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terça-feira, 10 de maio de 2011

Os crentes precisam ser novamente evangelizados!


"É preciso evangelizar os crentes"!

Assim dizia no púlpito o pastor responsável pela igreja onde eu me congregava anteriormente aqui em Nova Friburgo.

Já foi tempo em que eu comemorava o aumento do número de evangélicos no Brasil como se isto fosse um grande avanço para a nação. Cada vez que ouvia notícias sobre a expansão do protestantismo no mundo iludia-me pensando que de fato o planeta estaria sendo bem preparado para a gloriosa volta de Jesus. E pensava deste jeito mesmo durante os doze anos em que passei desviado da frequência dos cultos numa igreja, supondo que, apesar de todos os erros dos pastores, seriam eles quem de fato estariam anunciando a salvação de Cristo.

Até então eu tinha profunda aversão pelo catolicismo, espiritismo, religiões afro, seitas orientais e testemunhas de Jeová. Era capaz de ver distorções das mensagens e práticas dos padres católicos, mas me recusava a encarar os absurdos ditos pelos pastores. E, no fundo, eu sentia era medo de desafiar a suposta autoridade daqueles que intitulavam ser os verdadeiros líderes ainda que eu andasse distante da Igreja.

Hoje em dia percebo o quanto muitos evangélicos estão deixando de desfrutar do reino dos céus por causa de pastores moralistas e vendedores de ilusões que adulteram a mensagem do Evangelho prometendo soluções para os problemas imediatos das pessoas. Líderes que, ao invés de ensinarem sobre o significado do que é viver em Cristo, levam milhares de ouvintes ao engano, alienando multidões e subtraindo do pobre o pouco recurso financeiro que lhe resta.

Fico muito triste em ver pessoas andando cegas atrás destes homens. Aqui em Nova Friburgo, já vi muita gente comprando até ingressos em anos anteriores para assistir alguns dos pastores midiáticos pregarem no estádio do clube do Friburguense. Lembro da vez em que o Marco Feliciano e outros caras vieram aqui e, na época, minha esposa achou um absurdo cobrarem para assistir uma pregação. Então uma de suas amigas chegou a comprar um ingresso, tirando do próprio bolso, para que Núbia fosse com elas. Só que, felizmente, minha mulher não embarcou nesta.

Ultimamente minhas maiores decepções com os evangélicos tem sido por causa do discurso político fundamentalista que certos líderes têm feito, alimentando cada vez mais a ignorância do povo. Foi o que assistimos durante as eleições de 2010 e também agora após o STF ter aprovado a união estável entre homossexuais em que o "pastor" Silas Malafaia tem convocado um protesto contra a união gay para o dia 29 de maio em frente ao Congresso Nacional.

Sinceramente eu não vejo respaldo bíblico para que o Sr. Silas Malafaia convoque um protesto com este objetivo, sendo que o reconhecimento da união estável entre homossexuais, ou mesmo se fosse o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, em nada pode afetar a Igreja.

O fato do STF ter reconhecido a existência da união estável entre homossexuais, que é um fato social já existente no nosso meio, não significa que o Silas Malafaia vai ser obrigado a celebrar cerimônias de compromisso gay ou lésbico na sua denominação religiosa. Só que as lideranças homossexuais, na prática, não tem brigado por isto. Pois mesmo que um ou outro chegue a propor coisas absurdas tipo impedir a produção de bíblicas, sabe-se que exageros existem em todos os movimentos da sociedade ocorrem exageros que não se tornam representativos.

Contudo, líderes enganadores como o Sr. Silas Malafaia sempre existiram e o que mais me incomoda é o fato das pessoas quererem ser enganadas. Pois vejo que o povo brasileiro preferiu trocar a gaiola dos padres pelos grilhões do evangelicalismo mas até hoje recusa a viver a liberdade para a qual Cristo nos chamou.

