Um dos temas bastante polêmicos no meio eclesiástico, sem dúvida diz respeito ao sexo e aos pecados sexuais. Pessoas vivem reprimidas e oprimidas dentro das igrejas cristãs por armazenarem dúvidas em suas mentes sobre este importante assunto ou então se fecharem dentro de determinadas concepções, guardando um enorme receio de se exporem.
A princípio, considero que esta é uma área do comportamento onde o ser humano deveria ter total liberdade para se expressar, até mesmo porque a imoralidade sexual, conforme Paulo diz na primeira epístola à Igreja em Corinto, é um pecado contra “o próprio corpo” (1Co 6.18) e não “fora do corpo”. Em outras palavras, quem vive na imoralidade está prejudicando a si mesmo, bem como à pessoa com quem pratica o ato, mas não estaria atentando contra a dignidade do próximo.
Neste sentido, entendo que as igrejas deveriam ser ambientes confortáveis para que as pessoas, nos seus pequenos grupos, pudessem expor seus problemas na área sexual, sem serem condenadas ou discriminadas por qualquer irmão. Entendo que as igrejas deveriam ser mais compreensivas a respeito destas questões, visto que tais conflitos têm levado muita gente a um auto-afastamento do convívio em suas comunidades cristãs porque se sentem indignas de terem comunhão com Deus e com os demais irmãos. Enfim, é um problema que afeta demais aos jovens, pessoas solteiras, ex-homossexuais, ou que estão vivendo um desajuste com seus cônjuges.
Sendo assim, passo a comentar sobre alguns temas relacionados ao sexo e ao matrimônio, os quais têm muito haver com os nossos dias tal como nos tempos bíblicos.
1. A SITUAÇÃO DOS CASAIS “NÃO CASADOS NO PAPEL” E DAS PESSOAS DIVORCIADAS QUE CONTRAIRAM NOVAS NUPCIAS
A Bíblia, sem dúvida alguma, valoriza o matrimônio. A Epístola aos Hebreus diz expressamente que: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros” (Hb 13.4).
Entretanto, não se pode esquecer que o conceito sobre matrimônio é algo que sempre mudou no tempo e no espaço. Há lugares no mundo, sobretudo em países do Oriente, em que os votos do casamento são feitos verbalmente entre os nubentes com o apoio das famílias, o que, por si só, basta para que seja reconhecido o ato de se casar. E assim também ocorria nos tempos bíblicos, sem que os noivos precisem passar por toda a burocracia terrível de darem entrada com os seus documentos em cartório pra poderem, finalmente, celebrar as núpcias num templo religioso.
Atualmente, na sociedade ocidental, o casamento tem sido trocado por aquilo que juridicamente denominamos como uma “união estável”. Desde a segunda metade do século XX, homens e mulheres têm se “juntado”, com ou sem a aprovação dos pais, e formado novas famílias. Embora muitos destes casais estejam vivendo unidos há décadas, tais uniões são quase sempre vistas dentro das igrejas como relações fora do casamento.
Mas apesar de muitos casais não casados no papel terem dado certo, grandes injustiças ocorreram em tais relacionamentos e também na relação de tais pessoas com o Estado e a sociedade em geral. Filhos ficaram sem a assistência dos pais até que fosse reconhecida a paternidade, mulheres ficaram anos sem poder pleitear uma pensão do INSS em caso de morto de seus companheiros e os bancos, ao fazerem a análise de crédito, nem sempre consideravam os ganhos do outro convivente para efeito de contabilidade da renda familiar
Em 11 de janeiro de 2003, entrou em vigor o atual Código Civil brasileiro reconhecendo “como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família” (art. 1.723 caput). Sendo assim, segundo a lei brasileira, se dois companheiros resolverem viver juntos e não estiverem impedidos de se casar, formam uma família como sendo já casados sob o regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725), observando os “deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos” (art. 1.724).
Pois bem. Com base na legislação atual, pode-se dizer que o casamento no sentido amplo do termo, ocorre em duas situações: quando duas pessoas do sexo oposto resolvem enfrentar a burocracia cartorária ou quando elas simplesmente se juntam para formarem uma nova família.
Contudo, sabemos que só devemos concordar com as leis dos homens se elas não conflitarem com as leis de Deus, de maneira que nem todo casamento e nem toda união juridicamente reconhecidos valerão dentro da Igreja. Então, o que diz a Bíblia? Quando é que o casamento ocorre?
