“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5.18; ARA)
Ando perplexo com o aumento do alcoolismo na sociedade brasileira, um vício considerado lícito e que tem crescido em todos os meios, causando graves problemas no trânsito, nos relacionamentos conjugais, no trabalho, nos estudos, além de ser uma porta de entrada para outras drogas piores. Jovens estão bebendo cada vez mais cedo e até as mulheres, com um organismo menos tolerante à substância alcoólica, já estão superando os homens na dosagem consumida.
É muito triste tudo isso que está acontecendo no nosso país. Gente com incrível potencial de trabalho, podendo cuidar melhor do lar, ser útil ao próximo e buscar a Deus numa igreja, prefere procurar sua autodestruição. Para piorar, o comportamento do alcoólatra acaba afetando também toda a família que, na maioria das situações, adoece junto. Pois tanto os pais, o cônjuge, irmãos e filhos sofrem quando têm alguém nessa condição e precisam internar o sujeito numa clínica para dependentes químicos porque não puderam mais manter o ente querido dentro de casa. E há casos em que é preciso ingressar com uma ação judicial e requerer a curatela provisória porque a pessoa recusa o tratamento.
Verdade seja dita que os estabelecimentos ditos de “recuperação alcoólica” não fazem milagres. Muitos servem mais para embromar as famílias e embolsar verbas públicas. Porém, mesmo nos locais onde há uma estrutura adequada, com área de recreação, psicólogos, atividades ocupacionais, consultas médicas, apoio espiritual e um rígido controle sobre o que os visitantes levam para dentro da clínica, torna-se indispensável que o paciente decida assumir uma atitude positiva diante da vida, resolvendo realmente mudar de rumo.
Tal como se ensina no brilhante trabalho do AA, é vivendo um dia após o outro que vencemos as nossas próprias compulsões, sejam os vícios do álcool, das drogas ou de comportamento com a ajuda do Poder Superior. Não importa por quanto tempo estamos sóbrios, pois, como se diz, “vale é que hoje eu não vou beber. Não vou dar o primeiro gole!”
Recentemente soube do caso de um senhor de seus 60 anos que havia sido internado numa clínica do Rio por causa de cocaína. Ele tinha se drogado muito na juventude e parado por volta dos 30. Porém, na terceira idade, não sei por qual motivo, teve uma recaída. Fez isto justamente num momento em que pessoas de sua faixa etária precisam cuidar diariamente da saúde, mudar a dieta, praticar exercícios físicos regularmente, ir com freqüência ao médico e evitar aborrecimentos.
Não importa quantas recaídas alguém tenha ou qual seja a dor do tombo. Os erros podem ter suas graves conseqüências e muitas delas até irreversíveis como nos acidentes fatais de veículos ou quando o alcoólatra chega a matar o seu semelhante sem nem ao menos lembrar do que fez, mas que, ainda assim, sofre a pena de homicídio doloso. Entretanto, em todas as degradantes situações, a restauradora graça de Deus vai de encontro de quem está caído no mais profundo poço e abre oportunidades para um novo caminhar. Ainda que a sociedade não dê uma nova chance ao indivíduo ou que a família lhe vire as costas, o Pai Eterno ama seus filhos como eles são, desejando que a sua Luz brilhe em cada coração.
Mais do que nunca permanecem como atuais as citadas palavras do apóstolo Paulo escrita à igreja da antiga cidade de Éfeso. Pois é se enchendo do Espírito Santo, deixando motivar-se com ideais elevados, que a pessoa consegue vitória contra todas as embriagantes compulsões doentias. Então, abraçando novos propósitos de vida, as coisas do Reino de Deus começam a estar em primeiro lugar dentro de nós e o bem passa a ocupar o nosso ser.
