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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A importância de nos congregarmos em igreja



"Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros" (Hebreus 10:25a)

As narrativas bíblicas e a história do cristianismo são testemunhos de que a vida com Deus é um projeto para ser experimentado coletivamente. Não existe e jamais haverá a "igreja do eu sozinho". O próprio nome igreja vem de ekklesia, termo que foi originalmente empregado nas reuniões políticas das cidades gregas, sendo, pois, um sinônimo cabível para a assembleia do povo de Israel mencionada nas Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento).

Quando Abraão foi chamado à fé, o objetivo do Altíssimo foi formar uma nação através dele. Não somente uma só nação, mas várias como diz o próprio nome do patriarca. E, se Deus a princípio lhe falou individualmente, foi com a finalidade de incluir outras pessoas no seu plano sagrado de modo que o Eterno esteve tratando também com Hagar, Sara e Isaque em outras passagens, no desejo de ser o Deus de todos aqueles personagens bíblicos (e de todos nós).

No Novo Testamento, também não foi diferente. Jesus buscou fazer discípulos. Não para ter numerosos seguidores atrás dele, mas para iniciar um ministério lidando com gente. E escolheu pessoas comuns do povo, impuros pescadores e coletores de impostos ao invés de contar com escribas, sacerdotes e toda aquela nata moral da Jerusalém de seu tempo. Aí, quando chegou o momento de experimentá-los e ensiná-los a pregar o Evangelho do Reino nas cidades de Israel, o Mestre ordenou que os doze apóstolos (e depois os setenta seguidores) andassem de dois em dois. Jamais saíssem sozinhos por aí.

Também com Paulo, depois que o Senhor revelou-se ao "apóstolo dos gentios", o Espírito Santo não o enviou sozinho pelo mundo. A princípio, Paulo andou junto com Barnabé em sua primeira missão. Na vez seguinte, seu companheiro de ministério foi Silas. E, a partir de então, o livro de Atos passa a fazer menção de diversos nomes novos como Timóteo, Tito, o casal Áquila e Priscila, dentre outros colaboradores.

No comecinho de 2010, li com entusiasmo o "subversivo" livro Por que Você Não Quer mais Ir à Igreja?, de Wayne Jacobsen e Dave Coleman. Fiquei empolgado demais com a desconstrução proposta pelos autores que transmitem uma mensagem através de uma narrativa ficcional no estilo A Cabana. Na obra, o personagem pastor Jake Colsen, sentindo-se interiormente vazio, depara-se com João, um homem que fala de Jesus como se o tivesse conhecido e que percebe a realidade de uma forma que desafia a visão tradicional de religião.

Sem dúvida que as críticas do livro não deixam de ser uma interessante contribuição ao mundo eclesiástico quando levamos em conta a importância da pluralidade de ideias e aceitamos a possibilidade de que a Igreja, por ser formada por homens, é passível de cometer erros. Só que, analisando por outro aspecto, os autores parecem não dar a mínima chance de êxito ao bimilenar trabalho desenvolvido até hoje pelos herdeiros do discipulado de Jesus. É como se tudo aquilo que se vê no presente não prestasse mais para nada e precisasse ser consumido no fogo.

Mas será que nada mais presta na Igreja?! Pois eu penso justamente o contrário e percebo coisas muito positivas que não devem ser descartadas, mas sim aprimoradas, melhoradas, reformadas e apoiadas pelas brilhantes mentes dos críticos da religião.

"E ele disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas." (Mateus 13:52)

Penso que, se temos críticas em relação à Igreja e desejamos mudar seus rumos, não temos que nos afastar dela e muito menos abandonarmos a vivência coletiva da fé que é a comunhão com os irmãos. E também, quando temos em nosso coração a proposta de um ministério inovador, devemos aprender a aguardar em Deus o momento certo de agir tal como fez Paulo quando se congregava em Antioquia e que, provavelmente, já deveria sentir a vontade de levar a Palavra aos gentios da Ásia Menor e de outras regiões, bem como aos judeus da diáspora distantes de Jerusalém.

