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domingo, 23 de novembro de 2025

Por que Maduro ainda pode estar esperando um ataque de Trump para denunciar os EUA na ONU? Uma resposta simples e realista



A crise entre Estados Unidos e Venezuela voltou a crescer depois das declarações duras do governo Trump. Muita gente pergunta: por que Nicolás Maduro ainda não fez uma denúncia formal na ONU ou em outros organismos internacionais?

A resposta pode parecer estranha, mas faz sentido dentro da lógica política e estratégica da Venezuela.

Aqui estão os principais motivos — explicados de forma simples:


🔹 1. Denunciar antes pode parecer fraqueza: Maduro precisa mostrar força para suas Forças Armadas e sua base política.

Se ele denunciar cedo demais, antes de qualquer ação concreta dos EUA, pode parecer que ele está com medo e até desesperado, ou então está exagerando.

Isso pode criar tensão interna e até incentivar divisões no Exército.

Desse modo, ele só denuncia quando tem certeza de que isso não o enfraquece.


🔹 2. Ele quer aparecer como vítima, não como provocador:

No cenário internacional, a imagem importa. Desse modo, se os EUA derem o primeiro passo — mesmo um passo pequeno — Maduro pode dizer: “A Venezuela foi atacada. Estamos defendendo nossa soberania.”

Ora, tal conduta pode fazer com que a comunidade internacional veja o país como vítima, não como causador da crise, o que aumentaria muito o apoio diplomático à Venezuela.


🔹 3. Trump fala muito e nem sempre age: 

Obviamente o governo venezuelano sabe que Trump:


- costuma exagerar;

- usa ameaças para pressionar;

- já recuou várias vezes no passado.


Maduro e seus conselheiros podem estar esperando para ver se a ameaça é real ou apenas retórica política. Por isso, se não houver movimentação militar concreta no Caribe, denunciar cedo seria desgastar energia à toa.


🔹 4. A Venezuela talvez esteja negociando nos bastidores: Antes de ir à ONU, Maduro provavelmente tentaria:


- falar com Brasil e México;

- obter apoio da China;

- consultar a Rússia;

- medir a posição da Colômbia;

- esperar um posicionamento conjunto da CELAC.


Certamente que uma denúncia forte funciona muito melhor quando outros países já estão do seu lado.


🔹 5. Um ataque externo fortalece o governo internamente:

Pode parecer estranho, uma agressão estrangeira costuma unir a população e o Exército ao redor do governo, mesmo que Maduro seja impopular.

O ditador sabe que um ataque dos EUA, por menor que seja, criaria:


- mais patriotismo;

- mais união interna;

- mais lealdade militar;

- menos espaço para a oposição.


É triste, porém é historicamente provado que governos pressionados de fora tendem a se fortalecer por dentro.


🔹 6. A estratégia militar venezuelana prevê esperar o inimigo agir:

A doutrina militar venezuelana — chamada de "guerra assimétrica" — prevê que o país deve:


evitar provocar;

esperar o ataque;

resistir com guerrilha e defesa territorial.


A lógica é simples! A Venezuela não tem como vencer os EUA numa guerra tradicional, mas pode vencer politicamente se aparecer como vítima e resistir.

Por isso, a estratégia oficial é não denunciar até que haja algo concreto para mostrar.


🔹 7. Denunciar antes pode provocar ainda mais Trump:

Há também um cálculo político. É que, se Maduro denunciar cedo, Trump pode se sentir desafiado e endurecer a postura, tornando um ataque ainda mais provável.

Ao manter silêncio relativo, Maduro evita dar “motivos extras” para Trump agir.


🔚 Conclusão: realmente Maduro pode estar esperando um ato real antes de denunciar e, diante desses fatores, faz sentido pensar que o presidente da Venezuela esteja adotando uma estratégia de:


- esperar;

- observar;

- avaliar;

- só então reagir no campo diplomático.


Caso haja qualquer provocação militar concreta — como um bloqueio naval, violação do espaço aéreo ou ataque pontual — acredito que a Venezuela deverá denunciar imediatamente na ONU e tentar mobilizar apoio internacional.

Até lá, o silêncio pode ser parte de uma estratégia calculada.


📷: AFP/Jim Watson

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