Curiosamente, a Palavra de Deus não diz como devem ser os rituais do casamento. No princípio, isto é, no livro de Gênesis (heb. Bere'shith), diz apenas o seguinte: “Por isso, deixa o homem pai e mão e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Ou seja, bastava um homem unir-se a uma mulher para que, segundo Deus, houvesse o reconhecimento das núpcias, tornando-se ambos uma só carne.
Contudo, com o decorrer da história, os homens foram criando rituais relativos ao casamento. Para que uma moça saísse da casa de seus pais, tornou-se costume aguardar o consentimento da família e, por motivo de desconfiança, os homens poderiam aguardar por um ano afim de terem certeza de que a noiva prometida não estaria esperando um filho de outro e, desta maneira, preservar a estirpe. Mas se um homem antecipasse a intimidade sexual com uma mulher, o que acontecia? Em alguns casos, conforme cada cultura, o homem seria obrigado a se casar com a mulher “violada”, ou então indenizar o pai da moça pelo ultraje, o que, seja como for, acabava sendo uma compensação pelo mal praticado, um desvio daquilo que Deus propôs no começo da criação.
Nos dias de hoje, nas igrejas, tenho assistido a várias injustiças que ocorrem em casos envolvendo pessoas que verdadeiramente vivem em união estável sem os impedimentos bíblicos para o casamento. Várias comunidades aceitam a conversão desses casais, mas depois os discriminam por não estarem casados no papel, como se estivessem vivendo em pecado. Se eles vão a algum retiro espiritual, são impedidos de dormirem no mesmo quarto e muitas das vezes não são convidados para participarem de uma reunião de casais, ou até mesmo de participarem da Ceia. Alguns desses casais, mesmo convivendo há anos e tendo gerado filhos, chegam a ser orientados a se absterem da intimidade sexual enquanto não se casarem no papel e perante a congregação.
Dentro de várias comunidades cristãs, também tenho visto homens abandonando suas companheiras para se casarem com outra mulher sob o pretexto de que antes estavam vivendo em pecado e que tal união não estava dentro da vontade de Deus. Assim, muitas mulheres, depois de anos de fidelidade, estão sendo abandonadas por ex-companheiros que dizem seguir a Bíblia. E muitos jovens depois de terem chegado à intimidade sexual com suas namoradas ou noivas, pedem perdão pelo que fizeram e. Simplesmente, terminam aquele relacionamento partindo pra outro, sendo que muitos pastores silenciam e consentem com tais injustiças.
Ora, que o casamento no papel dentro de uma sociedade como a nossa é importante, isto é indiscutível. Principalmente sob o ponto de vista da mulher que é a parte mais vulnerável numa relação a dois. Porém, não se pode negar que o desprezo de algumas igrejas quanto aos casais que vivem em união estável tem provocado imensuráveis injustiças e contrariado até mesmo a Bíblia.
Se um casal resolve abster-se da intimidade sexual até se “casarem no pepel”, existe um enorme risco daquela relação vir a ser dissolvida tendo em vista a maior exposição dos conviventes a serem tentados pela incontinência, o que pode se tornar algo anti-bíblico e extremamente nocivo para a espiritualidade de um homem e de uma mulher que acabaram de aceitar a Cristo como Senhor de suas vidas.
Se um rapaz e uma moça “avançam o sinal” e a Igreja, ao invés de incentivar a união de ambos, resolve simplesmente considerar aquela “aventura” como um pecado que se resolva só pelo perdão e aceitar que, a partir de então, cada um siga o seu próprio caminho procurando relacionamentos com outras pessoas que, na próxima vez consigam esperar até o casamento, o matrimônio estará sendo mais banalizado do que se o sexo fosse permitido fora de um compromisso publicamente assumido. Por acaso os dois jovens afoitos, quando praticaram o sexo, não se tornaram dois numa só carne?
Foi justamente isto o que o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios acerca das relações entre um homem e uma prostituta, fazendo uma referência a Gênesis 2.24, quando disse o seguinte: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne” (1Co 6.15-16)
É justamente o compromisso entre um homem e uma mulher que não deve ser banalizado, conforme Deus determinou no princípio de todas as coisas!
