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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Perdido no Parque da Tijuca




Conforme a imprensa andou noticiando e muitos espalharam pelas redes sociais, fiquei perdido três dias e duas noites neste último final de semana (23 a 25 de junho).

Gente! Minha imprudência foi enorme, mas mesmos os erros cometidos são cheios de significado.

Se eu disser que, nas minhas caminhadas anteriores jamais tive alguma dificuldade, estaria mentindo. Pois, desde 99, morando em Nova Friburgo, em que comecei a fazer minhas aventuras, ocorreram situações quando fiquei desorientado. Só que, quando não chegava ao meu destino, conseguia voltar por onde vim ou sair em outro lugar. O pior acontecimento teria sido em junho de 2001, quando eu e Núbia tentamos ir de Castália até Guapiaçu, em Cachoeiras de Macacu em que, tendo percorrido 2/3 da trilha, chegamos a uma antiga fazenda e não acertamos mais o caminho pois tinha várias picadas de caçadores. Aí anoiteceu e foram justamente dois caçadores que nos resgataram e nos trouxeram para a casa da família deles.

A maioria das vezes eu me dava bem! Fazia caminhadas de 6 horas sem problemas, o que me encheu de auto-confiança. Morando aqui no Rio desde meados de dezembro, fiquei ansioso por querer conhecer profundamente o território da cidade e, principalmente, esta área onde estou morando na Zona Norte. Minha compulsão por estar em novos lugares ficou a mil. De lá pra cá, fiz vários passeios e caminhadas.

Como antes eu tinha conhecido a pé uma boa parte do nosso estado e da Serra do Mar, pensei que o Parque da Tijuca fosse só um pequeno jardim. Brincadeira de Mickey Mouse pra quem se achava um grande trilheiro que já tinha andado praticamente Friburgo inteiro mais boa parte dos municípios de Cachoeiras de Macacu, Teresópolis, Silva Jardim, Casimiro de Abreu, Macaé e Trajano de Morais. Só que passear no meio rural é muito diferente de um parque ecológico! Principalmente porque as vias de acesso são menores e não há moradores.

Bem, mas quando eu olhava os morros da janela de casa, cada dia dava aquela vontade de ir daqui do Grajaú (bairro onde moro) até a sede do Parque da Tijuca, situada no Alto da Boa Vista, bem como descobrir um roteiro até à praia por dentro do mato. Aí soube que pessoas já faziam o roteiro, geralmente vindo do Alto da Boa Vista pra cá e outros até um lugar em Jacarepaguá chamado de Represa do Cigano. Passeios que nem são recomendados pelo parque porque fogem do circuito turístico. Porém, não quis esperar a oportunidade de pintar um passeio. Eu mesmo resolvi arriscar sozinho assim como já fazia lá em Nova Friburgo e nunca tive problemas.

Pois é. Dizer que antes disso Deus não me mandou um aviso, estaria mentindo. Quando foi no dia 3/5, saí à tardinha de casa e tinha chegado até o alto do Morro do Elefante. Não achei a trilha, o sol começou a se por, senti um certo desespero e quase me perdi. Naquele dia, consegui acertar o caminho de volta e cheguei em casa de noite, grato por não ter passado a noite ali e estar vivo.

Mas vocês acham que eu aprendi a lição naquele dia? Coisa nenhuma!

Não demorou muito pra que a minha mente justificasse que o fato de não ter achado a trilha pro outro lado do Morro do Elefante teria sido o fato de escurecer. Na manhã deste último sábado, após ter sido cancelado um evento do qual o pessoal da minha ONG participaria, resolvi então caminhar. Não avisei ninguém pra onde iria, nem levei celular, mochila, alimentos, lanterna, facão ou barra de acampamento. Simplesmente resolvi ir até o alto do Morro do Elefante e, se identificasse o caminho para o outro lado, desceria por ele. Aí, quando cheguei lá em cima, encontrei o Luiz Albuquerque vindo com seu grupo do Alto da Boa Vista pra cá. Perguntei-o se a trilha estava “limpa”, o que, no linguajar do meio rural significa “roçado”. Então, com a presença deles, senti-me super auto-confiante.

Continuei o caminho, descendo embalado e acreditando que, à tardinha, estaria na sede do parque talvez antes das 15 hs. Só que, quando cheguei num bananal é que comecei a me embananar. Fui descendo por uns vales e vi que não chegava a lugar nenhum. Retornei e não achei o caminho de volta, pelo que precisei passar a noite ali, ficando pouco acima do bananal, perto de, salvo engano, uns taquaruçus.

Só aquela noite foi num terrível teste de resistência pra mim. Sem ter me alimentado naquele dia (tomei apenas o café da manhã), dormi com estômago vazio e enfrentando o frio gelado da serra, tendo que deitar ao relento pela primeira vez na vida fora de uma barraca. Sofri uns ataques de mosquito, só que o pior mesmo foi o frio. Sabia que, sem comida, a pessoa sobrevive por dias e água tem bastante por ali. Ainda assim fiquei preocupado em não conseguir sair dali ou não ser achado.

