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sábado, 14 de maio de 2011

Um outro mundo é possível!



“Do tronco de Jessé sairá um rebento, e de suas raízes, um renovo. Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temer do SENHOR. Deleitar-se-á no temor do SENHOR; não julgará segundo a vista dos seus olhos; mas julgará com justiça os pobres e decidirá com equidade a favor dos mansos da terra; ferirá a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso. A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade, o cinto dos seus rins. O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar.” (Isaías 11.1-9; ARA)


Será que algum dia poderemos viver numa cidade onde as portas de nossas casas ficarão abertas de dia e de noite e já não precisaremos de policiais armados para nos protegerem da violência?

Haverá um futuro em que os povos deixarão de fazer guerras entre si para promoverem uma ajuda mútua, repartindo os recursos naturais, tecnológicos e alimentícios conforme as necessidades de cada região?

Dá para imaginar uma política sem corrupção e motivada por princípios de justiça social onde prevaleça a equidade?

Conseguiremos finalmente viver em harmonia com a natureza ao invés de destruirmos a Terra?

No texto bíblico citado acima, a situação descrita torna-se tão idílica que podemos considerá-la como um símbolo de reconciliação e de harmonia projetados para um paraíso futuro, um novo Éden. Seu autor faz uso de metáforas em que predadores habituais, tipo os lobos, leopardos, leões e ursos, poderão conviver de um modo pacífico com suas presas naturais. Crianças aparecem então brincando com animais ferozes e cobra s venenosas (o fim da inimizade entre o homem e a serpente de Gênesis 3.15).

Entretanto, é preciso perceber que, na mensagem poética (e profética) do livro de Isaías, a desejada paz de uma era messiânica liga-se à realização da justiça, a qual é exercida em primeiro lugar em favor dos mais pobres (verso 4). Pois este tempo de sonhos não parece vir por um passe de mágica, mas resultará de uma atitude humana de reverência e de fidelidade a Deus que, no texto, é personificada na figura de um messias, um rei motivado pelo ruah (sopro) divino que é o Espírito do SENHOR.

Pode-se observar que a reverência por Deus é algo indispensável para que possamos evoluir e aproveitarmos as novas oportunidades que a Vida nos dá a cada manhã afim de (re)construirmos o mundo ideal presente no interior de cada um de nós. Sem uma postura de aprendizagem permanente, não conseguiremos adquirir a indispensável sabedoria espiritual, um tipo de conhecimento que nos mostra a essência da instrução da escola existencial que se dá pela continuidade da indução, não por conceitos absolutizados.

Tentar (re)construir o paraíso terreno desprezando co conhecimento de Deus pode se tornar um projeto catastrófico que, ao invés de transformar o mundo na sua essência, acaba reproduzindo os mesmos sistemas opressivos contestados. Pois foi o que ocorreu com as revoluções socialistas do século XX que, ao invés de distribuírem justiça, fortaleceu um Estado capaz de cometer um número inestimável de mortes, guerras, estupros culturais, a destruição da natureza, violações de direitos humanos, perseguições à fé e privação do exercício da cidadania. E como a história bem revelou, nenhum país que aderiu a um socialismo imposto conseguiu alcançar o igualitarismo idealizado por Marx e Engels, sendo que todos os regimes acabaram formando classes de burocratas corruptos que, ao final, precisaram abrir-se para uma economia de mercado e enfrentaram movimentos de defesa da liberdade.

Tenho pra mim que a origem de todo o erro cometido pelos socialistas “científicos” estava no fato de que Karl Marx também ignorou o conhecimento de Deus. Embora ele até reconhecesse que a primeira tentativa de revolucionar a humanidade teria começado com a religião, sua visão ficou obscurecida pelas práticas mesquinhas das instituições religiosas. Estas, certamente, tinham se tornado instrumentos de alienação a serviço das classes dominantes, mas isto não era elemento suficiente para que a busca do homem pela sua re-ligação fosse interpretada como um narcótico -“a religião é o ópio do povo”, dizia ele.

Realmente o discurso da maioria das igrejas tem sido uma alienante projeção numa fantasia celestial dos desejos humanos de construir uma nova realidade na Terra. Neste aspecto, não posso deixar de dar razão ao Marx. Pois, quando destinamos o nosso anseio por um mundo melhor unicamente para o céu imagístico das Escrituras, tornamos limitada a nossa atuação perante a realidade. O religioso alienado passa a agir como se toda a história humana fosse completamente finalizada num Armagedom cósmico e, por causa disto, não seria mais justificável tomar parte nos movimentos políticos visto que o mundo vai acabar e a morada de todos os crentes será no céu.

Ora, o “Dia do SENHOR” não pode estar relacionado ao fim da história humana na Terra, mas sim no estabelecimento de um novo governo neste planeta através de nós. É algo que está relacionado ao julgamento da opressão e da impiedade, apontando para uma esperança restauradora. É algo que não tem nem data e nem hora certa para ocorrer porque se trata de um símbolo bíblico que, por várias vezes, ocorreu na história de Israel contra as nações inimigas e as pessoas perversas do próprio povo. Logo, trata-se um motivo de esperança para os justos porque estes aguardam a justiça e podem morrer confiantes na realização desta durante o contínuo processo histórico.