Foi justamente voltando às origens da Torah que Jesus respondeu aos fariseus sobre as questões acerca do divórcio e colocou o homem numa mesma condição igual à mulher (ler Lucas 16.18). Compreendo que nosso Senhor mostrou para aquela sociedade dura de coração que o divórcio foi uma norma que serviu apenas para pacificar as difíceis relações sociais de um povo que vivia longe dos princípios de Deus, mas que jamais fez parte do plano divino para o homem.
Entendo como que um legislador, ou um jurista cristão, pode muito bem aprovar uma legislação sobre divórcio e até mesmo a união homo-afetiva para regular a vida em sociedade e, ao mesmo tempo, ser um ferrenho defensor da pureza do casamento heterossexual. Entretanto, mesmo que a legislação reconheça um casamento decorrente de um adultério e ignore uma traição conjugal para efeito de novas núpcias, a Igreja não pode ficar calada nestas horas e deve ter a mesma firmeza que teve João Batista ao denunciar a conduta de Herodes por ter tomado como mulher a esposa de seu irmão.
Mas como aceitar um segundo casamento de pessoas divorciadas dentro da Igreja? Será que devemos ser tão inflexíveis a ponto de proibir que nossas comunidades cristãs celebrem tais uniões?
A meu ver, cada caso é um caso. No Sermão do Monte, Jesus disse que “qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério” (Mateus 5.32). E Paulo, na sua primeira carta aos coríntios dá os seguintes conselhos: “Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor que a mulher não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-se, que não se case ou que se reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher” (1Co 7.10-11).
Ora, é mandamento do próprio Senhor Jesus, o Pastor da Igreja, que o homem não deixe sua esposa (ou companheira de união estável) para casar-se com outra mulher, sendo que o mesmo vale para a mulher que deixa o marido. E, diante de uma regra tão clara como a do Sermão da Montanha, como poderemos dizer algo em contrário? Que autoridade teria a Igreja para “ligar na Terra” algo que esteja contrariando frontal e diretamente à Palavra de Deus?
Mas, se após a separação, o homem ou a mulher teve relações sexuais com outra pessoa? Como nos posicionarmos diante de tal caso?
Como nós vivemos numa sociedade bem diferente daquela dos tempos bíblicos, é a coisa mais comum as pessoas se relacionarem sexualmente sem compromissos e, no dia seguinte, ficarem com outra. A imoralidade tornou-se algo tão banal que, até mesmo dentro do casamento, ambos os cônjuges chegam a viver permanentemente em adultério e, em algumas situações, traem de comum acordo participando de repugnantes festas onde ocorrem trocas de casais, sexo a três e homossexualismo.
Volto novamente ao texto bíblico de Hebreus inicialmente citado neste tópico, em que o casamento deve ser digno de honra e o leito conjugal sem mácula porque Deus julgará os impuros e adúlteros, de maneira que, até a morte de um dos cônjuges, o primeiro matrimônio não pode ser dissolvido pelos homens. Por mais radical que isto pareça ser (não nego que seja benéfica e verdadeiramente radical), não podemos fechar os olhos para a verdadeira inflexibilidade do homem (ou da mulher) romper o compromisso conjugal (ou de companheirismo).
Pergunto onde estará o amor se, por motivo de doença, incompatibilidades sexuais ou de gênio, falta de dinheiro ou esterilidade, um resolve abandonar o outro? Será que o ser humano deve viver apenas para satisfazer os seus desejos carnais? Como que pessoas ávidas por satisfazerem seus apetites sexuais conseguirão preocupar-se com o bem estar do próximo? Por acaso a administração de um lar não exige que, em vários momentos, o sexo seja momentaneamente dispensado para dar lugar ao trabalho e ao cumprimento de obrigações básicas? Enfim, o casamento precisa ser mantido em santidade seja qual for a situação.
2. DAS RELAÇÕES SEXUAIS LÍCITAS QUE PODEM SER PRATICAS ENTRE UM HOMEM E UMA MULHER
O fato de duas pessoas serem casadas, torna fundamental que elas procurem praticar o sexo regularmente, conforme escreveu o apóstolo Paulo aos coríntios:
“O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência. E isto vos digo como concessão e não por mandamento”. (1 Co 7.3-6)
Embora a Bíblia não diga quantas relações sexuais deve ter um casal, a orientação deixada pelo apóstolo Paulo é que o homem e a mulher farão bem se tiverem uma vida sexual bem apimentada, de maneira que a cópula não deve servir apenas com a finalidade reprodutiva, mas sim para a satisfação mútua do casal.