Imaginei que minha morte seria por motivo de hipotermia e que estaria deixando este mundo de uma maneira tão sem razão. Algo bem diferente do que fizeram Jesus, Gandhi, Martin Luther King ou o nosso Chico Mendes. Meu corpo poderia ficar por lá, minha família nunca saber, ser aberto um processo de declaração de ausência até a Justiça permitir a abertura do inventário. O documento de identidade de minha mulher e o cartão da Unimed dela estavam comigo assim como a chave de um cofre onde ficam os remédios controlados dela que eu dou todas as noites pra Núbia tomar. O único conforto que tinha era o fato da ter vindo de Mangaratiba ficar conosco, o que não deixaria minha esposa sozinha dentro de casa.

Passando o aperto da primeira noite, fui procurar o caminho de volta ali pelo bananal e não consegui encontrar. Distanciei-me e fui sair num outro vale onde também fiquei andando desorientado sem encontrar alguma trilha que me levasse pra qualquer saída. As horas passaram e acabei ficando outra noite na mata que pareceu muito mais longa e fria do que a primeira. Principalmente porque ventava e meu corpo estava com menos energia do que no dia anterior. Por ser inverno, não tinha muito alimento disponível na floresta. Cheguei a comer um pouco de cana-do-brejo, folhas de assa-peixe, de bananeira e até larva, sabendo que são coisas comestíveis.

Segunda-feira, tomei a decisão de descer por um caminho a princípio aplainado entre dois morros que descia em direção ao barulho de uma estrada (a Grajaú-Jacarepaguá). Prossegui, atravessei um trecho cheio de plantas espinhosas e depois continuei andando por dentro de um rio que, por um longo percurso, parecia ser tranquilo. Tinha a esperança de que não encontrasse cachoeiras pelo caminho e fosse sair numa ponte da tal estrada onde eu subiria até o asfalto pra tomar o ônibus. Só que, infelizmente, depois de tanto andar, cheguei até o alto de um enorme precipício de onde despenca uma imensa queda d'água. Eu tava exausto para retornar e meus pés já machucados por causa do roçar do tênis no calcanhar. Achei melhor pegar um pouco de sol e descansar.

Meu corpo já doía devido ao ácido láctico. Eu estava profundamente arrependido com o que fiz, tomando providências quanto à minha possível morte de modo que raspei o código de segurança do cartão de crédito, cortei-o em dois e enterrei para o caso de alguém encontrar o corpo, não fazer compras indevidas e provocar danos à herança. Pensei muito no bem estar das pessoas que eu deixaria tipo Núbia e minha mãe.

Orei muito a Deus e pedi pelas pessoas. Achei que aquela seria mesmo a minha hora e que ainda poderia sofrer por dias até, finalmente, morrer com uma parada cardíaca porque tenho boa saúde. Disse a Deus que amo minha esposa e que, mesmo sem ela ouvir fisicamente esta mensagem, Ele a transmitisse. E, certamente, entristeci-me por estar deixando a vida tão prematuramente.

Entretanto, ainda naquela tarde, a alegria voltou ao meu coração. Ouvi uma voz na mata e respondi para ver se não era alguma alucinação (quando estive perdido várias vezes imaginava estar ouvindo alguém mas devia ser som de bicho). Então, quando recebi resposta e a mensagem para permanecer onde estava, percebi que realmente estava sendo resgatado.

Não sabia exatamente como aquilo estava acontecendo, se alguém teria escutado meus gritos de socorro na mata, e considerava bem remota a possibilidade de ter ocorrido o que de fato aconteceu: minha família ter espalhado na internet o meu desaparecimento e o Luiz Albuquerque visto a informação pelo Facebook a ponto de responder que me viu no alto do Morro do Elefante. E foi justamente isto que houve, mas que também poderia não ter acontecido. E, neste caso teria eu permanecido lá até os urubus comerem meu cadáver.

Bem receptiva, a equipe de socorro cumprimentou-me, trouxe alimento, fez curativo nos meus calcanhares e me guiou dali até uma das saídas do parque na represa dos ciganos. Eles tinham começado a busca no começo da tarde, viram os locais onde eu tinha dormido e improvisaram uma trilha para me tirarem daquele buraco. Eu pedi muitas desculpas pelo transtorno causado já que viaturas e agentes públicos foram deslocados para me salvarem, porém ninguém ali ficou me julgando mau pelos erros cometidos.

Cerca de uma hora depois, sendo já noite, cheguei até à ambulância do Corpo de Bombeiros onde, após a médica examinar e ver que nada havia de grave, ainda assim sugeriu que eu fosse ao hospital. Concordei e fui conduzido ao Lourenço Jorge, unidade municipal de saúde. Ali, dormir numa maca e num lotado corredor com luzes acesas e uns pacientes alcoolizados perturbando o tempo todo, acabou se tornando um verdadeiro hotel cinco estrelas para quem tinha passado duas noites frias no mato sobre o chão frio da serra.

Depois desta experiência, estou buscando reavaliar a maneira como tenho conduzido meus caminhos. Pedi a Deus uma nova chance de viver e Ele, na Sua grande misericórdia, me concedeu. Estou me sentindo um pouco como o profeta Jonas quando ficou três dias na boca de um peixe e também me cuido para deixar de ser estúpido como orei Ezequias que, depois de receber o livramento divino, quis orgulhosamente exibir-se diante da embaixada dos babilônicos.