Sobre a restauração messiânica anunciada pelo profeta Isaías, pergunto o que seria da história se não fosse a utopia?

Que horizonte nós teríamos?

Como a sociedade iria desenvolver-se?

Quais iriam ser as nossas novas conquistas se ninguém mais sonhasse?

Graças à utopia dos sonhadores é que os revolucionários podem criticar as realizações medíocres do presente e buscar uma opção de aperfeiçoamento. A história passa ser vista como um oceano de probabilidades e se abre para mudanças motivadas por um desejo impossível mas que acabam servindo de combustível para transformações que são possíveis. Logo, como costuma ensinar o ex-frei Leonardo Boff, a utopia acaba se integrando com a realidade já que esta encontra-se num permanente movimento dialético.

Finalmente, importa ressaltar que a (re)construção do Paraíso na Terra não significa que o leão, o leopardo, o lobo, o urso e a serpente deixarão de existir. Nossas feras interiores continuarão sempre existindo com o nosso lado cordeiro, dócil e meigo, mas apenas precisarão ser pacificados. Pois jamais deixaremos de ser entes profundamente humanos como foi o Messias Jesus, de modo que o futuro não será feito de santos perfeitos, mas sim de gente que busca se elevar espiritualmente através de um contínuo aperfeiçoamento de seus valores éticos que precisam também refletir sobre o nosso comportamento.

Neste sentido oro para que o Espírito do SENHOR possa nos instilar o desejo de compreensão da humanidade afim de que haja o despertar da consciência messiânica em cada ser humano. Pois é assim que eu creio que o mundo ideal existente no interior de cada um poderá ser (re)construído. Tudo bem natural, através da participação do crente no processo político, muita reverência ao Deus Eterno e também pela nossa conformação com o Messias em sua cruz.

Que toda a Terra se encha do conhecimento do SENHOR e venha a paz sem fim!


OBS: A ilustração acima refere-se à gravura do artista inglês William Strutt, feita por volta de 1896.

19 comentários:

  1. “Ora, o “Dia do SENHOR” não pode estar relacionado ao fim da história humana na Terra> “ [certíssimo]

    É exatamente aí que reside todo o erro dos religiosos. Eles cruzam os braços, quando deviam agir. Ao dizer: “Deus é quem vai tomar providências”, fazendo ouvidos moucos à injustiça e à corrupção que campeia no mundo, é de uma extrema covardia.

    E se eu lhe disser, que a maioria dos líderes eclesiásticos, inconscientemente, torcem pelo “Quanto pior, melhor”?. São sinais da vinda de Cristo, não se metam em nada — dizem.

    Que pena, hein?

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  2. E além disto, Levi, ainda existe a ideia de que o cristão não deve meter-se em política como se a participação cidadã nas decisões tomadas fosse pecado, atitude de rebeldia, enquanto que é a maneira errada de atuar politicamente, tipo a violência nos protestos, que deve ser combatida pelas igrejas.

    Quando olho para Jesus, vejo nele um militante político saudável. Jesus não agiu como os zelotes que se limitaram a defender a libertação da Palestina dos romanos. Para Jesus, seria necessário o homem libertar-se também da escravidão do pecado. Sua atitude não foi de alienação como se os discípulos não devessem se importar com a opressão dos entrangeiros em seu território. Porém, ele nos ensinar a olharmos para dentro de nós afim de que, se o homem conseguir revolucionar o poder político, ele não reproduza o mesmo sistema opressivo de seus algozes.

    Por mais que tenhamos críticas aos muçulmanos, não podemos desprezar a atitude bonita dos egípcios quando dobravam seus joelhos nas sextas-feiras durante os protestos contra o ditador Muhammad Hosni Said Mubarak. E foram protestos que tendiam para um pacifismo consciente, diferente do que esá acontecendo na Lóbia onde um movimento de resistência fez o país mergulhar numa guerra civil.

    Neste sentido, posso também entender o choro de Jesus sobre Jerusalém, ao profetizar o banho de sangue que aconteceria em algumas décadas após a sua morte durante as guerras judaicas. Outros messias surgiriam, a exemplo de Simão bar Kokhba, e que trariam resultados catastróficos para o povo judeu.

    Penso que a humanidade precisa encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento da sua espiritualidade e suas práticas políticas. Uma não pode estar divorciada da outra, visto que ambas as dimensões se complementam e se equilibram.