Mas como deve ser a vida sexual de um casal? Será que vale tudo pode entre quatro paredes? O sexo anal e o sexo oral seriam pecados?
Mesmo que a Bíblia não diga expressamente que a penetração anal seja pecado, tal prática não está muito distante da sodomia, senão vejamos o que implicitamente se depreende da análise textual.
Na sua carta aos romanos, Paulo, ao escrever sobre a depravação dos homens praticaram a idolatria, adorando a criatura ao invés do criador, diz que “até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza” (Rm 1.26b). E, apesar do verso seguinte mencionar a prática homossexual entre homens ocorrida no paganismo, não podemos achar que o texto da segunda parte do versículo 26 tenha se restringido ao lesbianismo.
Ora, o apóstolo não mencionou o termo lesbianismo e, mais adiante, ele generaliza todos os pecados cometidos pelos homens que afastaram-se de Deus, incluindo condutas de natureza não sexual, de maneira que as relações íntimas contrárias à natureza podem incluir uma série de outros desvios.
Sendo assim, não se pode esquecer que o sexo anal é uma inegável violência contra a mulher, capaz de causar profundas dores físicas, problemas de saúde e abalos psicológicos. Em termos fisiológicos, o ânus jamais pode ser utilizado para a penetração peniana porque não existe no órgão uma lubrificação natural como ocorre na região da vagina, através das atividades relacionadas à preparação para o sexo.
Já quanto ao sexo oral, entendo ser necessário distingui-lo das carícias, as quais são importantíssimas para a preparação da mulher antes da relação sexual.
Todas as carícias em todas as partes do corpo, sejam pelas mãos ou pelo contato com a boca fazem parte de uma relação sexual natural. Porém, o sexo não é consumado nas carícias e sim na penetração vaginal.
Neste sentido, se o contato da boca com o órgão genital tem por finalidade acariciar o homem ou a mulher, não se vê nenhuma contrariedade à natureza e, por este aspecto, o sexo oral jamais poderia ser considerado como um pecado. Ou então se alguém considera que o sexo oral seja pecado, não pode pensar que qualquer contato da boca com os genitais seja sexo.
Certamente alguém poderia dizer que se a Bíblia não diz de maneira expressa que o sexo oral ou o sexo anal não se caracteriza como pecado, então podem ser praticados dentro do casamento. Porém, não podemos esquecer que, através da unção do Espírito Santo, tomos a possibilidade de sermos sermos ensinados sobre todas as coisas e guiados a toda verdade (ver 1João 2.27 e João 16.13-14). Assim, sem que a Bíblia precise dizer qualquer coisa neste sentido, podemos compreender claramente que a consumação do ato sexual fora da penetração do pênis na vagina torna-se contrária à natureza.
Analisando pelo lado psicológico (o cristão nunca pode desprezar a ciência), pode-se entender que a consumação do coito vaginal produz uma satisfação duradora no homem quanto ao ato praticado e muitas são as mulheres que chegam ao orgasmo durante a penetração. Trata-se de uma sensação de totalidade, capaz de proporcionar ao homem uma maravilhosa estabilidade emocional enquanto ele se encontra em contato íntimo com o corpo da mulher.
Por outro lado, a mulher tem um pequeno órgão um pouco acima da vagina chamado clitóris e que precisa ser também estimulado ou do contrário não estaria lá. E, se tal órgão existe é porque foi criado por Deus e tem uma função que precisa ser descoberta pelo casal.
Pois bem. Se o homem verdadeiramente deseja ter uma relação sexual satisfatória com sua mulher, ele deve aprender a estimular o clitóris e outras partes do corpo de sua companheira antes da penetração para tornar este ato mais agradável durante a relação. Um marido que ama a sua esposa não deve penetrá-la sem antes verificar se ela está de fato lubrificada e daí a importância de se estimular o clitóris através da língua.
