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domingo, 18 de maio de 2014

Num país chamado LISARB...




No planeta ARRET, situado no outro lado da galáxia, existe um país de nome LISARB. Trata-se de um terra onde tudo funciona tão bem que é uma beleza! Seus moradores gozam uma excelente qualidade de vida capaz de causar inveja a qualquer canadense, sueco, alemão ou japonês.

Pode-se dizer que os cidadãos de LISARB não têm falta de coisa alguma pois desfrutam de uma renda suficiente para suprir todas as suas necessidades básicas. Lá o desemprego é zero e ninguém precisa recorrer às bolsas assistenciais do governo para nada. E tão pouco fingem estar carecendo de algo porque respeitam profundamente o dinheiro público usado nas políticas sociais.

Em LISARB, as escolas são sempre nota dez e funcionam em tempo integral. Os alunos recebem um ensino de excelência e estudam pra valer, havendo um índice de 99% de aprovação apesar dos testes serem super rigorosos. Contam com prédios em ótimas condições, havendo salas espaçosas equipadas com ar refrigerado, quadras de esporte para educação física, bibliotecas, laboratórios de informática e a merenda nunca falta. As crianças chegam cedo ao colégio, cantam o hino nacional toda manhã, respeitam profundamente a autoridade do professor e jamais deixaram de ter aulas de ética e cidadania. Também os pais se interessam pelo aprendizado de seus filhos e, dificilmente, algum deles deixa de comparecer a uma reunião convocada pela diretora.

Os hospitais de LISARB vivem vazios porque o país quase não tem gente doente. Nas raríssimas vezes quando surge uma emergência, rapidamente a ambulância socorre o cidadão. Há um eficiente programa de saúde preventiva capaz de promover a consciência das pessoas e estas não dependem tanto de remédios para se restabelecerem. Porém, quando têm que recorrer a um tratamento medicamentoso, uma internação, fazer exames ou passar por procedimentos cirúrgicos, os pacientes são prontamente atendidos sem precisarem acionar a Justiça. Muito menos pedir favores a algum político.

Falando um pouco dos políticos de LISARB, tratam-se das criaturas mais honestas que existem no planeta ARRET. Lá a maioria trabalha de graça sendo que ninguém tem o mal hábito de faltar às sessões do Parlamento. Nas cidades, os vereadores tiram todo o sustento do próprio labor como trabalhadores comuns e nenhum deles nomeia assessor para os seus humildes gabinetes. Menos ainda se locomovem através de veículos da Câmara ou ficam se utilizando do auxílio combustível. Pagam até a conta do cafezinho que consomem! Quando solicitados, atendem com prontidão aos seus eleitores e fazem prestações de contas trimestrais acerca do mandato exercido com transparência.

A cada eleição que ocorre em LISARB, o número de abstenção se mantém baixíssimo mesmo sendo opcional o voto. Não existe boca de urna por consideração à opinião pública. Aliás, nem ocorrem tantas disputas entre os lisarbianos. Os representantes da população são previamente aclamados para se candidatarem visto serem sujeitos da mais alta competência.

Poucos em LISARB possuem automóvel e o trânsito flui maravilhosamente pelas vias públicas, todas elas lisinhas e sem buracos. Também lá ninguém vê o carro como um símbolo de status social e o transporte coletivo funciona de maneira exemplar com bastante conforto, tarifas módicas e cumprindo os horários sem atrasos. Além disso, há um respeito unânime pelo meio ambiente a ponto das pessoas preferirem andar a pé ou de bicicleta. Inclusive, não se vê um papel de bala jogado no chão e os moradores das cidades participam educadamente da coleta seletiva. A cada ano, hectares e mais hectares de florestas são replantados sendo as árvores protegidas com eficiência. E, quanto à poluição (seja do ar, das águas, sonora ou visual), pode-se afirmar que inexiste.

