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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Protestos injustificáveis contra embaixadas em países islâmicos

Esta semana assistimos pelos telejornais vários protestos sangrentos contra embaixadas dos Estados Unidos em razão de um filme ridicularizando a religião muçulmana. Manifestações explodiram nos continentes da África e Ásia com reações bem violentas em determinados países a ponto de ameaçar as relações diplomáticas entre o Ocidente e o Oriente.

Sinceramente, não dá para compreender a razão dessa atitude de selvageria que é bem covarde e irracional. Pois, além do filme não ser uma produção oficial do governo norte-americano, trata-se da liberdade de expressão de um povo que as constituições democráticas entendem como sendo um direito fundamental do indivíduo. Uma conquista que o Ocidente hoje desfruta graças às sementes plantadas pelos heroicos pensadores iluministas do século XVIII.

Ora, o que os religiosos radicais do Islã desejam que os Estados Unidos façam? Que o Obama imponha uma censura aos cidadãos livres da América?!

Apesar de toda essa estupidez praticada pelo fundamentalismo islâmico, a Casa Branca até que respondeu com bastante sabedoria esta semana e mostrou até agora que sabe oferecer a outra face. Ao considerar como "repugnante" o conteúdo do filme, Obama manifestou qual deve ser o posicionamento de um Estado realmente democrático e que tem por objetivo promover o respeito à liberdade religiosa.

Agora convenhamos. O que seria do mundo se as potências militares do Ocidente resolvessem responder com a mesma ignorância que os manifestantes da Líbia caso alguém fizesse uma produção cinematográfica ofendendo a Jesus, Maria, Paulo, Moisés, Abraao, a Bíblia ou até mesmo o Santíssimo Criador?

Entretanto, muitos ateus já fazem isto na Europa e nas Américas, mas são efetivamente protegidos pelas leis e por inúmeros cristãos. Estes, apesar de não concordarem e considerarem ato de blasfêmia um homem ridicularizar Deus, preferem se auto-limitar nestas horas de conflito do que reagir com violência.

Recordo que, poucos anos atrás, minha caixa postal eletrônica recebia repetidos emails pedindo o apoio de internautas contra a exibição de um suposto filme que mostraria o Senhor Jesus tendo relações homossexuais com os seus discípulos. Eu, embora tivesse verificado a inveracidade daquela informação alarmista, recusei a colocar o meu nome no manifesto virtual por entender necessário respeitar a liberdade de opinião acima das minhas crenças. Pois, ainda que o diretor de uma imbecilidade dessas fosse receber de Deus um castigo, não seria por mãos humanas que o julgamento ocorreria. E aí eu não perderia o meu tempo pedindo às autoridades brasileiras que impedissem a entrada de um filme profano no país, sendo que a própria proibição atrairia mais ainda o interesse do público.

Como seguidor de Jesus entendo que ser até pecado um crente sair por aí agredindo pessoas por causa de uma provocação religiosa. Analisando cuidadosamente as Escrituras, o máximo que a orientação bíblica permite numa situação assim seria a excomunhão temporária conforme prescreveu Paulo quanto ao sujeito que teve relações sexuais com a madrasta na igreja de Corinto (ler 1Co 5:1-5). E, no final do mesmo capítulo daquela epístola, o apóstolo concluiu:

"Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo." (1 Coríntios 5:12-13)

Fora das paredes da congregação, as normas de nenhum grupo religioso se aplicam em país laico. E ainda no âmbito interno de uma seita, existem limites que são as leis do país onde ela se encontra. Deste modo, se a blasfêmia é praticada por alguém oriundo da mesma cultura nacional-religiosa, igualmente não é possível matar, prender, ameaçar, torturar ou castigar fisicamente o apóstata usando o nome de Deus sem que esteja sendo cometido um delito. Pois, segundo o ordenamento jurídico de países livres como o Brasil e os EUA, pode-se afirmar tranquilamente que qualquer fogueira será um crime hediondo.

Num mundo onde coexistem diversos valores éticos em conflito, o caminho mais aceitável parece ser o da tolerância. Deve-se proteger a liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, aconselhar aos demais titulares desse direito que o utilizem sabiamente. Afinal de contas, para que sair por aí provocando a onça com vara mesmo sendo esta de longa metragem? Pois, do outro lado do "pau", estão os pobres funcionários das repartições diplomáticas que nada têm a ver com a briga.

Tomara que Obama vença as eleições e não haja retribuição bélica por parte dos Estados Unidos a essa covardia conforme desejam muitos do Partido Republicano.

Oremos pela paz do Oriente Médio e dos demais países islâmicos!


OBS: A foto acima foi extraída da Wikipédia, em http://pt.wikipedia.org/wiki/Atentados_terroristas_%C3%A0s_embaixadas_dos_Estados_Unidos_na_%C3%81frica , e mostra o histórico atentado ocorrido contra a embaixada de Nairobi, dia 07/08/1997, que matou pelo menos 213 pessoas, incluindo 12 americanos e feriu pelo menos outras 4.000.

3 comentários:

  1. Rodrigo, Eu confesso que até tento de alguma forma compreender um pouco que seja a atitude destes covardes do oriente médio. Suas palavras de um verdadeiro cristão já dão conta de muito desta questão do ponto de vista da verdeira Fé. Desejo acrescentar minhas impressões dentro daquilo que venho tentando convencer os Homens. A medida da covardia é um parâmetro ideal para comparar fé e discurso, na medida que a covardia é totalmente incompatível com qualquer crença que evoque a figura de um Deus soberano. Talvez seja o maior insulto a Deus na medida que é onde o individuo intolerante tenta tomar para si a autoridade divina, dando provas da sua falta de confiança no poder de Deus. Quando um Homem age com coragem ele age dentro dos limites de sua autoridade pessoal, fazendo o que lhe cabe, o que Deus deseja que ele faça, isto é Fé.

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  2. Achei muito inteligente o comentário do Gabriel.

    Segundo me falaram aqui na net, tem uma guerra se armando entre países muçulmanos, EUA, Israel, Alemanha, Grã-Bretanha e outros e que o filme pode ser a gota d'água. Eu não acreditei em uma guerra tão pronta, para setembro ainda. Que me diz você?

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  3. Amigos,

    Obrigado pelos comentários de vocês.

    Apesar de todas as incertezas e ameaças, nunca podemos esquecer da soberania e do controle de Deus sobre essas situações. Sinceramente, não sei como poderá ser o amanhã, exceto que Jesus Cristo reina.

    Felizmente vivemos bem melhor aqui no Brasil e o Oriente Médio necessita das nossas orações.

    Que haja paz sobre Jerusalém e toda aquela região!

    Um abração a todos.

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