Neste sentido, gostaria aqui de compartilhar estes trechos do interessante artigo escrito pelo irmão Hermes C. Fernandes em seu blogue:

"É triste constatar que há muitos tirando proveito do rebanho de Deus. Usam da credulidade do povo para alcançar seus fins, nem sempre louváveis. Fazem promessas mirabolantes, que jamais poderão cumprir. Loteiam o céu, e vendem o que jamais podem entregar (...) Infelizmente, o povo de Deus tem sido massa de manobra nas mãos desses homens inescrupulosos (...) Vemos muito abuso de autoridade, em que a vida privada das pessoas é invadida, e seus direitos violados (...) Tudo começa com um inofensivo alçapão estrategicamente armado. Desavisado, o pássaro avista um pouco de comida e logo se aproxima. Depois de pego é levado para uma gaiola. Seja de bambú ou de ouro, gaiola é gaiola. Pássaros foram feitos para a liberdade. Engaiolado ele até canta, mas de saudade de voar livremente. Ninguém tem o direito de invadir a privacidade de outrem, ditando o que lhe é ou não permitido fazer (...) Alguns, mais escrupulosos, apresentam tais regras como “princípios”, ignorando toda e qualquer regra hermenêutica. O Evangelho acaba sendo transmitido como uma receita de bolo. Se as pessoas fizerem tudo direitinho, hão de colher os resultados esperados Todo tipo de arbitrariedade é praticado, usando como pretexto a autoridade espiritual que recai sobre o líder. A doutrina que advoga a infalibilidade papal agora encontra seu par entre os herdeiros da Reforma Protestante. Quem quer que ouse questionar o líder, é chamado de rebelde, e, por isso, deve ser expurgado, excomungado, excluído do meio do rebanho. Em alguns casos, o pastor se acha no direito de dizer com quem a pessoa deve se casar, onde deve morar, em que deve trabalhar, e etc. Não atender às ordens pastorais é insubmissão que deve ser rigorosamente punida (...)" (extraído de http://www.hermesfernandes.com/2010/05/fuja-da-gaiola-dos-aproveitadores-da-fe.html#comment-form)

É triste ver que a religião cristã no Brasil não está promovendo o esclarecimento do povo e sim investindo na sua alienação. Um pastor que deveria estar estimulando a tolerância dos crentes em relação aos homossexuais, na prática acaba gerando mais conflitos e fechando a porta do Reino dos Céus para milhões gays e lésbicas, os quais tornam-se cada vez mais resistentes quando alguém vem lhes falar sobre Jesus.

Por causa destas e outras, cada vez mais concordo com o Caio Fábio quando ele faz suas críticas ao sentido atual dos termos evangélico e cristão. Hoje em dia para comunicarmos o Evangelho da graça a alguém é melhor não nos identificarmos mais com a cristianismo e suas ramificações, mas unicamente com o Cristo. Logo, quando digo pra alguém que sou cristão, faço questão de explicar qual o signicado pra mim desta palavra que é o de seguir a Jesus não a nociva religião cristã.

Todavia, quando me deparo com a desevangelização feita pelos evangélicos e cristãos de um modo geral, percebo que a tarefa de anunciar as boas novas é algo árduo e parece não ter mais fim. Pois se os que antes eu considerava como porta-vozes do Evangelho de Cristo agora precisam ouvir novamente, sinto que o parto do novo nascimento parece nunca ter fim. A impressão aparente que se tem é que as pessoas dão um passo pra frente e dois para trás.

Independentemente das coisas desanimadoras que vejo, sou otimista quanto ao futuro. Chego à conclusão de que todos precisamos ser permanentemente evangelizados e que as recaídas individuais ou coletivas fazem parte da nossa trajetória. Sei que, apesar de toda obscuridade que vejo no cristianismo, Deus está no final desta história e os acontecimentos frustrantes servem de ocasião para experimentarmos o nosso crescimento e amadurecimento.

