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domingo, 9 de janeiro de 2011

Se você tivesse vivido na época de Jesus, teria reconhecido-O como o Messias?

“Jesus e os seus discípulos dirigiram-se para os povoados nas proximidades de Cesaréia de Filipe. No caminho, ele lhes perguntou: 'Quem o povo diz que eu sou?' Eles responderam: 'Alguns dizem que és João Batista; outros Elias; e, ainda outros, um dos profetas'. 'E vocês?', perguntou ele. 'Quem vocês dizem que eu sou?' Pedro respondeu: 'Tu és o Cristo'. Jesus os advertiu que não falassem a ninguém a seu respeito.” (Evangelho segundo Marcos 8.27-30; Nova Versão Internacional – NVI)


Esta passagem acima citada, que também aparece nos outros evangelhos sinóticos (Mateus 16.13-20; Lucas 9.18-21), mostra o que as pessoas de fato pensavam acerca da identidade de Jesus na Palestina durante os dias de seu ministério. Pedro, porém, foi decisivo em declarar o messiado do Mestre afirmando ser ele o Cristo.

As palavras Cristo e Messias, respectivamente derivadas do grego e do hebraico, são sinônimos e significam ungido. Relacionava-se com a unção dos reis da dinastia davídica que era feita com óleo pelo sacerdote (conf. com 1Reis 1.39), dando legitimidade ao sucessor do trono. Porém, após o fim do período monárquico, seguido pelas dominações babilônica, persa, grega e romana, o povo judeu passou a aguardar a vinda de um novo rei ungido da descendência de Davi, conforme as promessas feitas através dos profetas. E, nos tempos de Jesus, desejava-se muito a chegada de um messias que fosse capaz de libertar Israel da opressão estrangeira.

Pode-se dizer que, do século II a.C. até o século II E.C., os judeus enfrentaram uma das épocas mais difíceis de sua história em que foi preciso defender a cultura nacional do helenismo. Depois que os romanos anexaram a Palestina, passando a governar a província com o apoio do reinado vassalo de Herodes, a população começou a sofrer uma forte opressão tributária que, juntamente com as condições ambientais da região, agravavam o empobrecimento das camadas sociais mais desfavorecidas. Constantemente surgiam revoltas que eram sufocadas pelo exército imperial e uma maneira de Herodes conquistar a adesão das massas foi promovendo uma reforma do Templo e, com isto, buscar o apoio religioso.

O quadro político da Palestina naqueles tempos mostrava-se como um campo fértil para o aparecimento de homens reivindicando ser o Messias prometido pelas Escrituras. Assim, tornou-se corriqueiro revoltosos e líderes religiosos usurparem tal posição.

Sustenta Israel Knohl, com base em estudos feitos nos Manuscritos do Mar Morte, que existiu um representante da comunidade religiosa de Qumran proclamando ser o Messias na época de Herodes, o Grande. Segundo o pesquisador, catedrático do Departamento Bíblico da Universidade Hebraica, tratava-se de um precursor messiânico de Jesus que, após ter sido morto no ano 4 a.C., teria sido associado pelos integrantes da seita como o servo sofredor do Livro de Isaías, conforme alguns hinos descobertos nas cavernas em que o autor exaltava a si próprio na primeira pessoa do singular:


"Em alguns hinos encontrados entre os Manuscritos do Mar Morto e publicados recentemente, esse Messias anterior [a Jesus] descrevia-se sentado sobre um trono celestial, cercado de anjos. Considerava-se o 'servo sofredor' que trazia uma nova era, uma era de redenção e absolvição, na qual não haveria pecado nem culpa. Essas idéias audaciosas levaram à sua rejeição e excomunhão pelos sábios encabeçados por Hilel. Esse Messias acabou sendo morto em Jerusalém e seu corpo foi deixado exposto por três dias. Seus discípulos acreditavam que ele havia ressuscitado após aquele período e ascendido ao céu. A humilhação, a rejeição e o assassinato do Messias provocaram uma crise de fé entre os seus seguidores. A fim de controlar a crise, procuraram na Bíblia passagens que pudessem ser entendidas como profecias da humilhação e da morte do Messias. Assim, pela primeira vez na história do judaísmo, surgiu um conceito de messianismo 'catastrófico' no qual a humilhação, a rejeição e a morte do Messias eram consideradas como parte inseparável do processo de redenção.” (O Messias antes de Jesus: o servo sofredor dos Manuscritos do Mar Morto. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2001, págs. 16 e 17)


