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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Os cuidadores domésticos familiares




No dia 15 do mês passado, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados discutiu um tema importantíssimo (e pouco comentado pela nossa sociedade) quando o grupo decidiu tratar da situação das mulheres cuidadoras.

Conforme verificado no debate, ainda vigora o paradigma patriarcal de que cabe à mulher cuidar gratuitamente de idosos e doentes. Ou seja, quando o pai ou a mãe torna-se incapacitado por razões de saúde, por exemplo, quem geralmente assume quase todos os cuidados com a pessoa enferma costuma ser uma das filhas, sem que os demais irmãos se comprometam responsavelmente.

Além disso, o Estado pouco presta algum auxilio, por meio de políticas públicas, a quem, corajosamente, propõe atuar como um cuidador doméstico. São casos em que, não raras vezes, o indivíduo precisa parar de trabalhar e fica sem nenhuma renda. Sua vida/agenda passa a se desenvolver em função do assistido, acompanhando o idoso a uma rotina de consultas e exames médicos, efetuando compras de remédios em farmácias e auxiliando-o nas necessidades diárias mais básicas como a alimentação, a higiene corporal ou a locomoção.

Às vezes, os cuidadores sofrem sérios prejuízos psicológicos, suportando julgamentos maldosos feitos por uma sociedade que não sabe ainda valorizar o trabalho deles. Há ignorantes que os acuse de "incapazes", "preguiçosos", "malandros" e "aproveitadores de velhinhos", mas esquecem que a dedicação a um idoso ou doente crônico importa também em diversas restrições ao lazer, privações no convívio social, incompreensões no relacionamento afetivo com o cônjuge/namorado, indisponibilidade para viajar, etc.

Certamente que o preenchimento dessa lacuna em nosso país será tarefa para a próxima legislatura quando os deputados eleitos este ano tomarem posse de seus respectivos mandatos em 2015. Assim, caberá à nova Câmara pensar em soluções de amparo ao cuidador, nos âmbitos da sua saúde psicológica, do convívio social e da geração de renda.

Acredito que, junto com a família, o Estado tem também o seu papel de assistência de modo que as políticas poderiam incluir abrigos humanizados, com locais de tratamento/ocupação diária e transporte do assistido a partir de sua casa, assim como a redução de jornadas laborais comuns de quem seja cuidador. Até mesmo a criação de um benefício social para os cuidadores poderia ser estudado para os casos mais extremos que exigem uma atenção exclusiva.

Por fim, há que se pensar na capacitação mesmo de quem seja um cuidador doméstico e, em determinadas situações de patologias raras, o governo ainda pagar um profissional para auxiliar a família. Afinal, tanto o assistido quanto as pessoas que convivem com ele têm o direito de serem cuidadas e de dispor de serviços de alta qualidade, recebendo um tratamento digno de todos.


OBS: Ilustração acima extraída de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNw-blGyZ2um-o7PjDH9uqOxIgUflQ8-Jq8cmX6ZFDr_peB1lBLSfGnr2iP_0mrIheOGL9v71h9vE3LoD00JAV5rtJRTYjQubipyBc7Eyw81_U745jZCDedqD46KL7RJaS82QZ7hO-OV8/s1600/CUIDADORES1.jpg

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