7 comentários:

  1. As iscas dos fariseus televisivos (como esses que você falou, Rodrigo) são perigosíssimas. Eles se acostumaram a pegar aqueles peixes incautos, que tomados pela fome dos olhos, não enxergam a arma letal que se esconde por dentro da isca. Os peixes mais belos são retirados ainda vivos dos seus anzóis e colocados em “aquários”, cujas paredes denominam de “doutrina”. E ali, os pobres peixes ficavam a nadar na insípida água de seu novo templo, chamado tanque, ou aquário ─ , representação esdrúxula do real oceano criado por Deus.
    Esse homem fica horas, e mais horas, estático, diante destes “templos-aquários”, apreciando os movimentos estonteados dos peixes a se baterem contra as paredes de vidros (doutrinas), numa tentativa inútil de se livrar da prisão onde foram confinados. Esse homem, no entanto, ignora que eles, os peixes, foram violentados com a perda da liberdade.

    Esse homem, ou é surdo, ou faz ouvidos moucos para o que Cristo está a bradar ao seu ouvido:

    ─ Atenta-te para me ouvir ó insensato homem! ─ Eu vim ao mundo para encurtar a distancia entre ti e o meu Pai. Não quiseste; preferiste erigir um púlpito, ou altar para ficar bem distante de mim. Eu vim para conversar contigo, como os irmãos fazem a hora do jantar, sentados ao redor de uma mesa. Eu queria te tratar como a um irmão, e não ser adorado e temido como um ídolo. Queria te ver vestido na simplicidade dos comuns, mas preferiste paletó, gravata e aviões. Os pequeninos têm medo de se aproximar de ti, pois estás muito diferente com esta vestimenta e, além do mais, coberto por um véu que eu já tinha rasgado de uma vez por todas lá na cruz do “calvário”. Soerguesse de novo o altar que foi destruído com o templo, para adornar o teu céu ficcional com os inocentes peixinhos, criados por meu Pai para serem livres. Esqueceste, que a maldição da força do “anzol”, eu quebrei lá na cruz. Agora, abre os teus olhos, e recolhe o teu anzol. Quebra os teus aquários, e devolve estes peixes ao meu mar, de onde nunca deveriam ter sido violentamente tirados.

    OBS: O trecho acima foi uma adaptação que fiz de um ensaio postado no “Ensaios & Prosas” - em março de 2007, (acho que tem tudo a ver com o momento atual), cujo link segue abaixo:

    http://levibronze.blogspot.com/2007/03/do-anzol-para-o-aqurio.html

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  2. Ótimo comentário, Levi! E o que colocou lembra também um outro artigo meu de dezembro chamado "A libertação dos homens peixes":

    http://doutorrodrigoluz.blogspot.com/2010/12/libertacao-dos-homens-peixes.html

    Muitas são as correntes psicológicas que esses enganadores da fé usam para prender seus seguidores, dentre as quais se tem:

    1. Medo do inferno: a pessoa acha que se deixar a "igreja" onde se congrega irá "perder a salvação" porque as outras são falsas mas só aquela é a verdadeira. Inclusive é dogma papal no catolicismo herdado insconscientemente pelos reformadores que "fora da Igreja não há salvação", apesar desta afirmação já estar bem mitigada nos dias atuais e vista de um modo interpretativo pelos católicos.

    2. Recompensas póstumas: Existem aquários onde a pessoa é estimulada a trabalhar em prol da instituição acreditando que receberá algum tipo de recompensa ou galardão. É como se a cada ato em benefício das "igreja" fosse contado mais um pontinho que pode significar uma posição melhor no Paraíso. Geralmente os Testemunhas de Jeová "evangelizam" estimulados desta maneira.

    3. Medo da pobreza, de doenças ou maldição: Como o medo do inferno nem sempre funciona, estes líderes manipuladores partem para uma outra estratégia mais mundana e menos espiritual, digamos assim. Eles apavoram o seguidor de que, se ele não participar de certas "campanhas" ou deixar de cotnribuir com ofertas, não será abençoado. Surge aí o medo de que, se o dízimo for sonegado, Deus vai permitir um "demônio devorador" prejudicar as finanças das pessoas. E tais líderes chegam a citar exemplos de pessoas que, depois de deixarem a "igreja" ficaram doentes, enlouqueceram ou morreram.

