto os patriarcas pré-diluvianos, os que peregrinaram na Palestina crendo numa promessa, os poderosos escolhidos por Deus, os primeiros cristão e algumas pobres viúvas tornaram-se iguais participantes das contribuições para a obra do SENHOR.

Também o próprio Deus ofertou o seu único Filho em favor da humanidade - Jesus, o qual derramou a sua vida numa cruz para que, por seu intermédio, alcançássemos o perdão dos pecados e a vida eterna.

Compartilho que, quando foi despertado no meu coração o desejo de fazer este estudo, fiquei cheio de alegria e de gratidão a Deus, crendo que esse sentimento tem grande proveito para a Igreja de Cristo, pelo que resolvi transferir esta mensagem para outras pessoas em meu blog.

Ora, sempre que Deus nos chama para ofertar é porque certamente Ele tem algum propósito neste mundo para conosco e algo grandioso para ser realizado através da obra praticada pela Igreja.

Além do mais, o ato de contribuir precede reflexos libertadores tanto sobre o mundo material quanto na esfera espiritual, quebrando cadeias e correntes pelo exercício da fé. Não que estejamos adquirindo bênçãos pela simples contribuição, mas sim porque estamos sendo obedientes a Deus e crendo na sua Palavra.


UM BREVE HISTÓRICO SOBRE DAVI

Não é por menos que Davi é conhecido como o homem segundo o coração de Deus!

Samuel não viveu o suficiente para ver por qual motivo Deus resolveu escolher justamente o mais novo dentre os filhos de Jessé, que apascentava as ovelhas do pai e não ostentava nenhuma aparência exterior para substituir Saul no trono de Israel.

Sem condições de vestir uma pesada armadura, Davi enfrentou um arrogante gigante, desbaratou os exércitos dos filisteus e foi vitorioso em inúmeras batalhas pela graça de Deus.

Ao tornar-se rei, Davi revelou o seu caráter em querer trazer para Jerusalém a Arca da Aliança feita por Moisés, a qual representava a presença de Deus. Pois, diferentemente de Saul, que nunca se incomodou em recuperar este precioso símbolo da nação israelita (1 Cr 13:3), Davi, com ardente desejo em seu coração de agradar a Deus, resolveu buscar a Arca que havia sido roubada pelos filisteus e havia ficado por anos esquecida na localidade de Quiriate-Jearim.

Entretanto, tal desejo trouxe-lhe uma experiência amarga na primeira tentativa em transportar a Arca num carro de boi, custando a morte de Uzá, sendo que o seu plano só foi concretizado quando os preceitos da lei do SENHOR prescritos na Torá passaram a ser devidamente observados (1 Cr 15:2).

Após ter Davi, finalmente, levado a Arca para Jerusalém, o seu desejo de agradar a Deus não cessou e o rei revelou então ao profeta Nata o seu ousado projeto de construção de uma casa para o SENHOR (17:1).

Até então, desde que os israelitas estavam acampados ao pé do Monte Sinai, sob a liderança de Moisés, a Arca esteve abrigada em tendas. Porém, séculos depois, numa época em que o povo já habitava em casas edificadas e o líder de Israel morava num palácio de cedros, não pareceu razoável aos olhos de Davi que a arca ainda permanecesse abrigada numa humilde tenda.

Sem dúvida que esta expressão do desejo de Davi balançou com o coração de Deus, o qual muito se agrada das atitudes sinceras e espontâneas que partem do coração do homem que, com sinceridade, pretende agradá-lo.

No entanto, aquela grandiosa obra não seria para Davi, mas estava destinada para o seu filho que ainda iria nascer o sucedê-lo no trono - Salomão. E, na mesma noite em que Davi compartilhou os eu desejo com Natã, Deus mandou seu profeta dizer ao rei que seria o seu futuro filho quem construiria o Templo, revelando-lhe um mistério profundo e grandioso – o estabelecimento de seu reino para sempre (17: 13-14).

