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sábado, 19 de novembro de 2011

O que você diria às mães de Chico Xavier?

Este mês, eu e Núbia alugamos o filme “As mães de Chico Xavier”, o qual foi assistido por mais de meio milhão de pessoas nos cinemas brasileiros.

Inspirado no livro “Por trás do véu de Ísis”, do jornalista Marcel Souto Maior, que trata da biografia do médium mineiro, o filme fala sobre as dores de duas mulheres, Ruth (Via Negromonte) e Elisa (Vanessa Garbelli), que perderam tragicamente seus filhos. E conta também sobre o drama de uma outra mãe, a professora Lara (Tainá Muller) que, encontrando-se grávida, pensavam em cometer um aborto. Todas, por uma razão particular, resolvem procurar o auxílio de Chico Xavier que, na obra, é representando pelo ator Nelson Xavier, de modo que elas vêm a ser consoladas pelas supostas mensagens do além psicografadas pelo médium.

Embora eu me posicione contra qualquer tentativa de comunicação com espíritos de pessoas mortas, por motivo de reverência à orientação texto bíblico da lei mosaica, seria um ignorante caso negasse o conforto recebido pelas pessoas quando elas procuram os “poderes” de um médium e ouvem palavras que tranquilizam suas consciências. Afinal, escutar uma uma mensagem de que o parente desencarnado encontra-se bem “do outro lado” pode proporcionar algum alívio para problemas emocionais relacionados à culpa, à saudade e o inconformismo gerados pela maneira imatura como lidamos com as nossas perdas.

Contudo, fico a indagar sobre até que ponto essa tarefa consoladora, praticada por décadas por Chico Xavier e outros médiuns, não se tornaram uma muleta psicológica?

Será que faz bem pra saúde mental uma pessoa ficar atrás de tais mensagens e depois guardar as cartas psicografadas como relíquias, prendendo-se ainda mais às lembranças do passado?

Em 1959, assim que Francisco de Paula Cândido Xavier (1910-2002) passou a viver em Uberaba, a convite do médico Waldo Vieira, a cidade tornou-se a “Meca” do espiritismo brasileiro. Vários empreendimentos espíritas surgiram em função da atividade do médium, passando a movimentar uma inegável indústria da literatura psicográfica com mais de 400 livros publicados, tendo sido escritas mais de 20 mil cartas atribuídas aos espíritos. Em torno da sua casa, multidões aglomeravam-se na expectativa de obterem um lenitivo por intermédio daquele santo popular, atraindo para o Triângulo Mineiro um novo tipo de turismo religioso.

“No mesmo período, Chico Xavier conheceu o jovem médico e médium Waldo Vieira, em parceria com quem psicografou diversas obras em comum, até à ruptura de ambos, alguns anos depois. Em 1959, estabeleceu residência em Uberaba, onde viveu até ao fim de seus dias. Continuou a psicografar inúmeras obras, passando a abordar os temas que marcam a década de 1960, como o sexo, as drogas, a questão da juventude, a tecnologia, as viagens espaciais e outros. Uberaba, por sua vez, tornou-se centro de peregrinação informal, com caravanas a chegar diariamente, de pessoas com esperança de um contato com parentes falecidos. Nesse período, popularizam-se os livros de "mensagens": cartas ditadas a familiares por espíritos de pessoas comuns. Prosseguem também as campanhas de distribuição de alimentos e roupas para os pobres da cidade.” (extraído do artigo sobre a biografia do Chico Xavier na Wikipédia)

Certamente que este trabalho consolatório tem um enorme potencial para manter dependências e repressões no sujeito assistido pelo médium. Isto porque, na maioria das vezes, as pessoas não estão dispostas a encarar certos tipos de confrontos que as levarão a experimentar crises e, consequentemente, um crescimento espiritual ou consciencial. Psicografar cartas aos parentes do falecido acaba tornando-se muitas das vezes mais uma forma de exploração da emotividade, da passividade e das carências alheias.