Em relação à criminalidade, os índices são mínimos de modo que os PMs acabam aproveitados em outras funções do serviço público. É mais fácil encontrar um policial de LISARB ajudando uma idosa a atravessar a rua do que correndo atrás de bandido, sendo que as cadeias acabaram no país. No lugar dos presídios, tem-se os centros de reabilitação com pouquíssimos indivíduos internados voluntariamente.

A única semelhança entre LISARB e o nosso BRASIL seria que, em ambos os países, a Justiça não funciona. Só que praticamente não se formam litígios entre os seus habitantes. Menos ainda se for entre o cidadão e o Estado! Pois, quando os lisarbianos não conseguem se entender, o máximo que eles fazem é procurar alguém da confiança das partes para que seja mediado o conflito. E, se vão até o escritório de um advogado, seria mais para que o profissional do Direito explique melhor as leis afim de que eles possam agir corretamente uns com os outros sem faltarem com o devido bom senso.

Neste ano, a comunidade internacional do planeta ARRET insistiu para que LISARB sediasse o próximo Mundial de Futebol. Contudo, o governo recusou a proposta justificando que o país possui outras prioridades mais importantes do que ficar construindo novos estádios. E, tendo dado ouvidos à voz da população, a qual nem precisou ir às ruas protestar, a presidenta deles considerou incompatível gastar qualquer centavo do contribuinte afim de receber um evento tão passageiro já que o seu povo deseja mais desenvolvimento econômico e social.


OBS: Ilustração extraída de http://www.motonline.com.br/um-pais-chamado-lisarb/

15 comentários:

  1. Eu quero morar nesse planeta. Teremos um igual quando assumirmos a nossa verdadeira posição diante ao governo . Só ctiticar não basta, temos de agir. Trazer p nos a responsabilidade que nos cabe.

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  2. Ma, penso que este país só depende de muita ação. Cada um em seu papel, em sua capacidade de partilhar conhecimentos e informações. Depende da vontade de exercer nossos carismas pessoais nestas ações. Enfim, cada um em seu melhor "doar-se". Incentivar bons candidatos, participar das ferramentas de controle social, espalhar as ideias e os anseios da população, participar das cobranças e exercer plenamente a cidadania.

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  3. Olá, Alessandra e Leila!

    Obrigado pela leitura e comentários.

    Concordo sobre o que colocaram quanto à necessidade de agir, lembrando que este é um ano eleitoral. E, embora eu não acredite que tudo mude para melhor através dessa única via, votar bem e formar a opinião pública num momento tão decisivo torna-se altamente estratégico. Fora isto, todos devem fazer a sua parte. Tanto o governo quanto o povo.

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  4. Rodrigo,
    Existem muitos outros países como este Lisarb.
    Citarei apenas alguns: Ahnapse, Lagutrop, Ailati, Açnarf, Arretalgni, Sodinu Sodatse, Ahnamela, Oãpaj, Anich, Ocixém, Aicéus, Anitnegra, Aissúr, e muitos outros.
    Nenhum deles é melhor do que este que você citou e que eu amo. Todos têm suas virtudes e mazelas.
    Jamais será o paraíso perfeito que foi descrito, mas já é muito, muito melhor que antes e caminha para ser um país do qual todos vão se orgulhar.
    Corrigindo, nem todos. Sempre restarão os negativistas desmemoriados.
    Um grande abraço do
    Lacerda

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  5. Caro Lacerda,

    Concordo que realmente houve grande melhora nesse país chamado Lisarb. Por esses dias mesmo comecei minha leitura do livro de Laurentino Gomes sobre 1822, o ano da proclamação da independência, e, segundo o autor, éramos uma pobre nação de analfabetos. Se incluísse os escravos no cálculo, nem 1% da população sabia ler e escrever. Entretanto, há muito o que ser feito, o que requer um esforço conjunto do governo e da sociedade sendo a confiança institucional importantíssima nesse processo bem como o diálogo permanente entre administradores e administrados. Algo que precisa ser bem construído através de um trabalho capaz de cuidar das insatisfações que o cidadão ainda tem e nem sempre sabe a quem atribuir.

