Páginas

sexta-feira, 26 de março de 2010

Que tal nos conectarmos mais ao mundo real?


Que a internet trouxe seus benefícios para a economia mundial é inquestionável, apesar das frequentes quedas de sistemas. Porém, quando penso nas relações sociais que estão sendo afetadas e substituídas por conversações virtuais em tempo real, acho que o uso intenso da rede de computadores na vida de muita gente virou uma doença.

Nos tempos eu ainda era um estudante da 6ª série do 1º grau, mais precisamente no ano eleitoral de 1989, discutia-se que a televisão era responsável pela falta de contato dentro das famílias em que, ao invés das dialogarem no final do dia, todos ficavam emudecidos diante da programação transmitida na TV que, tal como hoje, consistiam basicamente nas novelas e nos noticiários da emissora campeã de audiência.

Com a expansão da internet no Brasil, percebo que as pessoas ficaram ainda mais distantes e isoladas dentro de suas próprias casas. Muitos adolescentes, quando saem da escola, já combinam com os colegas de se encontrarem no horário no MSN. O e-mail já nem é tão utilizado pela nova geração que prefere o bate-papo em tempo real, os games e os sites de relacionamento de curtas palavras do que apenas ficar escrevendo cartas eletrônicas. Porém, toda a tecnologia atual parece que será suplantada no decorrer desta década em que as ferramentas do mundo virtual prometem fazer parte cada vez mais da nossa realidade, tendo em vista que hoje o celular está se tornando um dos meios mais utilizados de conexão imediata à internet, não muito diferente do que foi desenho dos Jetsons, exceto pelos carros que ainda não voam.

No filme “Substitutos”, Bruce Willis imagina uma sociedade futurista em que as pessoas preferem agir no mundo real através de androides substitutos semelhantes aos humanos que podem ser controlados a partir de suas próprias casa. Ninguém mais precisava encontrar-se pessoalmente no mundo real, pois os robôs faziam todo o trabalho. Porém, dentro dos lares, as pessoas quase não se comunicavam mais pessoalmente, nem mesmo os casais.

Por mais fantasioso que o filme possa ser, percebo nele um valioso recado para o mundo atual em que, dentro de suas próprias casas, as pessoas estão preferindo passar o tempo teclando com o amigo virtual (às vezes até um desconhecido) do que vivendo a companhia de seus pais, irmãos, filhos, cônjuges e amigos. Assim, se os sites de relacionamento permitiram-nos encontrar novamente amigos e conhecidos que há muito tempo não tínhamos notícias, também pode nos distanciar das pessoas que estão mais próximas, isto é, do nosso próximo.

Os idosos tornaram-se hoje o grupo etário que mais tem sofrido com as maravilhas da internet, pois já não conseguem obter a atenção dos filhos e dos netos, em que todos numa mesma família estão presos em si mesmos e mais preocupados em verificar se receberam algum recado no Orkut ou se chegou alguma mensagem nova no correio eletrônico. Ter a vovó num álbum de fotos virtuais parece ser mais fácil do que desfrutar de sua companhia no sofá da casa ou caminhando pelas ruas da cidade.

Creio que a substituição de contatos pessoais pela internet talvez explique a pobreza dos relacionamentos nos nossos dias atuais onde falta mais espiritualidade e princípios cristãos na vida das pessoas. Ficar muito tempo no computador tem feito as pessoas esquecerem o quanto a vida é pulsante, animada e incomparavelmente deliciosa, pois é muito bom recebermos o abraço de alguém especial, o carinho de um animal de estimação ou até mesmo os acenos de um desconhecido.

O apóstolo João, em suas duas últimas epístolas, chegou a comunicar aos seus destinatários sua preferência por uma conversa “boca a boca”, ou “de viva voz”, conforme consta em outras traduções:


“Ainda tinha muitas coisas que vos escrever; não quis fazê-lo com papel e tinta, pois espero ir ter convosco, e conversarmos de viva voz, para que a nossa alegria seja completa” (2Jo 12)

“Muitas coisas tinha que te escrever; todavia não quis fazê-lo com tinta e pena, pois, em breve, espero ver-te. Então, conversaremos de viva voz” (3Jo 13-14)


Tais palavras nos ensinam que o contato pessoal sempre será superior às cartas, sejam elas convencionais “com tinta e pena” ou eletrônica com bytes e bits, uma vez que todos nós somos insubstituíveis.

Desejo que, a partir deste dia, você possa conectar-se mais no mundo real e buscar um convívio mais intenso com as pessoas que estão a sua volta, valorizando-as de verdade e dando a elas o afeto que todos nós precisamos ter.

Nenhum comentário:

Postar um comentário