Achei interessante o referido autor ter descoberto a existência de uma concepção anterior a Jesus que inclui o sofrimento e a humilhação do Messias, o que, no meu entender, atinge até as bases do cristianismo atual. Isto, inclusive, evidencia um dos motivos pelos quais o Vaticano possa mesmo ter buscado impor atrasos na divulgação do conteúdo do inestimável achado arqueológico. Principalmente porque o catolicismo sempre tentou se manter pelas suas tradições que hoje estão sendo cada vez mais questionadas pelas evidências históricas.

Entretanto, vamos tentar mergulhar no interior de um judeu do século I. Pergunto: qual era o tipo de Messias que aquele povo desejava? E como as pessoas poderiam acreditar na ressurreição de mais um Messias já que o anterior, que se auto-proclamava o Cristo, evidentemente, não ressurgiu dos mortos?

Sem dúvida que se Jesus não tivesse iniciado o seu ministério com manifestações do Pode de Deus, curando enfermos e expulsando os demônios, talvez ninguém tivesse compreendido que era chegado o Treino de Deus. Não que tais milagres fossem capaz de gerar a fé, mas eram sinais do verdadeiro Messias, o único capaz de destronar Satanás, “amarrando o valente” e vencer a morte. Para isto, ele ressuscitou mortos antes de ser morto.

Havia autoridade nas palavras de Jesus, o que não ocorre nas referências a exorcismos nos Manuscritos do Mar Morto em que os escritores de Qumran apenas dirigiam-se aos espíritos malignos empregando expressões do tipo “repreender”, “assustar” ou “aterrorizar” (Geza Vermes). Já nos Evangelhos, Jesus silencia os demônios e lhes dá ordens diretas para saírem das pessoas.

Além, Jesus era modesto ao referir a si mesmo. Enquanto o usurpador da seita de Qumran gostava de se auto-glorificar, os Evangelhos sinóticos mostram Jesus falando sobre o “Filho do Homem”, usando a terceira pessoa do singular e não a primeira. E, nos dias de seu ministério, os discípulos foram proibidos de testemunharem a respeito de seu messiado.

Por outro lado, temos no ensino sapiencial de Jesus algo surpreendente. Embora se utilizando dos ensinos de Filo e do ancião Hillel, que representava um ramo mais aberto do farisaísmo, o Senhor Jesus deu uma nova formulação à Regra de Ouro. Até então, Hillel tinha proclamado “não faças aos outros o que não queres que te façam” (bShab 31a). Já Filo de Alexandria escreveu que “aquilo que alguém não quer sofrer, não deve fazer a outros” (Hipotética 7.6). E, antes de Filo e de Hillel, tem-se na literatura judaica a passagem de Tobias 4.15 bem semelhante às citações acima e G. Vermes ainda levanta a hipótese de uma origem mais anterior nos “Ditos de Aicar”, mencionando ainda o livro “Eclesiástico” de Ben Sirac, um deuterocanônico assim como Tobias que não constam na Bíblia Protestante e nem no cânon judaico.

Pois bem. Jesus foi mais além de todos os seus antecessores quando deu uma peculiar formulação positiva à Regra de Ouro que se lê no Sermão da Montanha: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas” (Mateus 7.12; conf. com Lucas 6.31). E ainda surpreendeu quando ensinou o amor pelos inimigos (Mt 5.43-48; Lc 6.27-28, 32-36), dando a melhor interpretação de Levítico 19.18 sobre amar ao próximo que não foi alcançada pela comunidade de Qumran cuja regra era “amar todos os filhos da luz” e “odiar todos os filhos das trevas” (Q. 1.9-10).

Como se pode notar, Jesus sempre foi o Messias humildade e que sempre desejou ser conhecido pelo incomparável amor demonstrado pelas suas obras, sem precisar de demonstrações de poder, muito embora estivesse sobre ele o verdadeiro Poder de Deus. Com uma personalidade igual a do Pai, o Filho sempre esperou ser encontrado na simplicidade pelas almas sinceras e deixou que os próprios discípulos um dia descobrissem o nobre príncipe que andava com aqueles pescadores pelas águas do mar da Galileia. Um rei que jamais seria achado fazendo barganhas políticas no suntuoso palácio de Herodes e não precisava de uma falsa aparência de piedade como os religiosos.