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  3. rodrigo, você deve concordar que os judeus esperavam sim que um messias fizesse todo o trabalho para eles. libertariam-nos das potências estrangeiras e de acordo com o messianismo(mais restrito ou mais universal)as nações viriam a judá para aprender a lei do senhor e de jerusalém se irradiaria a paz do reino de deus. por isso, como messias judeu, jesus foi um fracasso...

    mas concordo com a interpretação que você dá ao termo "messiânico"; cabe mesmo a nós, inaugurar a era messiânica; se vamos ser capazes de inaugurá-la tenho sérias dúvidas. mas teimo em ser otimista. creio que a semente da era messiânica pode começar com você, com o levi, e com tantos outros indivíduos espalhados pelo mundo que não se aprisionaram na teologia de que "tudo que está aí é sinal dos tempos e não vale a pena mexer pois não vai melhorar mesmo..."

    mas, amigo, queria te fazer umas indagações. você faz uma leitura simbólica muito sensata de muitos textos bíblicos; minha pergunta: até que ponto você aceita simbolismos em relação ao "eterno"? quem é ou o que é deus para você? em que você baseia sua fé?

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  4. Edu, meu amigo, a semente já foi lançada há bastante tempo e não existe como nenhum sistema tirá-la. Ainda que tentem manter o povo na ignorância, como foi no período medieval, o Espírito do Messias vai levantar homens como Francisco de Assis e Antônio de Pádua ou mulheres como Clara de Assis. E, certamente, que esta semente deve ser cultivada também em nós e daí a importância de não deixarmos que a adversidade a arrebate dos nossos corações, nem que a falta de fundamentos nos deixe vulneráveis às tribulações e tão pouco que os cuidados deste mundo nos sufoquem. Mas que possamos dar muitos frutos em nossas vidas!

    Os judeus tiveram (e têm) vários tipos de expectativas sobre o Messias. Na época de Isaías, talvez esperassem algum descendente justo da Casa Real de David. Depois do exílio, aguardavam um líder político que os libertasse da opressão estrangeira e aí as tradições e interpretações das Escrituras hebraicas foram alimentando inúmeros mitos messiânicos, muitos dos quais estavam baseados numa compreensão mais literal dos textos sagrados.

    Eu concordo que Jesus não satisfez as expectativas imediatistas de todos, apesar dos milagres serem narrados nos textos dos evangelhos. Porém, como se pode observar no diálogo dos dois discípulos no caminho de Emaús (Lucas 24.13-35), um deles compartilha que:

    "Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel" (v. 21a; ARA)

    Contudo, a visão judaica de hoje sobre o Messias tende a um anti-messianismo. Ou a um messianismo sem mitos, apesar de frequentemente aparecer algum rabino que os judeus suspeitam de ser o Messias.

    Esta negação do messianismo, ou visão desmitologizada, considera o próprio povo de Israel como sendo o Messias, o que, no meu ponto de vista, não é para ser desconsiderado pelos cristãos. Isto porque, segundo o texto do livro de Isaías sobre o Servo do SENHOR, este não se apresenta apenas como um homem mas também como uma coletividade - Israel.

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  5. Agora sobre suas perguntas:

    1)"até que ponto você aceita simbolismos em relação ao 'eterno'?"

    Bem, Edu, eu vejo o simbolismo como uma linguagem, uma expressão para ser compreendida pela mente humana. Jamais o simbolismo pode ocupar o lugar da Palavra, da essência da expressão. Então eu procuro não idolatrar os símbolos, mas sim entendê-los intimamente.

    Neste sentido, eu suponho que Jesus, como símbolo de Deus feito homem, jamais recebeu adoração ou desejou isto no lugar de Deus. Nem mesmo permitiu que seus discípulos o declarassem como Messias. O Senhor veio nos mostrar Deus, mas ele é tão simbólico quanto a serpente de bronze feita por Moisés. Logo, assim como o rei Ezequias destruiu a serpente porque os israelitas a estavam idolatrando como se fosse a deusa Nisã, penso que a concepção cristológica defendida pelo catolicismo e também pelo protestantismo precisa ser demolida das mentes das pessoas para que possamos estabelecer a nossa identificação com o Messias na sua obra e seguirmos os seus passos da cruz que nos levam para Deus.

    Só que é muito complicado trabalhar isto quando se tem uma visão literal do quarto evangelho, escrito de gregos para gregos, onde o entendimento de Cristo como a encarnação de Deus sofreu distorsões por parte da Igreja, a ponto de terem absolutizado as duas lendas sobre o seu nascimento que devem ser vistas como métodos de ensino por meio de narrativas e não como fatos históricos acerca de Yeshua ben Yosef (Jesus filho de José).

    Todavia, Deus não pode ser limitado a nenhum símbolo. Jesus revelou-nos Deus em sua pessoa com todas as limitações de um homem. IGualmente os símbolos da Torah, baseados nas visões de Moisés no Sinai, também não podem traduzir de maneira perfeita a realidade espiritual que estava sendo comunicada aos israelitas. Porém, foram as manifestações de linguagem, a Palavra, o Logos.