Na Bíblia, há uma interessante passagem em que o rei Saul procurou secretamente os serviços de uma mulher necromante para consultar-se com o espírito do profeta Samuel. Ele estava enfrentando uma guerra contra os filisteus (nação vizinha a Israel situada em Gaza) e, ao invés de concentrar-se na solução do problema e encarar a si mesmo a respeito de suas escolhas erradas, desejou buscar uma resposta imediata para aquela situação deixando vencer-se pelo medo do exército adversário. Ele até procurou obter resposta através dos profetas de seu povo, mas o texto conta que Deus nada lhe falou pois, ao que parece, tudo o que o obstinado governante precisava saber já lhe tinha sido dito anteriormente por intermédio de Samuel (quando este ainda vivia) e pelos acontecimentos experimentados.

Curiosamente, desta vez, Deus permitiu que Samuel falasse com Saul através de um método que era proibido em Israel pela Lei de Moisés – a consulta aos mortos, conforme as orientações dadas pela Torá (Deuteronômio 18.10-12). E, assim que o espírito de Samuel foi invocado, o rei prostrou-se com o rosto no chão e teve uma surpresa:

“Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então, disse Saul: Mui angustiado estou, por que os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se desviou de mim e já não me responde, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso, te chamei para que me reveles o que devo fazer. Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o SENHOR te desemparou e se fez teu inimigo? Por que o SENHOR fez para contigo como, por meu intermédio, ele te dissera; tirou o reino da tua mão e o deu ao teu companheiro Davi. Como tu não deste ouvidos à voz do SENHOR e não executaste o que ele, no furor da sua ira, ordenou contra Amaleque, por isso, o SENHOR te fez, hoje, isto. O SENHOR entregará também a Israel contigo nas mãos dos filisteus, e, amanhã, tu e teus filhos estareis comigo; e o acampamento de Israel o SENHOR entregará nas mãos dos filisteus.” (1 Samuel 28.15-19; ARA)

A verdade é algo do qual não podemos fugir e nem negar. Saul perdeu o reino, a vida e a vida dos seus filhos porque se recusava a aceitar aquilo que sempre estivera diante de seus olhos, resistindo rebeldemente à vontade divina. Para ele não houve jeito. Mesmo tentando se iludir a vida inteira, o monarca deparou-se com a dura realidade e foi alcançado pelo poder soberano de Deus mesmo num campo escuro em que a religião israelita não admitia a sua prática. E o texto bíblico deixa bem claro que a experiência não se baseou em charlatanice ou que se tratou de uma intervenção demoníaca, mas que foi um fenômeno ocorrido debaixo da soberania divina e que não permitiu a prestação de nenhum consolo a Saul (lembra um pouco o episódio de Balaão quando este foi impedido pelo anjo de amaldiçoar Israel).

Há uma célebre frase no Evangelho de João 8.32 que admiro muito. Cuida-se deste conhecido dito que é atribuído a Jesus e muito citado nas pregações: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

Ainda que o ministério de Jesus tivesse tido um aspecto consolador, no sentido de proporcionar curas e alívios para as pessoas, ele também confrontava os seus ouvintes, levando-os ao esclarecimento. E, quanto a isto, Jesus pagou um preço muito caro porque vários discípulos deixaram de segui-lo. Pois para o Mestre não bastava que alguém ficasse estagnado com uma emocionada gratidão por ter recebido alguma bênção ou ter presenciado milagres, visto que o seu desejo sempre foi o de levar os seus seguidores a uma experiência real de conversão. Um processo que inclui o autoconhecimento, a re-significação dos valores existenciais e a análise sistemática de nossa consciência, estimulando a responsabilidade pessoal e a maturidade ética.

Sem dúvida que o trabalho de Jesus também era bem diferente de muitos líderes religiosos de hoje, isto é, da tarefa consoladora que se vê frequentemente nos confessionários católicos e gabinetes pastorais das igrejas evangélicas. Pois, o que geralmente padres e pastores fazem é trocar o esparadrapo da ferida para que o paciente sempre retorne, ao invés de curarem com o medicamento capaz de cicatrizar ainda que provocando dores e ardências. Aliás, a este respeito o gênio universal da literatura russa, Leão Tolstoi (1828-1910), retrata muito bem em seu festejado conto “A morte de Ivan Ilitch” descrevendo a ineficaz extrema unção recebida pelo personagem de seu livro:

