A presidente Dilma ficaria mais coerente com a sua história de vida caso resolvesse dar um novo destino ao antigo prédio do 1º Batalhão de Polícia do Exército, situado na Rua Barão de Mesquita, n.º 425, entre os bairros da Tijuca e do Andaraí, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Durante os anos de chumbo da ditadura militar, muitas vidas foram torturadas ali. Eu mesmo conheci um senhor de nome Ernani, na época membro da mesma igreja onde me congreguei na cidade de Nova Friburgo, que relatou no seu livro ter levado surras, choques elétricos no corpo e ainda testemunhado uma companheira de militância política do MR-8 ser covardemente assassinada numa daquelas salas de horror.
Entendo que fatos como esse precisam ser mostrados para as futuras gerações afim de que o povo brasileiro se conscientize de uma vez por todas sobre a importância de manter suas instituições democráticas. Tal como fizeram os europeus transformando as ruínas do Birkenau, na Polônia, num Patrimônio Comum da Humanidade, para fins de memória do terrível holocausto dos judeus, devemos fazer o mesmo por aqui.
Este mês, todavia, li uma matéria interessantíssima no site da OAB/RJ, informando que, no município serrano de Petrópolis, a Prefeitura de lá resolveu desapropriar a Casa da Morte. Trata-se de uma notícia historicamente relevante e que deve ser motivo de comemoração pelos ativistas de direitos humanos:
Prefeitura de Petrópolis desapropria Casa da Morte
Fonte: redação da Tribuna do Advogado
A Casa da Morte em Petrópolis - aparelho clandestino montado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) durante a ditadura militar - foi desapropriada nesta terça-feira, dia 21, pela prefeitura daquela cidade. A medida atende a reivindicações feitas pelo Conselho de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis e encampadas pela OAB/RJ.
Desapropriação é primeiro passo para transformar local em memorial
Para o presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, a desapropriação é um primeiro passo para a transformação do local em um memorial. "Essa é uma grande vitória da sociedade democrática, e a OAB/RJ se orgulha de ter contribuído para a causa. O próximo objetivo será transformar a famigerada Casa da Morte em um centro de memória. Assim, a cidade de Petrópolis fica desagravada em sua honra já que centro de tortura deixa de ser uma mancha e passa a ser uma lembrança de que o Brasil viveu tempos tenebrosos que não mais devem voltar", afirmou.
Parabéns à cidade de Petrópolis por esta brilhante decisão!
Auschwitz e regime militar nunca mais!
OBS: Imagem extraída do blogue Literatura & Rio de Janeiro em http://literaturaeriodejaneiro.blogspot.com.br/2010_04_01_archive.html
Rodrigo, é muito louvável essa sua iniciativa com certeza seria um casamento muito oportuno de conservação de um belo patrimônio cultural com conscientização politica e histórica.
ResponderExcluire também de certa forma não deixa de ser uma iniciativa para uma cultura de não covardia e para mim isso é ainda mais louvável.
Um abraço.
PS. deixei uma resposta e uma proposta ao seu excelente comentário em meu blog da uma espiada lá.
Caro Gabriel,
ExcluirEste prédio é, sem dúvida, algo de grande valor arquitetônico na região da Tijuca, importante bairro carioca.
Lutemos unidos pela causa!
Quero dar uma outra espiada em seu blogue.
Abraços e tenha uma excelente semana!
Você é um revolucionário. Quisera que tivesse luz sobre os seus escritos diante dos poderosos. Abraço.
ResponderExcluirObrigado pelo incentivo, Guiomar.
ExcluirConsidero-me ao mesmo tempo um revolucionário e também um conservador. Tudo depende do ponto de vista... (rsrsrs)
Penso que a época da ditadura militar foi um fase bem ruim que o Brasil atravessou e considero que a luta armada foi outro grande erro cometido pelas forças políticas de esquerda que foram incapazes de promover uma oposição pacífica, eis que eram comunistas radicais de visão ateia.
Felizmente, são águas passadas. Tanto os militares quanto os militantes estão hoje idosos. Porém, manter viva a memória do que foi a perda temporária da nossa democracia é algo para ser ensinado para as presentes e futuras gerações.
Grande abraço e tenha uma excelente semana, amiga!
Hoje li no site da OAB que o DOI-Codi, situado neste Batalhão da Polícia do Exército, faz parte dos planos de tombamento defendidos pela OAB e entidades civis de direitos humanos.
ResponderExcluirJá no dia 06 deste mês de agosto, houve uma reunião afim de que seja iniciada uma campanha pelo tombamento de três centros de tortura de presos políticos na época da ditadura militar: o DOI-Codi, no 1º Batalhão da Polícia do Exército, à Rua Barão de Mesquita; o Dops, à Rua da Relação, na Lapa; e a Casa da Morte, em Petrópolis.
A reivindicação das entidades signatárias do manifesto é a sua transformação em centros de memória. Segue aí o link do texto por eles defendido:
http://administrativo.oabrj.org.br//arquivos/files/-Upload/manifesto_memoria.pdf
Como cidadão e defensor dos direitos humanos, estou apoiando a causa e a considero importante para o bem da nossa democracia e memória histórica.
Ditadura e tortura nunca mais!
Abraços.
Alguém lembra daquele jacaré vivo na entrada do PIC em meados de 1970 que era usado para aterrorizar os presos.
ResponderExcluirAlguém lembra daquele jacaré vivo na entrada do PIC em meados de 1970 que era usado para aterrorizar os presos.
ResponderExcluirEu certamente não me lembro. Nasci em 12/04/1976. Se visse um jacaré, quando criança, iria ficar fascinado e não com medo. (rsrsrs)
ExcluirHoje em dia se o exército colocasse jacarés na entrada de um quartel, iria criar uma polêmica com os ambientalistas, muito embora esse bicho já não esteja mais ameaçado de extinção. Aquela lagoa da Barra da Tijuca está cheia de jacarés...