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terça-feira, 10 de julho de 2012

O super crente não existe

“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2 Coríntios 12.10; ARA)


Muitos cristãos, sobretudo no meio evangélico, alimentam a idealização do crente como sendo alguém cheio de fé, capaz de enfrentar e de vencer todos os problemas, que obtém vitórias milagrosas nas suas orações, não cai em pecado, tem uma família abençoada e com negócios sempre bem sucedidos. E não muitas vezes este super crente torna-se a máscara que alguns líderes, pastores e personalidades religiosas utilizam para atrair seguidores. Aliás, até os pregadores desinteressados num proselitismo pessoal caem na armadilha de ocultarem suas fraquezas pensando que, agindo assim, ganharão mais almas para Cristo.

Terrível engano parte da Igreja tem cometido!

Ainda bem que não são todos os evangélicos que pensam dessa maneira. Pois, ao alimentarmos o modelo fictício do super crente, simplesmente ficamos mais distantes de uma renovação de experiências com Deus, a qual é importantíssima para a nossa santificação.

Tenho pra mim que, quando alguém veste a máscara do super crente e esconde o seu lado fraco, está de alguma maneira querendo que Deus divida com ele sua glória ou então buscando se adequar às falsidades do meio religioso. Contudo, trata-se de um pesado fardo que muitos ministros eclesiásticos carregam e que macula a mensagem evangelística por eles transmitida. Pois, escolhendo esse caminho, o líder pode até conseguir encher os templos e vender livros para um público que anseia por soluções rápidas para os seus problemas. Só que, na prática, tal pastor acaba se tornando prisioneiro de seu próprio discurso, isolando-se mais ainda do convívio com sua comunidade.

Na primeira epístola de João, o autor fala sobre termos comunhão uns com os outros (1Jo 1.3). E, dentro deste contexto, os versos posteriores falam na admissão – sobre jamais negarmos que temos pecado. Ou seja, o crente deve se colocar sempre na condição de alguém em tratamento e que precisa sempre receber a transfusão do sangue de Cristo, fazendo o uso da confissão das suas falhas. Confissão esta que deve ser feita não só diante de Deus como também com os irmãos.

"Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós." (1Jo 1.8-10; ARA)

Num sentido amplo, parece-me que este ensino também se aplicaria aos problemas, às dores, às angústias, às dúvidas, aos sofrimentos, às decepções, às perdas, etc.

Amigos, penso que seja por aí o caminho de uma vida em Cristo autêntica bem como de um ministério que tem por objetivo comunicar ao mundo o Evangelho. Devemos nos portar com sinceridade, sermos aquilo que somos e não escondermos as nossas fraquezas uns dos outros, cientes de que Deus quer trabalhar justamente nelas para que Ele seja vitorioso.

A Deus toda honra e toda a glória!


OBS: A imagem ilustrativa deste artigo foi encotnrada em vários blogues através do sistema de busca do Google, sendo desconhecido o seu autor por este blogueiro, o que presume que o material tenha caído em domínio público e esteja livre de direitos autorais.

2 comentários:

  1. Falando das minhas fraquezas em uma das minha pregações, decepcionei grandiosamente uma das minha mais "fervorosas" discípulas. Ela não aceitou jamais que eu deveria ter tais fraquezas e ainda mais compartilhar.
    Expliquei para ela que não existem líderes perfeitos e que as nossas limitações nos servem também para entendermos que devemos ser misericordiosos com o nosso próximo.

    Fiquei impressionada, no entanto, em descobrir o quanto a nossa posição como líderes, tem peso para os liderados. Fiquei mais cuidadosa com o meu testemunho e em não deixar passar para os outros a impressão de que eu era infalível.

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    1. Amiga,

      Penso que este é um ponto bem espinhoso do ministério. Mas veja esta frase de Jesus quando ele assim compartilhou com os seus discípulos

      "A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai" (Mc 14.34).

      Será que os discípulos de Jesus também não estavam preparados para suportar o momento de fraqueza do Mestre?! Pois, como sabemos, todos eles fugiram quando Judas chegou com a comitiva de soldados e nenhum dos três mais chegados (Pedro, Tiago e João) conseguiram orar junto com o Senhor durante sua agonia no Getsêmani.

      Realmente preciamos ser bem cuidadosos para não causarmos a impressão equivocada de sermos super herois, mas devemos buscar desenvolver a nossa humanidade falha/limitada que deve ficar em permanente tratamento debaixo da graça.

      Paz!

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