No começo do ano, tão logo ter deixado de Nova Friburgo, cometi o erro de querer iniciar um ministério sozinho nos curtos meses em que morei no Rio de Janeiro. Minha cabeça estava cheia de conceitos, ideias e propostas, as quais não descarto por serem coisas positivas. Entretanto, em minha vaidade intelectual e tendo grande dificuldade desde os tempos de criança quanto aos trabalhos de grupo, acabei não me congregando em lugar nenhum. Nem mesmo fui capaz de encontrar e me integrar com algum grupo informal de irmãos. Apenas visitei por três ocasiões uma igreja Presbiteriana no bairro onde morava sem que fosse estabelecida uma relação de compromisso. Aí, logo que vieram as lutas, os problemas e as necessidades, acabei ficando só tentando orientar-me para superar as situações. Lancei sementes, mas não pude cultivá-las como deveria. Precisei cuidar da família e, mais recentemente, de minha esposa Núbia.

Já neste semestre, resolvi fazer diferente. Tão logo fui iniciando a minha mudança do Rio para o Município de Mangaratiba, decidi que não continuaria a caminhar só. Deixei meus sonhos ministeriais nas mãos de Deus e fui logo buscando o apoio de meus irmãos em Cristo, pelo que me dispus a procurar a igreja evangélica mais perto de minha casa que está situada na mesma rua Primeiro de Maio aqui no distrito de Muriqui. Deixei de lado o orgulho, os conceitos teológicos adquiridos e fui reunir-me com os novos irmãos pouco importando o fato de se denominarem "batistas pentecostais".

Assim, tenho crescido com meus irmãos nestes últimos dias quando, definitivamente, vim morar aqui em 21/08. Pela manhã, nossa congregação reúne-se para orar diariamente às 07:30 e, por várias vezes, já tomei o meu café da manhã na igreja com a pastora Delvânia e o mano Johnny. Ontem (09/09), fizemos nossa Ceia e temos tido a oportunidade de nos encontrarmos com satisfatória frequência. E, no domingo retrasado (02/09), conheci uma missionária que esteve nos visitando e compartilhou a experiência no seu ministério com os chineses, aqui no Brasil, e de sua marcante viagem à China feita neste ano de 2012.

Não é maravilhoso poder viver num país como o nosso onde ninguém é perseguido pelas autoridades só porque lê a Bíblia ou vai numa igreja?!

Glória a Deus por isto! Mas ainda assim, os crentes daqui no Ocidentes têm caminhado com muito menos assiduidade do que os irmãos da China, sendo que a maioria deles por lá parece se reunir mesmo em congregações clandestinas. No outro lado do mundo, cada oportunidade de se congregar e adorar a Deus é algo de enorme valor.


OBS: Ilustração extraída do acervo da Wikipédia em http://en.wikipedia.org/wiki/File:AugsburgConfessionArticle7OftheChurch.jpg

9 comentários:

  1. Sempre ouço dizer que uma perseguição, definiria quem são os verdadeiros cristãos. rsrs, mas prefiro que isto aconteça pelo mover do Espírito Santo.

    Graças a Deus que posso congregar apesar de todas as mazelas que encontramos na igreja de Cristo, finalmente não devo ter pedra na minha mão, faço parte desta mesma massa.

    Estou contente de saber que você está se reunindo e sendo abençoado e abençoando. Deus continue te fortalecendo.

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    1. Olá, Guiomar.

      De uns tempos para cá, cheguei à conclusão de que a maneira como se deve abordar os erros da Igreja não seriam com as "pedras", mas sim com sabedoria e propositivamente.

      Os homens podem errar, mas o projeto de Igreja permanece e está acima de todo o pecado.