    4. Ver o líder como um "homem escolhido por Deus": Neste caso, o frequentador passa a ter medo de criticar seus "pastores" para não ser amaldiçoado, castigado ou se ver em pecado. Opor-se ao pastor seria como rebelar-se contra o próprio Deus! Mas acatar sem questionar as orientações do líder e até mesmo votar nos candidatos por ele indicado torna-se um ato de obediência e que, às vezes, é acompanhado por um tipo de recompensa.

    Bem, estes são só uns exemplos de como as correntes psicológicas são montadas. Porém, há casos em que o esquema se rompe.

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  3. Continuando...

    Certa vez, uma mulher muito ativa na congregação tentou suicídio dentro de casa por motivo de depressão e de outros transtornos psíquicos. Felizmente ela não morreu, mas aquilo deixou um bando de gente perplexa. Então, quando ela já estava em casa, o pastor lhe pediu que não fosse mais aos cultos no próximo domingo. E não sei agora dizer exatamente os motivos para que ela não voltasse no próximo culto, mas parece que o fato de um membro ativo e com um carisma natural de liderança ter tentado se matar mexia com o sistema da instituição que encobria as fraquezas humanas como se pastores e obreiros não fossem também gente de carne e osso, mas sim crentes de borracha acima de qualquer suspeita.

    Meditando sobre estes abusos, vejo o quanto o sistema religioso institucional é extremamente nocivo para a própria espiritualidade. É algo que adoece pessoas dentro das próprias congregações visto que é estimulador de vaidades, de competições entre membros, de bajulações ao "pastor", de intrigas, de fofocas sobre o comportamento de "A" ou de "B", de moralismos hipócritas e de vidas de aparência.

    Até mesmo nas "igrejas" onde se prega uma teologia de prosperidade, existem pessoas que mentem sobre terem recebido uma falsa bênção, escondem sua real situação financeira e fingem estar tudo bem porque se torna um comportamento inclusivo para elas dentro daquele ambiente de ficções. Nestes locais, exibir um carrão na porta do templo é sinal de benção e de uma vida fiel a Deus. "Se tenho saúde é porque sou um cara de fé", assim pensam muitos desses frequentadores que, às vezes, mal conhecem a Bíblia.

    Enfim, estas são as "gaiolas", ou os "aquários", que muitos equivocadamente chama de "igreja", como na verdade este termo de origem grega ('ekklesia') deveria ser algo libertador. Uma espécie de assembléia que deveria influenciar positivamente a sociedade onde a ekklesia se encontra.

    Apesar de tudo, Levi, eu ainda acredito que a Igreja verdadeira. A Ekklesia, que deve ser formada local e mundialmente, pode desempenhar um incrível papel na transformação social do planeta. Principalmente se Ekklesia estiver antenada com os problemas da atualidade e focar na sua real solução.

    Abraços.

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  4. rodrigo, o levi e você dissecaram bem as entranhas da questão. a citação do levi é fantástica, vou postá-la no meu facebook.

    o que está errado? o evangelho pregado? a invenção de um "novo jesus? a promiscuidade da igreja com o mercado? vou além: será que a mensagem cristã tradicional ainda tem alguma coisa a dizer para este tempo?

    a grande parte das igrejas midiáticas viraram apenas mais uma mercadoria a ser consumida por quem adquiriu um sentimento distorcido do que é "andar com deus", e cada um constrói esse deus segundo a sua imagem e desejos; mas sempre não foi assim? é possível ter uma concepção de deus que não tenha muita da nossa projeção de desejos, anseios e moralidade?

    a religião cristã ocidental está em plena decadência; está se autodestruíndo pois não consegue ser realmente relevante para tocar o coração desde homem pós-moderno. aqueles que são tocados por ela, acabam por nutrir vícios e visões de mundo que mais servem para alienar do que para esclarecer.

    o que se faz então?

    p.s. rodrigo, pena que o blogger nesse tempo que ficou fora do ar, sumiu com os comentários que estávamos fazendo lá no caminhos da teologia; só ficou mesmo o primeiro que você fez.