“Veio o padre e ouviu a confissão. Ivan Ilitch relaxou-se, sentiu como que um atenuamento das suas dúvidas e, consequentemente, dos seus sofrimentos. Baixou sobre ele um pequenino raio de esperança e entrou a pensar no ceco e nos meios de curá-lo. Comungou com os olhos cheios de lágrimas. Quando de novo o deitaram, após a comunhão, mostrou-se aliviado por uns instantes e reacendeu-se nele a pequena chama da esperança (…) Seu vestido, seu porte, sua fisionomia, o tom da sua voz, tudo lhe dizia: 'Não é nada disto. Tudo aquilo que você viveu, e ainda vive, é falsidade, empulhação, que esconde de você a vida e a morte'. E apenas pensou isto, reanimou-se nele o seu ódio e, com o ódio, os sofrimentos físicos e, a par deles, a certeza do fim próximo e inevitável. E uma nova sensação verrumava-o, transpassava-o, sufocava-o.” (tradução de Marques Rebêlo)

Voltando à pergunta do texto, o que você diria às mães que procuraram o Chico Xavier?

Que mensagem podemos dar a uma mulher que perdeu prematuramente o seu filho por causa do envolvimento deste com as drogas?

Como ajudar a outra mãe, que perdeu o seu filho ainda criança, a vencer todo aquele sofrimento?

Confesso que não disponho de fórmulas para ajudar os outros a vencerem o sofrimento, mas tenho aprendido a lidar com as minhas perdas através da consciência do amor e da graça de Deus, o que me leva a buscar uma percepção multidimensional da existência. Mas para isto é necessário fé, crermos nAquele que é o começo e o fim de tudo, de Quem viemos e para Quem retornaremos.

Certamente que o desenvolvimento desta fé não pode basear-se em concepções doutrinárias já criadas pelos homens acerca da Divindade. Ela deve nascer da nossa própria experimentação e do conhecimento relacional com o Eterno. Não se baseia em provas ou em mágicas, mas na resposta que damos com sensibilidade aos acenos que a vida faz.

Em sua clássica obra, “O Santo”, Rudolf Otto (1869-1937) descobriu por trás de todas as religiões do planeta uma experiência primária que ele chamou de “numinosa” (derivada do latim numem), a qual não pode ser reduzida a nenhuma outra categoria. A palavra numem seria não só um antigo vocábulo para a Divindade como significa “acenar com a cabeça”.

Quando nos tornamos atentos para a Realidade Divina presente em todas as coisas e em todas as pessoas, as quais, ocasionalmente, “acenam para nós com a cabeça”, percebemos o Mistério Sagrado, podendo dele participar. E um dos resultados dessa experimentação de Deus é a convicção íntima de que o Eterno encontra-se em tudo e em todos. Assim, quer morramos ou vivamos, estamos sempre Nele. Não há um “lado de lá” como se fossem dois mundos pois o que existe é só uma Realidade na qual todos estamos inseridos de maneira bondosa e graciosa, chamados para sermos participantes de uma única Vida manifestada de diversas formas. Só que a nossa percepção muitas das vezes é restritas e, em inúmeros momentos, recusamo-nos a ver ou aceitar.

Tudo o que buscamos e necessitamos já está em Deus que é Eterno, não em sombras de um passado ou de projeções futurísticas. Ao adorarmos o nosso Criador, em contato direto e verdadeiro com Ele, sem dependermos de quaisquer intermediários, recebemos algo muito mais completo do que os efeitos lenitivos e compensatórios de uma consulta com mestres, pastores, padres ou médiuns. Pois somos renovados diretamente pelo Autor de toda a vida, o Pai das Luzes, a Inteligência Superior que, com sua elevada sabedoria, estabeleceu amorosamente o Universo com suas leis, tendo aprovado toda a obra criada confirmando que “tudo era bom”.