“Andaram errantes pelo deserto,
por ermos caminhos,
sem achar cidade em que habitassem.
Famintos e sedentos,
desfalecia neles a alma.
Então, na sua angústia,
clamaram ao SENHOR,
e ele os livrou das suas tribulações.
Conduziu-os pelo caminho direito,
para que fossem á cidade em que habitassem.
Rendam graças ao SENHOR por sua bondade
e por suas maravilhas para com os filhos dos homens!
Pois dessedentou a alma sequiosa
e fartou de bens a alma faminta.”
(Salmo 107.4-9; ARA)

42 comentários:

  1. Inacreditável, meu amigo... passado o perigo, acho incrível. Parece um episódio dos programas da TV, tipo "sobrevivi" !! putz... felizmente acabou tudo bem. Realmente, a natureza é surpreendente, nos dois sentidos. Não admite ser desafiada.

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    1. Amigão, meu estado de felicidade quando o resgate se aproximou foi enorme. Senti-me imensamente grato. Nasci mais uma vez!

      Agora, depois disso, quando olho para os morros daqui de casa cheios de verde, nutro uma reverência semelhante a de uma tribo indígena no extremo norte do país na região dos tepuis. Sinto que preciso aprender a curtir a natureza estando em meu habitat...

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  2. Embora eu não tivesse certeza, sabia que tudo ia acabar bem. A Floresta da Tijuca é artificial, bastante conhecida, muito visitada e toda mapeada. Desconheço um único caso fatal no qual fatores outros não estivessem envolvidos. A solidariedade dos grupos de trilheiros é grande, a competência dos bombeiros também, os urubus dão logo sinal, enfim, estava tudo a seu favor. Ótimo saber que você está bem e assimilou a experiencia.
    Forte abraço.

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    1. Caro Ivani.

      Obrigado por seu comentário.

      Realmente o PNT é bem mapeado, senão a equipe não teria me encontrado em apenas 4 horas. Mas, se não fossem as informações se cruzando na internet, com um grupo de trilheiros lendo no Facebook as notícias de desaparecimento enviadas pela minha família, quando que o resgate começaria as buscas? Até então ninguém sabia onde eu estava...

      Não há dúvidas de que o pessoal foi bem solidário! Tanto os trilheiros quanto os internautas que tanto se preocuparam com minha família.

      Grande abraço!

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  3. Que susto em Rodrigo! Também faço algumas loucuras nas minhas caminhadas até longas as vezes. Mas tomarei isto como exemplo. ficarei bem mais atento!

    Abraços.

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    1. Caro Doni,

      Esta experiência me fez lembrar de você.

      Depois dessa, já não aconselho ninguém a fazer caminhada sozinho.

      Vale a pena sempre lembrarmos que temos família para cuidar. Eu posso não ter filhos naturais ou adotivos, mas tenho uma esposa e gente que precisa de meu apoio.

      No grupo de debates do Parque Nacional da Tijuca, um participante chamado Fábio Rael deu excelentes dicas sobre ecoturismo:



      Algumas dicas para Iniciantes!

      Meus amigos, já caminho a muitos anos e ultimamente o número de acidentes e de pessoas perdidas tem aumentado muito. Frequentemente encontro pessoas perdidas ou totalmente despreparadas pelas trilhas.
      Já vi de tudo: bombeiro perdido, guias subindo montanha descampada no verão debaixo de tempestade, gente subindo Pedra da Gávea, sem água, sem comida e sem lanterna, 4 da tarde, etc.
      Mato é como mar e exige conhecimento e respeito!! O risco de acidentes existe mas pode ser minimizado se você estiver preparado.
      Não sei como foi o caso do Rodrigo e o conhecimento que ele tem, acidentes acontecem até mesmo com pessoas experientes. De qualquer forma ficam algumas dicas pra quem interessar:

      -Andem sempre acompanhados, se for iniciante, vá com alguém experiente, ideal andar em grupos de 3 a 4 pessoas, em grupos maiores é bom ter pelo menos 2 pessoas que conheçam a trilha.
      - Nunca façam trilhas sem se alimentar, muita gente sai pra caminhar sem café da manhã. O risco de ter um hipoglicemia e grande e sem atendimento a pessoa pode até morrer. Isso parece bobagem mas é o que mais acontece.
      - Levem água e lanche, sempre com uma margem de segurança, bom ter sempre frutas secas, carboídrato em gel, barras de cereais e barras de proteína, são itens essenciais que não fazer muito volume.
      - Levem lanterna, pilhas reservas, anorak, kit de primeiros socorros e alguém no grupo que tenha conhecimentos de socorro básico de emergência.
      - Procurem usar botas para evitar torções e picadas de animais peçonhentos. Carreguem sempre um cobertor de emêrgência metalizado, é leve e bom pra aquecer numa necessidade de um pernoite ou no caso de algum acidente.

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  4. Rodrigão

    Sinto-me feliz, por saber que você está bem e já no posto blogando para todos os amigos.

    Essa aventura aterrorizante, mas com final feliz, com certeza, deve ter deixado em você marcas profundas. E o que passou por sua cabeça durante esse longo período ao relento, fora do seu lar, deverá render algumas postagens sobre o que é viver no limite entre a vida e a sensação de morte iminente.

    A você que se perdeu mas foi achado no momento em que o corpo já dava sinais de esgotamento, um abraço virtual bem forte do amigo de sempre,


    Levi B. Santos

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    1. Obrigado pelo incentivo e pela força, Levi.

      Passaram-se muitas coisas pela minha cabeça. Como eu dormi pouco, cheguei até a sonhar acordado.