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  5. Rodrigo, a sua decepção tem sido a de muitos e eu me incluo nessa lista.

    A frase: “Os crentes precisam ser novamente evangelizados!”, é o meu discurso já a alguns anos.

    Não me iludo mais com adesões no meio evangélico. Segue alguns trechos de um texto que escrevi:

    Vez ou outra surgem alguns assaltos psicológicos do Tipo: “por que você é diferente?”, ou, “por que não usa a metodologia, daquele pastor bem sucedido?”, “olha, você tem de criar expectativas nas pessoas” (isso significa na maioria das vezes fazer o tipo “Embromation”, e injetar algumas drágeas de neurolinguistica camuflada de evangelho nas pessoas).

    Confesso que sou tentado constantemente a “meter o pé na jaca”, e me tornar num best-seller: “O VENDEDOR DE ILUSÔES” (no meu caso, religiosa), mas como sou brasileiro e não desisto nunca: prefiro me tornar uma marchinha: “DAQUI NÃO SAIO, DAQUI NINGUÉM ME TIRA”.

    Não tenho pretensão de cargos ministeriais, titulos “pastolátricos”, “bispolátricos” ou “apostolátricos” (que nada mais é do que “feudalismo eclesiástico”), nem mesmo de “expansão guerrilheira denominacional” (eu na trincheira de cá, você na trincheira de lá e: TODOS pelo EUVANGELHO), muito menos ainda de ser “pedreiro de Jesus”, aquele indivíduo que tem um “chamado” especial (sabe-se lá da onde), para construir prédios religiosos com a soberba pretensão de que isso seja “Igreja” ou “Obra de Deus”.

    Não tenho pretensão de adesão em massa à religião evangélica (pois muito ajuntamento não é sinônimo de quebrantamento e adesão está, como diria Evandro Mesquita: a milhas e milhas distantes... de conversão), por isso mesmo é que me recuso a pregar o evangelho do “marketing”, onde o importante é satisfazer a vontade do cliente, transformando assim os prédios da religião em “lojinha de conveniência ou lojinha de R$1,99= Entre logo, escolha logo, pague logo, e volte logo: tudo prático, rápido e barato (no que se refere a “Money”, talvez não seja tão barato assim, sacou o barato?).

    Tenho pretensão de ser e auxiliar pessoas para que se tornem discípulos maduros em Jesus Cristo, que tenham uma fé independente do “software do mercado religioso”, que configura a consciência dos fiéis depois de deletar toda simplicidade, honestidade e sensatez, transformando-os assim em “produto de pirataria denominacional evangélica”.

    Tenho pretensão de pregar e viver o evangelho de forma simples, de maneira que não precise constantemente ficar neurótico para descobrir ou inventar uma “nova moda pirotécnica gospel” para atrair os crentes, ou seria “clientes”, com shows da fé (Fé demais, não cheira bem, concordaria Steve Martin), campanhas do morro Sinai, da água benta do rio Jordão, marchas e procissões para Jesus (será mesmo que é pra Jesus?!), enfim e a fim...

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  6. Edu e Franklin,

    Muito boa a participação de vocês!

    Antes de mais nada compartilho que não me sinto decepcionado ou navegando desorientado como um navio numa noite com neblina e sem lua.

    Estes líderes carismáticos da mídia que prometem soluções imediatas para os problemas das pessoas já não me convencem. Porém, firmo os meus pés no Evangelho da Paz, o que creio ser farol no meio desta escuridão de mentiras contadas em nome de Deus.

    Desde julho do ano passado, tenho me congregado com um grupo aqui em minha cidade que tem procurado romper com as prisões e amarras do evangelicalismo que hoje tanto emburrece este país.


    EDUARDO: "o que está errado? o evangelho pregado? a invenção de um "novo jesus? a promiscuidade da igreja com o mercado? vou além: será que a mensagem cristã tradicional ainda tem alguma coisa a dizer para este tempo?"