Por ter sido homem de guerra, Deus não permitiu que Davi executasse a construção de seu Templo, impondo um limite ao seu ungido e demonstrando, assim, não só a sua santidade mas também o quanto a sua obra requer a mais profunda dedicação e reverência.

Obediente às ordens de Deus, Davi tornou-se o planejador do Templo e não perdeu o privilégio de preparar ofertas para que Salomão pudesse futuramente realizar a obra que tanto consumia o grato coração do rei.

Mesmo tendo adulterado com Bate-Seba e determinado o levantamento de um censo contra a vontade de Deus, Davi não perdeu o foco de sua missão. O arrependimento genuíno destes dois graves pecados trouxe a Davi duas revelações. Do consolo a Bate-Seba, em razão do castigo de morte a seu filho (2 Sm 12:24), nasceu Salomão, o qual tornou-se o construtor do Templo. E, através do altar que levantou na eira comprada de Ornã, afim de que Deus fizesse cessar a praga que consumia os israelitas devido ao pecado do censo, foi determinado onde seria o local do futuro Templo.

A partir de então, nos últimos anos de sua vida, Davi passou a concentrar as suas energias nos preparativos da edificação do templo, entesourando riquezas com este propósito até que cumpriu sua missão e morreu em uma feliz velhice.


UM AVIVAMENTO EXPERIMENTADO POR ISRAEL ANTES DA CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

Pode-se dizer que, anos depois de ter sofrido o castigo de Deus por causa da desobediência do censo, os israelitas vieram a experimentar um verdadeiro avivamento que preparou a nação para realizar a grandiosa obra do Templo sob o governo de Salomão.

Sendo pai de um príncipe ainda inexperiente, Davi não só destinou recursos para a futura obra como também passou preciosas orientações a seu filho para que ele fosse forte, corajoso, não temesse e nem ficasse desanimado (1 Cr 22:13 e 28:20).

Ao congregar os líderes de seu povo a fim de apresentar Salomão como o seu sucessor, com ênfase na missão que lhe estava sendo confiada, Davi é usado poderosamente por Deus para conduzir Israel a um notável avivamento espiritual.

Na ocasião, Davi demonstrou de modo voluntário e espontâneo todo o seu desprendimento das coisas materiais dedicando até os seus bens particulares para a construção do futuro Templo. E, através de seu ato, os líderes de Israel ali presentes foram comovidos a ofertarem com generosidade, tornando-se igualmente participantes daquele tão ousado projeto de amor.

Aquelas ofertas foram dadas com integridade de coração, sem procurar o interesse próprio e com a finalidade única de contribuir para a obra de Deus. Não havia ali nenhum sentimento de auto promoção pessoal, ainda que toda a nação de Israel estivesse sabendo quais eram os donativos e a quem pertenciam. E também ninguém foi obrigado a contribuir (ou psicologicamente induzidos como ocorre em determinadas igrejas de hoje), pois todos deram espontaneamente e conscientes do ato praticado.

O resultado dessa liberalidade em favor da obra de Deus foi um grande sentimento de alegria verdadeira (1 Cr 29:9) e que produziu tanto louvor quanto adoração (v. 20), quebrando aqueles grilhões que prendem as mentes do crente de servir o SENHOR de uma forma mais espontânea.

Ora, todos estes acontecimentos no final da vida de Davi demonstraram o quanto ele amava a Deus com seu coração. Pois, mesmo sabendo que não viveria o suficiente para ver o templo construído, Davi foi capaz de ofertar com toda a sua força.

Assim, com o coração grato, Davi reconheceu que até a sua oferta procedia de Deus (vs 14 e 16), sentindo-se imensamente agraciado pela oportunidade de poder dar aquilo que do SENHOR recebera e para um projeto tão nobre.