      Já não sei se posso ser considerado no"posto blogando" como fazia antes.

      Assim como eu me perdi na mata, andei perdido quanto à minha missão. Tenho falhado em minha vida passando muito tempo brincando no computador, tendo eu 36 anos, precisando trabalhar e dar um rumo nas minhas economias.

      Agora que nova chance de viver me foi dada, quero por a vida em ordem. Focar na vida profissional, dar mais atenção á esposa e meus contatos pessoais face a face. Sei que, na internet, fiz excelentes aproximações com as pessoas, mas o mau uso do computador que faço tornou-se uma abominável vaidade intelectual.

      O blogue vai continuar. Só que a direção que estou tendo pra minha vida é conduzir meu uso na internet de outra maneira menos compulsiva assim como as caminhadas ousadas.

      Abraços e obrigado pelas boas vindas. Você é grande pensador!

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  5. Rodrigão!!! Valeu!!! Se não fosse pelos incômodos que passou e o susto que levamos, especialmente suas senhoras rsrs era nota 10. Finalmente a vida é breve, valem a pena aventuras.

    Estou feliz de poder desfrutar de sua aventura, lendo aqui sua experiência, ainda que com os negativos, rsrs Você está entre nós e com mais experiências e amando mais a Deus. Eu, falo por mim agora, descobri que te amo mais que sabia.
    Beijão e obrigada por haver voltado.

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    1. Oi, Gui.

      Infelizmente esse susto fez mal pra muita gente. Fui um irresponsável.

      Minha tia ficou com pressão alta e minha sogra também. Sendo que a mãe da Núbia acabou sendo internada no Hospital do Andaraí no dia seguinte quando cheguei em casa (na quarta-feira) com uma forte crise. E isso aconteceu no quarto da casa enquanto eu dava entrevistas pra TV Record na sala. Agora ela passa bem.

      Minha experiência, amiga, é que tenho uma grande missão a cumprir e não posso fazer como o profeta Jonas que, ao invés de ir pra Nínive, pegou um navio rumo a Társis. Por isso Deus deixou que ele ficasse três dias na barriga do peixe.

      Hoje indentifico-me muito mais com a história desse profeta.

      Abração e obrigado pelas palavras!

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  6. Que susto você nos deu, Rodrigo!!!!

    Que bom que tudo terminou bem. Você foi forte, apesar do desespero que sempre nos assalta numa situação dessas. E parabéns também aos bombeiros, sempre fazendo um ótimo trabalho.

    No fim, ficou a experiência.

    abraços

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    1. Edu,

      A equipe de resgate foi fantástica!

      Os bombeiros agiram bem, mas eles foram, na verdade, os apoiadores. Quem liderou os trabalhos em campo parece ter sido mesmo o pessoal de uma empresa terceirizada que presta serviços pro parque. Foram eles quem me rastraram sem uso de cães e depois souberam improvisar uma trilha para me tirar do vale onde eu estava. A ação dos bombeiros seria mais para o caso de eu ter me machucado sérios e eles me levarem.

      Ficou mesmo a experiência e desejo não esquecer dela pro meu próprio bem porque conheço muito bem a minha mente e como posso facilmente me psicoadaptar e uma nova situação reduzindo o drama ocorrido no pasado.

      Sou grato a Deus porque até hoje Ele me livrou dessa e de outras situações também piores.

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  7. Rodrigo,

    Fico feliz que tudo tenha se resolvido e você tenha sido encontrado bem. Sei como é quando a gente gosta de trilhar pelas matas. Eu fazia muito isso desde os 13 anos de idade, mas nunca sozinho. Sempre ia com meu irmão de 12 anos aos morros da Serra Geral na região de Santa Maria - RS, onde nasci. Nunca nos perdemos, mas eu sempre fui bom em decorar o caminho de volta, se necessário, e minha orientação é muito boa. Sempre levava água e comida, e roupa para o frio. Mas, jamais entrei sozinho em matas exatamente para evitar o que lhe aconteceu. O susto deve ter sido grande. Fazer trilhas é ótimo, mas precisamos de certos cuidados antes. Quais são, você mesmo descobriu através desta experiência intensa.

    Bom retorno ao lar e ao carinho dos seus.

    Seu amigo, Paulo Stekel
    http://espiritualidadeinclusiva.blogspot.com

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    1. Pois é, Paulo. Na maioria das vezes eu costumava fazer essas trilhas sozinho porque não queria ficar aguardando a oportunidade de ir com um grupo. Mas de fato, não é bom andar sozinho por outras razões. Não necessariamente porque a pessoa pode se perder, mas sim por causa de algum acidente ou situação em que um vá ter que depender da ajuda do outro. O melhor para não se perder é caminhar com alguém que já conhece o local. Porque assim como se perde um, podem se perder dois, três ou mais. Mas se existe um guia que já andou no local, a situação fica diferente.