Igualmente, não se vê nada de pecado a mulher estimular a ereção do marido através do contato da boca com o pênis, pois como já dito, a relação sexual não será consumada neste ato. E, a descoberta desta carícia pode, inegavelmente, ajudar na relação de muitos casais que já estejam na terceira idade, proporcionando-lhes mais qualidade de vida, o que é uma dádiva de Deus.
Já o sadomasoquismo, semelhantemente ao sexo anal, é outra anomalia que precisa ser tratada, pois é nitidamente contrário misturar dor numa relação que, segundo a natureza, deve proporcionar prazer tanto ao homem quanto à mulher.
A meu ver, no na relação sexual entre um homem e uma mulher, um deve procurar descobrir o corpo do outro livremente, sem medo e sem culpa. Porém, coisas evidentemente contrárias à natureza como o sexo anal ou o sadomasoquismo não devem jamais ser cultivadas na intimidade do casal.
3. SOBRE A PRÁTICA DA MASTURBAÇÃO E DA PORNOGRAFIA
Outro tema igualmente polêmico é a masturbação, a qual consiste na auto-estimulação dos órgãos sexuais com a finalidade de se obter prazer.
Como se sabe, a sexualidade é uma benção de Deus para o homem. Todos nós somos seres sexuados, independentemente de praticarmos sexo ou não. E, assim como sentimos dores, também podemos sentir prazer se por acaso alguma parte do nosso corpo for tocada ou estimulada. Se um homem passa muitos dias sem uma ejaculação, o seu próprio organismo providencia uma descarga espontânea de sêmen através da polução notura, o que se trata de uma reação natural que pode ser acompanhada ou não de um sonho erótico.
Todavia, há uma diferença enorme entre ter sensações de prazer e ficar estimulando no próprio corpo tais sensações.
Na verdade sabemos que a masturbação é tanto praticada por solteiros, como por casados. Tanto por jovens ou adolescentes, quanto por adultos e até mesmo por pessoas idosas. E, em diversas comunidades cristãs, prega-se abertamente em púlpito que a masturbação é pecado e que se trata de uma prática contrária à natureza.
Mas, afinal, o que a Bíblia tem a dizer de maneira explícita sobre masturbação?
Sinceramente, nada. E eu estaria praticando o pecado da mentira se estivesse afirmando algo em contrário.
Muitos até hoje mencionam a passagem de Gênesis 38.8-10 que fala sobre Onã, o segundo filho de Judá, para afirmarem que a masturbação é pecado. Porém, o que o texto bíblico diz é que Onã, por motivos de divisão de herança, não queria dar um descendente ao seu falecido irmão Er, motivo pelo qual interrompia o coito durante as suas relações sexuais com Tamar.
Observem que o versículo nove não fala em masturbação, mas que Onã “deixava o sêmen cair na terra”, o que dá a entender que ele praticava o coito interrompido, um antigo método contraceptivo, sendo que o seu pecado consistia no descumprimento do levirato e, certamente, poderia deixar sua cunhada desamparada e sem filhos na velhice.
Em outras partes da lei mosaica, também não há nenhuma referência à masturbação. O capítulo 18 de Levítico proíbe as relações incestuosas, homossexuais, com animais, o adultério, a poligamia, o sexo com a madrasta, com a nora e durante a menstruação da mulher, silenciando-se quanto à masturbação.
Então, se a Bíblia não fala nada expressamente sobre a masturbação significa que o cristão poderá praticá-la deliberadamente? Será que não podemos extrair nenhuma orientação de acordo com os textos bíblicos?
Ora, assim como eu seria mentiroso se dissesse que a Bíblia diz claramente que a masturbação é pecado, também estaria agindo com omissão se não apontasse algumas passagens que falam sobre a pureza sexual.
Na primeira epístola aos tessalonicenses, Paulo claramente assim diz: “que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como andam os gentios que não conhecem a Deus” (4.4-5)
Sobre o vocábulo lascívia, podemos relacioná-la à lúbrica, à devassidão, à libertinagem, à luxúria e à procura constante e sem pudor pelo prazer sexual.
De acordo com o texto de Tessalonicenses, entendo que o cristão não deve ficar estimulando na sua mente e na sua carne o insaciável desejo de lascívia, de maneira que a masturbação não parece ser algo conveniente para quem procura a santidade.
