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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Compulsivos pelo trabalho



"Para o homem não existe nada melhor do que comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho. E vi que isso também vem da mão de Deus. E quem aproveitou melhor as comidas e os prazeres do que eu? Ao homem que o agrada, Deus recompensa com sabedoria, conhecimento e felicidade. Quanto ao pecador, Deus o encarrega de ajuntar e armazenar riquezas para entregá-las a quem o agrada. Isso também é inútil, é correr atrás do vento." (Eclesiastes 2:24-26; NVI) 

Interessante como que o escritor bíblico tratou aqui de um tema que para nós seria tão moderno!

No capítulo 2 do livro de Eclesiastes, Salomão aborda três temas que traduzimos nas nossas bíblicas por "vaidade" ou "inutilidade" em relação: às posses (versos de 1 a 11), à sabedoria (12-17) e ao trabalho (18-26).  Nesta seção, ele reflete a respeito do que pode vir a ocorrer com o fruto do penoso labor que o homem deixa ao seu descendente após muito se afadigar para construir:

"Pois um homem pode realizar o seu trabalho com sabedoria, conhecimento e habilidade, mas terá que deixar tudo o que possui como herança para alguém que não se esforçou por aquilo. Isso também é um absurdo e uma grande injustiça." (verso 21)

Sem dúvida, esta é umas das maiores decepções de quem passou toda a sua vida se devotando para acumular bens, quer tenha sido para enriquecimento material ou mesmo qualquer tipo de status. Tal pessoa um dia pode se desesperar quando estiver próxima da morte e não puder mais acrescentar um centavo ao patrimônio que tem e/ou tão pouco desfrutar dele. Seu corpo descerá à sepultura enquanto o dinheiro algum dia virá a ser dissipado, quer seja pelos filhos, netos, bisnetos ou algum outro possuidor. E aí o livro faz o seguinte questionamento:

"Que proveito tem um homem de todo o esforço e de toda a ansiedade com que trabalha debaixo do sol?" (verso 22)

Na verdade, os bens e as riquezas têm algum proveito para nós se deles soubemos utilizar corretamente. O dinheiro jamais pode se tornar um fim em si próprio, mas tão somente um meio para que possamos proporcionar a nós mesmos e aos outros momentos felizes. Ou melhor dizendo, para temperarmos a nossa felicidade já que esta não reside nas coisas ao nosso redor mas, sim, dentro da gente.

O grande mal do homem, porém, está no apego que ele desenvolve em relação ao dinheiro ou a qualquer outro bem desta vida. Agindo assim, o indivíduo acaba se tornando alienado nas suas ações a ponto de se deixar escravizar pela própria compulsão. Sua vida acaba perdendo o sentido!

Seria a compulsão pelo trabalho um pecado? De certo modo, sim. Pois, a partir do momento em que o homem vive desse jeito é porque cultivou dentro de seu coração valores equivocados, tornando-se egoísta e até mesmo um idólatra porque fez do dinheiro seu deus. Aí o resultado acaba sendo uma má qualidade de vida que o impede de desfrutar adequadamente do que amealhou já que o prazer encontrado no trabalho é compreendido dentro de uma convivência saudável com o próximo, o que inclui o outro num real fraternismo. Afinal, não há razões para alguém comer, beber e se alegrar sozinho.

Compartilhar com o próximo o que temos é um antídoto para não nos tornarmos compulsivo por um trabalho cego e inútil. Precisamos saber dar descanso ao nosso coração ansioso e desfrutarmos também os outros momentos junto com nossos familiares, amigos e irmãos na fé, através do que passamos a aproveitar as melhores coisas desta vida terrena que é breve.

Uma ótima semana a todos!

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