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  8. Ola Rodrigo
    Agora que já estas em casa ao lado de sua esposa,vou relatar o que passou em minha cabeça até o momento em que sua mãe me telefonou dizendo que você havia sido resgatado. Como você é uma pessoa fisicamente forte, só podia crer que algo pior havia acontecido e que você por alguma razão estava com seus movimentos limitados, caso contrário tinha a certeza que você encontraria uma forma de sair da Floresta. Estava com uns amigos por volta das 17h, e tinha decidido que se não encontrassem você, sairia bem cedo com mais um amigo e iria procura-lo. Mal havia acabado de revelar minha intensão e recebia o telefonema de sua mãe informando eufórica que você havia sido encontrado. Fiquei muito feliz e quando meus amigos perguntaram informei desta forma: O Rodrigo foi encontrado inteiro, com algumas avarias vários arranhões nas pernas, bolhas nos pés, hipotermia enfim nada que uma boa limpeza, soro e alguns curativos não possam resolver.
    Um forte abraço
    do Amigo
    Luiz Albuquerque

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    1. Luiz,

      Sou imensamente grato a você, meu brother, conforme falei por email contigo.

      Quando me encontrei com seu grupo lá no alto do Morro do Elefante, fiquei mais motivado a encarar aquela trilha. Da vez anterior em que tinha estado lá, em maio, não consegui achar o caminho porque o sol estava se pondo. Então, desta vez, eu pensava se iria fazer a trilha ou não. Aí vi pessoas vindo do Alto da Boa Vista pra cá e fiquei demasiadamente empolgado.

      O que poderia ter me desorientado quando rompi o Morro do Elefante talvez tenha sido essa empolgação e o excesso de auto-confiança. No começo, parecia que iria ser uma trilha bem definida, sem dificuldades de errar, mas depois vi que estava num local onde não conseguia mais achar a saída. Nem pra continuar e nem pra voltar. E isto se deu justamente num bananal abandonado que, em outros tempos, deve ter sido parte de uma fazenda antiga.

      Mas isto serviu de lição pra mim. Refleti e cheguei à conclusão que, mesmo se conhecesse bem a trilha, não deveria andar sozinho por lá. Também concluí que não posso fazer das caminhadas uma compulsão doentia por conquistar lugares novos como se estivesse colecionando roteiros de ecoturismo. O barato da vida não pode estar nisto.

      Graças a Deus tudo acabou bem.

      Abração!

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  9. cara, na boa, ja me desorientei varias vezes no pnt mas sempre me achei, morro do elefante nao é dificil mas tu foi parar num lugar que nao saquei, talvez ja tenha passado por ele pois em dezembro de 2011 fiz as partes remotas do pnt pra fechar o pnt

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    1. Pois é, Joir. A princípio eu me perdi num bananal (acho que ali deve conhecer). Depois, como não consegui nem achar o caminho de volta, fui me emburacando mais. Ouvia o barulho da estrada Grajaú-Jacarepaguá, mas não conseguia chegar até lá. Talvez porque o parque está mesmo com os seus acessos fechados, Quando eu andava por Nova Friburgo e região, consegui me achar porque, sempre que ouvia um barulho de carro, sabia que teria uma via pra chegar até uma estrada. Também, se chegasse a algum bananal, sabia que poderia achar a casa de algum morador por perto. Só que lá, nesta área do PNT, é tudo um "deserto". Até pelo tamanho do bananal dá para ver que ele foi abandonado faz bastante tempo.

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  10. Rodrigo, ficamos muito angustiados com a notícia do seu desaparecimento. Ler o seu relato, especialmente para mim que sou urbana e não gosto muito de me embrenhar, é realmente assustador. Mas o melhor é a experiência que adquiriu e a nova chance que foi dada a você e sua família. É bom ter olhos novos!
    Um abração e tudo de bom pra vcs.

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    1. Realmente, mariani, tenho muito o que pedir desculpas às pessoas. O que fiz foi grave, embora não tenha sido proposital, mas fruto de uma grande imprudência.

      Refleti e estou chegando à conclusão que, para curtirmos natureza, não é preciso nos embrenharmos tanto nas matas. Preciso encarar o desafio de me contentar com a sombra de uma árvore e o barulho de um riacho numa distância mais curta. Preciso descobrir o prazer de sentar no banco de uma praça, aproveitar um jardim, um quintal, uma praia para não ficar mais andando sozinho em trilhas sem ter uma razão que justifique.

      Grande abraço amiga e obrigado por ter torcido por mim.

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  11. Parabens pela superação, que aprendamos a lição, e nunca irmos a algum destino sem avisar pelo menos duas pessoas no mínimo . Graças ao São Luis, rsss...você escapou dessa, ressalto não só o belo trabalho dos bombeiros mas também dos funcionários do PNT, que resgatam muitas pessoas todo ano, mas a mídia não reconhece o trabalho deles.

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    1. Realmente não nego que isto acabou sendo uma superação e, por incrível que pareça, trouxe-me coisas boas. Um dos benefícios é que estou conseguindo lidar melhor com o meu apetite e também com a mania de me agasalhar a toda hora. Agora, depois de ter experimentado pela primeira vez na vida o que é passar fome, estou com mais força pra disciplinar a minha alimentação.

      Quantas vidas não foram salvas até hoje por intermédio do trabalho dos bombeiros e desses brilhantes funcionários do parque?! Nossos bombeiros continuam ganhando muito pouco e a equipe que faz resgate no PNT quase ninguém fala dela. Porém, é um pessoal super treinado e que presta um serviço de primeiro mundo. Bem que algum telejornal poderia fazer uma reportagem sobre eles.