OBS: A imagem acima foi extraída do
site da Fiocruz numa matéria abordando o alcoolismo entre as mulheres em
http://portal.fiocruz.br/pt-br/content/mulheres-e-alcoolismo-pesquisa-aborda-como-pensam-e-vivem-experi%C3%AAncia
Durante um tempo muito questionei o fato das igrejas evangélicas brasileiras, em sua maioria, reprimirem o consumo de álcool como se qualquer gole de bebida fosse pecado. Só que depois de ver tanta destruição na vida de pessoas próximas a mim, mesmo entendendo pela inexistência de um mandamento proibitivo (o vinho sempre fez parte da cultura de Israel), entendo que nem a inocente cervejinha deve fazer parte do convívio social aberto. Principalmente quando temos pessoas com problema de dependência química no nosso meio. A Palavra de Deus é uma Mensagem viva, devendo ser aplicada em essência para cada situação concreta vivida. E, se o alcoolismo tem se tornado algo cada vez mais grave no Brasil, temos motivos de sobra para os líderes eclesiásticos estabelecerem costumes saudáveis. E não foi por menos que, em inúmeros países do Oriente, os cidadãos não podem beber nenhuma gota de álcool, sendo a bebida considerada uma droga proibida e duramente apenada igual a cocaína, heroína e outras. Portanto, em festa de crente, não se deve entrar nem kronenbier.
ResponderExcluirRodrigo, foi após trabalhar longos anos com viciados que decidi fazer uma aliança com Deus, não beber mais um gole sequer por amor aos viciados.
ResponderExcluirVi pessoas desesperadas, destruídas, humilhadas, subjugadas ao poder de vícios. Pensei comigo: se um ex-alcoólatra, recuperou sob o meu trabalho e me vem perguntar: você toma um aperitivo? E eu respondo que tomo, sendo eu, um referencial para ele, lhe dou a liberdade de fazê-lo também, eu por certo fico no aperitivo, mas ele vai para o copo e do copo, volta as garrafas. Se eu lhe digo não! Ele se sente mais fortalecido para resistir.
A lei não tem nenhum rigor contra a venda de bebidas alcoólicas, nem mesmo para adolescentes, isto é doloroso.
Rodrigão, trabalhei longos anos com viciados, vi gente humilhada, desesperada, destruída, subjugada ao poder dos vícios. Fiz a minha decisão de não tomar nem uma gota de qualquer bebida que contenha álcool.
ResponderExcluirSe um ex-alcoólatra que vê em mim um referencial, me pergunta: você toma um aperitivo? Eu lhe digo não! Então ele vai sentir-se fortalecido para não tomar, mas se eu digo sim, ele se sentirá respaldado para tomar, mas dificilmente conseguirá ficar no aperitivo e por minha liberdade, ele volta às garrafas.
Infelizmente as leis deste pais são frouxas para quem vende bebidas até mesmo a adolescentes.
Prezada Guiomar,
ResponderExcluirConvivendo também com pessoas que têm esse problema e vendo a destruição na vida e na família delas, tenho chegado à conclusão de que farei bem a todos abstendo-me de qualquer bebida alcoólica. Faz mais de dois meses que não tomo nem um gole de vinho e o meu organismo não tem a mínima falta dessa substância.
Sobre a questão de sermos referenciais, tenho aí minhas ponderações. Uma delas é que há sempre o risco de que pastores e lideranças sejam excessivamente idealizadas pelos demais e a necessidade de mantermos uma imagem acaba atrapalhando um comportamento sincero com os outros. E aí não pretendo usar máscaras.
Mas, por outro lado, percebo que, se uso de minha liberdade imprudentemente, posso influenciar pessoas através de comportamentos que serão mal interpretados. Faz pouco mais de três meses eu estava tomando vinho entre algumas pessoas e uma delas tem problema com alcoolismo e drogas. Enquanto eu e as demais degustávamos socialmente, ela olhava fixamente para a bebida com forte desejo. Assim, por amor aos fracos, prefiro também não mais beber.
Outra recordação ruim foi no dia de meu casamento (04/03/2006), quando foi servido vinho branco nas mesas e um rapaz da igreja que foi também padrinho na ocasião e tivera envolvimento com drogas, acabou experimentando e retornando aos vícios a partir dali. Soube depois que ele chegou a traficar também e que seu último estado tornou-se pior do que o primeiro. Ainda assim pensava que não deveria abrir mão da liberdade que tinha. Porém, minha consciência só se despertou quando comecei a lidar com problemas mais próximos de mim de uma maneira avassaladora.
