Fazia anos que eu não empreendia uma viagem tão longa. Acho que, desde 2006, não saí mais do estado do Rio de Janeiro.
No começo da semana, eu e Núbia tivemos que ir para o interior paulista. Viajamos até Araraquara, terra de seus familiares paternos, distante em cerca de 800 quilômetros daqui de Muriqui e de Mangaratiba.
Se estivéssemos no continente europeu, um percurso desses atravessaria a fronteira de vários países em excelentes rodovias bem pavimentadas e sinalizadas onde o dinheiro arrecadado pelos impostos é satisfatoriamente bem gerido. Porém, trafegamos pelas terríveis estradas brasileiras geralmente cheias de buracos ou de caros pedágios. E fomos de ônibus.
Atualmente é preciso elaborar um bom planejamento prévio para escolher adequadamente qual meio de transporte utilizar. Uns pensam logo no avião mas se esquecem de uma possível corrida de táxi no trajeto entre o aeroporto e a cidade onde vai desembarcar, uma despesa que precisa ser incluída no orçamento. Poucos sabem que aquelas promoções anunciadas nos meios de comunicação e na vitrine das agências de viagens encontram-se mais disponíveis para os trechos de grande fluxo aéreo ligando determinadas capitais e não valendo para lugares do interior do país. Já o carro, se não for movido a gás e não estiver transportando um número suficiente de pessoas, só compensará sair da garagem se você permanecer por muito tempo no local de destino, o que não foi o nosso caso. Saímos de casa num dia para voltar no outro, sendo que nem temos automóvel (hoje não posso e nem pretendo comprar um veículo automotor).
Ao todo, gastamos R$ 568,56 só com transporte rodoviário, tendo sido quatro ônibus na ida e mais quatro na volta. Deixei Muriqui ainda na madrugada de 22/04 com o céu ainda escuro e vi o dia nascer quando estava passando por Itacuruçá, contemplando por alguns instantes uma fantástica combinação de amarelo e de preto no horizonte (o céu estava com muitas nuvens de chuva). Já o por do sol se deu entre São Paulo e Campinas deixando o firmamento avermelhado. Ao todo, passamos mais da metade do período no veículo com breves momentos nas rodoviárias de Itaguaí, de Volta Redonda e de São Paulo, além das paradas para refeições em postos de beira de estrada.
O que muito me indignou foram essas paradas que a viação Cometa fez nos estabelecimentos do Graal. Um roubo! Pois sem que o consumidor tenha outra opção na viagem, ele somente pode comprar algo para comer pelo caminho nesses pontos que a empresa de ônibus determina sabe-se lá por qual motivo. No Graal, por exemplo, tudo é bem mais caro: o almoço, os refrigerantes, os refrescos, os sucos, os doces, os salgados, os biscoitos e os sucos. Uma garrafa de água mineral lá chega a custar R$ 3,50. Mais caro do que em muita praia daqui do estado do Rio.
Com isso, aprendi que o pobre precisa ter a mão na consciência e levar seu lanche para comer dentro do ônibus. Na ida, não fomos preparados e gastamos cerca de R$ 70,00 só com comida. Já na volta, passamos antes num supermercado de Araraquara e conseguimos economizar mas da metade das despesas anteriores de modo que só precisamos comprar água gelada pelo caminho.
Pelo horário que saímos de Araraquara não conseguimos mais ônibus para Itaguaí em Volta Redonda quando chegamos em Barra Mansa por volta da meia noite. Resolvemos ficar na cidade vizinha onde não há tantos executivos pernoitando e nos albergamos num hotel que cobrou R$ 80,00 de diária em apartamento para duas pessoas com duas camas separadas. Núbia estava exausta por estar viajando desde às 14 horas. O nome do estabelecimento que ficamos chama-se Macabu e posso considerá-lo como razoável para os padrões atualmente praticados no interior fluminense. O café da manhã não foi mal e estava incluso na diária de modo que nos fartamos. Gastaríamos uns R$ 20,00 se fôssemos comer toda aquela quantidade na padaria.
Felizmente não desembolsamos nada com hospedagem em São Paulo. Dormimos na casa de Marta, prima de Núbia, a qual nos pegou e levou de carro até à rodoviária de Araraquara. Aliás, fomos muito bem recebidos pela tia de minha mulher que preparou uns deliciosos enroladinhos de ricota com tomate seco oferecendo depois um bolo nota dez feito pela própria dona Marli. Tudo muito gostoso e saudável. Melhor do que ir a um restaurante.
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