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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Brasil: um país com belas praias e muito lixo


"Ao contrário do cidadão dos países desenvolvidos, o brasileiro só vê como responsabilidade sua própria casa e não nutre nenhum senso de dever sobre o espaço que compartilha com os outros- um claro sinal de atraso." (Marco Antonio Villa, historiador)


Fico impressionado como que o Brasil, com belíssimas praias e um clima tropical bem convidativo, ainda recebe uma quantidade de turistas bem abaixo do seu potencial.

Nesta década, o nosso país, e mais ainda o Rio de Janeiro que dispõe um litoral de 246 quilômetros cercado de montanhas, terá uma oportunidade de ouro para mostrar ao mundo as suas atrações naturais. No entanto, poucos refletem que os tão aguardados eventos esportivos são faca de dois gumes. Isto porque poderemos ficar mal divulgados no exterior como uma nação porca que até hoje não aprendeu a cuidar do seu precioso patrimônio ecológico.

Tendo estudado estes dias para as avaliações do Tribunal de Justiça do Rio, chamou-me a atenção um texto que caiu na prova de língua portuguesa do concurso dos Correios deste ano feita pela CESPE, o qual nos trás uma recente notícia com um dado bem preocupante:

"(...) Para se ter uma ideia, 3.000 toneladas de lixo, só no mês de janeiro, foram recolhidas das praias cariocas - guimbas de cigarro, palitos de picolé, cocô de cachorro e restos de alimento. Empilhadas, essas evidências de vida pouco inteligente lotariam cinco piscinas olímpicas (...)"

Percebo que o Brasil carece de muita educação ambiental de Norte a Sul. Pois o incentivo psicológico recebido pela maioria das pessoas de minha geração e dos meus foi que os resíduos sólidos precisam ser imediatamente descartados. É como se o papel da bala que acabamos de colocar na boca se tornasse algo sujo e indesejável a ponto de termos que nos livrar com urgência do detrito. Mesmo que jogando em locais públicos ou privados de uso coletivo como os clubes e as igrejas.

Justamente porque o hábito irracional de sujar as ruas tem suas razões nos maus costumes, não basta o povo saber que não pode jogar papel no chão. Além da consciência, é preciso que a sociedade assimile a ideia de que o lixo só fica sujo quando mistura com a substância orgânica apodrecida e, desta maneira, passe a nutrir o sentimento de repugnância quanto ao descarte de qualquer material em rios, praias ou calçadas.

Este ano, eu e minha esposa assistimos ao documentário "Lixo Extraordinário", dirigido por Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim. O filme, cujo trailer oficial no Youtube compartilho ao final, acompanha a visita do artista plástico Vik Muniz ao aterro sanitário de Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro, considerado um dos maiores aterros sanitários do mundo. Lá, Muniz mostrou a vida sofrida dos catadores de lixo, oportunidade em que o documentário denuncia a maneira indigna como que tais seres humanos são tratados.

Ora, existe retrato melhor do Brasil do que este interessante documentário?

Mas é a pura realidade. Tratamos o universo e a nós mesmos como se fôssemos lixo. Desprezamos a vida e a dignidade do outro. Pensamos prioritariamente no nosso prazer individual imediatista, esquecendo-nos que outros precisam também viver e serem felizes. Derrubamos árvores, queimamos florestas e destruímos o belo porque matamos a beleza do nosso interior adoentado.

Durante as divulgações que teremos com a Copa de 2014, não tenho dúvidas que o governo do Sérgio Cabral tentará esconder toda a sua sujeira debaixo do tapete, querendo mostrar ao mundo a beleza das praias e seus insatisfatórios programas de inclusão social. Porém, o mundo já sabe que o Brasil é um país muito bonito e perceberá também os enganos da propaganda oficial.



OBS: A ilustração acima refere-se a uma praia em Ilhéus (BA) que eu e minha esposa Núbia visitamos no mês de maio de 2005. Na oportunidade, pude constatar que o litoral da Bahia é mais limpo (ou menos sujo) do que o Rio de Janeiro. Uma das comparações que fiz foi entre a Baía de Todos-os Santos e as poluídas águas da Guanabara cuja balneabilidade é suspeita.

5 comentários:

  1. A população brasileira (e eu incluso nela) aliada ao poder público, não valorizam o que tem. Lamentável e vergonhoso!

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  2. Pena que a solução está em nossas mãos e não conseguimos pega-las para por em prática.

    Sustentabilidade já.

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  3. Olá, Franklin e Hubner.

    Ontem à noite, se não me engano, assisti à entrevista de um historiador na TV em que ele comentou nsobre os movimentos atuais de protesto contra a corrupção, em especial às manifestações deste 7 de setembro. Segundo ele, a população já tem se mobilizado, mas ainda não sabe especificamente como agir para concretizar seus objetivos.

    Porém, há situações em que não basta reivindicar. É preciso agir porque a solução se passa pelo cidadão. É o caso do descarte do lixo em local errado.

    Fiscalizar e jultar pode até ter algum efeito, mas é muito pouco. Pois, o que a população precisa mesmo é de educacção ambiental.

    Segundo uma edição deste ano da revista Veja, os hábitos da população já estariam dando sinais de mudança para melhor. Só que, como bem sabemos, ainda falta muito.

    Abraços.

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  4. Rodrigão, foi muita informação numa mesma mensagem. Comi tudo com gulodice, porque sou amante incondicional da Bahia. Me apaixonei por Ilhéus de chegada, mas de toda sua trajetória o que mais me encantou foi o Coronel e a Quenga kkkkkkkkkkkkkkkk Sua esposa é linda.
    Vou voltar. Beijão.

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  5. Oi, Gui!

    Lá, numa das fotos do artigo que escrevi hoje sobre Ilhéus, Núbia estava com o cabelo pintado de loiro. E ela pretende pintar novamente.

    Se um dia puder voltar à Bahia, acho que vou querer passar pela Chapada da Diamantina e não ficar somente pelo litoral.

    Valeu pela visita!

    Abração!

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