    Agradeço aí pela visita e um abração.

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  6. Rodrigo, creio que o tal Lisarb não existe nem na realidade. Nem a suiça é assim tão perfeita...rss mas sem dúvida, o nosso Lisarb pelo avesso tem muito a melhorar. Não precisa nem chegar a ser uma suiça, se melhorar uns 40% já estará bom demais.

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  7. Boa tarde, Edu!

    Não sei se nos faria bem o Brasil se tornar totalmente uma Suíça pois a própria sociedade passaria a viver cheia de restrições capazes de azedar a nossa convivência pessoal que muitas das vezes se torna mais saborosa e humana do que nesses países frios.

    Mas quanto à existência do "Lisarb", digo que a utopia de alguma maneira compõe a realidade. As coisas com as quais sonhamos têm a ver com as motivações que temos e que nos fazem caminhar ruo a um futuro melhor. E, particularmente, prefiro ver o nosso país construindo o seu próprio projeto de nação justa e desenvolvida do que copiando os outros.

    Um abraço.

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  8. Depois que ler 1822 - e ver que D. Pedro I montava uma mula e estava com uma tremenda diarréia naquele 7 de setembro - leia também 1889, o ano do nosso primeiro golpe militar. Verá que, há apenas 125 anos, o Brasil ainda era uma pobre nação de analfabetos. Além de escravagista.
    Enquanto isto, os Estados Unidos - apenas oito anos mais experiente - já era uma potência mundial, enquanto a Europa milenar nos explorava.
    O Brasil somente está conseguindo avançar neste novo século após 500 anos.
    Você mesmo reconhece. Não podemos esquecer as nossas raízes. Fomos colonizados por exploradores de nossas riquezas.
    Nossa primeira faculdade data de 1808 (leia também este livro), e a primeira universidade foi fundada em 1909, em Manáus. Somente nos últimos 10 anos foram instituídas mais universidade e extensões universitárias do que em mais de 500 anos.
    Como comparar nossa educação ainda incipiente com a de outros países. Nesta corrida para o futuro, demos uma vantagem de meia maratona para os outros maratonistas.
    Sejamos mais condescendentes com o nosso país.
    Um grande abraço,
    Lacerda

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  9. Gostando desse livro (até agora está sendo muito bom), talvez eu coloque em minha lista esses que me falou. Mas quando pego uma obra para ler, vou mais ou menos devagar. Posso demorar semanas ou até meses, mas costumo prosseguir na leitura quando é algo interessante.

    Em relação ao desenvolvimento do Brasil, Lacerda, devemos lembrar que já se passara quase 200 anos que nos tornamos independentes de Portugal e daí por diante os maiores responsáveis pelos fracassos foram as nossas elites políticas e econômicas. Uma gente exploradora e corrupta! O povo foi vítima e também agiu em cumplicidade com seus algozes. Aliás, não raramente ouço pessoas de condição humilde nas ruas querendo a volta dos militares, o fim do Congresso, pena de morte, etc.

    Mas agora estamos no século XXI, o índice de alfabetismo melhorou bem, temos muitas universidades e estudantes de família pobre se graduando. Há deficiências nas escolas, mas vejo também que falta um ambiente mais propício em casa e nas ruas para a evolução do aprendizado. Também nossos políticos estão aí roubando e se viciando comodamente na grana jorrada pelo petróleo ao invés do país investir mais em tecnologia de ponta, coisa rara por aqui.

    A meu ver, Lacerda, temos é jogado fora incríveis oportunidades, Veja este ano a realização da Copa. Não era para o Brasil estar sediando o Mundial com tantas outras coisas mais prioritárias a serem resolvidas primeiro. Esses eventos estão nos desmoralizando diante da opinião pública internacional. Trata-se, pois, de um enorme equívoco para não dizer falta de compromisso dos políticos.

    Um abraço.