Que possamos viver livres desse sacrum commercium que vende fórmulas fajutas para amenizar o sofrimento humano. Precisamos a cada dia buscar a elevação da nossa consciência e vislumbrarmos experimentalmente a nossa unidade com o Deus Eterno. E assim, seremos nutridos unicamente pelo Verbo Divino, pela Luz que emana do Criador e pela presença do seu Espírito Santo. Pois, como disse o salmista, “em Ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz”. (Sl 36.9; ARA)

A seguir, compartilho um interessante vídeo em que o ex-companheiro de Chico Xavier, o médico Waldo Vieira, fala acerca das mensagens psicografadas supostamente recebidas pelo médium mineiro:

12 comentários:

  1. Rodrigão, "Curiosamente, desta vez, Deus permitiu que Samuel falasse com Saul através de um método que era proibido em Israel pela Lei de Moisés – a consulta aos mortos, conforme as orientações dadas pela Torá (Deuteronômio 18.10-12). E, assim que o espírito de Samuel foi invocado, o rei prostrou-se com o rosto no chão e teve uma surpresa:

    “Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então, disse Saul: Mui angustiado estou, por que os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se desviou de mim e já não me responde, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso, te chamei para que me reveles o que devo fazer. Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o SENHOR te desemparou e se fez teu inimigo? Por que o SENHOR fez para contigo como, por meu intermédio, ele te dissera; tirou o reino da tua mão e o deu ao teu companheiro Davi. Como tu não deste ouvidos à voz do SENHOR e não executaste o que ele, no furor da sua ira, ordenou contra Amaleque, por isso, o SENHOR te fez, hoje, isto. O SENHOR entregará também a Israel contigo nas mãos dos filisteus, e, amanhã, tu e teus filhos estareis comigo; e o acampamento de Israel o SENHOR entregará nas mãos dos filisteus.” (1 Samuel 28.15-19; ARA)"

    Eu acredito que foi exatamente um espírito que se passou por Samuel, visto que tal entidade sabia o que se passaria a Saul, tendo como sabido que Deus já havia abandonado ele à sua própria escolha.

    Veja o que ele fala:
    Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o SENHOR te desamparou e se fez teu inimigo?"

    Não seria possível aqui, Samuel passar o carro na frente dos bois e levar alguma resposta a Saul. Deus já havia se negado a falar com ele.
    Não creio mesmo que Deus resolveu mandar a Samuel sob invocação de uma necromante.

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  2. Eu creio que uma pessoa pode até mesmo ser usada pelo Espírito Santo para consolar uma mãe quando perde um filho ou em outras situações. Só não admito que o conselheiro aproveite a situação para tornar esta pessoa dependente emocionalmente, dele. É dever do conselheiro levar a pessoa a vencer suas dores, seus traumas com a ajuda direta de Deus. Ensiná-la andar com seus próprios pés.

    Beijo amigo.

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  3. Olá, Guiomar!

    Quando uma pessoa acaba de sofrer uma perda, ou esta ocorreu ainda recente, ela está emocionalmente abalada. Nesses dias de luto, realmente não há nada a se fazer senão prestar mesmo um consolo, abraçar e confortar, fazendo tudo de maneira verdadeira, jamais enganosa tipo escrever uma carta psicografada ou inventar que sonhou ou teve uma visão em que um suposto anjo teria dado notícias de que aquele familiar querido se encontra no "céu".

    Depois que as emoções se estabilizam e o diálogo se torna possível, entendo que o passo seguinte seria ajudar a pessoa a lidar com sentimentos de auto-culpa e com a saudade. E aí eu te digo que, nos momentos de enterro, tem gente que parece ser um demônio encarnado porque tais pessoas aproveitam a ocasião para incutir culpa nos familiares. Inclusive, tem padres e religiosos profissionais que fazem isto com seus olhares e posturas de censura.

    Quanto ao que colocou, sobre ter sido uma entidade demoníaca que teria se passado por Samuel, não concordo. Observe que somente Deus tem a onisciência e, neste caso específico, teria sido com a permissão do Eterno que aquele fato ocorreu.

    Será que Deus não pode falar de outras maneiras?

    Está Deus restrito a um código de regras morais?

    Lembremos, pois, do episódio de Balaão. Ali, o profeta, tido por muitos teólogos como um feiticeiro, pretendia amaldiçoar Israel e foi impedido pelo Anjo do SENHOR e, ao invés de proferir maldições, suas palavras foram é de pura bênção (ver Números 22, 23 e 24).

