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sábado, 28 de dezembro de 2013

A privatização das rodovias e o esquecido cicloturismo




Recentemente, mais uma rodovia federal foi leiloada. Trata-se da maior parte BR-040 (cerca de quase 940 quilômetros), a qual liga o Rio de Janeiro a Brasília atravessando Minas Gerais. Desta vez, foi o grupo Invepar quem venceu a concorrência sendo certo que o trecho que vai do Rio até Juiz de Fora (MG) já é administrado pela iniciativa privada desde a década de 1990, através da concessionária Concer.

Atendendo às exigências estabelecidas pelo governo, estão previstos investimentos na ordem de R$ 1,64 bilhão pela duplicação de 714,5 quilômetros de estrada da cidade de Luziânia (GO) a Paraopeba (MG); do entroncamento com a BR-365 (trevo Ouro Preto) até Barbacena (MG); e de Oliveira Fortes (MG) a Juiz de Fora. O edital determina que a duplicação desses trechos deverá estar concluída nos primeiros cinco anos da concessão. Entretanto, há outras obrigações da empresa para os primeiros cinco anos como a de implantar 59 interseções, 41 passarelas, 56 melhorias em acesso e 148,2 quilômetros de vias marginais em travessias urbanas. Nos 30 anos de concessão, o investimento será de R$ 7,2 bilhões.

Sinceramente, não sou contra que as rodovias sejam entregues à iniciativa privada desde que possamos usufruir de serviços de qualidade que proporcionem mobilidade, conforto e segurança aos usuários. Tendo em vista que uma expressiva parcela da produção agrícola e industrial do país é transportada por meio de caminhões nas rodovias, toda a nossa economia tende a ganhar com as melhorias previstas. Lembremos, por exemplo, de quem faz comércio exterior e depende do transporte terrestre para exportar/importar.

No entanto, faço uma crítica quanto ao fato do governo não ter incluído neste e em outros editais de privatização das estradas a construção de uma faixa cicloviária, o que considero fundamental para alavancarmos o turismo neste nosso Brasil. Trata-se, pois, de considerarmos uma tendência cada vez mais crescente no continente europeu onde os governos dos países membros da UE têm desenvolvido vários trajetos ciclísticas por lá.

Assim, a ciclovia Paneuropa tomou isso como exemplo e ligou diversos caminhos ciclísticos a uma rota de Paris até Praga. Ao todo são 661 quilômetros! Quem já viajou pra Alemanha sabe como o país de Angela Merkel é bem desenvolvido no que diz respeito ao transporte alternativo, fontes renováveis de energia e preservação do meio ambiente. E, se pararmos para refletir, a América do Sul pode e deve seguir esta mesma tendência, sendo certo que o nosso potencial de exploração turística é enorme. Logo, nessa onda de de investimentos em rodovias, pode-se muito bem adotar uma nova visão de Brasil.


OBS: Imagem extraída do site da Agência Brasil de Notícias em http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-08-15/dilma-nega-que-plano-de-concessao-de-rodovias-e-ferrovias-seja-privatizacao

4 comentários:

  1. Quando divulguei ontem este texto no Facebook, fui questionado sobre qual seria a relação entre a concessão das rodovias à iniciativa privada e o cicloturismo. Na verdade, o que proponho é o Brasil fazer da privatização uma oportunidade para que haja investimentos em ciclovias pelos grupos e consórcios que vão administrar as estradas. Com o são contratos muito longos, deve-se projetar os anseios que a nossa sociedade terá em maior expressão para daqui uma década e meia ou duas, bem como investir também no turismo. Afinal, não basta o governo fazer um Mundial de Futebol e outros eventos esportivos para divulgar o Brasil. É preciso trabalhar melhor esse enorme potencial que temos aqui.

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  2. Rodrigo, não podemos comparar nossa realidade com a europeia. Aqui andar de bicicleta e excentricidade. A até pobre não gosta de andar de bicicleta, tem vergonha, justamente por ser considerado transporte de pobre! rsrs!
    Mas você tem razão, precisamos mudar essa mentalidade.
    Abração!

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  3. Olá, Gabriel!

    Como foi de ano novo?

    Vejo na sociedade brasileira variadas tendências, as quais devemos considerar. Se por um lado há um expressivo público prestigiando o automóvel, eis que também já encontramos grupos organizados da classe média culta nos grandes centros lutando pelo direito de pedalar com segurança pelas vias públicas. Já houve até ciclistas que saíram em protesto peladões...

    Além disso, em pequenas cidades, a magrela ainda é o meio de transporte de boa parte da população. Aqui onde moro, em Muriqui, 4º distrito de Mangaratiba (RJ), a topografia plana contribui para que as pessoas andem de bicicleta e há moradores nas casas de veraneio que fazem dessa atividade um esporte. Também conheço quem vai até as localidades vizinhas com sua bike na perigosa rodovia Rio-Santos.

    Realmente alguns consideram a bicicleta como o "transporte de pobre". Já outros a vêem como algo que promove saúde.

    Abração e feliz 2014.

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