Sem dúvida, seria muito difícil para um judeu no século I reconhecer o verdadeiro Messias. Ainda mais no meio de pessoas de fina estirpe ou entre aqueles que queriam respostas para os seus problemas imediatos. E muitos, assim como os discípulos de Emaús (Lc 24.13-35), certamente ficaram decepcionados com a morte de Jesus.

Igualmente, penso que não somos muito diferentes daquela geração, pois somos muito influenciáveis pela aparência e nos deixamos seduzir pelo poder e pela satisfação rápida das necessidades. Por termos nascido numa cultura cristã, não acho muito difícil uma pessoa aqui no Ocidente confessar que Jesus é o Messias e segui-Lo como um mito da tradição do cristianismo. Porém, somos lentos em compreender o propósito de sua obra e aquilo que o Senhor quer que façamos no nosso tempo.

16 comentários:

  1. rodrigo, posso até publicar textos seus na confraria mas o que eu queria mesmo era ter você lá, como um de nós.

    deixa eu te falar mais sobre a confraria. é um blog coletivo que eu e outros amigos virtuais criamos para ter um lugar onde todos pudessem escrever, debater, discordar, se estressar (rss)...atualmente temos três ateus ateus(edson/noreda, evaldo e bill) e um quase ateu(márcio) no rol dos confraternos. temos o levi, médico e profundo conhecedor de psicanálise, temos a paulinha, professora de matemática, e eu, que vos escreve. um estudante de teologia frustrado com a teologia...rss

    estamos exatamente reformulando o blog e queremos novos amigos por lá. preciso saber se você teria disponibilidade em participar ou apenas gostaria que eu publicasse textos seus por lá. meu desejo seria que você participasse.

    volto depois para comentar seu texto

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  2. Olá, Eduardo! Mais uma vez obrigado pelo convite.

    Prefiro que, a princípio, publique meus textos (libro todos aqui do meu blogue), pois não seu se estou com disponibilidade para acompanhar tudo como moderador ou colaborador. Além do mais, acho que eu teria que primeiramente acompanhar um blogue para depois tornar-me um colaborador, não concorda?

    A meu ver, o debate produtivo sempre é bom, mas há um momento em que a discussão torna-se improdutiva. Por exemplo, não vejo nenhum desenvolvimento em se debater acerca da existência ou não de Deus.

    Eu, por exemplo, creio que Ele existe. Sei que o Eterno é real em minha vida e que todo aquele que resolver experimentá-Lo com humildade O achará. Logo, trata-se de uma experiência pessoal e que depende da fé, não da razão.

    De qualquer modo, prefiro inicialmente inteirar-me da Confraria e então, conforme os propósitos que tenho para a minha vida, comprometer-me ou não de ser um colaborador. Até porque de nada adianta um colaborador ausente, não é mesmo?

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  3. Em tempo!

    Dentro do um dos assuntos que abordei neste artigo, convido-o para participar de um debate sobre os Evangelhos no Café História:

    http://cafehistoria.ning.com/forum/topics/os-evangelhos-sao-livros?commentId=1980410%3AComment%3A488810&xg_source=msg_com_forum

    Suponho que você poderá deixar boa contribuições lá.

    Abraços.

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  4. Rodrigo, visitei seu blog e no Café História você sabe muito bem a minha opinião. Lá eu disse que certamente não seria um seguidor de Jesus Cristo, mas pensando bem, talvez naquele tempo, dois mil anos, é uma escuridão de amendrotar. Naquele tempo, praticamente "das cavernas" talvez o ser humano (incluindo eu, se estivesse por lá) estaria sob o efeito do medo e do pavor, pela falta absoluta de conhecimentos cientificos que temos hoje. Talvez eu fosse um seguidor mais recatado, mas seria e mesmo que não fosse, talvez o fizesse para não ser queimado na fogueira (rss)

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  5. Visite também a minha coluna no www.pontenet.com.br, sou colunista por lá e escrevo algumas bobagens. Gostaria de poder contar com comentários seus e de seus amigos leitores.