Em Efésios 4.17-5.4, Paulo contrasta a santidade com a dissolução, dizendo que:
Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido que de, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade (…) E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção (…) Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos; (…)”
Bem, eu entendo que não devemos jamais forçar a Bíblia a dizer o que queremos sendo que a postura correta diante do exame de qualquer passagem das Escrituras deve ser a humildade de um aprendizado autêntico. E também, como já disse no tópico anterior, com base em João, o Espírito Santo nos guia a toda a verdade, ensinando-nos todas as coisas.
Novamente pergunto se é condizente com a santidade do corpo, templo de habitação do Espírito Santo, que, dentro das quatro paredes, fiquemos fazendo uso de filmes pornográficos, revistas de sexo, novelas eróticas e de objetos com o objetivo de despertar e de satisfazer o desejo sexual de maneira antinatural?
Voltando à epístola aos coríntios, devemos lembrar que o nosso corpo é para o Senhor e o Senhor para o corpo, de modo que, quando estamos sós, devemos utilizar esta oportunidade para nos consagrarmos a Deus, orando, ouvindo sua Palavra, adorando-O, dedicando-nos às boas obras e procurando ocupar o nosso pensamento com coisas sadias que trazem edificação.
Na vida a dois do casamento, diga-se de passagem, é totalmente incompatível com o contexto de satisfação mútua um cônjuge entregar-se à pornografia, o que tem sido cada vez mais comum devido à imediata acessibilidade proporcionada pela internet. E, devido a estas condutas praticadas por muitos maridos, tem sido frequente os infelizes casos de separação que acabam destruindo muitos lares por aí.
Acrescente-se que a masturbação acaba sendo uma grande porta para outras condutas sexuais reprováveis, sendo um grande equívoco do pensamento atual achar que se um jovem ficar se masturbando ele conseguirá postergar controlar melhor seus impulsos e o desejo de ter a primeira relação sexual. Pois, muito pelo contrário, a masturbação pode despertar mais rapidamente o desejo sexual nos nossos adolescentes, alimentando fantasias e até mesmo causar bloqueios num futuro relacionamento com outra pessoa.
Finalizo este tópico dizendo que hoje em dia é preciso quebrar os modernos mitos sobre a masturbação. Sabemos que ninguém vai começar a ver cabelos nascendo na palma da mão porque se masturba, bobagens que se dizia antigamente, mas é certo que ninguém colherá benefícios espirituais estimulando em si mesmo o desejo lascivo, o qual acaba sendo a razão da prática de inúmeros atos sexuais ilícitos porque antes de fazer algo, sempre pensamos primeiro.
4. QUAL DEVE SER O POSICIONAMENTO DA IGREJA SOBRE O HOMOSSEXUALISMO?
Finalmente, quero agora destinar algumas linhas para falar a respeito do homossexualismo, outa questão que deve ser abordada no contexto da sexualidade.
Sabemos que Bíblia é clara neste sentido, em que o comportamento homossexual contraria frontalmente a Palavra de Deus.
Além da Torah, o Novo Testamento, em diversas passagens, repudia o relacionamento íntimo entre pessoas do mesmo sexo, o que chega a ser considerado como uma abominação a Deus.
Contudo, Deus oferece misericórdia e perdão a todos os que se arrependem. E, se todos os homens estão debaixo do pecado, não há como um heterossexual sentir-se melhor do que um homossexual, de maneira que todos nós somos carentes da graça divina.
Sendo assim, as preocupações que tenho atualmente não dizem respeito à tipificação da conduta homossexual como pecado, mas sim como que os cristãos têm se posicionado diante de determinados acontecimentos relacionados à união civil entre homossexuais, passeatas gays e outros direitos reivindicados pelas minorias GLS.
A meu ver, reconhecer os direitos civis dos homossexuais não contraria o nosso posicionamento como cristãos, sendo, inclusive, uma questão de humanidade, pois trata-se de regular um fato social em que, após a dissolução de uma sociedade constituída por dois homens ou por duas mulheres, é necessário reconhecer inúmeros direitos de ordem patrimonial.
E o que vai mudar em relação à fé se os homossexuais puderem se casar no civil e perante as instituições religiosas que aceitam as relações homo-afetivas? Nada! Porém, jamais uma comunidade cristã pode ser obrigada a celebrar o casamento de um “casal homossexual”, contrariando a liberdade de crença do grupo, assim como ninguém pode ser proibido de manifestar o seu pensamento contrário ao homossexualismo, pois não podemos ir contra aquilo que a Bíblia diz, ainda que fosse feita uma emenda à Constituição brasileira criminalizando a homofobia.