    Com sua morte e ressurreição, Jesus retorna para o Pai. Seu fôlego de vida passa a estar novamente com Deus ao qual está unido. Com isto, já não podemos mais conhecê-lo como antes. Seu "corpo" não pode ser explicado pela simbologia humana assim como será também seremos nós com a transformação do corpo pela morte. Mas sabemos que, como Cristo e em Cristo, viveremos para sempre.

    A energia que lhe dava ânimo no corpo permanece junto com toda a Energia criadora do universo assim como a nossa também permanecerá. Logo, sendo Deus esta Energia Eterna, todos seremos também seres eternos em Cristo e em Deus.

    Por ter nos ensinado o Caminho para o Pai e para a Vida, Jesus torna-se o nosso Adon, nosso Senhor. Passo então a reverenciá-lo mas não adorá-lo como um novo Deus. E, quando me curvo diante de Jesus, estou adorando o Pai revelado no Filho.

    Portanto, há um só Deus como diz o Shemá que o próprio Senhor Jesus também recitou ao responder o escriba em Marcos 12.29:

    "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR" (Deuteronômio 6.4; ARA)

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  6. 2)"quem é ou o que é deus para você?"

    É o Ser Supremo que rege todo o universo.

    É um Ser invisível, mas o seu poder torna-se visível pela obra da criação que a ciência metaforizou como ondas de energia e matéria.

    É a própria Vida e que nos faz viver pelo seu poder, sendo nós, seres viventes, fenômenos desta Vida maior.

    É o Ser Eterno. Pois todos nós acabamos: os homens, as plantas, os animais, os planetas, as estrelas e as galáxias, mas a Existência motivadora de tudo permanece. Então Deus é absolutamente transcendente. Dele viemos e para Ele retornaremos.

    É a Verdade, a Suprema Realidade que a todos confronta mas que jamais pode ser compreendida pela mente humana. Por isto todos nós somos sempre mentirosos porque não alcançamos a Verdade pelos sentidos físicos do nosso corpo. Temos sim revelações da Verdade e que são percebidas diferentemente entre cada homem.

    Deus não é o universo, mas Ele está em todo o universo. Nele vivemos, existimos e nos movemos. Seu Espírito, metaforizado pelo ar (hebr. 'ruah'), está em toda a parte e não temos como Dele nos esconder, sendo que Ele se moverá em qualquer canto como se movia "sobre a face das águas", conforme o relato poético de tradição sacerdotal sobre a criação.

    Bendito seja Deus! Aleluia!

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  7. 3)"em que você baseia sua fé?"

    Nas revelações que Deus me dá! Isto é, nas experiências que tenho com o Eterno em meu relacionamento e acontecimentos.

    Não me baseio em doutrinas, muito menos na nefasta ortodoxia cristã. Porém, tento fazer da busca pela Verdade a fonte daquilo que sigo.

    Evidentemente que a fé não depende de provas. Até porque se houvesse provas não haveria fé. Então o que faço é o difícil exercício de buscar ouvir a voz que me fala no íntimo. É tentar me abrir para o que o Espírito diz.

    Contudo, a fé não se concretiza se eu não obedecer. Se recebo uma comunicação da Palavra e não a sigo, logo não estou agindo com fé. Mas, se decido obedecer, é porque estou dando crédito à Palavra, o que significa confiança em Deus ainda que me faltem provas ou explicaç~eos lógicas.

    Na minha experiência pessoal, Deus tem se mostrado extremamente gracioso e bondoso (Ele não me trata conforme os meus pecados e tem me dado sustento), mas também é corretivo (não concede tudo o que eu gostaria). Muitas vezes Ele me surpreende colocando pessoas ou situações em eu caminho para me auxiliar. Outras vezes me faz passar por dificuldades ara que eu aprende e aperfeiçoe meu caráter. Seu tratamento para comigo é conforme o meu grau de maturidade (ou o meu potencial de maturidade).

    Sei que o meu relacionamento com Deus ainda é bastante distante daquilo que eu idealizo. Não me refiro necessariamente ao meu tempo de oração ou à imediata resposta obediente à sua Palavra, coisas que eu deveria praticar mais. Porém, refiro-me ao grau de intensidade de Deus em mim que às vezes ainda está mais presente no plano da teoria do que numa prática constante.

    Todavia, considero-me um filho e um aluno de Deus. Sei que o seu amor por mim é incondicional. Sei que, apesar de meus pecados, Ele olha pra mim de um jeito como nenhum homem e nem eu mesmo conseguiria me ver. Por isto eu me rendo ao seu eterno amor e aceito a bondade manifestada em Jesus.

    Jesus!? Sim! Jesus é pra mim a maior motivação. Apesar de não conhecer completamente a sua história, tudo o que ele pregou ou falou, bem como o que fez entre os 12 e 30 anos, como era sua aparência física, se nasceu mesmo de uma virgem ou se os relatos sobre o seu nascimento contidos nos evangelhos Mateus e de Lucas seriam elaborações narrativas sem valor histórico, eis que a sua Cruz me ensina sobre o que é a Vida.

    Através da Cruz, entendo que não devo viver egoisticamente pensando apenas em mim.

