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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Manifestações pró-globalização na Ucrânia




Venho acompanhando as notícias sobre as manifestações na Ucrânia, as quais são contra as aproximações econômicas com a Rússia e propõem um acordo comercial do país com a União Européia. Centenas de milhares de pessoas têm comparecido à Praça da Independência, em Kiev, na capital, pedindo a demissão do então presidente Viktor Ianukovych. Os protestos já duram cerca de três semanas!

Embora existam várias outras questões em pauta, entre elas a defesa de um regime de governo mais justo e honesto bem como o fim da violência usada pela polícia durante os protestos, fico a indagar se, realmente, esses manifestantes não estariam trocando o seis por meia dúzia quando reclamam da rejeição de um acordo de cooperação com os europeus. Não que a Rússia seja maravilhosa e a UE o simbolize o capeta. Mas fico surpreso com o fato dessas vozes na Ucrânia parecem não estar refletindo o suficiente sobre o que significa ser periferia numa economia de mercado globalizada. Uma vez ingressando no bloco, eles teriam uma inserção ativa e proveitosa para a maioria da população?!

Verdade é que a Ucrânia encontra-se no meio de uma disputa geopolítica entre duas potências econômicas. Algo que tem sua origem na história recente do país nascido após a desintegração da ex-URSS. Não foi por menos que o presidente russo, Vladimir Putin, chegou a dizer que os movimentos políticos na Ucrânia seriam uma tentativa de abalar os governantes legítimos da nação e alegando que:

"Isso não é uma revolução, mas um protesto muito bem preparado que, na minha opinião, não estava preparado para hoje, mas... para a campanha eleitoral presidencial (da Ucrânia) em março de 2015 (...) Esta é uma tentativa de abalar os atuais e - quero enfatizar - legítimas autoridades no país"

Contudo, a TV brasileira pouco tem mostrado que, por trás dessas manifestações, está a extrema-direita. Seriam os ultranacionalistas, os quais se formaram após a Revolução Laranja (2004/2005), liderados por Oleh Tyahnybok. E também existe uma outra agremiação de extrema-direita, o Bratstvo ("irmandande"), que estaria instigando os enfrentamentos com a polícia durante os protestos.

Tenho pra mim que as décadas de repressão política que a população ucraniana viveu debaixo do jugo da União Soviética acabaram alimentando mais ainda as ilusões do povo em relação ao capitalismo. Se pensarmos bem, países periféricos da UE, como Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda, têm sofrido com a recessão e a adoção de políticas contrárias aos interesses dos trabalhadores. Vale lembrar que, atualmente, os gregos estão das mãos de credores que exigem medidas impopulares como a demissão de dezenas de milhares de funcionários do setor público, o qual emprega cerca de 600 mil pessoas.


OBS: Foto acima extraída do site da rádio Voz da Rússia, conforme consta em http://portuguese.ruvr.ru/2013_12_15/Manifesta-es-na-Ucr-nia-9777/

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