    Eu diria que nada há de errado com as bOas Novas em si, mas sim com as pregações que se fazem em nome dela.

    Penso que Jesus é o mesmo de sempre e que a sua mensagem, ainda que pregada dentro de um contexto de época, torna-se atual em essência e precisa ser pregada de olho nos novos tempos. E aí temos que realmente admitir que nem sempre a mensagem da tradição cristã corresponde em essência ao Evangelho de Cristo. Aliás, se a mensagem que nós comunicamos não se atualiza, ela perde sua essência.


    EDU: "a grande parte das igrejas midiáticas viraram apenas mais uma mercadoria a ser consumida por quem adquiriu um sentimento distorcido do que é "andar com deus", e cada um constrói esse deus segundo a sua imagem e desejos; mas sempre não foi assim? é possível ter uma concepção de deus que não tenha muita da nossa projeção de desejos, anseios e moralidade?"

    Olha, mano! Eu creio num Deus que "É o que É". Ele não é construído pela imaginação humana, embora nós possamos lhe dar nomes, misturar nossas impressões subjetivas às revelações que temos da Suprema Realidade e até confundir sua Torah (instrução) com valores de nossa moralidade. Só que o Deus Altíssimo encontra-se acima de todos nós, no infinito, no inconcebível. É certo que Ele desperta em nós desejos pelo seu Espírito, mas sempre devemos discernir a vontade Dele da nossa.

    Acho que se agirmos com humildade perante Deus, sempre duvidando de nossas concepções e nos colocando na condição de aprendizes, iremos evoluir. E quanto a isto, acredito na importância de um grupo.

    Pra mim, não podemos viver sozinhos e isolados. Não podemos fazer da experiência com Deus algo que se dê unicamente no plano individual, mas é indispensável que estejamos nos relacionando com pessoas, compartilhando e trocando. Pois somos apenas fenômenos do Mover divino e a união de irmãos faz com que nos aproximemos da Vida que é algo bem maior do que a minha breve existência nesta Terra.

    "Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! (...) Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre." (Salmo 133; ARA)

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  7. Continuando...

    FRANKLIN: "Tenho pretensão de ser e auxiliar pessoas para que se tornem discípulos maduros em Jesus Cristo, que tenham uma fé independente do “software do mercado religioso”, que configura a consciência dos fiéis depois de deletar toda simplicidade, honestidade e sensatez, transformando-os assim em “produto de pirataria denominacional evangélica”. Tenho pretensão de pregar e viver o evangelho de forma simples, de maneira que não precise constantemente ficar neurótico para descobrir ou inventar uma “nova moda pirotécnica gospel” para atrair os crentes, ou seria “clientes”, com shows da fé (Fé demais, não cheira bem, concordaria Steve Martin), campanhas do morro Sinai, da água benta do rio Jordão, marchas e procissões para Jesus (será mesmo que é pra Jesus?!), enfim e a fim..."

    Meu irmão, também tenho vivido esta luta! Mas tenho que confessar sobre as duras dificuldades que muitas das vezes eu me deparo.

    Há momentos em que as próprias pessoas preferem viver acorrentadas estes líderes enganadores do que bem chamou de "mercado religioso". POis tenho reparado que elas mesmas recusam-se a ser livres!

    Por outro lado, eu também me vejo lutando contra a escravidão ideológica. Seja pelo comodismo de seguir por atalhos ou de não querer beber do cálice deste amargo enfrentamento. Mas, felizmente, encontro forças para prosseguir.

    Afinal de contas, o que seria de significativo o surgimento de mais um Silas Malafaia? Ou de mais uma denominação evangélica?

    Com este sistema religioso eu também rompi. Porém, como coloquei no comentário acima, continuo acreditando na importância do grupo e vejo a experiência do Evangelho como algo que deve ser vivenciado coletivamente. E o termo "igreja" apenas é uma expressão que vai caracterizar o grupo e, se não tiver seu significado melhor explicado, fica meio que sem sentido.

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