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  6. Pois é, Luiz, eu também não posso garantir se, naquele tempo teria sensibilidade e coragem para seguir Jesus. Eu precisaria ser capaz de romper com origens familaires, aceitar ser expulso da sinagoga, passar por perseguições, vexames sociais, etc. Logo, eu seria um hipócrita sse dissesse ser capaz de segui-lo incondicionalmente, pois também eu O negaria como fez Pedro, ou o abandonaria como os demais apóstolos no momento de sua prisão.

    O escritor norte-americano Philip Yancey diz em seu livro "O Jesus que eu nunca conheci" que, se vivesse naqueles tempos, talvez fizesse parte do partido dos fariseus e acho que eu também estaria no mesmo grupo. Mais provável que fosse simpático à escola de Hilel, mas viveria debaixo de muitas culpas porque não iria enquadrar-me nas regras deles. Então, acabaria sendo mais um cidadão comum e covarde da Palestina judaica.

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  7. Obrigado pela indicação do site, Luiz e valeu pela visita.

    Participe sempre que desejar!

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  8. Olá Rodrigo, feliz 2011 /p vc tbm. Muito obrigado plas dicas.
    Abçs!

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  9. Olá Rodrigo, espero q você esteja bem, tenho seu link desde q procurava casa pra morar por essas áreas e acabei ficando aqui no meio do caminho em C. de Macacu, já q vinha de Maricá, e leio seu blog pra saber um pouco desta cidade que é de tão rica paisagem e que adoro contemplá-la e agora, passa por essa tragédia. Muito triste mesmo!! Vou tentar ajudar de alguma forma para minorizar o sofrimento dessas pessoas.

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  10. Oi RODRIGO,

    Já me atualizei em seu blog, me tornei a tua fã!

    Você está de parabéns pela sabedoria, discernimento e coerência em todas as suas escritas..

    Creio que se jesus caminhasse pelas terras da idade moderna (hoje)..não seria muito difícil dele enfrentar barreiras, como enfrentou na época primitiva.

    Simplesmente....como você mesmo enalteceu:

    "[...] penso que não somos muito diferentes daquela geração, pois somos muito influenciáveis pela aparência e nos deixamos seduzir pelo poder e pela satisfação rápida das necessidades". (Rodrigo).

    ...

    Quanto ao Blog CPFG...quero primeiramente, lhe pedir que participe do texto que postei lá..chama-se "O sentido da vida"..é o mais recente texto do blog. Gostaria de ler um comentário seu, a respeito do sentido da vida em si...da existência...pois nós humanos, temos muito costume em sempre encontrar o sentido para nossas vidas, e nunca tentamos descobrir o sentido da existência em si.

    Depois, gostaria de frisar o meu convite para participar como autor do blog. Mas vejo que já replicou ao amigo Edu, que você prefere acompanhar o blog, para depois tomar decisão...

    Mas saiba que teria honra em vê-lo por lá.

    Beijos querido.

    Obrigada pela sua escrita, que Deus lhe continue abençoando para que possa iluminar muitas vidas com a tua sabedoria.

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  11. Olá Rodrigo, passando pra me desculpar por um comentario seu postado em meu blog a muito tempo atras, que sinceramente não tinha visto, li hoje. Não costumo ser indelicado com os amigos. Na época estava vivendo um momento de correria pós formatura e pré casamento, por isso não identifiquei a tempo, lamento.

    Seu blog é muito interessante com um conteúdo de qualidade, e não por acaso o mano Edu, a quem muito estimo, te convida a fazer parte da Confraria, lá só tem fera e você merece estar lá, senão não seria convidao. Então, de antemão é isso, volto com calma para ler alguns de seus belos textos e compartilharmos ideias afim de enriquecer nosso conhecimento. Deixo o meu abraço e meu pedido de desculpas.

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  12. Olá, AUSTRI, WILMA, PAULINHA e EDER,

    Muito obrigado pela vista de vocês ao meu blogue e também pelos comentários.