Realmente as nossas leis deveriam ser mais duras quanto ao consumo e a comercialização de bebidas alcoólicas. Assim como nem toda farmácia consegue autorização para vender psicotrópicos, o mesmo deveria ser com a bebida alcoólica. Nos Estados Unidos, se o sujeito for pego bebendo no carro, mesmo com o veículo estacionado, já dá problema. Lá não tem essa de pessoas ficarem tomando sua cerveja pelas ruas.
Liberdade é um bem que deve ser dosado junto com a necessidade de segurança da sociedade. E este equilíbrio não lesa a democracia. Pelo contrário, fortalece mais ainda o nosso regime.
Abraços e obrigado pelos comentários.
A compulsão ao uso de drogas ,legais e ilegais é doença,conforme o Codigo Internacional de doenças -CID- e reconhecida como tal pelos grupos de ajuda como AA e NA.
ResponderExcluirE, eles dizem:" se quizer beber,o problema é seu,
se quizer parar,o problema é nosso".
Fica claro aue a vontade,o querer,é fundamental.
Entretanto,o "dominio proprio" é "dominado"pela compulsão,que é basicamente espiritual.
Concordo! É preciso que a pessoa ajudada tenha força de vontade para largar os vícios. Não é uma luta fácil! E acho importantíssimo que haja esta rede do bem pois em todo canto sempre existem pessoas dispostas a afundar o outro oferecendo gratuitamente um copo de cachaça afim de fazerem "amizade", mas que são incapazes de contribuir com algo benéfico. Já sobre o domínio pela compulsão, entendo que cada caso seja um caso, mas nada está fora da realidade espiritual sendo que parece ser o próprio ser humano que abre brechas em sua vida para o mal atuar. Porém, a Palavra de Deus, quando entra no nosso coração, tem o poder de quebrar os grilhões e libertar-nos do jugo de Satanás.
Excluir"Entretanto,o "dominio proprio" é "dominado"pela compulsão,que é basicamente espiritual." Se todo mundo cresse assim, haveria mudanças.
ResponderExcluirHá algo para meditarmos. O que vem a ser o mal espiritual? Seria tão somente a influência de forças espirituais externas a ponto da pessoa já não conseguir determinar a sua vontade? Ou este mal espiritual não teria sua origem nas escolhas feitas por caa um, mas que, num determinado momento, coloca o indivíduo sem conseguir tomar outra posição na vida?
ExcluirBem, quando alguém experimenta o crack, fica dificílimo sair desta droga por causa da dependência química. Mas em se tratando de álcool, da maconha ou do cigarro, entende-se que a dependência química seja menor, mas há uns que se libertam enquanto outros não conseguem.
Simultaneamente, trata-se de uma área em que também já não nos é permitido julgar o semelhante. Não sabemos o que se passa no interior de cada um e as coisas que envolvem a personalidade do próximo. Tentamos amar essas pessoas, ministrar a elas palavras boas e de coragem, mas cada solo é um solo como nos ensina a Parábola do Semeador dos evangelhos. Numa das hipóteses ensinadas por Jesus, quando as aves dos céus comem as sementes à beira do caminho, seria o Satanás que vem e arrebata a mensagem do coração do ouvinte antes que a semente possa brotar e criar raízes.
Seja como for, o nosso dever de amar incondicionalmente o outro, bem como a iniciativa de cobrirmos a vida dessas pessoas com as nossas orações e de até de jejuarmos por ela, são coisas que permanecem. Afinal, Deus foi e continua sendo tolerante com nossos reincidentes erros e defeitos. Ele nos suportou por anos pelo seu amor e longanimidade, dando-nos chances e mais chances até que nos arrependêssemos e voltássemos o coração para Ele. Assim, igualmente, não podemos desistir das pessoas por mais que elas nos magoem e machuquem.
Abraços.