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    1. Às vezes, também levo um tempão para ler um livro. Mas leio dois ou três ao mesmo tempo. 1808, 1822 e 1889, li rapidamente e os deixei cheios de anotações para pautar o meu blog.
      Quanto aos quase 200 anos, creio que há um engano. Foram mais de 300 até nos tornarmos independentes de Portugal. Aí, então, ficamos dependentes da Inglaterra.
      Se você ouve pessoas humildes querendo a volta da ditadura, o fim do Congresso, etc, é porque estão influenciadas pelo discurso sórdido que joga todos os políticos na lama da corrupção. De onde eles vieram? De Marte? De Vênus?
      A Copa vai fazer do Brasil o centro do mundo. Será im novo descobrimento do Brasil. Todos os olhares se voltarão para nós e mostraremos do que somos capazes como na Copa das Confederações.
      Se convidamos todo mundo pra jogar é pra mostrar que podemos.
      Quanto às outras coisas mais prioritárias, pense no seguinte: quantos hospitais e escolas poderíamos ter feito com o que foi investido na implantação do bondinho do Pão de Açúcar; na colocação do Cristo Redentor lá no alto do Corcovado; na construção de Brasília.
      No futuro próximo, estaremos todos nos orgulhando da Copa de 2014, tal como nos orgulhamos do bondinho, do Cristo e de Brasília.

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  10. Boa tarde, Lacerda!

    Embora eu não tenha vivido na época da construção de Brasília, do monumento no Corcovado ou do teleférico no morro do Pão de Açúcar, acho que não concordaria. Mas agora que falta menos de um mês para a Copa e os investimentos já foram feitos, acho incoerente alguns grupos fazerem protestos para que o Mundial não ocorra. Enfim, temos é que agora tirar o melhor proveito desse momento recebendo bem o turista, sendo que nisto estamos de acordo assim como na questão relativa à ditadura militar e à importância da política (apesar dos maus políticos).

    Ótimo final de semana ao amigo!

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  11. Amigo, não é preciso ter vivido naquela época para imaginar quantos hospitais e escolas poderíamos ter feito com o que foi investido na implantação do bondinho do Pão de Açúcar; na colocação do Cristo Redentor lá no alto do Corcovado; na construção de Brasília.
    Concordo plenamente com o restante do comentário.
    Ótimo final de semana pra você.

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  12. Boa noite, Lacerda!

    Também não discordo que muitas escolas e hospitais poderiam ter sido feitos com os recursos aplicados nessas antigas obras, mas a diferença para a Copa é que tanto o bondinho da Urca quanto o monumento no Corcovado tornaram-se investimentos pagáveis com um satisfatório retorno financeiro até os dias atuais. Anualmente uma multidão de turistas visitam esses dois pontos na cidade do Rio de Janeiro, gerando renda tanto direta quanto indiretamente, bem como uma série de tributos arrecadados pelos três entes da nossa federação sui generis. Mas o que dizermos de um evento festivo que será passageiro e de curta duração? Agradeço se puder dar algum esclarecimento capaz de justificar essas obras todas nos estádios de futebol, os quais já eram existentes a exemplo do primeiro Maracanã construído em virtude da realização do Mundial de 1950, quando chegamos em nossa primeira final contra os já campeões uruguaios.

    Ótima semana ao amigo e, independentemente dos acontecimentos políticos, vamos torcer pela vitória da seleção.

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  13. Por acaso, os estádios serão fechados após a Copa e não mais renderão um satisfatório retorno financeira ad aeternum? Não mais renderão renda direta e indireta, bem como uma série de tributos?
    O legado da Copa está demonstrado em minha última postagem.

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  14. Sobre os estádios, não acho que foi necessário construir um novo Maracanã se o Rio já tinha o Engenhão construído pelo ex-prefeito César Maia para os jogos do PAN de 2007. Bastava umas pequenas reformas e reparos para 2014.

    Ora, será que esse legado não poderia ter custado menos?

    Vou ler seu artigo.

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