    No próprio Novo Testamento, o sumo sacerdote Caifás, que pretendia matar a Jesus, também profetizou (João 11.51).

    Se olharmos o livro de Juízes, veremos que o Anjo do SENHOR aceita os sacrifícios oferecidos por Gideão e pelos pais de Sansão, os quais não foram oferecidos no Templo, conforme a a Lei de Moisés prescreve. E, mesmo que na época ainda não houvesse o Templo de Jerusalém, o qual foi construído por Salomão séculos depois da conquista de Canaã, já no período monárquico, tem-se que os sacrifícios deveriam ser oferecidos somente no lugar escolhido por Deus e através dos sacerdotes. Só que Gideão e os pais de Sansão, pela ignorância que tinham acerca da Lei, viveram no mesmo estado de inocência dos patriarcas de Gênesis.

    Assim também, percebo que, no caso de Saul, parece ter sido o próprio Samuel quem falou através da mulher (a Bíblia não diz que ela foi incorporada por um espírito). O próprio texto em hebraico diz que ela viu um elohim (1Sm 28.13), isto é, um ser sobre-humano que se aplicaria aos mortos. E o susto que ela teve (versículo 12) seria porque se tratava mesmo de uma visão de Samuel e, sabendo ela da relação do rei com o profeta, ficou assombrada porque estava diante do monarca de Israel.

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  4. De qualquer maneira, Gui, não pretendo focar nesta discussão teológica se aquele episódio descrito na Bíblia foi caso de "possesseção demoníaca", charlatanice da mulher ou uma excepcional manifestação do espírito de Samuel. O que eu quero é focar na inútil tarefa consoladora dessa indústria da dependência religiosa que se vê hoje por aí tanto entre os espíritas quanto entre os católicos e evangélicos. Pois são atividades que em nada contribuem para a nossa evolução espiritual ou se contribui, acaba se tornando prejudicial com o tempo para o nosso crescimento.

    Abraços.

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  5. rodrigo,

    uma das funções da religião não é exatamente consolar a partir da visão de uma vida futura? o espiritismo trabalha muito bem essa questão, mas sem dúvida, a pessoa pode ficar dependente de estar sempre procurando uma "mensagem do além" de um ente querido.

    o equilíbrio deve ser buscado. deve-se chorar a perda, negá-la não é saudável. a dor cura a própria dor.

    e com relação ao episódio de samuel, parece claro que o autor do texto concordava que o espírito de samuel de fato, apareceu a saul.

    outros veem em alguns textos bíblicos crença na reencarnação, como por exemplo, à pergunta que fizeram à jesus se ele não era "elias ou um dos profetas antigos". não está registrado que jesus reprovou enfaticamente a crença na reencarnação, apenas disse que não era nem elias e nem um dos profetas.

    e com relação à nossa confraria teológica, agradeço seu apoio, pois você com certeza, terá muito a contribuir com seus conhecimentos bíblicos.

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  6. Rodrigo, me curvo a sua visão, nunca tinha visto deste ponto. Obrigada.

    Beijo.

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  7. E aí Rodrigão, eu sugeriria para as mães de Chico Xavier uma poltrona aconchegante com pipoca a tira gosto vislumbrando o sucesso de bilheteria "DE VOLTA PARA O FUTURO" rsrsrs.

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  8. Rodrigo,diria para elas continuarem buscando força em Deus. Na hora da dor da perda de um filho as pessoas buscam mesmo é estar no conforto de sua fé.
    Assim seja!
    Abraços.

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  9. Prezado Carlos,

    Inicialmente quero te agradecer por sua visita e participação no meu blogue. Seja bem vindo, amigo!

    Tenho fortes críticas sobre esta consolação religiosa a partir de "uma vida futura", conforme colocou. Pois, no meu modo de crer, o Reino de Deus encontra-se no aqui e agora, momento em que precisamos tomar as nossas decisões e desfrutarmos da Divina Presença em quaisquer situações, crendo que estamos contidos no Eterno e que somos manifestações de uma Vida maior ou da Vida, de modo que ninguém teria "uma vida". Logo, se um corpo físico deixou de ser animado, não significa jamais o fim da Vida.

