Meus caros amigos, cheguei à conclusão de que, se fosse eleito, não iria fazer nem uma parcela daquilo que idealizo ou do que as pessoas esperariam de mim. Seria o primeiro a ficar decepcionado com meu mandato na Câmara Municipal.
Dificilmente alguém chega ao poder sem estar comprometido porque as eleições exigem recursos que muitas das vezes estão além das condições econômicas do candidato. E, no caso das disputas majoritárias (cargos de prefeito, governador, senador e presidente), a grana pra campanha vem do chamado "caixa dois", dinheiro público desviado que os políticos utilizam para se auto-financiarem. Uma prática que já está há bastante tempo banalizada, sendo muitas das vezes tolerada entre as nossas autoridades a ponto de se considerar antiético um político denunciar o esquema do outro.
Acontece que, uma vez lá dentro, mesmo que o vereador tenha conseguido chegar por suas "pernas" e sem prometer cargos ou benefícios pessoais, ele será minoria no meio de um bando de carniceiros que apenas querem se beneficiar com o poder. Ele acaba isolado lutando contra um bando de homens de sem vergonha e, se persistir em combater a corrupção pode não conseguir aprovar os seus projetos como desejava antes de ser eleito. E o povo simplesmente vai achar que o seu vereador eleito não está fazendo nada porque, no mínimo, é um malandro e preguiçoso.
"e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8.32; ARA)
Lembrando aqui desta célebre citação bíblica do 4º Evangelho, posso afirmar que foi o confronto com a verdade que me libertou deste autoengano acerca da política eleitoral.
Quando olho pra mim mesmo, percebo que não seria capaz de ir muito além da média dos políticos. E, se eu fosse tentado a me corromper, como afirmar que jamais iria cometer um vacilo? Porém, mesmo que não viesse a roubar, sei que ficaria logo entediado com as chatas sessões da Câmara cheias de discussões hipócritas sem nenhum sentido. Seria pego inúmeras vezes bocejando e quem sabe até acessando às escondidas o Facebook do celular enquanto fingiria estar escutando o outro vereador discusar suas mentiras na tribuna. Com o tempo, poderia acabar faltando as sessões e perdendo o meu entusiasmo com o mandato.
Todavia, o pior de tudo seria vestir uma máscara quando saísse de casa. Aí, quando as pessoas viessem falar comigo na rua, já não estariam tratando com o Rodrigo, mas sim com o meu personagem. Durante a própria campanha eleitoral, os amigos e pessoas de meu relacionamento passariam a ser tratados como eleitores e potenciais cabos eleitorais. Eu teria que esconder deles t odas as minhas intenções, pensamentos e jeito de ser afim de me enquadrar no padrão que a sociedade deseja. Viveria em função das expectativas alheias, deixando de ser aquilo que realmente sou.
Deste modo, para não alimentar o autoengano e nem pregar mentiras, prefiro não subir mais neste palco. Acredito que há outros meios bem mais eficientes de ajudar pessoas. Seja ensinando como um professor numa escola, auxiliando anonimamente quem se pôe no meu caminho, transmitindo boas ideias, ouvindo o outro, mobilizando a população para fiscalizar o governo, etc. Em resumo, seria trabalhando através dos meios que a vida coloca à disposição para que aconteça uma nova realidade, a utopia que eu como seguidor de Jesus chamo de "Reino de Deus", ainda que jamais vejamos a concretização completa de todos esses ideais.
Em 2012, não serei candidato, mas continuarei lutando como um ativista político em várias frentes!
OBS: A ilustração acima refere-se a uma foto tirada por José Cruz para a AGência Brasil e que foi extraída da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Urna_eletr%C3%B4nica.jpeg
Tô fora também mano!
ResponderExcluirJá quiseram me meter nessa arapuca mais consegui me safar! Coisas de articulação política denominacional.
Credo em cruz! rsrsrs
Pois é, meu brother.
ResponderExcluirPosso te dizer que já me enganei muito a este respeito. Porém, conhecendo a Verdade, ela me libertou deste autoengano psíquico.
Não acho que, por esta via, seja possível trazer o Reino de Deus para a Terra. E digo isto sem querer limitar o agir de Deus que, em sua soberania, pode usar quem Ele quer e da maneira como Lhe apraz surpreendendo a nossa maneira de pensar.
Com isto, não pretendo dizer que alguns dos candidatos bem intencionados não farão absolutamente nada. Pois poderão até influenciar bastante, tal como juízes, médicos, professores, etc. Só que não podemos confundir o Reino com os governos deste mundo, visto que são realidades distintas e que obedecem a lógicas diferentes.
A ideia de servir ao próximo, ao invés de sermos servidos, jamais será uma realidade através de leis ou da adoção formal de princípios como ocorre já nosso ordenamento jurídico. Sem que ocorra uma íntima transformação no ser humano, mesmo que um governante diga que foi eleito para servir, nunca que tal ideal se concretizará.
Abração!