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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Iremos permitir que os oportunistas de sempre sejam novamente eleitos em 2012?

Não consigo entender a estranha mania que o friburguense tem de continuar elegendo as mesmas pessoas que, após chegarem ao poder, simplesmente dão as costas para nossa população. Parece até coisa de esquizofrênico!

Nas eleições de 2008, a população elegeu o engenheiro Dr. Heródoto Bento de Mello (PSC), com 47% dos votos, o qual, por mais uma vez, ocupou a cadeira número um da cidade, coisa que tem feito desde quando assumiu pela primeira vez a Prefeitura em 1964 (ano do golpe militar). E, durante um longo tempo da história local, o cargo foi revezado entre HBM e o seu rival Paulo Azevedo.

Entretanto, as eleições de 2008 foram mais uma vez vergonhosas. Heródoto propôs coisas mirabolantes como um trem de alta velocidade passando sobre o rio Bengalas, um aeroporto, a construção de um novo hospital, o projeto Cidade Nova, etc. Só que o mais ridículo de tudo foi a população ter dado o seu precioso voto a uma candidatura que não tinha um pingo de seriedade, propondo coisas absurdas sem nenhuma condição de serem concretizadas.

Antes de morrer soterrado sob as lamas da enchente de 12 de janeiro, Paulo Azevedo prometia voltar como prefeito nas próximas eleições. Com a justificativa de estar tratando de sua saúde, Heródoto já se encontrava licenciado do cargo de modo que o seu vice, Demerval Barboza Moreira Neto (PMDB), já respondia pela Prefeitura. E era comentado nas ruas que o comandante da cidade era de fato o finado Paulinho Azevedo.

Inegavelmente, a popularidade de Heródoto já estava péssima poucos meses após o começo de seu mandato em 2009, o que leva qualquer analista político a desconfiar de seu licenciamento. E a maior prova dessa baixa popularidade foi o fraco desempenho de seu candidato Helinho para disputar as eleições de 2010 tentando uma vaga na ALERJ ao passo que Glauber Braga, filho da ex-prefeita Dra. Saudade Braga (PSB), conseguiu subir para a Câmara Federal. Logo, os que se encontravam no poder perceberam a necessidade de que HBM permanecesse afastado afim de que, através do vice-prefeito, o grupo governista de peemedebistas tivesse uma alternativa na provável disputa que haverá com Saudade Braga em 2012.

Alguns observadores da política local supõem que, além de Saudade e Demerval, um outro nome possa surgir nas eleições majoritárias do ano que vem. Seria o deputado estadual Rogério Cabral vindo não mais pelo PSB e sim concorrendo pelo partido novo fundado por Gilberto Kassab - o PSD.

Olhando este quadro, fico entristecido com a nossa falta de opção dentro de Nova Friburgo já que a política gira sempre em torno dos mesmos velhos nomes. Pessoas novas nunca têm chances e aqueles que fazem uma oposição sincera, lutando pelos direitos da maioria, como fazem os vereadores Cláudio Damião (PT) e Professor Pierre (PDT), nem sempre são reconhecidos. E até seus próprios partidos não os acompanham.

Mas o curioso é que o eleitor se acomoda e faz suas escolhas pelas opções com maiores chances de elegibilidade adotando o raciocínio dos mesmos parasitas da política que dependem da nomeação de cargos públicos. Apático, o nosso cidadão permite que a cidade seja governada por pessoas que, ao chegarem no poder, chutam o traseiro do pobre, sendo que o mesmo acontece na Câmara Municipal onde a maioria dos vereadores não passa de um bando de oportunistas, traidores e mentirosos.

Tudo isso me faz lembrar uma velha parábola judaica que se encontra nas nossas bíblias, mais precisamente no livro de Shofetim (Juízes):

"Certo dia as árvores saíram para ungir um rei para si. Disseram à oliveira: 'Seja o nosso rei!' A oliveira, porém, respondeu: 'Deveria eu renunciar ao meu azeite, com o qual se presta honra aos deuses e aos homens, para dominar sobre as árvores?' Então as árvores disseram à figueira: 'Venha ser o nosso rei!' A figueira, porém, respondeu: 'Deveria eu renunciar ao meu fruto saboroso e doce, para dominar sobre as árvores?' Depois as árvores disseram à videira: 'Venha ser o nosso rei!' A videira, porém, respondeu: 'Deveria eu renunciar ao meu vinho, que alegra os deuses e os homens, para ter domínio sobre as árvores?' Finalmente todas as árvores disseram ao espinheiro: 'Venha ser o nosso rei!' O espinheiro disse às árvores: 'Se querem realmente ungir-me rei sobre vocês, venham abrigar-se à minha sombra; do contrário, sairá fogo do espinheiro e consumirá os cedros do Líbano!'"
(Jz 9.8-15; NVI)

Até quando nós cidadãos friburguenses elegeremos o "espinheiro" ao invés da "oliveira", da "figueira" ou da "videira"?

Será que os homens de bem não querem nada com a política?

Desejo que esta situação um dia mude e este seria o momento para que um dos dois vereadores mais combativos (o Professor Pierre ou o Cláudio Damião) pensasse em se inserir ativamente na disputa pelas eleições majoritárias colocando o nome à disposição.

Por outro lado, não acredito em falsos messias ou salvadores da pátria, mito que Jesus desconstruiu quando se recusou a ser coroado rei pelo seu povo. E, neste sentido, entendo ser necessário mudar também a Câmara Municipal e também a passividade da população diante de qualquer governo.

Então fica a pergunta sobre como que um candidato honesto conseguirá fazer uma política correta contando com um diretório partidário cheio de gente traidora e que, na verdade, só está apenas se importando em conseguir cargos no governo?

Se Cláudio e Pierre andam com problemas em seus respectivos partidos, não seria melhor que unissem forças numa nova legenda?

Talvez só eles mesmos possam me dar esta resposta. Porém, se nenhum deles vier colocando seus nomes para disputar a Prefeitura, iremos nos conformar com os velhos espinheiros de sempre?

Espero que, após a catástrofe de janeiro e o relaxamento dos governantes quanto à situação da população desabrigada, o eleitor consiga cair na real e se curar desta esquizofrenia histórica que é votar repetidamente nas mesmas pessoas erradas esperando um resultado diferente.

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