    Pela Cruz entendo que o ganhar a Vida se compreende pela doação da minha vida.

    É pela Cruz que posso purificar-me do meu pecado. Não apenas porque Jesus pagou a minha pena como o Cordeiro da expiação. Mas sim porque a aceitação de seu sacrifício leva-me também para morrer com ele na Cruz e, com isto, posso purificar-me de toda a injustiça transformando o meu viver.

    Ora, se pensarmos em Jesus apenas como a fugura de um animal expiatório onde o homem colocava a mão sobre a cabeça do bicho e este era morto em seu lugar, certamente que não estaremos compreendendo de maneira completa o sentido do sacrifício. Neste caso, como pode o sangue do inocente purificar pecados. Mas, se eu resolvo ir também para a Cruz, então eu necessariamente começo a me purificar e nisto obviamente que está incluído o meu arrependimento de pecados - a conversão.

    Sendo assim, eu aceito a Jesus como o enviado por Deus para purificar o mundo do pecado e quero seguir seus passos e me salvar a cada dia desta geração perversa. Porque quando o mundo compreender a sua mensagem de amor e resolver ir para a Cruz, aí sim veremos o nascer da era messiânica profetizada por Yeshaiáhu (Isaías).

    Quando nos tornarmos pessoas gratas, doadoras, servidoras, promotoras a paz, seguidoras da justiça e matarmos o nosso egoísmo, o nosso 'self', então aqui mesmo na Terra será construído o Paraíso do qual o próprio homem se expulsou por não saber lidar com seu próprio comportamento quando começou o seu processo de tomada de consciência.

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  8. Bem, Edu, espero ter conseguido compartilhar de maneira acessível as razões de minha fé. Se te ajudei, não sei, mas não tenho nenhuma expectativa de convencer alguém com minhas palavras e acho que cada um deve buscar sua própria experiência com Deus. E istp é o que convido o amigo a fazer. E agora passo a bola pra você:

    Quem é ou o que é Deus para você?

    Em que você baseia sua fé?

    Grande abraço.

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  9. Não Rodrigo um outro mundo não é possível, só este, deste jeito e para sempre assim, com todas as guerras, lutas e desastres, com todas as dores e misérias, não a nada que possa mudar o mundo para um paraíso aonde dor, morte, luta e perdas não sejam realidades gritantes e sufocantes. O mundo vive e sobrevivi da luta, e não da paz. E nunca um só pensamento, uma só fé e uma só esperança serão boas para a humanidade inteira, antes as divisões, as guerras as retaliações e as lutas pelo direito de cada um. Pois é na luta que cada um encontra a sua própria identidade, o seu sentido e seu direito a vida. Não concordo com o acordo, ates com o desacordo, com o desentendimento, com individualidade e com rivalidade. É assim que chegamos ate aqui e é assim que indefinidamente prosseguiremos ate o último sobrevivente e batalhador pelo direito a sua própria vida. Só há uma chance para viver, e nem uma tirania imposta como a melhor verdade para todos, com a finalidade de uma suprema paz entre os homens pode nos tornar atrofiados em nossa natureza belicosa. que cada um pegue as sua armas e lute pelo sua verdade ate sangrar, não importa o quanto o outros seja parta injusto ou imoral e suas atitudes, ele tem o mesmo direito de nos atacar como nós o de se defender.

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  10. Gresder!

    Se a mente humana é capaz de idealizar o paraíso é porque ele existe e, na certa, dele viemos.

    A utopia é parte da realidade por mais que isto pareça ser meio absurdo. Porém, é pela utopia que lutamos para transformar a realidade onde vivemos.

    Por que existem lutas? Quais os motivos das guerras?

    Por mais que eu abvomine a violência, entendo que não há nenhuma luta sem causa. Tanto o soldado que segue para o campo de batalha quanto o rei que declarou a guerra estão buscando construir um futuro feliz, ainda que impondo um opressor e injusto. Logo, todos estão inspirados por alguma utopia, ainda que o rei e o seu soldado tenham valores e ilusões diferentes.

    Aconrece que hoje não podemos mais perder um milésimo de tempo guerreando atrás de ilusões. Uma 3ª Guerra Mundial, provavelmente, não deixaria vencedores e faria com que o ser humano desaparecesse da Terra se forem usadas armas nucleares.

    Sendo assim, temos que canalizar a nossa energia bélica para lutarmos contra ditaduras, o aquecimento global e a desigualdade econômica. Temos que construir novas tecnologias, produzir energia limpa, aumentar a produtividade agrícola com menor impacto ambiental, modificarmos hábitos e proporcionar melhores condições de moradia ao pobre. Temos que intervir nas políticas dos governos, lutar por leis mais justas e construirmos um novo modelo de socialismo que seja democrático, não totalitário como a antiga URSS ou no que está se tornando a Venezuela de Hugo Chávez.