    Concordo plenamente quando você diz "deve-se chorar a perda, negá-la não é saudável". Pois realmente temos que agir como José no momento em que seu pai Jacó morreu, atirando-se sobre o seu rosto (Gn 50.1). Porém, oportunidade melhor não há senão celebrarmos a Vida enquanto a consciência da pessoa encontra-se entre nós na fisicalidade.

    No começo deste último Shabat, eu estava com um irmão aqui em cassa comentando sobre este trecho dos Evangelhos em que se fala acerca da volta de Elias. E, pelo que andei pesquisando, o judaísmo da época de Jesus admitia tanto as ideias de ressurreição quanto as de encarnação como um novo despertar da pessoa falecida. Hoje, contudo, o judaísmo atual crê basicamente é na eternidade da alma, o que, a meu ver, já seria suficiente e esclarecedor.

    Eu, sinceramente, não vejo hoje em dia que a ideia da re-encarnação em si, seja uma negação do sacrifício de Jesus ou da graça de Deus, conforme pensava antes sob as doutrinas das igrejas evangélicas (e o catolicismo também). A multi-serialidade existencial (termo mais técnico do que re-encarnação), se não estiver relacionada à ideia do carma, passaria a ser entendida numa concepção como manifestação da soberania divina. Logo, se Elias re-encarnou como João Batista, teria sido para o cumprimento de uma missão. Não pela aplicação de uma teologia de causa e efeito como se o antigo profeta tivesse que retornar para cumprir o seu ministério que havia passado prematuramente pro seu ajudante Eliseu.

    Sem dúvida que a causa e efeito existe no Universo. Só que também existe a bondade da Vida. Pois não somos tratados conforme os nossos erros e tudo se torna mais suave quando compreendemos as condutas humanas (nossas e dos outros). Então é aí que o perdão opera porque, se não somos destruídos e recebemos do Eterno nova chances, precisamos também agir com misericórdia em relação ao nosso próximo. Logo, esta graça não se baseia na nossa "ficha de conduta", mas na aceitação incondicional do quem somos, independentemente de termos méritos.

    Assim, mesmo não sendo re-encarnacionista, não descarto por inteiro tal hipótese e muito menos excluo as pessoas que seguem a doutrina espírita, assim como não excluo os evangélicos e católicos do amor de Cristo. Aliás, considero um absurdo condenarem ao inferno alguém só porque tal pessoa diz acreditar na re-encarnação. Um tremendo proselitismo barato das igrejas.

    Abraços e volte sempre!

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  10. Guiomar,

    Não se curve a nenhuma visão! Nem a minha e nem a sua.

    Duvide e sempre! Use a arte da dúvida em sua investigação pessoal. Tenhamos hipóteses, não certezas.

    Abração!

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  11. Franklin,

    Bem humorada a sua colocação, meu brother!

    Mas eu mudaria o nome do filme. Que tal "De volta para o PRESENTE"?

    Valeu pela participação!

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  12. Mariani,

    Concordo sobre a pessoa buscar o seu conforto em Deus. Ele é a nossa Rocha, nossa proteção e que, como disse o salmista, "não deixará a minha alma na morte".

    Porém, depois que o impacto da perda passa, é hora da pessoa refletir e tomar posições maduras.

    É normal, quando ocorre a perda de um parente, principalmente em se tratando de um filho, surgir o terrível sentimento da auto-culpa. E aí acho que o melhor a se fazer é ensinar as pessoas a lidarem com esta realidade perdoando a si mesmas e tomando consciência da real medida de suas responsabilidades. Isto porque tem gente que atribui excessivamente a si a causa pela ocorrência das coisas.

    Mesmo que o pai ou a mãe tenha agido com negligência ou imprudência, tornando-se a causa direta do evento morte, o que é raro, será que não existe tratamento melhor do que a graça? Pois só pelo fato de estarmos vivos é a mais pura manifestação dessa graça divina e motivo para re-significarmos a nossa existência aqui, fazendo do episódio ruim um aprendizado, não um motivo para a auto-destruição.

    Abraços.

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