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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Derrubar para edificar



"Olha que hoje te constituo sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também para edificares e para plantares." (Jr 1:10; ARA)

A citação bíblica acima resume aquilo que foi o ministério do profeta Jeremias, o qual atuou durante um período de quatro décadas e testemunhou a ruína de sua nação no século VI a.C. Em sua boca, Deus colocou palavras de julgamento e também de esperança, de modo que o fim da Jerusalém antiga (e do suntuoso Templo construído pelo rei Salomão) teria significado também um novo começo para o futuro do trimilenar povo judeu.

Pode-se dizer que a construção/desconstrução compõe a dinâmica da realidade na qual vivemos, funcionado como um instrumento de renovação. Contudo, poucas são as pessoas capazes de alcançar essa elevada percepção quando tentam analisar o presente em face da grandeza da História, visto que, em diversas vezes, insistimos em focar a atenção nas coisas velhas que perecem.

Nos tempos de Jesus, algumas décadas antes do Segundo Templo ser também destruído no primeiro século (dessa vez pelos romanos), a vinda do Reino de Deus foi por ele anunciada como algo já presente entre os homens. Porém, até os seus discípulos tiveram dificuldades para compreender esse ensino. Em meio a tantas tragédias, injustiças e covardias, o Homem de Nazaré falou inspiradamente sobre o amor. Mostrou à sua sofrida geração sobre a possibilidade das pessoas desenvolverem entre si uma relação mais solidária e fraternal superando as adversidades. Com isto, o Mestre nos deixou inesquecíveis aulas sobre um outro tema - a liberdade incondicional.

Certamente que o novo pode ser edificado a partir do que sobrou de útil do velho. No permanente processo de desconstrução e de reconstrução, é preciso saber selecionar a boa semente conforme o bom planejamento do futuro. Por isso há que se ter olhos para frente sem nunca perdermos a consciência do que já foi. Até mesmo para evitarmos de cometer os mesmos erros.

Observando a trajetória do nosso querido Brasil, vejo como inevitável uma transição radical. A corrupção, a violência e a decadência dos principais valores éticos exigem uma ruptura revolucionária afim de que ocorra a desejada superação dos nossos problemas. Ainda não sei como as mudanças vão acontecer, ou até que ponto o nosso povo continuará sofrendo as consequências dos seus atos (e da conduta errada dos que nos lideram). Porém, considero indispensável que venham transformações bem sucedidas em nossa cultura para conseguirmos sobreviver como nação pelos longos séculos deste terceiro milênio.

Que a Divina Luz brilhe sobre o céu azul desse nosso lindo país!


OBS: A ilustração acima refere-se a um célebre quadro de 1630 pintado por Rembrandt (1606-1669), onde o artista retrata o profeta Jeremias lamentando a destruição de Jerusalém. A obra encontra-se no Rijksmuseum, em Amsterdã. Extraí a imagem do acervo virtual da Wikipédia conforme consta em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jeremiah_lamenting.jpg

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