    Penso que dor, morte, perdas e até desastres continuarão fazendo parte da história humana, assim como os conflitos. Porém, isto não deve servir de justificativa para nos tornarmos inertes. Pois podemos evitar que a situação se torne "gritante e sufocante" e que o conflito se torne uma oportunidade de avanços, não de destruição.

    Olhando hoje pra crise eecológica, eu não vejo muita opção a nao ser tomarmos uma consciência planetária e, em síntese, praticarmos o amor que é o maior mandamento da Torah que o nosso Senhor Jesus ensinou.

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  11. E tempo!

    Eu diria, Gresder, que acordo e desacordo convivem. E não poderia haver o concordar sem que antes tenha ocorrido uma discordância assim como a luz não existiria sem as trevas para que a distinção ocorresse entre elas.

    O paraíso não pode ser algo estático, mas sim dinâmico. Na verdade, ele é perseguido como um ideal estabelecido no infinito. Assim, a marcha dialética da história leva-nos à evolução.

    Quanto ao individualismo, eu o vejo como uma expressão distorsida dum uma das dimensões como organizamos nossa vida, a qual se faa dentro de duas lógicas: o privado e o público. Ambas também convivem e se complementam. Pois habito numa casa, no aconchego do lar e desfrutando a companhia dos amigos, mas também me relaciono com pessoas numa rua que é o espaço público onde me deparo com gente de todo o tipo com as quais estabeleço uma socialização mais secundária em meio ao conjunto de relações de sobrevivência, regramentos e desrespeitos às normas, anonimatos, policiamentos, etc. Contudo ambas as realidades compõem a dinâmica social e nos dão um certo sentido.

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  12. rodrigo, estou sem tempo agora de comentar a sua resposta e responder as perguntas que você me desenvolveu, já que isso levaria algum tempo. mas logo eu comento e respondo, ok?

    mas já adianto que achei suas concepções bem confusas. por que o nascimento virginal seria um mito e a ressurreição não?(se é que entendi o que você quis dizer)

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  13. Edu,

    Fica à vontade para responder quando desejar. Temos toda a eternidade para meditarmos sobre as coisas de Deus. Não se preocupe!

    O nascimento virginal de Jesus, que aparece apenas em Mateus e Lucas com relatos que, inclusive, não se harmonizam, não pode ser encarado como um fato comprovadamente histórico e muito menos como um pré-requisito para a salvação ou para o discipulado de Jesus. Observe que Marcos e as cartas de Paulo nem fazem menção ao suposto acontecimento assim como o texto massorético (hebraico) da profecia de Isaías não diz que o Messias iria nascer de uma virgem como foi traduzido na Septuaginta pelos judeus da Diáspora e sim "jovem em idade para o casamento".

    De qualquer forma, mesmo que a historicidade dos relatos sobre o nascimento virginal de Jesus sejam colocados sob suspeita, não vejo motivos para que se arrancados das nossas Bíblias. As duas narrativas são para mim bem instrutivas e edificantes. Ambas despertam a fé e a confiança em Deus, gerando esperança nos corações. Apenas me inconformo com a veneração que os católicos fazem a Maria, a apologia da sua virgindade até à morte, a incompreensão de muitos sobre a humanidade do Messias que é visto como um herói com super poderes e capaz de resistir às tentações e provas como se tivesse tido uma natureza diferente da nossa desde a concepção. Todas estas ideias acabam afastando o crente de uma fé verdadeira no Filho do Homem que acaba sendo substituída por uma concepção doutrinária que chega a ser mitológica e nos distanciando da cruz como se não pudéssemos fazer as mesmas obras de Jesus e outras maiores ainda, conforme o próprio Senhor idealizou para os seus seguidores.

    Em momento algum quero dizer de um modo afirmativo que o Messias não possa ter nascido de uma virgem, embora pra mim esteja bem claro que Maria teve outros filhos e filhas depois de Jesus e que, obviamente, experimentou o prazer sexual como toda mulher judia dada em casamento. Eu não limitaria jamais o poder de Deus e, se a exegese dos setenta estava correta quando traduziram as Escrituras hebraicas para o grego (e olha que o texto da LXX é mais antigo do que a versão dos massoréticos - TM), Jesus teria então nascido de uma virgem. Por que não? Mas ainda assim não se poderia construir a doutrina de que, pelo seu nascimento virginal sem o sêmen de José ou de outro filho de Adão, nosso Senhor teria recebido uma natureza humana diferenciada que o impedisse de pecar.

    Bem, como eu entendo que o relato javista da criação do homem e sua queda são puros mitos e aí sim sem nenhuma historicidade comprovada, vejo a ideia do pecado não como um erro dos primeiros ancestrais mas sim como uma tentativa simbólica de explicar numa linguagem de 3000 anos atrás por que o homem não consegue manter o comportamento de equilíbrio e harmonia com a natureza que lhe fora determinado por Deus.

