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terça-feira, 24 de outubro de 2017

O que há de podre no Reino do Brasil



Acabo de chegar em casa, após um dia bem cansativo e leio no portal do G1 as últimas notícias sobre a nossa República Faz de Conta:





Para suavizar um pouco o meu descontentamento com o rumo das coisas neste país, soube que a ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal proferiu uma lúcida decisão suspendendo a Portaria do governo que muda as regras de combate ao trabalho escravo (ler AQUI a postagem que eu havia publicado sobre o assunto no dia 16/10). Ou seja, a magistrada acolheu o pedido do partido Rede Sustentabilidade, que alegou desvio de poder na edição do ato.

No entanto, todos sabemos que há caroços não revelados debaixo desse angu. E são caroços bem fedorentos onde os recursos destinados a obras e projetos indicados por parlamentares nada mais são do que uma descarada compra de votos na Câmara dos Deputados com a inequívoca intenção de barrar a segunda denúncia contra o presidente. Aliás, o Palácio do Planalto mais que dobrou a liberação de emendas parlamentares neste mês de outubro, se comparado com setembro ou agosto.

"De acordo com dados da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara, o empenho de emendas individuais, que havia ficado em R$ 138 milhões em agosto e R$ 273 milhões em setembro, saltou para R$ 687 milhões apenas nos primeiros 23 dias de outubro. As emendas parlamentares são recursos previstos no Orçamento, cuja aplicação é indicada por deputados e senadores. O dinheiro é empregado em projetos e obras nos estados e municípios." (extraído do G1)

Ao mesmo tempo em que políticos negociam apoio para impedir que o presidente responda à nova denúncia da PRG, eles também tentam proteger uns aos outros das investigações referentes à Operação Lava Jato em que o cargo eletivo, na prática, funciona como um habeas corpus. Isto porque, graças ao foro privilegiado, os processos contra deputados, senadores e ministros demoram muito mais no Supremo Tribunal Federal do que se tramitassem perante um Juízo de primeira instância. E tudo que esses bandidos mais querem no momento é fugir da caneta do Dr. Sérgio Moro.

Na noite de hoje, um protesto contra Michel Temer no Centro do Rio de Janeiro terminou com bombas de efeito moral e gás de pimenta. Uma manifestação pacífica que contou com a presença de artistas e políticos pedindo a saída do presidente do cargo, foi brutalmente reprimida pelas forças policiais, numa desproporcional resposta a uma suposta pichação da fachada do Palácio Tiradentes, sede da Câmara Municipal.

O que o Brasil pode esperar da votação quanto à segunda denúncia contra Temer, prevista para amanhã, certamente será um resultado quase idêntico ao da primeira. Pois, infelizmente, vivemos num país que até hoje não se republicanizou, uma vez que a voz das ruas é ignorada por seus representantes e os podres Poderes tomam as decisões que são mais convenientes aos seus interesses próprios. 

É por essas e outras que, no título desta postagem, ao inspirar-me numa célebre frase cunhada por Shakespeare na tragédia Hamlet, prefiro chamar essa terra de "reino" ao invés de república. Reino este que não mais é da Casa Imperial de Orléans e Bragança, mas, sim, dos ladrões que, há tempos, nos oprimem com seus atos de corrupção.


OBS: A ilustração acima (pintura do rosto de William Shakespeare) trata-se da obra O Retrato de Chandos; pintura atribuída a John Taylor e com autenticidade desconhecida. 

2 comentários:

  1. Meu caro, em Portugal é igual. Um País de corruptos desavergonhados com boas reformas

    Beijoos
    Espero-te https://prazeresecarinhossensuais.blogspot.pt/.

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    1. Olá! Obrigado pelos comentários e pelo convite de visitar seu blogue.

      Infelizmente a corrupção que se tem visto por cá já perdeu a vergonha também. Mesmo sem desculpas, os políticos se agarram em seus cargos. A vantagem de Portugal, porém, é que o sistema parlamentar de governo permite que o eleitor influencie mais na política do que por aqui onde vigora o presidencialismo.

      Ainda espero ver dias melhores no mundo.

      Beijos.

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