Páginas

domingo, 3 de janeiro de 2021

Quando as tardes de domingo eram curtidas em família...



Lendo essa postagem a seguir citada, certamente muitos devem se sentir nostálgicos, sendo que eu fico a refletir sobre o lado bom de uma época que, por pouco, não vivi, da qual pessoas da geração dos meus pais, talvez, nem sempre se lembrem como de fato era. 


Todavia, fico a pensar sobre como deveriam ser gostosos os almoços familiares de domingo das famílias comuns nos subúrbios do Rio de Janeiro, com a matriarca (juntamente com as filhas e noras) preparando aquele delicioso frango na cozinha regado a uma Coca-Cola servida num recipiente de vidro retornável.


E o que dizer da contagiante alegria da criançada quando os primos se encontravam na casa dos avós?! 


Certamente era uma época de reuniões familiares quando as pessoas costumavam estar juntas mais vezes durante o ano: pais, filhos, irmãos, netos, noras, genros, tios, sobrinhos e primos. Uma gente nem sempre feliz, porém menos deprimida que as atuais gerações. 


Na verdade, tratavam-se de famílias de trabalhadores saboreando a simplicidade de um lar numa época sem a violência descontrolada dos dias de hoje e que ainda não havia conhecido a desaculturação alienante da mídia e do marketing religioso. Nem tão pouco se emburrecido com a internet até então não experimentada por mais de 99% da população mundial. 


Era um tempo de um pouco mais leitura (para os que sabiam ler), da costumeira audição do rádio, da frequência às missas pela manhã (ou no final do dia), da torcida amorosa pela seleção brasileira e de respeito pelos mais velhos. Uma época que, talvez, tenha sido um dos melhores momentos do Brasil, quando a nação era orgulhosa de si mesma...


Nesses tempos de pandemia, acredito que o momento por nós vivido, em que nem as reuniões de Natal foram aconselhadas, os velhos encontros familiares bem que poderão entrar na agenda de muitos quando começarmos a ser vacinados. E, desse modo, quem sabe voltaremos a resgatar as coisas boas da vida que lá atrás perdemos?!


Segue o texto para saborearmos um pouquinho neste cair da tarde:


SAUDOSAS TARDES DE DOMINGO

No devagar, divaguei... vaguei,

No tempo voltei.

A idade de garoto trazendo saudosas lembranças.

Dias de domingo no sabor da casa simples de subúrbio.

Tom de família a cinco em harmonia.

No tempo? Salto aos anos cinquenta para sessenta.

A mesa branca sob o parreiral em sol,

No piso em terra de folhas secas varridas.

A bicicleta, aro 26, a espera das bebidas a comprar com cascos em troca.

As bebidas de domingo compunham o ritual.

Para o pai a cerveja Antártica,

Para a mãe a soda limonada,

Guaraná, Crush ou Grapette para os filhos nos bancos a sentar.

Em tarde de domingo o almoço é jantarado, já que o acordar tarde se faz.

No centro da mesa o galo de minha cria.

Meu prêmio? Saborear a coxa.

O cardápio passava também por macarronada, lagarto recheado acompanhado de batatas coradas - que eu chamava de batata marrom - ou bife à milanesa, sempre acompanhados do feijão com arroz.

O paladar era garantido por minha mãe.

O cantar dos pássaros do viveiro e das gaiolas, regavam de paz o momento.

Naquele tempo, não existia "crime ambiental".

Na sobremesa, doce de cajá verde das frutas que o vento, em dia anterior, sobre o quintal lançou.

Se tarde chuvosa, o jantarado na sala se faz,

A mesa escura chipandelle no piso em tacos encerados, entre as paredes de barras em grafitê.

Na TV Emerson, sem cor, "Teatrinho Troll" e "Espectáculos Tonelux" a assistir.

No descanso do jantarado, o futebol.

Com vizinhos a compartilhar na sala e na janela: "Os televizinhos".

Afinal, houve tempo em que a televisão da casa foi a única da rua.

A "pelada de rua" com a garotada, era também atração e os pés descalços a pisar sobre os paralelepipedos não intimidavam a turma.

Alguém bate palmas ao portão!

Pedir para telefonar pra ambulância do SANDU era habitual aos domingos.

Afinal, fora o aparelho do armazém do Nelson, aquele era único nas redondezas.

À noite, o programa preferido era o "Teatro de comédia da Imperatriz das Sedas", que de comédia só tinha o nome.

Se o tempo bom, os garotos e garotas se reuniam na rua para o "Pique Bandeira".

Saudosas lembranças de tempos vividos,

Retalhos de memória viva que saltam a se fazer representar, na alegria a apreciar, como peça do teatro da TV.

Tempos vividos impossíveis de voltar, que os jovens hoje não conseguem imaginar.

Coisas que os subúrbios do Rio, na evolução dos tempos, não tem mais a ofertar.

(Texto e postagem de Otacílio Menezes em 05/10/2020)


OBS: Texto e imagem extraídos da página GuarAntiga no sítio de relacionamentos Facebook, conforme consta em https://www.facebook.com/Guarantiga/photos/a.545554662142531/3677688468929119/ 

2 comentários:

  1. Prezado Rodrigo Phanardzis
    Eram tempos saudosos que não voltam mais. Tempos que nossos jovens de hoje nem são capazes de imaginar. Ficam mesmo para eles somente como retalhos de memória.
    Um boa noite e um excelente final de domingo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, meu amigo. Obrigado pela visita ao blogue com comentários. Realmente a geração de hoje não conhece e nem teve a vivência das coisas boas e simples que tivemos antigamente. Mas acredito que, com a pandemia, alguns valores bons poderão ser resgatados ou ressignificados. Forte abraço e ótima semana

      Excluir