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  12. Rodrigo, só fiquei sabendo quando você foi resgatado, pois estava "out" durante uma semana. Me surpreendi quando vc fala no texto que pensava que a Floreta da Tijuca era um jardim. Ela é a maior floresta urbana do mundo e tem cerca de 3.200 hectares. Fui criada na Tijuca e boa parte da minha adolescência passei fazendo suas trilhas. Conheço inúmeros casos de pessoas que se perderam, amigos, conhecidos etc. Que bom que você conseguiu sobreviver... deve ter sido um grande aprendizado. Abraço.

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    1. Ana, hoje eu diria que aquilo ali é um grande labirinto... (rsrsrs)

      Após ter caminhado bastante pela Serra do Mar, que é muito maior, achei que os dois maiores blocos isolados do Rio de Janeiro (o maciço da Tijuca e o da Pedra Branca) seriam coisa pequena pra mim.

      Realmente é aí que agente se engana. É quando perdemos a reverência e o respeito, conforme eu fiz pensando que iria andar o Rio de Janeiro todo sozinho, sem precisar de guia e fazendo coisas ousadas.

      Agora, como havia respondido ao Fábio, no primeiro comentário, estou nutrindo um respeito pela montanha como fazem (ou faziam) os índios da nossa tríplice fronteira do extremo norte do país, cujos ancestrais não sobem até o cume do Monte Roraima e, quando prestam serviço de guia ao turista, vão só até certo ponto considerando ser ali um solo sagrado.

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  13. Olá,

    Você deu muita sorte de nada mais grave ter acontecido, depois de ler o relato, não seria difícil algo de pior acontecer, mas também, não absorva isso de forma negativa, tente canalizar o lado positivo da coisa para que não aconteça outra vez. Tomando os devidos cuidados vc poderá fazer as trilhas, desde que acompanhado e preparado para a atividade.

    Jamais esquecer do equipamento básico, vou deixar aqui mais algumas dicas:

    Bota (nunca faça trilhas de tênis, vc pode ter uma torção/fratura e não poder andar), já vi gente ter fratura em três partes do tornozelo porque virou o pé numa caminhada simples como Pico da Tijuca e ser resgatada por helicóptero (eu participei do resgate com uns amigos), meias grossas tipo a selene, água (2 a 3 litros), lanche reforçado, repositor de glicose, duas lanternas (uma de mão e uma de cabeça) pilhas reservas, kit primeiros socorros, repelente, anorak (independente da época), poncho (capa de chuva), cobertor ou saco de emergência (super leve, aumenta a temperatura corporal em 6º), proteror solar, chapéu australiano, clorin (purificador de água), perneira, celular...

    Nunca sabemos o que pode acontecer, as vezes saímos pra fazer algo rapido, leve e acabamos emendando com mais alguma coisa ou mudança de planos/imprevistos que podem ocorrer, em ambientes naturais e muitas vezes hostis, é sempre bom estar preparado para não ser surpreendido, ter um conhecimento básico sobre fauna e flora local, muitas vezes pode ser a sua salvação.

    Quando for fazer trilhas, esteja pelo menos com mais duas pessoas e entre elas, pelo menos uma mais experiente e que tenha o conhecimento sobre o terreno e/ou traçado a ser feito, isso evita alguns riscos desnecessários que muitas vezes podem custar a sua vida.

    Jamais ande só com uma lanterna, leve no mínimo duas com pilhas/baterias reservas, pois quem está com duas lanternas, tem pelo menos uma, caso uma delas apresente algum problema, eu geralmente ando com três e as vezes até com mais.

    Nas no final das contas, que bom que nada mais grave lhe aconteceu, sem comida voce consegue sobreviver alguns dias, sem água no máximo 3 e a hipotermia se não for controlada a tempo é fatal. Fico feliz que no final deu tudo certo, os monitores ambientais do PNT estão de parabéns, lhe encontraram bem rápido depois que foram acionados.

    Pelo que entendi no seu relato, após você cruzar o Morro do Elefante, pegou um caminho que desce a direita, saiu num bananal e no rio, ali é bem complicado, varando aquela mata fechada você acaba saindo no vale dos Ciganos, num trecho após o Lajeado. Essa região é uma zona primitiva do PNT, previsto no atual plano de manejo, por isso não pode haver visitação.

    Abraços

    Jeremias Freitas (Jerê)

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    1. Foram bem valiosas as suas dicas. Concordo com tudo o que colocou, inclusive sobre ver a coisa do lado positivo. Ou como se diz no ditado, "fazer do limão uma limonada". Estou tomando o acontecimento como mais um aprendizado que a Vida me deu.

      Realmente eu fui sair mesmo é no alto da cachoeira de um dos rios que contribui para a represado Cigano. Não saberia dizer qual é o nome do rio e nem onde se situa o "Lajeado". Apenas sei que, quando a equipe de buscas me encontrou, eu estava apenas numa distância de uns 5 minutos de uma trilha que vem dessa tal represa e foi por onde saí do PNT. Recordo que, andando rio abaixo até o alto da queda d'água, existe uma linda floresta assim como em outros rios por ali também. Lembro também que me desviei do caminho seguindo à minha direita.

      Felizmente acabou tudo bem!

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    1. Esqueci de dizer, em caráter informativo, a Floresta da Tijuca não é a maior floresta urbana do mundo,a maior é o Parque da Pedra Branca com seus 12.500 hectares, e certamente é muito mais fácil de se perder do que na Floresta da Tijuca, até porque o Parque da Pedra Branca não tem nenhuma sinalização e é MUITO menos frequentado que o Parque Nacional da Tijuca, ou seja, as trilhas são mais fechadas, abandonadas e também muito longas.