    Portanto, não há nenhum gene do pecado que seja transmitido por Adão, mas sim um problema social no nosso comportamento e que, logicamente, não tem nada a ver com o sexo que é um bendito extinto natural dado pelo Criador para a nossa perpetuação e também prazer (por que não prazer?). Logo, eu rejeito qualquer tipo de simbolizar a queda do homem através do relacionamento sexual já que o Criador tinha dado aos homens a ordem de procriarem e isto antes da tal queda.

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  14. Contudo, eu vejo a queda como um acontecimento da nossa evolução coletiva quando passamos a nos desarmonizar com a natureza de várias maneiras: uso de roupas, patriarcalismos, governos, guerras, poligamias, escravidão e outras formas de exploração do trabalho, uso da violência, desmatamentos, matanças de animais, acúmulo de riquezas e a construção de valores que tentam se sobrepor à Vida.

    Jesus surge então num árido cenário cheio de adversidades e desconexões entre os homens (e entre o homem e Deus) afim de restaurar a humanidade através do amor. Um homem de carne e osso como eu e você começa a ensinar os seus compatriotas judeus na Galileia a lidarem de uma forma diferente com a Vida. E faz isto de modo prático, desafiando as concepções doutrinárias de seu tempo, inclusive sobre o messianismo que as pessoas tinham na cabeça como se um dia viria nascer um salvador da nação da descendência de David para resolver todos os problemas dos israelitas. Só que Jesus veio justamente mostrar pra Israel que é o próprio povo judeu quem deveria exercer o papel messiânico.

    Quanto à ressurreição de Jesus, não temos condições de dizer com que ela ocorreu. Eu acredito na eternidade da alma! Paulo não fala em 1ªCoríntios 15 como será o "corpo espiritual", mas apenas que viveremos assim como Cristo vive.

    Todavia, os relatos evangélicos falam de aparições de Jesus após sua ressurreição por um período de 40 dias, o que também é confirmado em outras partes do Novo Testamento. E são aparições metafísicas porque, embora o corpo do Senhor seja tocado e ele chegue a ingerir alimentos, suas materializações e desmaterializações ocorrem às vistas das pessoas e em locais totalmente fechados.

    Ora, eu creio que, com a morte, nosso corpo vira pó e a nossa energia vital, que nos anima, volta para o cosmos (e fica com Deus). Pois bem. Como eu creio que uma energia pode ser materializada, foi permitido que determinadas pessoas "vissem" novamente Jesus três dias após sua morte durante um período de 40 dias. E também houve aparições posteriores a isto.

    Já o fato de seu corpo físico não ter sido encontrado, podemos compreender que houve uma espécie de arrebatamento que foi teleportado assim como aconteceu com Elias, Enoque, Ezequiel, o João do Apocalipse e o corpo de Moisés. Ou seja, o corpo físico se desmaterializa e reaparece em outro lugar ou mesmo se desfaz.

    Pode ser que tudo isto algum dia venha a ser confirmado pela ciência, mas pra mim basta a aceitação de que a alma é eterna e que a ideia que os escritores da Bíblia deviam ter sobre ressurreição na certa era uma concepção primitiva a respeito da eternidade da nossa energia que já era entendida naqueles tempos como um espírito consciente.

    Bem, espero ter te esclarecido. Ou será que te confundi mais? (rsrs)

    Abraços.

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  15. o nascimento virginal está claro, é uma lenda, uma construção teológica ou coisa parecida. talvez paulo nunca tenha sabido dessa história, já que ele nunca a cita.

    você diz que

    "...Todas estas ideias acabam afastando o crente de uma fé verdadeira no Filho do Homem que acaba sendo substituída por uma concepção doutrinária que chega a ser mitológica "

    mas antes, você disse que o nascimento virginal que é um mito, serve para "despertam a fé e a confiança em Deus, gerando esperança nos corações."

    a verdade é que a fé cristã está basicamente baseada em mitos teológicos, não comprovados historicamente. aí se inclui a ressurreição.

    mas você diz que jesus poderia ter nascido de uma virgem pois não limita o poder de deus...e pergunta: por que não? ora, rodrigo, por que mulher sem ter relações com um homem não pode conceber, só se for inseminação artificial, coisa não usual nos tempos bíblicos.

    se for para colocar tudo na conta do "não limitar o poder de deus", por que então não dizer logo que tudo na bíblia que é mito, na verdade, é fato?

    continuo sem entender a lógica do seu pensamento. desculpe, a culpa é dos meus poucos neurônios...rssssssss

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  16. Bem, o que quero dizer, meu irmão, é que a narrativa de que Jesus tenha nascido de uma virgem não seria fato relevante para a salvação.

    Ele pode ter nascido mesmo de uma virgem? Ainda que contrariando a ciência de hoje e as técnicas daquele tempo, pela fé entendo que pode!

    Mas os dois relatos sobre o nascimento de Jesus podem ser mitos? Sim. Por que não?

    E se fosse mito, a fé no Messias Jesus ficaria prejudicada? Em hipótese alguma!