    Como devem estar sabendo pelos telejornais, minha cidade foi vítima de uma catástrofe histórica de proporções inimagináveis. Centenas de pessoas morreram, milhares estão desabrigados/desalojados, bairros e localidades já não existem mais (leiam o artigo que postei hoje). Somente nesta data estou conseguindo entrar na internet e, dentro das condições em que Nova Friburgo se encontra só posso dizer que estou muito bem, agradecendo a Deus, porque, além de estar vivo, não tive nenhum prejuízo.

    Agradeço o convite para colaborar com o site da Confreria e podem me mandar o convite pelo e-mail.

    É um começo de ano bem triste para minha região.

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  13. Olá amigo,

    Estou feliz que você e sua esposa estão bem, e diante à tantas dores, perdas...só podemos elevar nosso pensamento ao Senhor, orar...e pensar positivamente, que tudo isto vai passar...e que muitos corações vão ser confortados pela graça e misericórdia de Deus.

    Que Deus os proteja..estou orando por todos!!

    Vou anunciar para os membros da CPFG que você irá entrar para a casa, em breve enviaremos um convite para você ser nosso mais novo autor.

    Beijos...e paz.

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  14. Ah!

    Obrigada por ter participado do meu artigo na CPFG, sobre "O sentido da vida".

    Vou ler com calma, e replicar no blog. Depois dá uma conferida lá.

    Beijos.

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  15. e eu ainda não me convenci que o personagem narrado era o messias. embora tenham escrito como se fosse, os encaixes na história foram mal feitos (ou removeram os pedaços necessários na revisão final). o dito cumprimento das profecias é muitas vezes forçado, a começar pela linhagem de Jesus, que é divergente dependendo do texto.

    isso não quer dizer que os ensinamentos de Jesus não tenham valor, pois considero essa historia de "messias" uma bobagem sem tamanho, uma inocência e imaturidade humana em achar que haverá um herói final, que salvará a humanidade de todos seus males (e no caso do messias judeu, que governaria o mundo aos seus pés, numa tirania de dar inveja a muitos ditadores).

    prefiro a visão de heróis humanos, que nunca pretenderam ser deuses, mas que fizeram muito pela humanidade e por sua evolução. Gente como Fleming, que descobriu a penicilina (e em nome da qual nenhuma guerra foi travada), gente que aboliu a escravidão em suas nações, o pessoal do iluminismo, Lutero (quando se levantou contra a igreja católica, mas não quando fez suas próprias inquisições), Gandhi... entre outros desse tipo, humanos, heróis.

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  16. Olá PAULINHA e GRABRIEL NAGIB,

    Muito obrigado pela participação de vocês!

    Gabriel,

    Não podemos nos esquecer que Gandhi e muitos outros heróis inspiraram-se em Jesus. O maior líder da independência indiana, além de ter se correspondido com Tolstoy, aplicou diversos ensinamentos de Jesus expressos no Sermão da Montanha.

    Sobre a importância do Messias e também a veracidade do messiado de Jesus, creio que nada possa falar mais do que o amor que Ele demonstrou. E Jesus, ou melhor o judeu Yeshua ben Yosef, que viveu nas três primeiras décadas do século I, foi realmente um herói bem humano.

    Apesar de só conhecermos sua vida em parte, através dos quatro evangelhos canônicos gregos e de algumas outras fontes cristãs integrantes ou não do Novo Testamento, temos em tais relatos a história de alguém que anunciou o Reino de Deus ao seu povo, exercendo um ministério que foi superior ao dos profetas.

    Evidentemente que, com acréscimos e modificações, os evangelhos canônicos tem suas ambiguidades normais de muitos textos antigos, mas que não apagam a existência de uma história verídica que, inicialmente foi pregada oralmente pelos apóstolos até ser definitivamente escrita. E aí creio eu que tal trabalho se deve a uma geração posterior de discípulos, o que torna os evangelhos obras realmente anônimas.

    No tocante à genalogia, encontrada somente no primeiro e no terceiro evangelho, o que me parece é que em Mateus o autor buscou compor algo simbólico, reduzindo os nomes dos antepassados a três grupos de catorze, com menção a algumas mulheres, mas buscando enfatizar a ascendência israelita do Messias. E, por sua vez, o autor de Lucas parece ter buscado empreender uma pesquisa dos nomes de alguns ascendentes e vai até Adão, o que dá um caráter mais universalista do Messias, de modo que podemos dizer que Jesus foi um Novo Adão (Rm 5.12).

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