      O parque da Pedra Branca abrange as serras: Valqueire, Viegas, Bangu, Barata, Lameirão, Engenho Velho, Rio Pequeno, Taquara, Pedra Branca, Quilombo, Santa Bárbara, Rio da Prata, Nogueira, Alto do Peri, Sacarrão, Geral de Guaratiba, Carapiá, Cabuçu e Grumari. Vários bairros do RJ estão em seu entorno, principalmente a região de Jacarepaguá.

      Jeremias Freitas

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    2. Bem lembrado porque nem todo carioca sabe ao menos da existência desse outro parque - o da Pedra Branca.

      Olha que, naquele mesmo dia em que me perdi, antes de ir pra trilha, falei pra uma pessoa de minha ONG sobre a ideia de fazer uma trilha indo da Praia de Grumari até Guaratiba. E olha que, até então, curtiria o desafio de ir sozinho quando "desse na telha".

      Assim que desapareci, essa pessoa da ONG compartilhou com minha família que eu falei em fazer a travessia pra Guaratiba, apesar de não ter confirmado pra ninguém se iria pra lá naquele dia. Aí, se não fosse a informação do Luiz Albuquerque, minha mãe teria era pedido aos bombeiros que fizesse uma infrutífera busca nessa área do parque da Pedra Branca.

      Dei muita sorte de ser achado. As coisas conspiravam para que eu não fosse porque não avisei a ninguém da família aonde iria por mera imprudência.

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    3. Não aconselho você a se aventurar na Pedra Branca, uma vez que se perdeu no PNT onde as trilhas frequentadas e autorizadas são sinalizadas. Certamente, em algum momento você saiu do caminho. Mas, ir pra Pedra Branca, só aconselho se for com alguém que conheça bem o local. Pois, lá o resgate será muito difícil, caso se perca.

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  15. Camarada,
    Graças à Deus pela sua vitória!!! E felizmente vc está vivo para reconsiderar suas atitudes. Também tive que dormir uma noite descendo o Pico do Frade em Macaé, num 1° de maio, há 14 anos atrás, sem nenhuma estrutura e com meu sobrinho e um amigo, ambos menores de idade. Foi sufoco somente uma noite, imagino vc, duas noites, cansado e com fome... vc é guerreiro irmão e Deus esteve o tempo todo te sustentando.
    Grande abraço!!!

    Charles Edward Machado

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    1. Charles!

      Eu já passei perto desse Pico do Frade há muito tempo atrás quando andei entre o povoado que leva o mesmo nome e a represa de Tapera, já no município vizinho de Trajano de Morais. O lugar é alto pra caramba! A altitude dali faz com que o ambiente nada tenha a ver com o clima de uma cidade litorânea como Macaé. As temperaturas são típicas da Região Serrana mesmo! Pelo que li em seu comentário, vocês não estavam perdidos, mas tão somente tiveram que dormir no caminho. E o mesmo quase aconteceu comigo e minha esposa uns 10 anos atrás em Cachoeiras de Macacu, mas que também, graças a Deus, tudo terminou bem. Creio que foi Deus mesmo quem me sustentou, embora Ele não permitiu que dessa última vez eu achasse o caminho pela minha astúcia, mas tivesse que esperar por um resgate. De qualquer modo, foi uma vitória que não tem preço apesar da atitude temerária de minha parte.

      Abração!

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  16. Sou filho na fé de Guiomar e ela estava hospedada em minha casa qdo soube q/ vc sumiu... Ela orou, chorou, pediu e pediu a Deus q/ ñ deixasse vc morrer e eu e minha esposa oramos tb.
    Li sua aventura e peço: nunca ceda à tentação de fazer trilha sozinho de novo,ok?
    Te admiro.
    Carluca

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    1. Amigo,

      Fico feliz que tenham orado. Sou muito grato às pessoas que, durante aqueles dias, fizeram suas intercessões por mim. Muitas nem ao menos me conheciam!

      Realmente não estou disposto a fazer trilha sozinho novamente. Tenho uma missão de Deus a cumprir!

      Abração!

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  17. Oi Rodrigo, acho que tenho uma idéia de onde vc se perdeu. Todo cuidado é pouco quando se trilha no Rio de janeiro, pq além da própria floresta poderia ter problema com bandidos se pegasse outra rota.
    Faça amigos que gostem de montanhismo, de prioridade as trilhas com pessoas que conheçam a trilha, não dispense comida e equipamentos de segurança.
    Grumari x guaratiba pelas praias selvagens eu já fiz, parte da trilha é cheia de bifurcação muito fácil de se perder, se resolver ir tente ir com alguém que saiba o caminho. abração.

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    1. Caro San,

      Eu diria que, naquele momento em que fiquei todo aquele tempo perdido, até arriscaria pedir socorro a algum bandido.

      As dicas que você e outras pessoas estao me passando são muito importantes. Já me falaram das bifurcações dessa trilha de Guaratiba e realmente prefiro não andar sozinho por lá e nem em outros lugares. Mesmo que eu demore mais um pouco para conhecer as praias selvagens e os recantos do Parque Est. da Pedra Branca.

      Abraços.