    Mas os dois relatos do nascimento virginal de Cristo, se forem considerados mitos, não se aproveitariam de alguma maneira para gerar fé? Sim! Porque mesmo que o ouvinte considere fictícia a história, ele pode ver na atitude de José e Maria uma encorajadora confiança em Deus e uma dependência da Divina Providência quanto às perseguições dos adversários e problemas do cotidiano. Isto sem falar no caráter dos personagens que são mostrados como pessoas tementes a Deus e que Lhe obedecem em quaisquer circunstâncias.

    Entretanto, a maneira fundamentalista e tradicionalista que a ortodoxia cristã trabalha os mitos das Escrituras sagradas é que pode estar atrapalhando o despertar da fé porque força o crente a aceitar incondicionalmente a suposta historicidade contida na Bíblia de uma maneira restrita e fechada dentro da concepção doutrinária.

    Veja, Edu, que a doutrina eclesiástica é um acréscimo feito às Escrituras. É um ponto de vista dos cristãos que dá destinação ao texto em estudo, buscando submeter a passagem bíblica aos raciocínios teológicos o que, na verdade, nada mais é do que a subjetividade de uma outra pessoa feita de carne e osso igual a mim.

    Quem redigiu pela primeira vez as duas histórias evangélicas sobre o nascimento virginal de Cristo certamente teve um propósito que pode ter sido pedagógico ou mesmo decorrente de um engano do escritor, considerando a hipótese do autor do Evangelho de Lucas ter aceito como fato histórico uma das tradições existentes e que, obviamente, não se harmoniza com o texto de Mateus.

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  17. Continuando...

    Acho um erro o crente prender-se à narrativa e não buscar compreender a essência da mensagem.

    Ora, o que é a narrativa bíblica?

    A narrativa das Escrituras é parte exterior de uma mensagem. É a forma como o autor comunica um ensinamento e uma orientação.

    Com liberdade, o autor faz suas "viagens", misturando a realidade com a ficção, mas apresenta junto com a narrativa algo mais profundo que parece não ter limite em si mesmo.

    Cada história contada pelos evangelistas, se for estudada em si mesma e sem a necessidade provas históriacas, vai revelar formidáveis ensinamentos de fé e encorajar o leitor a transformar o rumo de sua vida e também influenciar o mundo em que vive.

    Sendo assim, penso ser um esforço de pouca utilidade quando a doutrina eclesiástica tenta convencer a todo custo as pessoas sorbe o nascimento virginal de Jesus, bem como os contestadores do mito quando insistem ser libertador para o ouvinte descobrir que na verdade aquele acontecimento teria sido ficção. Pois, enquanto nos preocupamos com isto, estamos prestando a atenção no formato da taça e não no delicioso vinho que ela contém.

    Espero agora ter te esclarecido melhor.

    Abraços.

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  18. esclareceu sim. também entendo que a narrativa bíblica não pode ser considerada histórica nos termos moderno desse termo; a narrativa bíblica é fruto do seu tempo, onde as narrativas simbólicas era usual. não digo que não haja nada histórico na bíblia; é evidente que existe; mas elas são sempre contadas a partir da visão religiosa de quem escreve. assim, é por isso que os acontecimentos narrados por exemplo, nos grandes profetas, apesar de terem fundo histórico, são interpretados a partir da atuação de deus na história. daí, um pagão como ciro, ter recebido a designação exclusiva dos reis israelitas e do futuro messias de "ciro, meu ungido". naquele momento histórico, ciro foi o messias judeu. quem diria, né?

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  19. Sim! Quem diria?

    Mas você não concordaria com a hipótese de que o cristianismo possa ter de fato distorsido a ideia do messiado de Jesus?

    De acordo com os sinóticos, Jesus nunca se declarou como sendo o Messias e, quando Pedro o chamou de Messias, os discípulos foram orientados para que não dissessem aquilo pra ninguém (ver Mt 16.13-20; Mc 8.27-30; Lc 9.18-21).

    Mas qual o motivo desta preocupação de Jesus?

    Será que ele estava evitando que fosse morto antes da ocasião oportuna afim de cumprir o propósito do Pai?

    Ou Jesus tinha preocupações com a concepção messiânica de seu tempo que era encarada de uma maneira digamos fundamentalista e direcionada para uma libertação política em relação aos estrangeiros?

    Sem querer entender o passado com o olhar de hoje, mas às vezes tenho a impressão de que Jesus no fundo estivesse querendo dizer para o seu povo: "parem com esta palhaçada de ficarem esperando um salvador da pátria. Seja cada um de vocês um messias para Israel. Unam-se para solucionarem os principais problemas desta sociedade doentia ao invés de taparem o sol com a peneira através desta religiosidade alienante ou partindo para movimentos nacionalistas estúpidos como os zelotes".

    Tenho pra mim que Jesus não veio criar nenhuma religião nova (ele era judeu) e propunha uma revolução pacífica, mudando o homem de dentro pra fora visto que de nada adiantaria libertar politicamente Israel de Roma se a própria sociedade era causadora dos principais problemas vividos por ela.

    Abraços.

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