      Forte abraço e que Deus também te abençoe e fortaleça sempre na força de Cristo.

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  2. Olá Rodrigo, que texto maravilhoso. "Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima." (Hb 10:25) Sabe Rodrigo, o rótulo não nos faz igreja nem a sua ausência nos impede de sermos igreja. Mas é difícil conceber a idéia "fora da igreja", visto que a igreja invisível é universal. Mas sou um defensora da idéia de que cada crente deve estar ligado a uma igreja local.
    Embora seja provável a possibilidade de se viver uma vida reta e justa fora de uma igreja local.
    Há algumas coisas da vida cristã que só é experimentada dentro de um corpo visível. A comunhão dos santos é uma dela. Paz maninho!

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    1. Oi, Rô.

      Primeiramente fico feliz com sua visita pois há muito que não trocamos mensagens. E o contato é algo que vale a pena manter.

      Concordo com a ideia de nos ligarmos a uma igreja local e, sempre que nos mudamos de cidade, não podemos ser relaxados deixando o começo de nossa relação congregacional com os irmãos sempre para o amanhã.

      Também estou de acordo sobre a possibilidade de alguém viver uma vida justa sem estar se congregando localmente. E, neste sentido, recordo-me de Paulo quando ele esteve preso e não podia se congregar, mas Deus estava com ele. E, igualmente, assim viveram muitos profetas.

      Por outro lado, o Senhor Jesus, apesar de ter questionado os sacerdotes e mestres da lei de seu tempo, não deixava de comparecer a Jerusalém nas festas do povo judeu.

      Este final de semana passado, pude novamente participar de uma Ceia com meus irmãos, coisa que não fazia desde fevereiro quando estive visitando sem compromissos a Igreja Presbiteriana do Grajaú, no Rio de Janeiro. E realmente é muito bom que os membros do corpo de Cristo andem unidos apoiando uns aos outros.

      Fica na paz!

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  3. Rodrigo, uma pergunta? Quando estamos sem vontade de irmos a igeja pelo fato de muitas cobrança em números de bastismos , tanta cobrança pra pregamos o evangelho de formas agressiva, tipo invadindo a vida alheia .acho isso tudo desnecessário é com isso me intristece de está na minha congregação . Não temos direitos para nada tem que ser sempre como eles querem . Não consigo entender viver Jesus acontecendo tudo isso.

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  4. Sou a Roseane Miranda da pergunta a cima .

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  5. Sou a Roseane Miranda da pergunta a cima .

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  6. Rodrigo, uma pergunta? Quando estamos sem vontade de irmos a igeja pelo fato de muitas cobrança em números de bastismos , tanta cobrança pra pregamos o evangelho de formas agressiva, tipo invadindo a vida alheia .acho isso tudo desnecessário é com isso me intristece de está na minha congregação . Não temos direitos para nada tem que ser sempre como eles querem . Não consigo entender viver Jesus acontecendo tudo isso.

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    1. Bom dia, Roseane.

      Concordo com você.

      Quando uma igreja passa a sufocar nossas vidas, liberdade, sentimentos, prejudicando ao invés de ajudar, é melhor a pessoa afastar-se daquele ambiente ainda que venha a ficar por um período sem um outro grupo.

      Não acho que encontraremos um grupo perfeito até porque perfeito nenhum de nós é. Porém, a congregação deve contribuir para o crescimento das pessoas que dela fazem parte, não para prejudicá-las, engessando o aprendizado, assediando suas escolhas, reprimindo a busca pelo saber, violentando a compreensão de outras pessoas sobre a vida como se tal grupo (ou seu líder) fosse o dono da verdade.

      Acredito que o crescimento se dá a nível de consciência. É a própria pessoa quem irá compreender como deverá se conduzir convenientemente, buscando aquilo que é justo conforme o seu coração irá confirmar interiormente. Do contrário, trata-se de impor um entendimento às pessoas.

      É como penso.

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