Hoje, dia Dois de Julho, comemora-se o dia em que a Bahia tornou-se independente de Portugal, em 1823, meses após à proclamação feita por D. Pedro às margens do riacho do Ipiranga.
Ao contrário do que muita gente pensa, a nossa independência não foi nada pacífica. Nas antigas províncias do Norte e do Nordeste, muito sangue se derramou até à expulsão definitiva das tropas lusitanas, o que exigiu força e coragem do povo brasileiro. Principalmente porque foram batalhas desiguais travadas por um exército mal treinado de voluntários humildes como agricultores pobres, índios e escravos, os quais lutaram bravamente contra os canhões portugueses.
No caso da Bahia, a guerra contra Portugal durou mais de um ano, Ela se iniciou em fevereiro de 1822, meses antes do grito do Ipiranga, e só findou em meados do ano seguinte, quando o general Ignácio Luís Madeira de Melo não teve outra alternativa senão entregar Salvador partindo num navio rumo a Lisboa. Houve até lá duros enfrentamentos entre ambas as partes em que as duas principais batalhas foram as fracassadas investidas dos portugueses em Pirajá e na Ilha de Itaparica, todas com muitas mortes.
Destaca-se também na luta pela independência baiana a presença de uma mulher entre os soldados - Maria Quitéria de Jesus. Filha de lavradores pobres, ela precisou vestir-se de homem para conseguir alistamento nos batalhões de voluntários, cortando os cabelos e amarrando os seios, até ser descoberta pelo pai duas semanas após. No entanto, Maria Quitéria demonstrou grande habilidade no manuseio das armas e obteve o devido reconhecimento dos companheiros da tropa a ponto de ser mais tarde condecorada pelo imperador no Rio de Janeiro como uma heroína nacional.
Embora o dia 2 de Julho de 1823 tenha sido uma manhã tranquila, com um mar calmo e um ensolarado céu azul, sua ocasião trata-se do desfecho de uma árdua luta da nossa nação. Na prática, foram guerras como essa que decidiram os destinos da independência e a configuração do extenso território brasileiro. Pois, se os portugueses não tivessem sido expulsos de Salvador, talvez o país teria se dividido em várias repúblicas menores ou até mesmo recolonizado pela antiga metrópole.
Certamente que, sem a bravura da nossa gente, o sonho de independência não teria se realizado. Por isso, as festividades da presente data que ocorrem todos os anos na Bahia valorizam tanto a figura do caboclo nativista mitificado no combate contra uma serpente em que esta simboliza a tirania de Portugal. Ou seja, o dia Dois de Julho é, na verdade, uma homenagem ao homem comum do povo, ao herói muitas das vezes esquecido, mas que está sempre posicionado na frente de todas as batalhas da vida. Quer seja nas antigas guerras do século XIX, ou mesmo em tempos de paz, nessa labuta diária que faz o Brasil crescer, ainda que o produto de toda a riqueza gerada não seja depois devidamente repartido com justiça social.
OBS: A ilustração acima refere-se ao quadro Entrada do Exército Libertador, segundo a tela do pintor baiano Presciliano Silva (1883 - 1965), a qual relembra o momento final das lutas pela Independência da Bahia, com a entrada das tropas brasileiras na cidade do Salvador a 2 de julho de 1823. Extraí do acervo virtual da Wikipédia conforme consta em http://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_da_Bahia#mediaviewer/Ficheiro:Entrada_do_Ex%C3%A9rcito_Libertador_por_Presciliano_Silva.png
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