Ademais, digo e repito que a Igreja cristã não é homofóbica. Jesus odeia o pecado, mas ama o pecador, de modo que não podemos jamais deixar de amar os homossexuais como co-destinatários do sacrifício de Cristo, capaz de redimi-los e de transformá-los em novas criaturas, regenerando-os.
Por outro lado, devemos ser compreensivos em relação à luta que tais pessoas passam a enfrentar contra o pecado, assim como nós heterossexuais buscamos resistir à lascívia e outras tentações na área sexual.
Como se sabe, ao nascermos de novo, o nosso espírito é renovado por Deus, mas na carne ainda militam os mesmos desejos pecaminosos que fazem guerra contra o homem interior. Então, assim como nós, os homossexuais precisarão de apoio da Igreja para que possam vencer as tentações.
Portanto, o mais importante para a Igreja é cuidar da pregação evangélica, a qual é poderosa para salvar e transformar vidas. Opor-se politicamente ao reconhecimento da união civil ente homossexuais só vai nos causar um inútil desgaste, sendo que devemos ser solidários com os gays e as lésbicas no que diz respeito aos contínuos atos de violência e de discriminação que a sociedade pratica injusta e hipocritamente contra tais minorias.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como qualquer ser humano, sou também tentado pelos pecados sexuais. Embora casado (no papel) há 4 anos com minha esposa, encontro-me tão vulnerável quanto homens solteiros de todas as idades ou que não têm uma vida sexual satisfatória com suas esposas.
Considero o casamento importante para a entidade familiar e, principalmente, para a mulher que é a parte mais vulnerável da relação. Porém, as comunidades cristãs precisam tratar com mais respeito e consideração os casais ainda não casados no papel, amando-os e integrando-os na Igreja.
Também devemos ser mais firmes contra a infidelidade não só no casamento institucional como em todas as relações homens e mulheres. Mesmo o jovem que “avança o sinal” com sua namorada, deve ser encorajado a se casar ser fiel a ela, não podendo a ausência do matrimônio servir como pretexto para ser iniciada uma nova relação com outra pessoa.
Recordo-me que eu e minha esposa Núbia, antes de nos casarmos, tivemos um relacionamento de sete anos, desde o carnaval de 1999. Chegamos a ficar noivos, mas depois, devido a alguns desentendimentos, voltamos a ser apenas namorados.
Em 2005, quando resolvi reaproximar-me da Igreja, após ter ficado por doze anos “desviado”, senti que era do agrado de Deus pegar as alianças que estavam esquecidas na gaveta e ficarmos noivos novamente.
Ainda naquele ano, fui a um encontro da Igreja Evangélica Maranata, onde eu e Núbia somos membros, e ali, após buscar a Deus, senti que Ele apenas queria que eu o colocasse no meu relacionamento com ela.
Após o tal evento, fomos ao pastor Renato Gonçalves afim de marcarmos o nosso casamento e então começamos correr atrás da papelada até que, em 04/03/2006, ocorreu a tão aguardada celebração.
Porém, mesmo depois de casados no civil e na igreja, ainda precisávamos colocar Deus na nossa relação, tal como eu tinha sentido no encontro que participei em 2005. Fizemos o curso do MMI e ali aprendemos sobre o dever de orar juntos, o que não colocamos em prática imediatamente.
Em 2007, nosso casamento entrou numa grande crise, pois não estávamos colocando Deus no nosso relacionamento e faltava mais entendimento entre nós.
No ano 2008, passei a ficar mais próximo de Núbia. Mesmo ela passando por problemas de saúde, comecei a ser mais companheiro, gastar mais tempo ao seu lado e aos poucos ir colocando Deus nas nossas vidas.
Reconheço que para melhorar o meu casamento tive que mudar bastante, começando por mim e pelo meu caráter. E encontrei na Bíblia uma verdadeira fonte e vida que muito me ajudou a colocar Deus na minha vida e no meu casamento.
Desejo que, na sua vida, você também possa colocar Deus em todas as situações que atravessa. Ele quer te ajudar diante de qualquer problema e se abrir com o Pai sobre seus conflitos é o melhor caminho.
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