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  18. Rodrigo, acho que conheço o ponto onde você se perdeu. É onde a trilha vira para a esquerda, de repente. Como muita gente segue em frente, caindo naquele bananal, esta trilha errada está muito batida. Na primeira vez que eu fui lá, acertei. Na segunda errei, entrei no bananal, e voltei após procurar um pouco.
    O que ajuda muito é o mapa da Floresta da Tijuca, emitido pelo Instituto Pereira Passos. Ele mostra perfeitamente esta virada. Como o mapa foi feito para pendurar num mural, o dobrei da forma que posso levar comigo - já me salvou várias vezes.
    Quando caminho sozinho costumo enviar SMS com certa frequencia para minha mulher. Ai ela tem o percurso até onde me perdi, o que facilita o resgate (que ainda não precisei).
    Ainda bem que seu caso foi só um susto ...
    Forte abraço, Hans

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    1. Prezado Hans,

      Foi um erro meu não ter nem ao menos adquirido este mapa antes. Porém, maior erro foi ter feito o passeio sozinho, sem a companhia de alguém que conhece o lugar e sem celular.

      De fato, até ficar perdido com o celular não é uma boa. Por minha causa, viaturas foram deslocadas e outras pessoas podem ter morrido por falta de atendimento do SAMU. Isto porque, durante o tempo em que estava sendo resgatado, uma ambulância dos bombeiros ficou à disposição perto da represa dos Ciganos e que poderia ter realizado outros atendimentos.

      Felizmente foi só um susto sem que eu tivesse um tombo forte ou quebrasse alguma cosia. Graças a Deus tô aqui vivo e escrevendo no computador.

      Abraços.

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  19. Rodrigo, o seu relato nos recomenda bem o que deve ter sido a sua angústia. Eu particularmente sinto-a na pele, de pronto. É que também sou dado a me aventurar matutamente Rio afora - morador-pecador desta indivizível cidade, por sinal, lindíssima toda ela, ocupando-a e alargando-me com ou sem preguiça até os limites físicos e sensoriais, sem ferír nada e com ela me fazendo bem, pela própria natureza, claro, mais uma clareira, enfim, essências ululantes... que recomendação que se perdeu? olha, já entrei em algumas matas da Tijuca até de bicicleta, o que pode ser considerado um abuso, dado o tamanho do desafio, pois, que, longe de eu ser expert e querer me profissionalizar, formar grupo destas coisas, me municiando, ou mesmo o que restaria de mim ao não me deixar provocar através de que tais dificuldades, logo, amenizadas, se tudo der certo, ficando claro; é mais a cidade e a sua influência sobre mim, seus habitantes fim-de-linha, seu ameaçador escurecer, deixar levar, deixar guiar, apito... tenho folga e já escolho um destino; que não seja óbvio, por favor. Bem, vivendo e aprendendo. Apanho a meio caminho o seu exemplo. Mas certo é: não devemos viver sem estas aventuras, como a sua! Parabéns e que bom que tudo terminou bem. Sem te conhecer, comentei mais foi por sentir em seu relato os seus motivos espirituais - estes sempre bem precavidos na aventura, agora ampliados, sensações essas que também cultivo por ser vivo e dou corda. Só assim a corda não morre. Liga sangue coração e mata. Um abraço, Rod Britto.

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    1. Muito interessante o seu comentário, amigo.

      Difícil é ficar sem aventurar-me pelas lindas paisagens dessa nossa geografia tão rica e cheia de variedades. Mas do que adianta por tudo a perder num só dia por motivo de imprudência?!

      Daqui pra frente, vou me segurar para não fazer mais trilha sozinho. Vou tentar curtir a natureza sem exposição ao risco e não me deixar que passeios ecológicos tornem-se uma compulsão.

      A natureza é linda, mas é preciso respeitá-la. E o segredo da aventura está dentro de nós, não necessariamente nos ambientes.

      Forte abraço!

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  20. Nossa!! é o que bem disse, floresta é como o mar, só entra quem se sente confiante e dá nisso, que sorte, porém nem consigo imaginar!! JAMAIS trilha sozinho, já fui montanhista e isso aprendi bem e também sou medrosa!! Passarei esse seu texto a minha filha que se acha espertíssima,kkkk e pode ser a próxima...Cruzes!!!pelo menos sozinha ela não vai,rsrs

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    1. Amiga, embora mesmo depois dessa eu não tenha medo de aventurar-me na floresta, confesso que passei a respeitar mais. Após ter sido resgatado, passei a olhar para as montanhas da janela do meu apartamento com certa reverência, lembrando que meu habitat não é lá, mas sim aqui no espaço urbano. Não nego que muitas vezes dá vontade de aventurar-me novamente, mas aí lembro do compromisso que devo ter com a vida e com as pessoas que precisam de mim. Então, conformando-me com a impossibilidade de caminhar por certos lugares, vou tentando desenvolver uma admiração pelo meio ambiente em áreas já ocupadas/visitadas pelo homem como as praças, as vias públicas, os balneários e os locais mais movimentados dos parques ecológicos. Ainda bem que sua filha não experimenta aventurar-se sozinha por aí. Ainda mais sendo mulher porque há muita maldade neste mundo. Fazer trilha é um esporte saudável, mas deve ser sempre em grupo, com quem conhece e equipamentos necessários para alguma eventualidade.

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