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domingo, 30 de junho de 2024

Éramos necessariamente mais felizes?!



Essa imagem acima viralizou na internet e tem sido divulgada por algumas pessoas e páginas neste final de junho com uma frequência maior.

Fico pensando se, às vezes, não idealizamos equivocadamente o passado comprando fácil a ideia de que as coisas hoje em dia só pioraram no Brasil e no mundo.

Na época das construções de casas nesse estilo da foto (até o início da segunda metade do século XX), considero que havia prós e contras com relação à atualidade. Explicarei meu ponto de vista.

De fato, a violência nas cidades brasileiras era menor e as pessoas ainda poderiam se sentir seguras numa casa de muro baixo e sem grades, embora nem sempre fosse possível dormir de porta aberta. Até mesmo porque, em maior ou menor grau, o furto e a violência sempre existiram desde a fundação do Brasil.

Sobre felicidade, acho aí um exagero!

E ter mais segurança não é condição necessária para alguém ser feliz ainda que seja um bem da vida buscado por todos.

Num tempo em que a liberdade chegou a ser restrita, como na hedionda ditadura militar, quando a violência doméstica também corria sem a mesma punição que se vê nos nossos tempos, com as mulheres dependendo mais do marido ou do pai, sem direito ao divórcio. Além disso, havia menos respeito ao negro e ao indígena, o jovem ainda tentava ter voz numa sociedade rígida e padronizada, pessoas LGBT+ eram massacradas pelo ambiente hegemonicamente hétero da própria sociedade, de modo que fico a indagar quantas limitações não haviam para o alcance da felicidade.

Ora, quem não se lembra da música do Chico Buarque pedindo ao pai que afastasse de si o cale-se?!

Hoje, por outro lado, creio que não sabemos melhor aproveitar a liberdade para sermos mais felizes. Temos internet fácil em todo canto para otimizar o tempo nas tarefas laborais e do cotidiano, porém preenchemos o tempo com o lixo digital da fofoca no WhatsApp ao invés de cultivarmos as belas roseiras...

Pois bem. Será que, em pleno 2024, somos impedidos de cuidar de um jardim em algum lugar?! E aí não falo somente de rosas ou das demais plantas. Refiro também sobre buscar uma convivência de melhor qualidade com as pessoas que conhecemos, com nossas amizades, e de gente que realmente importa na nossa existência.

Não sei dizer com certeza, mas acho que, nesse aspecto, o homem de hoje e de ontem sempre esqueceu de cuidar das suas roseiras. Até porque, nos anos 40/50/60, as pessoas também procuravam distrações que as alienavam. Pois, se não fosse ainda a TV, poderia ser o rádio ou o excesso de tempo no boteco longe da família, os vícios do alcoolismo e dos jogos de azar, o fanatismo religioso, a ausência de perdão, etc...

Enfim, precisamos aprender a ser felizes neste dia que vivemos, preservando/resgatando as coisas boas do passado, valorizando as históricas conquistas vividas no presente e pensando num amanhã melhor do que hoje. Daí o sonho que todas as gerações sempre tiveram (porque os jovens nunca se conformaram com as limitações do seu presente) jamais pode morrer como se não devêssemos ir atrás do novo.

Se no futuro as pessoas poderão voltar a viver em casas com muro baixo e roseiras, espero que de algum modo sim. Porém, quero muito mais que, nas futuras habitações, haja uma dose mais elevada de amor e de compreensão entres seus habitantes, o que exige a presença do diálogo e do respeito bem como a dispensa de qualquer ranço do autoritarismo.

Um ótimo domingo a tod@s!

2 comentários:

  1. Pelo menos para mim, seu texto diz tudo que as pessoas deveriam saber sobre a vida de ontem e de hoje. Parabéns pela excelência da escrita e pelo pensamento perfeito! Um forte abraço e um excelente dia de domingo!

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    1. Caro Professor Adinalzir, obrigado por sua visita com comentários. Que as coisas boas de hoje e de ontem formem uma boa síntese no futuro!

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