Em suas últimas palavras registradas pelo cronista, Davi pediu a Deus que conservasse no coração de seu povo o mesmo sentimento que os israelitas tiveram naquele dia de oferta voluntária (v. 18).

Tal sentimento coletivo, como podemos ler no texto bíblico, não foi algo que partiu da emoção passageira causada por uma ocasião. Pois, no dia seguinte, foram trazidos inúmeros sacrifícios de animais em holocausto a Deus, o que significava a entrega total da oferta, tendo o povo novamente festejado com uma enorme alegria (vs 21-22).

Lendo atentamente a Bíblia, tenho percebido que poucos foram os momentos na história de Israel em que aquela nação experimentou momentos de avivamento e o que ocorreu no final do governo de Davi antecedeu não só a construção do Templo como um momento de grande prosperidade.


CONCLUSÃO

Tal como no final do reinado de Davi, Deus nos chama, nestes últimos dias, para sermos participantes de sua obra. E as ofertas de hoje devem ser utilizadas com a finalidade de se promover a obra missionária e assistir os nossos irmãos que vivem na pobreza.

É muito triste quando se ouve notícias de missionários que estavam começando uma obra no exterior e tiveram que retornar poucos meses depois porque as suas igrejas não puderam mais sustentá-los no outro país.

Também é lamentável saber que existem famílias de cristãos passando dificuldades financeiras enquanto outros membros de igreja vivem num verdadeiro luxo sonhando com uma vida de riquezas e deturpando a Bíblia a ponto de transformá-la numa receita para conseguir mais dinheiro, caindo na lábia de falsos pastores enganadores.

Neste sentido, as palavras de Tiago em sua epístola servem também como advertência para o comportamento errado de muitos cristãos dos dias de hoje:

"Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão. As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a vossa ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias." (5:1-3)

Estamos mesmo nos últimos dias e do que adianta para os cristãos verdadeiros acumularem tesouros na terra? Mas, se decidimos viver generosamente, abraçando as missões e abrindo mão de determinados planos pessoais que tanto nos impedem de vivermos os planos de Deus, teremos então a grande oportunidade de experimentar aqui mesmo uma riqueza muito maior, algo que dará sentido às nossas vidas.

Ao ressurcitar, nas breves passagens registradas nos Evangelhos, nosso Senhor Jesus foi suficientemente claro quando falou a respeito de enviar seus discípulos para a obra missionária:

"Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século." (Mateus 28:19-20)

"Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo." (João 20:21-22)

Mesmo que não estejamos nos sentindo capacitados para tão grande missão, o nosso Deus é poderoso para nos instrumentalizar dando condições para que possamos atingir o alvo que nos está sendo proposto. Jesus prometeu estar conosco todos os dias e recebemos do Pai o Espírito Santo, em quem podemos nos capacitar para dar enfrentamento aos desafios do Evangelho.

Neste últimos dias da Igreja, há uma grande obra a ser completada, a qual precede a volta de nosso Senhor Jesus. Deus então nos chama para ofertar de todo o coração e com toda a nossa força!

Assim como fizeram os cristãos primitivos, despojando-se do que tinham a ponto de venderem suas propriedades depositando os valores aos pés dos apóstolos (Atos 2:44-47 e 4:32-37), nós também somos convocados para experimentarmos o avivamento preparado para os nossos dias. Somos convidados a nos oferecer como um holocausto vivo diante de Deus, desapegando-nos de todas as coisas pertencentes a este mundo e mergulhando de cabeça na sua obra, com toda a nossa força, e servindo de coração ao nosso Senhor Jesus.

Sinto que este despertar não está distante, mas é preciso coragem e despreendimento. E daí eu sinto que a Igreja precisa atentar para a questão das ofertas tal como fizeram os nossos irmãos em Jerusalém no século I e os israelitas no final do reinado de Davi.

Que a graça de Deus seja com todos os que amam a vinda de nosso Senhor Jesus.

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