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domingo, 5 de janeiro de 2025

Uma volta ao redor da galáxia e se passou uma era...


Trajetória do Sol ao redor de Sagittarius A*


Você sabia que o nosso Sol leva cerca de 230 milhões de anos para completar a sua órbita ao redor do centro galáctico.


Bem interessante a medição desse longo tempo jamais presenciado pela nossa espécie. 


Observem uma coisa. A última vez em que o nosso Sol esteve "por aqui", os dinossauros provavelmente estivesse surgindo durante o chamado período Triássico, o qual veio antes do Jurássico, bem no comecinho da era Mesozoica. 


Na verdade, o planeta tinha passado por uma grande extinção em massa, mais ou menos uns 20 milhões de anos antes, e a Pangeia, pelo que pesquisei num mapa do Dr. Google, já estaria se dividindo em duas massas de terra: a Laurásia, ao norte e Gondwana, ao sul.


Possível configuração dos continente no Triássico


Enquanto o Sol fazia a sua viagem em torno de Sagittarius A*, que é o  buraco negro supermassivo localizado justamente no centro galáctico da Via Láctea, não somente os continentes continuaram a se dividir em razão das atividades tectônicas como também os grandes répteis dominaram a superfície terrestre. E isto perdurou até que os dinossauros foram extintos em decorrência da queda de um imenso asteroide ocorrida há uns 65 milhões de anos, pondo fim ao período Cretáceo, o último da Mesozóica.


A partir de então, teve início a Era Cenozoica, a qual se divide entre os períodos Terciário e Quaternário, sendo este último o que vivemos atualmente. Além da configuração da crosta terrestre tal como hoje a conhecemos, tanto no que diz respeito à organização e forma dos continentes, bem como em relação à sua geomorfologia, eis que houve a formação das grandes cadeias montanhosas ou dobramentos modernos, a exemplo das cordilheiras do Himalaia, dos Andes e os Alpes. 


Na Era Cenozoica, houve também a ocorrência das últimas glaciações de que se tem registro e a diminuição da temperatura com a formação de gelo nos polos há cerca de 30 milhões de anos. Sem contar as novas espécies de aves e mamíferos, incluindo os primatas.


Pois bem. Desses estimados 230 milhões de anos de translação do sistema solar ao redor da Via Láctea, o que seriam os últimos 1,8 milhão que correspondem ao período Quaternário, marcado pelo surgimento da vida humana?!


Ora, quando o asteroide Chicxulub caiu na Terra há uns 65 milhões de anos, com o seu colossal tamanho  de uns 9 a 15 quilômetros de diâmetro, viajando numa velocidade de 25 quilômetros por segundo, de acordo com a NASA, bastou um instante de colisão para tudo mudar.


Da mesma maneira, o homem hoje representa um risco para todas as espécies e para si próprio por causa do seu comportamento destrutivo. Podemos tornar a vida insustentável no planeta durante décadas ou séculos com o nosso consumo excessivo e perdulário, assim como bastaria um holocausto nuclear para que, em menos de uma hora, o destino de todos mude irreversivelmente.


Se a explosão de muitas bombas atômicas poriam fim à Era Cenozoica ou inaugurariam um novo período, ou apenas uma época geológica, falta-me conhecimento técnico para poder conceituar. Até porque o período atual só existe em função de nós, embora a vida na Terra não.


Contudo, somos uma espécie de alto potencial evolutivo. Aí suponho que, se soubermos submeter o nosso instinto de destruição à racionalidade científica, viveremos diversos períodos na Terra e fora dela, podendo sobreviver aos impactos das futuras extinções em massa causadas por eventos naturais. Isto porque a tendência é que o nosso conhecimento continue se multiplicando e a tecnologia avance mais e mais.


Diagrama do impacto das extinções no Fanerozóico / Wikipédia


Pensem bem. Nos últimos 200 anos, a humanidade foi capaz de realizar proezas nunca imaginadas como possíveis na época de Cristo, tipo a produção de aço, a lâmpada elétrica, o celuloide, os antibióticos, as vacinas, o avião, o satélite, o telefone, o automóvel, o computador, a automação industrial, a internet, o chip, a reprodução em laboratório, os smartphones, a inteligência artificial, etc. Logo, como podemos imaginar o mundo daqui cinquenta, cem, duzentos, quinhentos e mil anos?


Será que, até o final do milênio, já não teremos enviado uma sonda não tripulada a várias estrelas mais próximas da galáxia e criado comunidades humanas em outros planetas do sistema solar?


Supõe-se que, nos próximos 250 milhões de anos, já terá se formado o próximo supercontinente da Terra que se chamará "Pangeia Última". Porém, o papo que rola frequentemente nas notícias da internet é que, até lá, o planeta se tornará inabitável para os mamíferos incluindo os seres humanos. Isto porque três fatores contribuirão para uma alteração climática: (i) o próprio movimento intenso que levará à nova aproximação dos continentes incendiará a atividade vulcânica e, consequentemente, elevará consideravelmente a emissão de CO2; (ii) com os continentes comprimidos numa massa terrestre gigante, haverá um vasto interior desértico onde as temperaturas poderão subir ultrapassando os 40º C; e (iii) o Sol aumentará em 2,5% o seu brilho, o que será potencializado pelo intenso efeito estufa.


Essas análise foi publicada na revista Nature, tendo sido realizada por cientistas da Universidade de Bristol com base em modelos computacionais e leva a crença de que as mudanças poderão induzir uma extinção em massa. Só que não se levou em conta o extraordinário progresso científico e tecnológico que, provavelmente, haverá até lá a ponto da humanidade já ter se espalhado para além do sistema solar e quiçá tornado vários planetas habitáveis através de uma avançada engenharia ambiental.


Certamente que, se viajássemos hoje para um planeta nas mesmas condições da hipotética "Pangeia Última", os cientistas não teriam tantas dificuldades para colonizá-lo como em relação a Marte. Pois, com a ajuda da tecnologia, mesmo que a humanidade se fixe inicialmente nas extremidades do supercontinente (mais perto dos polos e dos mares), conseguiremos criar ambientes protegidos para a habitação e o cultivo de alimentos, além do uso sustentável da fauna e da flora.


Sem querer viajar tanto na maionese, indago se uma equipe de cientistas não conseguiria fazer uma expedição tripulada ao passado e viver por anos na era Mesozoica e até no Paleozoico, que foi entre 541 milhões e 252 milhões de anos atrás, aproximadamente, caso existisse uma máquina do tempo?!


Seja como for, a próxima vez em que o Sol estiver completado mais uma volta em torno da Via Láctea, o nosso mundo estará numa outra era, seja com os humanos já extintos, sem nenhum vestígio da nossa civilização, ou espalhados pelo imenso Universo sem deixarem a habitação da Terra. Mas para isso, a nossa espécie precisará se tornar ecologista e um pouco mais socialista, deixando de impactar o planeta com as suas ações, exceto quando for se prevenir contra os acontecimentos extintivos.


Chega! Já viajei demais!

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