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terça-feira, 8 de julho de 2014

Nem só de futebol vive um povo!




A ficha ainda não caiu para muitos brasileiros. De quanto foi mesmo que a seleção perdeu para a Alemanha?!

É indescritível tamanha derrota do time de Felipão, embora seja possível explicar o bom desempenho dos alemães na Copa, fruto de um trabalho bem disciplinado e sério. Uma equipe que se preparou durante anos, chegou à Bahia vários dias antes do começo do Mundial, aclimatando-se ao árduo calor dos trópicos e trabalhando firme para enfrentar com respeito cada adversário. Nunca tiveram o talento artístico dos jogadores latinos, mas sempre se impuseram como um futebol altamente técnico.

Entretanto, diga-se de passagem que a Alemanha não é nem nunca foi o país do futebol. Trata-se de uma das maiores economias do planeta! Nação de gente que sabe acordar cedo, investir em tecnologia, zelar pela educação dos jovens, cuidar do meio ambiente, cultivar a honestidade, enfrentar a realidade e superar desafios. Pagaram um alto preço com a participação em duas sangrentas guerras mundiais na primeira metade do século XX, porém repararam o erro e, tendo sido arrasados pelas tropas aliadas, conseguiram se reconstruir de maneira admirável em somente algumas décadas. Hoje, setenta anos após o fim do nazismo, pode-se afirmar que os alemães seriam a locomotiva da Europa.

Agora o que dizer do nosso Brasil?!

Somos ainda os pentacampeões de uma das inúmeras modalidades esportivas existentes e agora assistimos à pior derrota em Copa do Mundo. Só que não me envergonho desse resultado ridículo uma vez que futebol nada mais representa do que lazer e diversão. Se alguém deve se entristecer pela má atuação da seleção seriam apenas o técnico Felipão, o assistente Parreira e seus jogadores que de fato têm algo a perder com o acontecido, além dos patrocinadores. Eu, porém, sinto vergonha sim é de ver ainda tanta pobreza, ensino de má qualidade nas escolas, desvio de dinheiro público, obras inacabadas, pacientes sendo desrespeitados nos hospitais, idosos sofrendo terríveis injustiças no dia à dia e um governo que, diante de tudo, mascara os números da economia fingindo estar tudo indo bem.

Está tudo bem, Brasil?

Não. Não está. Parte dos nossos sangrados impostos foram gastos em caríssimas construções de estádios sem que muitas das obras de infra-estrutura chegassem a ficar prontas. Recentemente, em Belo Horizonte, um viaduto desabou matando pessoas numa via pública, algo muito mais sério do que perder de sete gols para a Alemanha, sem que a nação nem ao menos se comovesse do que de fato pode ser chamado de tragédia. Aliás, poucos protestaram nas redes sociais da internet e os que assim fizeram não conseguiram o devido eco porque as atenções estavam todas voltadas para o futebol que, coincidentemente, realizou-se na mesma cidade.

Para aumentar ainda mais a vergonha, vejo os velhos patifes políticos ocupando os primeiros lugares nas pesquisas de opinião. Mesmo com as gigantescas passeatas de junho e julho de 2013, o povo ainda não soube construir opções de voto capazes de representar uma real mudança, sendo o meu Rio de Janeiro um incontestável exemplo disso. Até agora Garotinho e Crivella lideram a preferência do eleitorado para o governo fluminense. O deputado do PR tem 18% enquanto o senador do PRB, 16%. Já o atual governador Pezão do PMDB obteve 13% do total.

Até sábado, dia da disputa pelo terceiro lugar no Mundial, pode ser que a ficha do jogo desta terça-feira já tenha caído na cabeça da maioria dos brasileiros. Contudo, espero que, antes de outubro, caia também a ficha de que a nossa situação econômica e social não caminha tão bem como tenta convencer a propaganda oficial afim de que, sem ilusões, comecemos a construir um novo país. Seja tirando o máximo de proveito das coisas feitas até aqui, inclusive em relação à Copa (como escrevi no último artigo deste blogue talvez o maior legado poderá ser o aumento do turismo), como também procurando conquistar com determinação aquilo que não temos e tanto necessitamos para nos desenvolver verdadeiramente em todos os sentidos.

Acorda, torcida, vamos botar as mãos na massa e batalhar!


OBS: A imagem acima trata-se e uma foto extraída da Agência Brasil e que mostra uma torcedora brasileira na Fifa Fan Fest de Brasília lamentando a derrota do Brasil por 7 x 1 para a Alemanha. A autoria da imagem é atribuída a Antonio Cruz, conforme consta em http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-07/apos-derrota-historica-brasil-aguarda-adversario-para-disputa-do-terceiro

Um comentário:

  1. Artigo postado originalmente no blogue da Confraria dos Pensadores Fora da Gaiola. Quem desejar pode deixar seus comentários lá:

    http://cpfg.blogspot.com.br/2014/07/nem-so-de-futebol-vive-um-povo.html

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